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6 de mai. de 2011

Homenagem aos poetas


Datas sobre poesia
Dia de Poesia
Moacyr Mallemont Rebello Filho
Você está ouvindo esse primeiro canto da “Ilíada”, acompanhado de uma lira, semelhante
às que eram usadas antigamente, no que se supunha ser a pronuncia, no dialeto jônico.

A primeira Poesia

Todo dia é dia de poesia. Em todos os cantos do mundo, há, em todo os momentos, alguém evocando sensações, impressões e emoções por meio de sons e ritmos harmônicos.

A poesia nasceu na Grécia, berço da Civilização Ocidental, como poiesis (poihsiV), com Homero, através da "Ilíada" e da "Odisséia".

Homero

Enquanto a primeira relata a "Guerra de Tróia" ocorrida por volta de 1.250 AC, a outra narra as aventuras de Ulisses, rei de Ítaca, ao retornar dessa guerra, depois de dez anos de peripécias, para os braços de sua rainha Penélope. Naqueles tempos, a apresentação poética se fazia acompanhada por um instrumento musical - a Lira, e estava dividida em "Cantos (wdh)".

Lira Grega

Por isso eram chamadas de "Poesias Líricas", não importando o gênero trágico das mesmas. A tragédia e os gregos sempre estiveram de mãos dadas, como nessas obras primas sempre atuais.

Ignorando as correntes de que Homero tivesse existido ou não, o alemão Heinrich Schliemann encontrou em 1871, depois de dois anos de pesquisas, a cidade de Tróia, baseado nos relatos de Homero. Estaria assim comprovadas a existência de Homero, e a veracidade dos fatos narrados. Na realidade ele encontrou nove cidades construídas sobre os destroços da anterior. A Tróia de Homero era a quarta de cima para baixo.

Infelizmente, não se pode atribuir datas precisas para Homero, a "Ilíada" e a "Odisséia" para comemorar-lhes.

Início do Canto I, da Ilíada, em grego clássico.


Canto I

Canta-me a cólera - ó deusa - funesta de Aquiles Pelida,
causa que foi de os Aquivos sofrerem trabalhos sem conta
e de baixarem para o Hades as almas de heróis numerosos
e esclarecidos, ficando eles próprios aos cães atirados
e como pasto das aves. Cumpriu-se de Zeus o desígnio


Você está ouvindo esse primeiro canto da “Ilíada”, acompanhado de uma lira, semelhante às que eram usadas antigamente, no que se supunha ser a pronuncia, no dialeto jônico.

As datas  

Dia 14 de março - "Dia Nacional da Poesia" [Brasil]
  
A tradição judaico-cristã é hábil em criar datas e nomes para reconhecer-lhes. Dentro desse quadro,  tem-se feito muita confusão a respeito de poetas e poesias.

O "Dia Nacional da Poesia" se comemora no dia 14 de março, data do aniversário do grande poeta Castro Alves, que nasceu na Freguesia de Muritiba, na Bahia, atual município de Cachoeira, em 1847 e faleceu em Salvador em 6 de janeiro de 1871. Também se comemora nesta data, cuja padroeira é "Santa Matilda, o "Dia do Vendedor de Livros". Poeta romântico, de linha nacionalista e abolicionista que se inspirava em Victor Hugo, o maior poeta da França.

 
Antônio Frederico de Castro Alves

Dia 19 de março

Bem que poderia ser no dia 19 de março. Nesse dia, em 1534 nascia em San Cristóbal de la Laguna,  Tenerife, nas Ilhas Canárias, o Padre José de Anchieta, segundo a Igreja Católica, o Apóstolo do Brasil.

Em 1548, iniciou seus estudos em Coimbra, célebre centro intelectual de Portugal, onde ingressou na Companhia de Jesus, recém fundada por Santo Inácio de Loyola. Em 25 de Janeiro de 1554, ainda noviço jesuíta, esteve presente na fundação da Vila de Piratininga, berço da futura metrópole de São Paulo, no atual Pátio do Colégio. Em 5 de Maio de 1563, Anchieta chegou à Praia de Iperoig, em Ubatuba, em companhia do Padre Manoel da Nóbrega, para negociar uma trégua com os índios Tupinambás. Regressando Padre Manoel da Nóbrega a São Vicente, Anchieta permaneceu refém. Ele passou muitos dias a escrever milhares de poemas em latim em homenagem à Virgem Maria. Rabiscava na praia porque não tinha papel. Escreveu ao todo 4.172 versos em latim que o prodigioso padre decorou-os um a um. Meses mais tarde, o padre os transcreveria em papel com o título de "De Beata Virgine Dei Matre Maria" (Da Virgem Santa Maria Mãe de Deus). Talvez tenham sido esses, os primeiros poemas documentados, que tenham sido feitos no Brasil.  

