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14 de mai. de 2011

Deuses Gregos





ADÔNIS.

A figura de Adônis, estreitamente vinculada a mitos vegetais e agrícolas, aparece também relacionada, desde a antiguidade clássica, ao modelo de beleza masculina. Embora a lenda seja provavelmente de origem oriental - adon significa "senhor" em fenício -, foi na Grécia Antiga que ela adquiriu maior significação. De acordo com a tradição, o nascimento de Adônis foi fruto de relações incestuosas entre Smirna (Mirra) e seu pai Téias, rei da Assíria, que enganado pela filha, com ela se deitou. Percebendo depois a trama, Téias quis matá-la, e Mirra pediu ajuda aos deuses, que a transformaram então na árvore que tem seu nome. Da casca dessa árvore nasceu Adônis. Maravilhada com a extraordinária beleza do menino, Afrodite (a Vênus dos romanos) tomou-o sob sua proteção e entregou-o a Perséfone (Prosérpina), deusa dos infernos, para que o criasse. Mais tarde as duas deusas passaram a disputar a companhia do menino, e tiveram que se submeter à sentença de Zeus. Este estipulou que ele passaria um terço do ano com cada uma delas, mas Adônis, que preferia Afrodite, permanecia com ela também o terço restante. Nasce desse mito a idéia do ciclo anual da vegetação, com a semente que permanece sob a terra por quatro meses. Afrodite e Adônis se apaixonaram, mas a felicidade de ambos foi interrompida quando um javali furioso feriu de morte o rapaz. Sem poder conter a tristeza causada pela perda do amante, a deusa instituiu uma cerimônia de celebração anual para lembrar sua trágica e prematura morte. Em Biblos, e em cidades gregas no Egito, na Assíria, na Pérsia e em Chipre (a partir do século V a.C.) realizavam-se festivais anuais em honra de Adônis. Durante os rituais fúnebres, as mulheres plantavam sementes de várias plantas floríferas em pequenos recipientes, chamados "jardins de Adônis". Entre as flores mais relacionadas a esse culto estavam as rosas, tingidas de vermelho pelo sangue derramado por Afrodite ao tentar socorrer o amante, e as anêmonas, nascidas do sangue de Adônis.

AFRODITE

Afrodite, na mitologia grega, era a deusa da beleza e da paixão sexual. Originário de Chipre, seu culto estendeu-se a Esparta, Corinto e Atenas. Seus símbolos eram a pomba, a romã, o cisne e a murta. No panteão romano, Afrodite foi identificada com Vênus. A mitologia oferecia duas versões de seu nascimento: segundo Hesíodo, na Teogonia, Cronos, filho de Urano, mutilou o pai e atirou ao mar seus órgãos genitais, e Afrodite teria nascido da espuma (em grego, aphros) assim formada; para Homero, ela seria filha de Zeus e Dione, sua consorte em Dodona. Por ordem de Zeus, Afrodite casou-se com Hefesto, o coxo deus do fogo e o mais feio dos imortais. Foi-lhe muitas vezes infiel, sobretudo com Ares, divindade da guerra, com quem teve, entre outros filhos, Eros e Harmonia. Outros de seus filhos foram Hermafroditos, com Hermes, e Príapo, com Dioniso. Entre seus amantes mortais, destacou-se o pastor troiano Anquises, com quem teve Enéias, e o jovem Adônis, célebre por sua beleza. Afrodite possuía um cinturão mágico de grande poder sedutor e os efeitos de sua paixão eram irresistíveis. As lendas freqüentemente a mostram ajudando os amantes a superar todos os obstáculos. À medida que seu culto se estendia pelas cidades gregas, também aumentava o número de seus atributos, quase sempre relacionados com o erotismo e a fertilidade.

APOLO

Figura complexa e enigmática, que transmitia aos homens os segredos da vida e da morte, Apolo foi o deus mais venerado no panteão grego depois de Zeus, o pai dos céus. Os santuários dedicados a essa divindade, sobre cuja origem - oriental ou indo-européia - existem dúvidas, se estendiam por todo o Mundo Helênico; a ele era consagrado o templo de Delfos, o de maior importância na Grécia, mencionado já na Ilíada. Nesse santuário, centro do culto "Apolíneo", a Pítia, ou Pitonisa, aspirava os vapores que saíam de uma fenda na terra e, em profundo êxtase, pronunciava o oráculo sob a influência do deus. Apolo e sua irmã gêmea Ártemis (identificada pelos romanos com Diana) eram filhos de Zeus e Leto, da estirpe dos Titãs. Segundo a lenda, os dois nasceram na ilha de Delos, outro dos lugares importantes de seu culto, onde Leto se havia refugiado, perseguida pelo implacável ciúme de Hera, esposa de Zeus. Apolo, com um ano de idade e armado de arco e flechas perseguiu a serpente Píton, também inimiga de sua mãe, até o lugar sagrado de Delfos, e ali a matou. Zeus recriminou o filho pela profanação do santuário e, em memória da serpente, instituiu os Jogos Píticos. O poder de Apolo se exercia em todos os âmbitos da natureza e do homem. Por isso, suas inovações eram múltiplas e variadas. Além de ser por excelência o deus dos oráculos e fundador de importantes cidades, sua proteção - e sua temível ira - abarcava desde a agricultura e o gado até a juventude e seus exercícios de ginástica, assim como os marinheiros e navegantes. Tinha poder sobre a morte, tanto para enviá-la como para afastá-la, e Asclépio (o Esculápio Romano), o deus da medicina, era seu filho. Considerado também o "Condutor das Musas" tornou-se deus da música por ter vencido o deus Pã em um torneio musical. Seu instrumento era a lira. A identificação de Apolo com o Sol - daí ser chamado também Febo (brilhante) - e o ciclo das estações do ano constituía, no entanto, sua mais importante caracterização no mundo helênico. Apolo, que durante o inverno vivia com os hiperbóreos, mítico povo do norte, regressava a Delos e Delfos a cada primavera, para presidir às festas que, durante o verão, eram celebradas em sua honra. O culto de Apolo também teve grande amplitude em Roma. As numerosas representações que dele fizeram artistas de todos os tempos, tanto na antiguidade Greco-Romana como nos períodos Renascentista e Barroco, mostraram-no como um deus de beleza perfeita, símbolo da harmonia entre corpo e espírito.

