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30 de mai. de 2011

Onça pintada!... (cordel)


                   O Jaguar-açu (onça pintada)



1
Vinha a manhã, o sol além surgia,
Longe mugia o gado em desespero,
Segue em tal direção, João , o vaqueiro,
E seu macérrimo cão, lépido o seguia
 
2
No matinal crepúsculo, mal se via,
A estreita trilha envolta em arvoredos,
Continha João a custo os imos medos
Que do pivô do pânico já sentia.
 
3
Há muito tempo João o conhecia..
Eles tinham a sina entrelaçada
Desde o dia da infausta caçada
Que deparando-o, João o malferia.
 
4
Era um enorme macho, e a luzidia
Fulva e malhada pele revelava
Nos relevos dos músculos que ocultava
Toda força letal que possuía.
 
5
As feras fauces que ao rugir abria,
Mostravam enormes presas pontiagudas
E nas patas, aduncas garras agudas,
Retrateis, sob os pêlos escondia,
 
6
Foi a partir daquele infausto dia,
Que começou para João o pesadelo,
E sobejava razões para temê-lo
Conforme à muito já sabia.
 
7
sempre, após o incidente João o via
Muito magro, arqueado e vacilante,
pois se tornara um hábil rapinante
das criações que a custo possuía.
 
8
Sistematicamente as destruía,
Pois animais e aves que encontrava,
Perversamente a muitos aniquilava,
Levando sempre um, e a este comia
 
9
pela vida do cão muito temia
pois era aquele o único que sobrara
seus outros quatros cães ele os matara,
o feroz animal que o perseguia.
 
10
fremiam-lhes as carnes, e em seu peito,
seu coração batia em descompasso,
mesmo temente ele estugava o passo,
ansiando acertar o seu malfeito.
 
11
crispava as mãos e suor escorria
sobre a velha espingarda que levara,
a mesma arma que a muito usara,
na caçada infeliz daquele dia.
 
12
passa-lhe a frente seu cão e dispara,
em desespero João grita ,..e o segue
esquecendo o temor que o persegue
e em pouco tempo com fera se depara.
 
13
o tenebroso grito que escutara
da morte do seu cão era o aviso,
mas prosseguido, como sem juízo
sobre seu cão já morto , a encontrara,
 
14
foi-se o temor que o prendia a vida,
mirando a fera ainda um pouco avança,
e a besta fera num passo de dança
rosna e avança , embora combalida.
 
15
puxa o gatilho João, e o estampido
da velha arma no arrebol ecoa
e entre fogo e fumaça o chumbo voa,
e no pescoço o monstro é atingido.
 
16
mesmo em ponto vital sendo atingido
reúne as forças, e salta velozmente,
sobre João e o fere mortalmente,
o abatendo ali sem um gemido.
 
19
quando levanta –se o sol e ilumina,
os vastos campos, a mata, o rio, o gado
que se move agitado, e ali ao lado..
três seres que cumpriram a triste sina.
 


Mestre Egídio