Dia 21 de março - "Dia Mundial da Poesia"

Criado o Dia Mundial da Poesia

A 30ª sessão da Conferência Geral da UNESCO proclamou o dia 21 de Março como o Dia Mundial da Poesia e determinou a cada escritório regional que as comemorações sejam em escala nacional e internacional.

As atividades comemorativas devem ser organizadas por sociedades de poesia ou de escritores e poetas, jornais, periódicos especializados em cultura, literatura e artes, editoras que tenham coleções de poesia, teatros e casas de shows, especialmente em transmissões de rádio e TV, escolas e instituições preocupadas com a cultura.

As formas determinadas para comemorar esse dia variam de leituras públicas à concessão de prêmios de poesia. Ainda para este ano a UNESCO pretende organizar competição internacional de poesia para alunos de ensino fundamental e médio, contando com a cooperação do projeto de Escolas Associadas da entidade.

Os poemas devem ser escritos de acordo com o estilo de um poeta nacional ou internacional cuja lembrança, data de nascimento ou morte estejam sendo comemorados. Os poetas deste ano podem ser, por exemplo: Jorge Luis Borges (Argentina), Nicolás Guillén (Cuba) ou Amadou Hampâte Bâ (Mali).

Entre os objetivos da iniciativa da UNESCO está o incentivo e reconhecimento da poesia regional, nacional e internacional, e desencadear processos que deve servir para apoiar a diversidade lingüística e cultural, utilizando a expressão poética, e oferecer a línguas ameaçadas de extinção a oportunidade de serem ouvidas na comunidade internacional. Ainda de acordo com a Conferência, o dia deve começar a ser celebrado a partir deste ano, e a possibilidade de ser a data de abertura das Olimpíadas Culturais, que acontecem e Delphi (Grécia), em 2001, ainda está sendo estudada.

Como o dia 21 de Março já é dedicado à eliminação de qualquer forma de preconceito, pode-se considerar uma associação dos temas para a comemoração.

A data escolhida foi o do início da Primavera no Hemisfério Norte, que começa dependendo do ano, no dia 21 ou 22 de março.

Na realidade as comemorações do início da primavera estão arraigas desde o tempo dos Celtas, que viveram na Europa há mais de 10.000 anos atrás.

Por ocasião do "XXIIo Salão do Livro de Paris" e como parte das comemorações do "Dia Mundial da Poesia",   no dia 22 de março de 2002, foi lançada a obra "Anthologie de la Poésie Romantique Brésilienne", editada pela UNESCO. O projeto, teve por finalidade apresentar a leitores francófonos uma amostra dos poemas mais representativos do romantismo brasileiro. Constam da antologia poemas de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Castro Alves, como a "Canção do Exílio" deste último.


A 30ª sessão da Conferência Geral da UNESCO proclamou o dia 21 de Março como o Dia Mundial da Poesia e determinou a cada escritório regional que as comemorações sejam em escala nacional e internacional.

As atividades comemorativas devem ser organizadas por sociedades de poesia ou de escritores e poetas, jornais, periódicos especializados em cultura, literatura e artes, editoras que tenham coleções de poesia, teatros e casas de shows, especialmente em transmissões de rádio e TV, escolas e instituições preocupadas com a cultura.

As formas determinadas para comemorar esse dia variam de leituras públicas à concessão de prêmios de poesia. Ainda para este ano a UNESCO pretende organizar competição internacional de poesia para alunos de ensino fundamental e médio, contando com a cooperação do projeto de Escolas Associadas da entidade.

Os poemas devem ser escritos de acordo com o estilo de um poeta nacional ou internacional cuja lembrança, data de nascimento ou morte estejam sendo comemorados. Os poetas deste ano podem ser, por exemplo: Jorge Luis Borges (Argentina), Nicolás Guillén (Cuba) ou Amadou Hampâte Bâ (Mali).

Entre os objetivos da iniciativa da UNESCO está o incentivo e reconhecimento da poesia regional, nacional e internacional, e desencadear processos que deve servir para apoiar a diversidade lingüística e cultural, utilizando a expressão poética, e oferecer a línguas ameaçadas de extinção a oportunidade de serem ouvidas na comunidade internacional. Ainda de acordo com a Conferência, o dia deve começar a ser celebrado a partir deste ano, e a possibilidade de ser a data de abertura das Olimpíadas Culturais, que acontecem e Delphi (Grécia), em 2001, ainda está sendo estudada.