ARES

Uma das 12 grandes divindades do panteão helênico, Ares, deus da guerra, não era muito apreciado pelos gregos, que davam prioridade aos valores do espírito e à sabedoria. Ares era filho de Zeus, deus supremo grego, e de Hera. Sua figura representava o espírito violento e combativo, que só encontra prazer nas batalhas. Embora dotado de força extraordinária, era continuamente enganado por outros deuses que, como Atena - personificação da sabedoria -, sabiam tirar proveito de sua pouca inteligência. Ares era representado com couraça, capacete, lança e escudo. No combate, sua presença era anunciada com ferozes gritos de guerra que provocavam pânicos. Lutava a pé ou num carro puxado por cavalos, às vezes em companhia dos filhos que teve com Afrodite: Deimos (o Medo) e Fobos (o Terror), e outras vezes com sua irmã Éris (a Discórdia). Segundo a mitologia, foi vencido em várias ocasiões. Os Aloídas o derrotaram e encerraram numa urna de bronze durante 13 meses. Segundo se narra no canto V da Ilíada, o herói Diomedes, ajudado pela astuta Atena, conseguiu ferir Ares, que se refugiou no Olimpio. Ares manteve constantes aventuras amorosas com mulheres mortais, de que resultaram seus filhos Alcipe, Ascálafo e Flégias, entre outros. Seus amores com Afrodite foram descobertos pelo marido desta, Hefesto, que envolveu astutamente os amantes numa rede para levá-los ante o soberano juízo dos deuses e assim demonstrar a traição. Em Roma, com o nome de Marte, recebeu maior veneração que entre os gregos, sobretudo por parte das legiões romanas.

ÁRTEMIS

A atribuição à Ártemis de traços de deidades pré-helênicas e cretenses mais antigas conferiu-lhe uma imagem multifacetada e ambígua. Na mitologia grega, Ártemis era filha de Zeus e de Leto e irmã gêmea de Apolo. Tida como virgem e defensora da pureza, era também protetora das parturientes e estava ligada a ritos de fecundidade; embora fosse em essência uma deusa caçadora, encarnava as forças da natureza e tutelava as ninfas, os animais selvagens e o mundo vegetal. Cultuada, sobretudo nas áreas rurais, na Ática enfatizou-se seu caráter de "senhora das feras", na ilha de Eubéia foi considerada protetora dos rebanhos e no Peloponeso reconheceu-se seu domínio sobre o reino vegetal e ela foi associada à água vivificante. Apesar dessa imagem protetora, Ártemis exibia facetas cruéis: matou o caçador Órion; condenou à morte a ninfa Calisto por deixar-se seduzir por Zeus; transformou Acteão em cervo para ser despedaçado por sua própria matilha e, com Apolo, exterminou os filhos de Níobe e Anfião, para vingar uma suposta afronta. Suas ocupações principais eram a caça e a dança, no que se fazia acompanhar das Ninfas. Ártemis tinha diversas representações. As cópias de sua estátua no templo de Éfeso, uma das maravilhas do mundo antigo, correspondem ao modelo das chamadas deusas-mães e apresentam muitos seios, símbolo de fecundidade. Na Grécia clássica foi representada com longa túnica e arco retesado, enquanto na época helenística exibia túnica curta e aliava, seguida por uma matilha ou um filhote de cervo. Essa imagem foi também a mais comum em Roma, que identificou Ártemis com Diana.

ASCLÉPIO/ ESCULÁPIO

O culto a Asclépio/Esculápio, deus greco-romano da medicina, teve muito prestígio no mundo antigo, quando seus santuários converteram-se em sanatórios. Os textos primitivos não concediam caráter divino a Esculápio, que os gregos chamavam Asclépio. Homero o apresenta na Ilíada como um hábil médico e Hesíodo e Píndaro descrevem como Zeus o fulminou com um raio, por pretender igualar-se aos deuses e tornar os homens imortais. Com o tempo, passou a ser considerado um deus, filho de Apolo e da mortal Corônis, com o poder de curar os enfermos. Seu templo mais famoso era o de Epidauro, no Peloponeso, fundado no século VI a.C. O teatro dessa cidade foi construído para acolher os peregrinos que acorriam para a festa em honra de Esculápio, a Epidauria. Era também patrono dos médicos e sua figura aparecia nos ritos místicos de Elêusis. Seu culto foi iniciado em Roma por ordem das profecias sibilinas, conjunto de oráculos do ano 293 a.C. Na época clássica, Esculápio era representado, quer sozinho, quer com sua filha Higia (a saúde), como um homem barbudo, de olhar sereno, com o ombro direito descoberto e o braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu, em volta do qual se enroscam duas serpentes, e que se transformou no símbolo da medicina.

