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24 de mai. de 2011

A fábula do RH (conto)

A fábula do 


Um  dia, enquanto  caminhava  pela rua, uma mulher de sucesso, Diretora de Recursos  Humanos  de  uma  multinacional,  (aquelas que fazem de tudo para vender  a  imagem  de  sua  empresa aos futuros empregados), é tragicamente atropelada por um caminhão e morre.
Sua alma chega ao paraíso e se encontra, na entrada, com São Pedro.
- Bem  vinda  ao paraíso, diz São Pedro! Mas... antes que você se acomode, parece que temos um problema:

Você vai perceber que é muito raro uma diretora de recursos humanos chegar aqui e não estamos bem certos do que fazer com você...
- Não tem problema, deixe-me entrar. Diz ela, já analisando São Pedro dos pés à cabeça (imaginando seu antigo trabalho). Avaliava S. Pedro como se fosse  um candidato e se perguntava se ela o contratar ia para trabalhar em sua empresa.
- Bem que eu gostaria de deixá-la entrar agora mesmo, mas tenho ordens superiores.  Assim, faremos com que você passe um dia no inferno e outro no paraíso; então poderá escolher onde passar a eternidade.
- Ora, já está decidido. Prefiro ficar no paraíso, diz a mulher.
- Sinto muito, mas temos nossas regras, primeiro você precisa conhecer os dois  locais. E, assim, São Pedro acompanha a diretora ao elevador e desce, desce, desce até o inferno.

As portas se abrem e aparece um verde campo de golfe. Mais distante, um belo  clube.  Lá estão  todos  os  seus  amigos,  colegas  diretores  que trabalharam  com  ela  e  grandes  executivos  de outras empresas, todos em trajes de festa e muito felizes.
Correm para cumprimentá-la, beijam-na e se lembram dos bons tempos.
Joga uma agradável partida de golfe; mais tarde, jantam juntos num clube muito bonito e se divertem contando piadas e dançando. O Diabo, então, era um anfitrião de  primeira  classe,  elegante,  charmoso,  muito educado e divertido.

Ela se sente de tal maneira bem que, antes que se dê conta, já é hora de ir embora.  Todos lhe apertam  as  mãos  e se despedem enquanto ela entra no elevador.
O elevador sobe, sobe, sobe, e ela se vê novamente na porta do paraíso, onde  São  Pedro  a  espera. Agora é a hora de visitar o céu. Assim, nas 24 horas  seguintes,  a  mulher  se diverte pulando de nuvem em nuvem, tocando harpa  e  cantando.  Tudo  tão bonito e tão sereno, que, quando percebe, as oras se passaram e São Pedro vai buscá-la.
Então, passou um dia no inferno e outro no paraíso. Agora você deve escolher sua eternidade. A mulher pensa um pouco e responde: - S. Pedro, o paraíso é maravilhoso, mas penso que me senti melhor no inferno, com todos os meus amigos e aquela intensa vida social.

Assim, São Pedro  a acompanha até o elevador, que outra vez desce, desce, desce,  até o inferno. Quando as portas do elevador se abrem ela depara com um deserto, inóspito, sujo, cheio de desgraças e coisas ruins. Vê todos os seus amigos vestidos com trapos, trabalhando como escravos, aguilhoados por diabos inferiores, que estão recolhendo as desgraças e colocando-as dentro de bolsas pretas. O diabo se aproxima e conduz a mulher pelo braço, com brutalidade.
- Não entendo! - balbucia a mulher. - Ontem eu estava aqui e havia um campo de golfe, um clube, nós comemos lagosta e caviar, dançamos e nos divertimos  muito.  Agora tudo  o  que existe é um deserto cheio de lixo e todos os meus amigos parecem uns miseráveis?!
O diabo olha para ela, sorri maliciosamente e diz: - Ontem, estávamos te contratando. Hoje, você faz parte da equipe..."