Como o dia 21 de Março já é dedicado à eliminação de qualquer forma de preconceito, pode-se considerar uma associação dos temas para a comemoração.

A data escolhida foi o do início da Primavera no Hemisfério Norte, que começa dependendo do ano, no dia 21 ou 22 de março.

Na realidade as comemorações do início da primavera estão arraigas desde o tempo dos Celtas, que viveram na Europa há mais de 10.000 anos atrás.

 
Ostara, Deusa da Primavera

Por ocasião do "XXIIo Salão do Livro de Paris" e como parte das comemorações do "Dia Mundial da Poesia",   no dia 22 de março de 2002, foi lançada a obra "Anthologie de la Poésie Romantique Brésilienne", editada pela UNESCO. O projeto, teve por finalidade apresentar a leitores francófonos uma amostra dos poemas mais representativos do romantismo brasileiro. Constam da antologia poemas de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Castro Alves, como a "Canção do Exílio" deste último.


Chamson d'Exil

Mon pays a des palmiers,
Où chante le sabiá
Les oiseaux qui gazouillent ici,
Ne gazouillent pas comme là-bas.
Notre ciel a plus d'étoiles,

Nos vallées ont plus de fleurs,
Nos bois ont plus de vie,

Notre vie plus d'amours.
En rêvassant, seul la nuit,
Je trouve plus de plaisir là-bas ;
Mon pays a des palmiers,
Où chante le sabiá
Mon pays a des attraits

Tels que je n'en trouve pas ici ;
En rêvassant - seul, la nuit -
Je trouve plus de plaisir là-bas ;
Mon pays a des palmiers,
Où chante le sabiá.

Que Dieu ne me permette pas de mourir,
Sans que je retourne là-bas ;
Sans que je jouisse des attraits
Que je ne trouve pas ici ;
Sans que je voie encore une fois les palmiers,
Sem qu'inda avista as palmeiras
Où chante le sabiá.


Canção do exílio
(Em português)


Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em  cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá. 
 
De Primeiros cantos (1847)
Gonçalves Dias

 
Dia 20 de Outubro - Dia Nacional do Poeta

 O "Dia do Poeta" parece ter sido escolhido sem uma razão específica. O Decreto-Lei No 66 de 30 de Agosto de 1978 da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, não procura justificar a data.

 O "Dia do Poeta" também é comemorado em outros lugares do Brasil, no dia 4 de outubro.

De norte a sul, outros dias 


Dia 16 de agosto - Dia do Poeta Recifense

Comemora-se o "Dia do Poeta Recifense", no dia do nascimento de Mauro Mota, também chamado de "Poeta das Elegias", ocorrida em 1911, no Recife.

Dia 4 de dezembro - Dia do Poeta Repentista Gaúcho

Nesta data o Decreto-Lei No 8.814, de 10 de janeiro de 1989, fixa o "Dia do Repentista Gaúcho" e do "Artista Regional Gaúcho".

Todo o dia é "Dia de Poesia"...
Moacyr Mallemont Rebello Filho (Historiador)
© Todos direitos reservados

Apesar de o governo mandar destruir todos os cortiços, na época, dizendo que eles estragavam a beleza da cidade, eles ainda persistem, só que com uma roupagem diferente. Os cortiços do final do século XIX são as favelas de agora, com uma pequena diferença: hoje, quem comanda "os cortiços" são os grandes traficantes e não mais os portugueses ambiciosos.

A inveja é uma característica marcante em "O Cortiço", principalmente na figuras de João Romão e Miranda, levando-os a machucar aqueles que os amavam. Em nome da cobiça, eles seriam capazes de se autodestruir, sentimento que se faz presente, também na nossa sociedade atual, onde, os políticos e grandes empresários, donos do poder e pessoas ambiciosas, em nome de uma ascensão econômica, não se importam em oprimir os menos favorecidos.

Se, desde os cronistas, a figura masculina e o poder de dominação prevalecem, em "Fogo Morto" não é diferente. O romance narra os conflitos advindos da decadência dos engenhos, cujos senhores – chefes de família – sentem-se envergonhados da nova condição de “pobres” que terão de enfrentar, preferindo, assim, manter a aparências.