ATENA

Embora a mitologia lhe reservasse várias atribuições, em todas elas Atena personificava a serenidade e a sabedoria características do espírito grego. Zeus, segundo a Mitologia Grega, para evitar o cumprimento de uma profecia, engoliu sua amante grávida, a Oceânide Métis. Depois ordenou a Hefesto que lhe abrisse a cabeça com um golpe de machado e dela nasceu Atena, já armada. Acredita-se que ela era originalmente a deusa-serpente cretense, protetora do lar. Adotada pelos micênicos belicosos, seu caráter tutelar completou-se com o de guerreira. Finalmente, transformou-se na deusa protetora de Atenas e outras cidades da Ática. Como todos os deuses do Olimpio, Atena tinha um caráter dual: simbolizava a guerra justa e possuía uma disposição pacífica, representando a preponderância da razão e do espírito sobre o impulso irracional. Em Atena residia a alma da cidade e a garantia de sua proteção. Na tragédia Eumênides, Ésquilo deu expressão acabada à figura sábia e prudente de Atena, atribuindo-lhe a fundação do Areópago, conselho de Atenas. O mito afirma que Atena inventou a roda do oleiro e o esquadro empregado por carpinteiros e pedreiros. As artes metalúrgicas e os trabalhos femininos estavam sob sua proteção; o culto a Atena se baseava no amor ao trabalho e à cidade. Seu principal templo, o Pártenon, ficava em Atenas, onde anualmente celebravam-se em sua honra as Panatenéias e davam-lhe os nomes de Atena Partênia. Foi representada por Fídias na célebre estátua do Pártenon, de que se conserva uma cópia romana do século II da era cristã. Os relevos desse templo apresentam sua imagem guerreira, com capacete, lança, escudo e couraça. Os romanos assimilaram-na à deusa Minerva (que, com Juno e Júpiter, compunha a tríade capitolina) e acentuaram ainda mais seu caráter espiritual, como símbolo da justiça, trabalho e inteligência.

CRONOS

A figura enigmática de Cronos representou, na mitologia, um claro exemplo dos conflitos religiosos e culturais surgidos entre os gregos e os povos que habitavam a península helênica antes de sua chegada. Cronos era um deus da mitologia pré-helênica ao qual se atribuíam funções relacionadas com a agricultura. Mais tarde, os gregos o incluíram em sua Cosmogonia, mas lhe conferiram um caráter sinistro e negativo. Na mitologia grega, Cronos era filho de Urano (o céu) e de Gaia ou Gê (a terra). Incitado pela mãe e ajudado pelos irmãos, os Titãs, castrou o pai - o que separou o céu da terra - e tornou-se o primeiro rei dos deuses. Seu reinado, porém, era ameaçado por uma profecia segundo a qual um de seus filhos o destronaria. Para que não se cumprisse esse vaticínio, Cronos devorava todos os filhos que lhe dava sua mulher, Réia, até que esta conseguiu salvar Zeus. Este, quando cresceu, arrebatou o trono do pai, conseguiu que ele vomitasse os outros filhos, ainda vivos, e o expulsou do Olimpio, banindo-o para o Tártaro, lugar de tormento. Segundo a tradição clássica, Cronos simbolizava o tempo e por isso Zeus, ao derrotá-lo, conferira a imortalidade aos deuses. Era representado como um ancião empunhando uma foice e freqüentemente aparecia associado a divindades estrangeiras propensas a sacrifícios humanos. Os romanos assimilaram Cronos a Saturno e dizia-se que, ao fugir do Olimpio, ele levara a agricultura para Roma, com o que recuperava suas primitivas funções agrícolas. Em sua homenagem, celebravam-se as saturnálias, festas rituais relacionadas com a colheita.

DEMÉTER

Na Grécia Antiga, a deusa Deméter e sua filha, Perséfone, eram cultuadas nos mistérios de Elêusis, rituais secretos em que se agradeciam a fecundidade da terra e as colheitas. Deméter, deusa grega da agricultura, era filha de Cronos e Réia e mãe de Perséfone, que a ajudava nos cuidados da terra, e de Pluto, deus da riqueza. Perséfone foi raptada por Hades, que a levou para os Infernos e a esposou. Desesperada com o desaparecimento da filha, Deméter saiu a sua procura e, durante a viagem, passou pela cidade de Elêusis, onde foi hospitaleiramente recebida. Em agradecimento, revelou aos habitantes seus ritos secretos. A terra abandonada, entretanto, tornava-se estéril e os alimentos começavam a escassear. Preocupado com a difícil situação dos mortais, Zeus convenceu Hades a permitir que Perséfone passasse o outono e o inverno nos Infernos e regressasse para junto da mãe na primavera. Assim, Deméter simbolizou a terra cultivável, produtora da semente - Perséfone - que há de fecundá-la periodicamente. Em Elêusis celebravam-se os mistérios, ou ritos secretos, em que Deméter figurava como deusa da fertilidade e Perséfone como encarnação do ciclo das estações. Na Mitologia Romana, Deméter foi identificada com Ceres.

DIONISO

O festival de tragédias da Grande Dionisíaca, celebração primaveril ao deus grego Dioniso pelo retorno da fertilidade da terra após o inverno, deu origem à arte dramática. Dioniso, divindade do vinho e da embriaguez, era na origem deus da vegetação, cultuado na Trácia e na Frígia. Segundo a tradição clássica, era filho do deus Zeus com Sêmele, filha mortal do rei de Tebas. Enciumada, Hera, esposa de Zeus, persuadiu Sêmele a pedir a ele que se mostrasse em todo o esplendor de sua majestade. Sêmele morreu fulminada pelos raios emitidos por Zeus, mas este salvou o filho que ela trazia no ventre e enxertou-o em sua própria coxa. Quando Dioniso nasceu, para protegê-lo de Hera, Zeus enviou-o a Nisa, onde cresceu e descobriu a vide e o fabrico do vinho. Depois realizou numerosas viagens para expandir seu culto e ensinar aos homens a arte da vinicultura. Antes de subir ao Olimpio, desceu aos infernos para buscar a mãe e levou-a consigo. Em Roma, Dioniso foi identificado com Baco. As bacanais, rituais equivalentes às dionisíacas gregas, foram suprimidas em 186 a.C.

