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10 de set. de 2011

Alguns empregos que poderiam não existir


Por isso, muita gente faz de tudo pra sobreviver. A gente vê isso no setor informal do trabalho. Mas antes que só quem curse Geografia/Economia continue lendo esse post, vou deixar mais claro meu ponto de vista: muitas profissões poderiam não existir.
A gente sabe que viver num país onde a desigualdade é visível, os impostos sobrecarregam todo mundo, a corrupção só aumenta e blá blá blá é difícil pra caramba.
Por exemplo: Flanelinha. Por que que toda vez que você tá apressado(a) no trânsito e finalmente acha uma vaga pra estacionar, precisa aparecer aquele doutor em geometria espacial que, por uma doutrina grega, usa um pequeno lenço em seu ombro, gesticulando os pontos em que se deve parar ou manobrar o carro, após fazer cálculos envolvendo vetores? Segundo a Wikipedia, o flanelinha é “um trabalhador informal que presta pequenos serviços aos motoristas que estacionam seus carros na via pública – indicam vagas para estacionamento, auxiliam nas manobras ou vigiam os carros estacionados”. Na realidade, ele é aquele que te ajuda a fazer o que você faria sozinho, pede seu dinheiro antecipadamente e diz que vai olhar seu carro enquanto estiver vendo um jogo do Flamengo. Tem gente que passou a vida inteira olhando seu carro na concessionária enquanto economizava pra comprá-lo e isso certamente foi mais tempo do que o flanelinha olhou, enquanto a pessoa ia apenas até a padaria pra comprar 6 carioquinhas. E, mesmo assim, ele tem direito de cobrar 10 reais pelos 8 minutos que passou lá, olhando o carro.
Provavelmente você já passou por isso: precisou estacionar o carro em algum lugar numa rua, porque saiu do trabalho estressado e querendo muito um happy hour, daí depois de duas horas, você acha a vaga. Então, o cara aparece. Diz que é bom que você dê logo o dinheiro, porque a violência tá braba, aí é bom garantir uma segurança e por isso seria melhor que você o pagasse logo. Beleza, mas.. como ele defenderia seu carro? Ele tá ali na rua, na maioria das vezes, sozinho (!). Acho que o poder tá na flanela. Talvez exista um treinamento secreto que eles tenham aprendido com o Bruce FlaneLeenha, com giros que imobilizem o corpo do assaltante, que arremesse sua arma pra casa do caraio e faça com que ele saia correndo. Conselho: quando um flanelinha disser isso pra você, de que a violência tá foda e que é melhor ele adiantar logo o dinheiro, não perca a oportunidade de dizer “Poxa cara, então é melhor sair daqui, senão você vai ser roubado”. Assim, você está contribuindo para uma diminuição no número de assaltos do país. Pense nisso.

Outra profissão que eu realmente não entendo é o Cambista. Acho que cambista só existe não é nem pra quem não tem planejamento pra comprar as coisas (que nem eu e você), mas pra polícia dizer que tá cumprindo seu dever de prender quem vende ilegalmente ingressos de vez em quando. Depois dos próprios policiais garantirem seu camarote com eles, claro. Cambista dificulta a venda de qualquer evento, só ajuda a vida do desorganizado. Que, além de desorganizado, é tapado. Pra pagar um ingresso bem mais caro, só sendo muito tapado mesmo. Mais inteligente pagar pra sua sogra ir comprar do que comprar na mão de cambista. Com ela você ainda, acredite, ganha desconto e um almoço de domingo.
A minha intenção não é dizer que quem faz isso não presta (a não ser aqueles que te roubam fazendo isso). A minha intenção é dizer que a culpa não é do flanelinha, do cambista, do vendedor de bilhete de loteria, do retirante de tickets automáticos de estacionamento de shopping, do motorista de lava-jato ou de quem escreve num blog pra quem bebe. A culpa é toda do Governo que a gente elege. E da Sônia Abrão, claro.
E daí existem outras profissões que, realmente, não têm a mínima razão pra existir, tipo vendedor de bilhete de loteria, ou o retirante de tickets automáticos de estacionamento de shopping, ou o motorista de lava-jato, ou a Sônia Abrão. Ou quem escreve em blog.
É uma pena que existam pessoas que precisem passar seu tempo pedindo pra lavar vidro de carro no sinal ou guardar carro na rua, e que ninguém dê a mínima pra isso, dizendo que tão “empregados”, só pra na realidade diminuirem a taxa de desemprego do país. Por isso, acho que tem muita gente na profissão errada. Prova disso é que você não vê “Precisa-se de Mãe Geruzziah para trazer a pessoa amada em 3 dias, favor entrar em contato com o RH da empresa” nos Classificados do jornal.