O dia-a-dia das personagens de Fogo Morto não esta´ muito aquém do cotidiano da sociedade brasileira de hoje, onde o “ter” sobressai sobre o “ser”, fazendo com que as pessoas sustentem uma aparência que esta´ fora do seus padrões naturais de vida. Hoje, o operário continua sendo explorado, como o índio foi pelos portugueses na época do descobrimento, como os trabalhadores da pedreira do João Romão, como os escravos do Santa Fé, apenas com a diferença de que, hoje, ao contrario das épocas passadas, eles “podem” reivindicar seus direitos, mesmos que estes não sejam respeitados.

Com poemas melancólicos, tristes e abstratos, Carlos Drummond de Andrade traça a vida latente de uma sociedade perdida diante dos horrores da guerra. Da consciência de um mundo injusto e brutal, nasce o desejo de solidarizar-se, e o poeta abre mais espaço para o outro em sua poesia. Busca nas recordações da infância, da família, da cidade natal, um remédio para a falta de perspectivas futuras.

E é assim, de forma poética e, por que não dizer também, irônica, que Drummond nos mostra, em seus versos, o seu sentimento diante de um mundo tão complexo e cheio de tantas injustiças e degradações, num momento critico da história brasileira, em que a guerra havia devastado com as esperanças das pessoas que queriam mudar essa situação, mas se sentiam impossibilitadas.


E fácil entender Drummond. Basta realmente ser patriota. Difícil éencontrar a solução para tanto negativismo humano, porque, afinal, se formos escrever a história do Brasil do final do segundo milênio, com certeza não seria uma narrativa muito diferente das criticas dos cronistas do descobrimento, nem de Aluízio de Azevedo e nem tampouco de Guimarães Rosa.

A geração que acaba de comemorar seus quinhentos anos de literatura brasileira, caracteriza-se pelo cepticismo. Hoje, de tanto ser explorado, o povo brasileiro está perdido, sem expectativas, assim como há cinqüenta anos, quando do lançamento de Sentimento do Mundo. Os jovens já não acreditam em seus governantes, não conseguem alcançar seus objetivos de trabalho, pois sempre encontram "uma pedra no meio do caminho" e se sentem impotentes ao tentar retirá-la. O sentimento da luta permanente, vindo através do índio, do africano e do português, povoou de fantasmas a alma brasileira. Ficamos atônitos ante o destino, carregado de medo, dores e tristezas. É essa a herança que recebemos do passado.

A história dos nossos valores e´, em grande parte, o espelho do combate entre a terra e o homem. Não se pode negar que a situação presente seja totalmente diversa da anterior, mas não é possível negar que o brasileiro começa a modificar-se. Fomos, até bem pouco tempo, uma nação de agricultores onde o fazendeiro era o patriarca. A existência política e econômica do país girava em torno dele. A vida do campo, onde se concentrava toda a riqueza nacional, refletia diretamente no cotidiano da vida urbana.

Hoje, porém, existem profundas modificações socioculturais no nosso país. O brasileiro da elite já não é mais o filho de fazendeiro, testemunha dos sofrimentos de uma raça escravizada assim como não é mais o exclusivo produto da mistura das três raças. Aqui chegaram também os italianos, os alemães, os orientais, os americanos e trouxeram as máquinas, interferindo na nossa economia. O Brasil industrializou-se.

A literatura é a própria história de cada coletividade. Pelas obras literárias brasileiras podemos viajar ao passado e constatar que nosso Brasil de hoje e´o espelho do Brasil do descobrimento, com outra roupagem, e´claro. A nossa natureza, antes rica e exuberante está sendo transformada em quase deserto, não mais pelos índios aculturados pelos portugueses, mas pela ganância de madeireiros inescrupulosos e fazendeiros irresponsáveis, com as queimadas e devastações... Há muitos "João Romão" na pele de empresários que exploram os trabalhadores, enriquecendo-se com a miséria dos outros... A decadência dos engenhos dá lugar à falência de indústrias, provocadas pelos diversos planos econômicos irresponsáveis, gerando ainda mais miséria... O medo da guerra, traduzido em versos por Drummond, é visto por todos através do pavor de sair às ruas por causa da violência, cada dia mais crescente...

É este o Cotidiano dos brasileiros, após meio século de história literária.