ÉOLO

A mitologia grega apresenta três personagens com o mesmo nome de Éolo, cujas tradições se confundem, o que acarreta certa confusão para essa figura. Um dos heróis com o nome de Éolo é o rei mítico da Magnésia, na Tessália, filho de Helena e pai de Sísifo. Foi o ancestral dos eólios e deu nome à terra em que viviam, a Eólia, na costa oeste da Anatólia. Seus filhos Cânace e Macareu cometeram incesto e depois se suicidaram. A história deles serviu de tema à tragédia Éolo, de Eurípides, que se perdeu. O segundo personagem de nome Éolo é neto do mesmo rei da Magnésia e filho do deus Posêidon com Melanipe. Quando esta deu à luz, gêmeos, seu pai mandou cegá-la, prendeu-a num calabouço e expôs as crianças à intempérie. Teano, esposa do rei da Icária, ameaçada de abandono pelo marido por não conceber, acolheu os dois, mas pouco depois deu também à luz gêmeos. Mais tarde sugeriu aos filhos legítimos que matassem Éolo e Beoto, mas como estes eram filhos de um deus, levaram a melhor e mataram os filhos de Teano. O rei, que preferia os adotivos, soube da verdadeira história, mandou matar Teano e casou-se com Melanipe. Homero, na Odisséia, fala de um Éolo, filho de Posêidon. Rei dos ventos acolheu Ulisses em sua ilha e deu-lhe um odre, em que guardava os ventos adversos. Em liberdade ficou apenas Zéfiro, que soprava suavemente sobre as velas das naus. Enquanto Ulisses dormia, seus companheiros, à procura de vinho e de ouro, abriram o odre e desencadearam uma tormenta que acabou por devolvê-los à Eólia. Esse episódio levou Éolo a pensar que os deuses perseguiam Ulisses e seus companheiros e, por isso, negara-lhes ajuda para prosseguir viagem.

EROS

Ignorado por Homero, Eros aparece pela primeira vez na Teogonia de Hesíodo, que o descreve como o mais belo dos imortais, capaz de subjugar corações e triunfar sobre o bom senso. Deus grego do amor e do desejo, Eros encerrava, na mitologia primitiva, significado mais amplo e profundo. Ao fazê-lo filho do Caos, vazio original do universo, a tradição mais antiga apresentava-o como força ordenadora e unificadora. Assim ele aparece na versão de Hesíodo e em Empédocles, pensador pré-socrático. Seu poder unia os elementos para fazê-los passar do caos ao cosmos, ou seja, ao mundo organizado. Em tradições posteriores era filho de Afrodite e de Zeus, Hermes ou Ares, segundo as diferentes versões. Platão descreveu-o como filho de Poro (Expediente) e Pínia (Pobreza), daí que a essência do amor fosse "sentir falta de", busca constante, em perpétua insatisfação. Seu irmão Ânteros, também filho de Afrodite, era o deus do amor mútuo e, às vezes, oponente e moderador de Eros. Artistas de várias épocas representaram com freqüência o episódio da relação de Eros com Psiqué, que simboliza a alma e constitui uma metáfora sobre a espiritualidade humana. Em Roma, Eros foi identificado com Cupido. Inicialmente representavam-no como um belo jovem, às vezes alado, que feria os corações dos humanos com setas. Aos poucos, os artistas foram reduzindo sua idade até que, no Período Helenístico, a imagem de Eros é a representação de um menino, modelo que foi mantido no Renascimento.

GAIA

O nome Gaia, Géia ou Gê, é utilizado como prefixo para designar as diversas ciências relacionadas com o estudo do planeta. A deusa foi também à propiciadora dos sonhos e a protetora da fecundidade. Na mitologia grega, Gaia é a personificação da Terra como deusa. Uma das primeiras divindades a habitar o Olimpio, nasceu imediatamente depois do Caos. Sem intervenção masculina, gerou sozinha Urano (o Céu), as Montanhas e o Ponto (o Mar). Formou com Urano o primeiro casal divino e dessa união nasceram os Titãs, os Ciclopes e os Hecatonquiros, gigantes de cinqüenta cabeças e cem braços. Urano detestava os filhos e, logo após seu nascimento, encerrava-os no Tártaro. Revoltada com esse procedimento, Gaia decidiu armar um dos filhos, Cronos, com uma foice. Quando, na noite seguinte, Urano se uniu a Gaia, Cronos atacou-o e castrou-o, separando assim o Céu e a Terra. Cronos lançou os testículos de Urano ao mar, mas algumas gotas caíram sobre Gaia, fecundando-a. Desse contato, nasceram as Erínias (identificadas, na mitologia latina, com as Fúrias). Gaia, na mitologia clássica, personificava a origem do mundo, o triunfo e ordenamento do cosmos frente ao caos, a propiciadora dos sonhos, a protetora da fecundidade e dos jovens.

