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17 de mai. de 2011

Portador de síndrome de down já tem 67 anos

Portador de síndrome de down com maior idade

Portador de síndrome de down com maior idade
Terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Com 67 anos, Raimundo Cardoso de Almeida entra para o RankBrasil


Portador de síndrome de down com maior idade


Raimundo Cardoso de Almeida, conhecido também como Raimundim, é o novo recordista do RankBrasil. Natural da cidade de General Sampaio, no Ceará, ele tem 67 anos de idade e reside atualmente em Maracanaú, também no Ceará, com o irmão Pascoal Cardoso de Almeida e a cunhada Maria Marlene Freitas Almeida, pois os pais, Francisco Rodrigues Almeida e Ana Cardoso Rodrigues já são falecidos.

Segundo a sobrinha do recordista, Gleicilene Freitas, que também mora com ele, Raimundo goza de uma saúde invejável. “Temos uma pérola dentro de casa, pois irradia alegria o tempo todo”, destaca.

Raimundo nasceu em 26 de junho de 1944. De acordo com Gleicilene, quando criança, o recordista despertava curiosidade e as pessoas não faziam questão de esconder o preconceito. “Diferente de hoje em dia, que existem tratamentos para a doença e projetos de inclusão social, na época, a síndrome de down não era conhecida e nem tinha explicação científica”, diz.

Mesmo com características diferentes de crianças normais, conta Gleicilene, a sua avó, que é a mãe do recordista, dizia que foi “um mérito de Deus recebê-lo”, que Raimundo era um “pingo de luz”. “Todos perguntavam o que minha avó iria fazer com aquela criança diferente e ela simplesmente respondia: amar”, ressalta.

E o amor de Ana foi incondicional. Conforme Gleicilene, sua avó dizia: “Se Deus me deu esta criança diferente é uma prova de sua existência e aceitar é a sublimação desta missão”. De acordo com a sobrinha de Raimundo, Ana aceitou o desafio, aprendeu a conviver e dentro de si uma voz lhe dizia ser ele “um ser especial”.

Para o desenvolvimento físico e mental do recordista, foram utilizados alguns princípios alternativos. “A oportunidade de deixar Raimundo ajudar a cuidar dos irmãos, acreditando no seu potencial, também contribuiu com a necessidade dele se sentir útil”, conta Gleicilene.

O recordista conseguiu andar com quatro anos de idade. Após os sete, a comunicação foi estabelecida no ambiente familiar. Com determinada idade, Raimundo foi um gênio nos cuidados com os irmãos. “Enquanto minha avó fazia outras coisas, Raimundo cuidava dos seus três irmãos mais novos: dava comida, trocava roupas e fazia dormir em seu colo ou na rede, com canções de ninar”, diz.

Segundo Gleicilene, Raimundo também cuidava de si mesmo, de suas roupas e até das tarefas caseiras, como limpar a casa, fazer café, arroz, ovo, mingau: “O que ele mais gostava era engomar a roupa e era uma luta, pois naquele tempo o ferro era à brasa”.

Com trinta e sete anos o recordista foi para Monte Castelo, interior de São Paulo, foi quando a família soube a respeito da excepcionalidade de Raimundo. “A partir disto, a família começou a dar mais atenção a sua fala e seus comportamentos. Foi justamente quando ele melhorou na comunicação e todos já podiam entendê-lo”, explica.


De acordo com a sobrinha, Raimundo era motivo de muita preocupação para a avó Ana, que tinha medo da família não cuidar direito dele depois de sua morte. Na sua última hospitalização, ela proferiu um pedido para que a nora Maria Marlene cuidasse de Raimundo. Então, com sessenta anos, o recordista se mudou para Maracanaú, onde mora até hoje.

O recordista foi corajoso, conforme Gleicilene: “Ele entendeu que o momento dela tinha chegado e aceitou sua passagem como uma estrela cadente, deixando luz e brilho”. E hoje Raimundo diz: “Não tem pai e não tem mãe. A mamãezinha morreu, agora é a Marlenta e o Pacal é pai” (como ele pronuncia).

E a vida continua para Raimundo, “uma vida feliz”. A sobrinha conta que ele é muito organizado com suas roupas, tem responsabilidade em cuidar do lixo na casa (hábito que ele próprio se encarregou), gosta de se arrumar para ir à igreja evangélica, tem a bíblia como herança dos pais e não tem quem faça aceitar outra.

“Agradecemos pela semente de amor que minha avó Ana deixou. Ele continua morando com o irmão, cunhada e sobrinhos, que tanto ele ama e é correspondido”, diz Gleicilene. “Raimundo é a alegria do lar”, completa.