Estresse leve permite lembrar de fatos mais facilmente, diz estudo argentino
Buenos Aires, 6 mai (EFE).- Um grupo de pesquisadores argentinos descobriu que as pessoas submetidas a um estresse leve podem lembrar mais facilmente de fatos que pareciam ter esquecidos, confirmou nesta sexta-feira à Agência Efe o cientista responsável do estudo.
"Vimos através de um experimento que os seres humanos podem lembrar melhor de uma série de sílabas sem sentido aprendidas se são submetidas a um estresse leve", indicou o doutor Alejandro Delorenzi, do Laboratório de Neurobiologia da Memória da Universidade de Buenos Aires (UBA), a maior da Argentina.
Em um experimento envolvendo 125 voluntários, os cientistas estabeleceram que, quando a memória se torna instável, você pode reativá-la se receber um impacto, como no presente caso, o frio intenso.
Concretamente, os participantes aprenderam uma série de cinco sílabas sem sentido em conjunto com uma combinação de luz, imagem e música, explicou Delorenzi, também pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina (Conicet).
Depois de seis dias, os cientistas submeteram novamente o mesmo estímulo, mas quando os participantes tinham que lembrar as letras aprendidas, interrompeu a sequência de imagem, luz e música, para que a memória tornar-se fraca, disse ele.
Imediatamente pediu aos participantes que colocasse o braço em uma bacia com água gelada, enquanto para o grupo de controle a temperatura era amena.
Como resultado, os que tiveram que enfrentar a água gelada lembraram no dia seguinte 80% das sílabas, enquanto aqueles que tiveram seu braço em água amena, só lembraram de 20%.
"Com este pequeno truque demonstramos que as memórias que pareciam desaparecidas, na realidade ficam armazenadas", sustentou Delorenzi, responsável da pesquisa na qual se empregaram caranguejos antes de realizar estas provas em humanos.
O pesquisador lembrou que substâncias como a epinefrina, cortisol e glicose, liberadas em situações de estresse, também atuam na suavidade da memória.
"Com este trabalho estamos mudando os marcos conceptuais dos processos de memória tal como estavam estabelecidos", assegurou.