HADES

As escassas referências a Hades nas lendas gregas, em comparação com os outros grandes deuses, revelam o temor que essa divindade infundia ao povo. Hades era filho de Cronos e de Réia, irmão de Zeus e de Poseidon. Destronado Cronos coube a Hades o mundo subterrâneo, na partilha que os três irmãos fizeram entre si. Reinava, em companhia de sua esposa Perséfone, sobre as forças infernais e sobre os mortos, no que freqüentemente se denominava "a morada de Hades" ou apenas Hades. Embora supervisionasse o julgamento e a punição dos condenados após a morte, Hades não era um dos juízes nem torturava pessoalmente os culpados, tarefa que cabia as Erínias. Era descrito como austero e impiedoso, insensível a preces ou sacrifícios, intimidativo e distante. Invocava-se Hades geralmente por meio de eufemismos, como Clímeno (o Ilustre) ou Eubuleu (o que dá bons conselhos). Seu nome significa, em grego, "o invisível", e era geralmente representado com o capacete que lhe dava essa faculdade. O nome Plutão ("o rico" ou "o distribuidor de riqueza"), que se tornou corrente na religião romana, era também empregado pelos gregos.

HEFESTO

A figura de Hefesto, apesar de ser motivo freqüente de escárnio nas lendas gregas, foi muito venerada pelas dádivas por ele concedidas aos mortais. Hefesto, na mitologia grega, era o deus do fogo. Filho de Hera e de Zeus, teria nascido feio e coxo. A mãe, envergonhada, o jogara do Olimpio ao mar. Foi recolhido pela titânia Tétis, que o educou na ilha de Lemnos. De volta ao Olimpio, esposou, por ordem de Zeus, Afrodite, a mais bela das deusas. Como deus do fogo, Hefesto tornou-se o ferreiro divino e instalou suas forjas no centro dos vulcões. Ali fabricou os raios de Zeus, o tridente de Poseidon, a couraça de Héracles, as flechas de Apolo e as armas de Aquiles. Confeccionou também uma rede invisível em que aprisionou os amantes Afrodite e Ares para expô-los ao ridículo diante dos outros deuses e se vingar das traições da esposa. Patrono dos ferreiros e dos artesãos em geral, é responsável, segundo a lenda, pela difusão da arte de usar o fogo e da metalurgia. Era geralmente representado como um homem de meia-idade, barbado, vestido com uma túnica sem mangas e com um gorro sobre o cabelo desgrenhado. Apresenta muitas semelhanças com o deus Vulcano, da mitologia romana.

HÉLIO

O famoso Colosso de Rodes, escultura em bronze erguida no século III a.C. e considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo, era uma estátua de Hélio, representado como um belo jovem coroado de raios resplandecentes. Hélio, na mitologia grega, era a representação divina do Sol. Filho de Hipérion, era neto de Urano e de Gaia (o Céu e a Terra), irmão de Eos, a Aurora, e de Selene, a Lua. Percorria o céu todos os dias, de leste para oeste, num carro flamejante puxado por quatro corcéis, para levar luz e calor aos homens. Faetonte, filho de Hélio e de Clímene, morreu ao tentar conduzir o carro do Sol, quando buscava provar sua ascendência divina. Narra a mitologia que a ninfa Clítia, apaixonada por Hélio e por ele desprezada, foi transformada por Apolo em heliotrópio, flor que gira ao longo do dia sobre seu caule, voltado sempre para o Sol, ou a conhecida flor Girassol. Na Grécia clássica, Hélio foi cultuado em Corinto e, sobretudo em Rodes, ilha que lhe pertencia e onde era considerado o deus principal, honrado anualmente com uma grande festa.

HERA

As crises de ciúme provocadas pela infidelidade de seu esposo, Zeus, marcaram o comportamento da deusa grego Hera em muitos episódios da mitologia. Hera, na mitologia grega, era filha de Cronos e Réia, irmã e esposa de Zeus. Venerada como rainha dos deuses em Esparta, Samos, Argos e Micenas, tinha entre as duas últimas cidades um templo famoso por abrigar uma bela estátua sua esculpida em ouro e marfim por Policleto. Embora, na lenda, Hera figure como deusa da vegetação, foi em geral considerada rainha do empório - o céu - e protetora da vida e da mulher. Esta última característica tornava-a também protetora da fecundidade e do matrimônio, pelo que recebeu o nome de Ilítia, atribuído em outras ocasiões a uma filha sua. Foram também seus filhos Hebe, a juventude florida; Ares, deus da guerra; e Hefesto, deus ferreiro. O ciúme despertado pelas constantes infidelidades de Zeus levou-a a perseguir encarniçadamente as amantes do marido e os filhos oriundos dessas uniões de Zeus. Hera intervém com muita freqüência nos assuntos humanos: protegeu os aqueus na guerra de Tróia e velou, igualmente, pelos argonautas, para que seu barco passasse sem perigo pelos temíveis rochedos de Cila e Caribde. Seus atributos são o cetro e o diadema, o véu (associado à mulher casada) e o pavão (símbolo da primavera). Na Mitologia Romana, Hera foi identificada com a deusa Juno.

HERMES

A figura do deus Hermes era motivo de grande veneração entre os gregos, que o consideravam um benfeitor e defensor da humanidade perante os deuses do Olimpio. Hermes, na mitologia grega, era filho de Zeus e da ninfa Maia. Reverenciado como deus da fertilidade, tinha o centro de seu culto na Arcádia, onde se acreditava que tivesse nascido. Seu nome tem origem, provavelmente, em herma, palavra grega que designava os montes de pedra usados para indicar os caminhos. Considerado protetor dos rebanhos era freqüentemente associado a divindades da vegetação, como Pã e as ninfas. Entre suas várias atribuições incluíam-se as de mensageiro dos deuses; protetor das estradas e viajantes; condutor das almas ao Hades; deus da fortuna, da eloqüência e do comércio; patrono dos ladrões e inventor da lira. Era também o deus dos sonhos, a quem os gregos ofereciam a última libação antes de dormir. Nas representações mais antigas, aparece como um homem adulto, com barba, vestido com uma túnica longa, ou com a imagem de um pastor, com um carneiro sobre os ombros. Foi posteriormente representado como um jovem atlético e imberbe, com capacete alado, asas nos pés e, nas mãos, o caduceu - bastão mágico com que distribui fortuna. Em Roma, foi assimilado ao deus Mercúrio.

NINFAS

Fonte de inspiração da arte greco-romana, as ninfas emprestaram suas características a seres mitológicos de culturas posteriores, como elfos, fadas e gnomos. Na mitologia grega, ninfas eram as divindades femininas secundárias associadas à fertilidade e identificadas de acordo com os elementos naturais em que habitavam, cuja fecundidade encarnavam. As oceânides e as nereidas eram ninfas marinhas; as náiades, crenéias, pegéias e limneidas moravam em fontes, rios ou lagos; as hamadríades (ou dríades) eram protetoras das árvores; as napéias, dos vales e selvas; e as oréades, das montanhas. Diferenciavam-se ainda muitos outros grupos. Embora não fossem imortais, as ninfas tinham vida muito longa e não envelheciam. Benfazejas, tudo propiciavam aos homens e à natureza. Tinham ainda o dom de profetizar, curar e nutrir. Em geral, não se destacavam individualmente, embora algumas das mais citadas na literatura apresentassem genealogia definida. As nereidas, por exemplo, eram filhas do deus marinho Nereu e entre elas destacava-se Tétis, mãe do herói Aquiles. As náiades haviam sido geradas pelo deus do rio em que viviam e com elas foram mais tarde identificadas as ninfas da Mitologia Romana. Um tipo muito especial de ninfas era as melíades, nascidas do freixo - árvore que simboliza a durabilidade e firmeza - que eram belicosas. Belas, graciosas e sempre jovens, as ninfas foram amadas por muitos deuses, como Zeus, Apolo, Dioniso e Hermes. Quando uma ninfa se apaixonava por um mortal, podia tanto raptá-lo, como aconteceu com Hilas; fundir-se com ele, como Salmácis com Hermafrodito; ou se autodestruir, como fez Eco por amor a Narciso.


Pã, cujo nome em grego significa "tudo", assumiu de certa forma o caráter de símbolo do mundo pagão e nele era adorada toda a natureza. Na mitologia grega, Pã era o deus dos caçadores, dos pastores e dos rebanhos. Representado por uma figura humana com orelhas, chifres, cauda e pernas de bode trazia sempre uma flauta, a "flauta de Pã", que ele mesmo fizera, aproveitando o caniço em que se havia transformado a ninfa Siringe. Sobre seu nascimento há várias versões: dão-no como filho de Zeus ou de Hermes, também como filho do Ar e de uma nereida, ou filho da Terra e do Céu. Teve muitos amores, os mais conhecidos com as ninfas Pítis e Eco, que, por abandoná-lo, foram transformadas, respectivamente, em pinheiro e em uma voz condenada a repetir as últimas palavras que ouvia. Segundo a tradição, seu culto foi introduzido na Itália por Evandro, filho de Hermes, e em sua honra celebravam-se as lupercais. Em Roma, foi identificado ora com Fauno, ora com Silvano. A respeito de Pã, Plutarco relata um episódio de enorme repercussão em Roma ao tempo do imperador Tiberius. O piloto Tamo velejava pelo mar Egeu quando, certa tarde, o vento cessou e sobreveio longa calmaria. Uma voz misteriosa chamou por ele três vezes. Aconselhado pelos passageiros, Tamo indagou à voz o que queria, ao que esta lhe ordenou que navegasse até determinado local, onde deveria gritar: "O grande Pã morreu!". Tripulantes e passageiros persuadiram-no a cumprir a ordem, mas quando Tamo proclamou a morte de Pã ouviram-se gemidos lancinantes de todos os lados. A notícia se espalhou e Tiberius reuniu sábios para que decifrassem o enigma, que não foi explicado. A narrativa de Plutarco tem sido interpretada como o anúncio do fim do mundo romano e do advento da era cristã.

PERSÉFONE

Os antigos ritos misteriosos celebrados em Elêusis, localidade da Ática, tinham no mito grego de Perséfone seu principal motivo simbólico. Perséfone era filha de Zeus, senhor dos deuses, e de Deméter, deusa da agricultura. Ainda era uma jovem donzela - em grego, koré, o que explica o fato de também ser chamada de Cora - quando foi raptada por Hades, o senhor dos mortos, que a levou para seu reino subterrâneo e a fez sua esposa. Ao saber do rapto, Deméter ficou desesperada e descuidou-se de suas tarefas: as terras tornaram-se estéreis e houve grande escassez de alimentos. Zeus ordenou a Hades que devolvesse Perséfone, mas como esta comera uma semente de romã no mundo subterrâneo não podia ficar inteiramente livre. Estabeleceu-se então um acordo: Perséfone passaria um terço do ano com Hades. Os quatro meses ao ano que Perséfone permanece no mundo subterrâneo correspondem à aparência árida dos campos gregos no verão, antes que reverdeçam com as chuvas de outono. O mito simbolizava o ciclo anual da colheita. Deméter representava a terra cultivável, de que nascia Perséfone, a semente que brota periodicamente. O amor de Perséfone por Adônis, relatado em outra lenda, achava-se igualmente vinculado aos rituais agrícolas. Na mitologia romana, a deusa foi identificada com Prosérpina. O rapto de Perséfone foi celebrado por poetas como Ovídio e também serviu de tema para diversos pintores do Renascimento.

POSÊIDON

As tempestades que, segundo Homero, Posêidon provocou para evitar que Ulisses (Odisseu), que o ofendera, retornasse à pátria, são uns exemplos característicos do temperamento irado que a Mitologia Grega atribuía a esse deus. Posêidon (ou Posídon), deus grego dos mares, era filho de Cronos, deus do tempo, e Réia, deusa da fertilidade. Eram seus irmãos Zeus, o principal deus do panteão grego, e Hades, deus dos infernos. Quando os três irmãos depuseram o pai e partilharam entre si o mundo, coube a Posêidon o reino das águas. Seu palácio situava-se no fundo do Mar Egeu e sua arma era o tridente, com que provocava maremotos, tremores de terra e fazia brotar água do solo. Pai de Pégaso, o cavalo alado gerado por Medusa, esteve sempre associado aos eqüinos e por isso se admite que tenha chegado à Grécia como deus dos antigos helenos, que também levaram à região os primeiros cavalos. O temperamento impetuoso de Posêidon, cuja esposa era Anfitrite, conduziu-o a numerosos amores. Como pai de Pélias e Nereu, gerados pela princesa Tiro, era o ancestral divino das casas reais de Tessália e Messênia. Seus outros filhos eram, na maioria, seres gigantescos e de natureza selvagem, como Órion, Anteu e o Ciclope Polifemo. Embora tenha perdido uma disputa com Atena pela soberania da Ática, foi também cultuado ali. Em sua honra celebravam-se os Jogos Ístmicos, constituídos de competições atléticas e torneios de música e poesia, realizados a cada dois anos no istmo de Corinto. Os artistas plásticos acentuaram a ligação de Posêidon com o mar e representaram-no como um homem forte, de barbas brancas, com um tridente na mão e acompanhado de golfinhos e outros animais marinhos. A Mitologia Romana identificou-o com o deus Netuno.

PROMETEU

A figura trágica e rebelde de Prometeu, símbolo da humanidade, constitui um dos mitos gregos mais presentes na cultura ocidental. Filho de Jápeto e Clímene - ou da nereida Ásia ou ainda de Têrmis, irmã de Cronos, segundo outras versões - Prometeu pertencia à estirpe dos Titãs, descendentes de Urano e Gaia e inimigos dos deuses olímpicos. O poeta Hesíodo relatou, em sua Teogonia, como Prometeu roubou o fogo escondido no Olimpio para entregá-lo aos homens. Fez do limo da terra um homem e roubou uma fagulha do fogo divino a fim de dar-lhe vida. Para castigá-lo, Zeus enviou-lhe a bonita Pandora, portadora de uma caixa que, ao ser aberta, espalharia todos os males sobre a Terra. Como Prometeu resistiu aos encantos da mensageira, Zeus o acorrentou a um penhasco, onde uma águia devorava diariamente seu fígado, que se reconstituía. Lendas posteriores narram como Hércules matou a águia e libertou Prometeu. Na Grécia, havia altares consagrados ao culto a Prometeu, sobretudo em Atenas. Nas lampadofórias (festas das lâmpadas), reverenciavam-se ao mesmo tempo Prometeu, que roubara o fogo do céu, Hefesto, deus do fogo, e Atena, que tinha ensinado o homem a fazer o óleo de oliva. A tragédia Prometeu acorrentado, de Ésquilo, foi a primeira a apresentá-lo como um rebelde contra a injustiça e a onipotência divina, imagem particularmente apreciada pelos poetas românticos, que viram nele a encarnação da liberdade humana, que leva o homem a enfrentar com orgulho seu destino. Prometeu significa etimologicamente "o que é previdente". O mito, além de sua repercussão literária e artística, tem também ressonância profunda entre os pensadores. Simbolizaria o homem que, para beneficiar a humanidade, enfrenta o suplício inexorável; a grande luta das conquistas civilizadoras e da propagação de seus benefícios à custa de sacrifício e sofrimento.

RÉIA

Na época clássica, Réia foi cultuada em alguns pontos da Grécia, principalmente em Creta, na Arcádia, na Beócia e em Atenas. Nessa cidade se localizava o santuário que a deusa compartilhava com o irmão e esposo Cronos. Réia é uma antiga deusa, provavelmente de origem pré-helênica, associada à "Grande Mãe" cretense e aos ritos agrícolas. Símbolo da terra, por meio do sincretismo creto-micênico foi transformada pelos gregos em esposa de Cronos. Segundo a Teogonia, de Hesíodo, Réia, uma das titânidas, filha de Urano e Gaia - o casal primordial, céu e terra - casou-se com Cronos, seu irmão. Dessa união nasceram seis filhos: Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posêidon e Zeus. Avisado por uma profecia de que um de seus filhos lhe tomaria o trono, Cronos devorava cada um deles logo que nascia. Quando da gestação de Zeus, Réia foi para Creta e, numa caverna do monte Dicte, deu à luz o caçula, que foi amamentado pela cabra Amaltéia. Envolveu então uma pedra em panos, como se fosse a criança, e deu-a ao esposo, que a engoliu sem perceber a troca. Mais tarde, Zeus destronou Cronos e o obrigou a vomitar todos os irmãos. A iconografia de Réia não figura entre as mais importantes da mitologia grega. Suas raras representações remetem ao mito do nascimento de Zeus. Os romanos identificaram-na tardiamente com a divindade oriental Cibele, mãe dos deuses.

TITÃS

A dramática lenda dos titãs constitui um expressivo exemplo da integração dos cultos pré-helênicos ao corpo da mitologia grega. Segundo Hesíodo, os titãs eram os 12 filhos dos primitivos senhores do universo, Gaia (a Terra) e Urano (o Céu). Seis eram do sexo masculino - Oceano, Ceo (pai de Leto), Crio, Hipérion, Jápeto (pai de Prometeu) e Cronos - e seis do feminino - Téia, Réia (mãe dos deuses), Têmis (a justiça), Mnemósine (a memória), Febe (a Lua) e Tétis (deusa do mar). Tinham por irmãos os três hecatonquiros, monstros de cem mãos que presidiam os terremotos, e os três Ciclopes, que forjavam os relâmpagos. Urano iniciou um conflito com os titãs ao encarcerar os hecatonquiros e os ciclopes no Tártaro. Gaia e os filhos revoltaram-se, e Cronos cortou com uma foice os órgãos genitais do pai, atirando-os ao mar. O sangue de Urano, ao cair na terra, gerou os gigantes; da espuma que se formou no mar, nasceu Afrodite. Com a destituição de Urano, os titãs libertaram os outros irmãos e aclamaram rei a Cronos, que desposou Réia e voltou a prender os hecatonquiros e os ciclopes no Tártaro. Salvo Jápeto e de Crio, que tomaram consortes fora da própria linhagem, os titãs uniram-se entre si e deram origem a divindades menores. Cronos e Réia que produziram descendência mais numerosa: Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posêidon e Zeus, a primeira geração de deuses olímpicos. Avisado de que os filhos o destituiriam, Cronos engoliu todos eles exceto Zeus, salvo por um ardil da mãe. Ao tornar-se adulto Zeus fez Cronos beber uma poção que o forçou a vomitar os filhos, e uniu-se aos irmãos, os deuses olímpicos na luta contra os titãs nas planícies da Tessália, pela posse do Monte Olimpio. Esse conflito culminou com a derrota de Cronos e dos titãs, confinado por Zeus no Tártaro. Os titãs, do mesmo modo que seus irmãos, seriam divindades primitivas, talvez de remota origem oriental, ligada a ritos agrários. Sua vinculação aos elementos primários da natureza parece confirmada por uma lenda órfica posterior, que atribui aos titãs a origem da parte terrestre, ou material, dos seres humanos. Derrotando os Titãs, Zeus estabeleceu seu domínio como o maior dos deuses. Depois, os três filhos de Cronos dividiram a herança em três partes: Zeus ficou com o amplo céu e o ar superior, Posêidon com o mar e Hades com o mundo subterrâneo.

URANO

Na mitologia grega, a figura imponente de Urano, personificação do céu, encarnava o impulso fecundante primário da natureza. Urano é o deus do firmamento na mitologia grega. Segundo a Teogonia, de Hesíodo, Urano foi gerado por Gaia (a Terra), nascida do Caos original e mãe também das Montanhas e do Mar. Da posterior união de Gaia com Urano, nasceu os Titãs, os Ciclopes e os Hecatonquiros. Por odiar os filhos, Urano encerrava-os no corpo de Gaia, que lhes pediu que a vingassem. Só Cronos, um dos Titãs, lhe atendeu. Com uma harpa (cimitarra), castrou Urano quando este se uniu a Gaia. Das gotas de sangue que caíram sobre ela nasceram as Erínias, os Gigantes e as Melíades (ninfas dos freixos). Os testículos decepados flutuaram no mar e formaram uma espuma branca, de que nasceu Afrodite, a deusa do amor. Com seu ato, Cronos separara o céu da Terra e permitira que o mundo adquirisse uma forma ordenada. Na Grécia clássica não havia culto a Urano. Este fato, aliado a outros elementos da narrativa, sugere uma origem pré-grega. O uso da harpa indica fonte oriental e a história apresenta semelhança com o mito hitita de Kumarbi. Em Roma, Urano foi identificado com o deus Céu.

ZEUS

Como divindade suprema do Olimpio, chamado "pai dos deuses e dos homens", Zeus simbolizava a ordem racional da Civilização Helênica. Zeus é o personagem mitológico que, segundo Hesíodo e outros autores, nasceu de Réia e de Cronos, o qual engolia os filhos para evitar que se cumprisse a profecia de que um deles o destronaria. Após o nascimento de Zeus, Réia ocultou a criança numa caverna, em Creta, e deu uma pedra envolta em faixas para o marido engolir. Quando chegou à idade adulta, Zeus obrigou o pai a vomitar todos os seus irmãos, ainda vivos, e o encerrou sob a terra. Transformou-se então no novo senhor supremo do cosmo, que governava da morada dos deuses, no cume do Monte Olimpio. A esposa de Zeus foi sua irmã Hera, mas ele teve numerosos amores com deusas e mulheres mortais, que lhe deram vasta descendência. Entre as imortais, contam-se Métis, que Zeus engoliu quando grávida para depois extrair Atena da própria cabeça; Leto, que gerou Apolo e Ártemis; Sêmele, mãe de Dioniso; e sua irmã Deméter, que deu à luz Perséfone. Com Hera concebeu Hefesto, Hebe e Ares. O deus assumia com freqüência formas zoomórficas - cisne, touro - ou de nuvem ou chuva, em suas uniões com mortais, que deram origem a uma estirpe ímpar de heróis, como os Dióscuros (Castor e Pólux), Héracles (Hércules) e outros que ocupam lugar central nos ciclos lendários. Os templos e estátuas em honra a Zeus dominavam todas as grandes cidades, embora seu culto fosse menos popular do que o das respectivas divindades locais. Era representado comumente como homem forte e barbado, de aspecto majestoso, e com essa imagem foi adotado pelos Romanos, que o identificaram com Júpiter.