Conceição de Lemos Silva
(Professora de Língua Portuguesa e Literatura do Colégio Jales Machado) Goianésia - Go

A origem da Poesia Medieval

"Chanson" (francês) ou canção origina-se de "cantius" (latim), uma pequena composição musical de caráter popular, sentimental ou satírico, destinada a ser cantada, e Geste (francês) ou movimento feito tem origem na palavra latina "gestus", movimento do corpo, da mão ou do braço. "Chanson de Geste" é um poema épico cantado, da Idade Média, que exalta os feitos de personagens históricos ou lendários. As Chanson de Geste francesas são divididas em três grandes feitos: o feito (geste) do Rei dos Francos, Carlos Magno; o feito (geste) de Garin de Monglane; e o feito (geste) de Doon de Mayence. As Chanson de Geste foram compostas do Século XI ao Século XIV, e são um conjunto de poemas recitados oralmente por um cantor profissional, exaltando o ideal do mundo feudal e de uma civilização cristã, dominada pelo espírito de cruzadas contra os infiéis. O Clero da Religião Celta-Gaulesa pertencia à "Ordem dos Druidas"e compreendia em três classes na hierarquia sacerdotal: os Druidas, os Adivinhos e os Bardos ou poetas sagrados. Estes últimos deram origem aos cantadores de poemas épicos, das Chansons de Geste. Junto com o tríplice preceito druidístico, relatado por escritos greco-romanos de "Honrar a Deus", "Não fazer o mal" e "Dar provas de coragem", compõem a base popular para a criação do "Geste". Não devemos nos esquecer que os muçulmanos chegaram a Poitier, no coração da França no ano de 900 e, só, foram definitivamente expulsos da Península Ibérica em 1492, com a união dos Reinos de Aragão e Castela. As Chanson de Geste foram desenvolvidas na Europa, ao longo das rotas de peregrinação.

As rotas aos locais de peregrinação na Idade Média eram Jerusalém, Roma e Santiago de Compostela ou Saint-Jacques de Compostelle ("Santiago" ou "São Tiago", em espanhol, tem como correspondente na língua francesa "Saint Jacques", e Compostela vem do latim "Campus Stella", ou seja, Campo das Estrelas) eram feitas por caminhos preestabelecidos. Existem, ainda hoje, diversas trilhas ou caminhos para atravessar os Pirineus - da França para a Espanha - na rota de Santiago de Compostela.

Dentre as rotas mais conhecidas ou famosas está o caminho por "Roncevaux", do francês Provençal (Ronce = espinheiro de silvas ou sarça, obstáculo, dificuldade e Vaux = vale) ou "Roncesvalles", em espanhol. É, também, por este lugar que se desenvolve a "Chanson de Roland".

  
Da história à lenda

A Chanson de Roland é a mais antiga e a mais bela das Chanson de Geste e parece remontar ao início do Século XII. Mas, só, foi conhecida após a publicação, em 1837, do Manuscrito de Oxford, que havia sido escrito em 1170. Ela compreende 4.002 decassílabos divididos em 291 laisses sem repetição. No sentido dos bardos, não havia poemas, do francês poème. O laisse vem do verbo laisser ou deixar. Os bardes "deixavam" suas histórias ou lendas. Elas foram transmitidas primitivamente, escrita ou oralmente, num outro dialeto e transpostas, mais tarde, para o anglo-normando. Chegaram até nós neste idioma intermediário.


A História

Segundo a Vita Caroli (em latim), de Eginhard, o jovem Rei Karl (Carlos), de 36 anos e futuro Charlemagne (Carlos Magno) aliou-se a chefes árabes em luta contra outros muçulmanos. Atravessando os Pirineus, na primavera (abril) de 778, tomou a ville chrétienne (vila cristã) de Pampelune e sitiou Saragoça. O local da travessia dos Pirineus - no Cirque de Gavarnie - ficou conhecido até hoje como La brèche de Roland A brecha de Roland). (Repelido pela presteza de um ataque dos
Saxões e por um levante na Aquitânia (região que vai do Rio Loire aos Pirineus e do Atlântico a Cévennes, somente anexada definitivamente à coroa francesa em 1453 por Charles VII), ele levantou o cerco a Pampelune e atravessou os Pirineus de volta. No dia 15 de agosto de 778, sua retaguarda é surpreendida pelos montagnards basques (montanheses bascos) que eram cristãos, que massacraram seus soldados, pilhando a tropa e se dispersando impunes. Entre as vítimas, encontrava-se Roland, "Comandante da Marcha contra a Bretanha".

A Lenda

Tal como encontramos na Chanson, escrita três séculos após o acontecimento histórico, ela nos revela as transformações e os embelezamentos, que conduziram os fatos reais à epopéia. Roland era o sobrinho do futuro Imperador Carlos Magno, "o barba colorida". O poeta inventou um personagem para ele, seu amigo Olivier. A expedição tem o sentido de uma "cruzada" e dura sete anos. A emboscada dos montanheses se transforma num ataque de 400.000 cavaleiros sarracenos. A vitória destes é devida à traição de Ganelon, sogro de Roland. Carlos Magno vinga seu sobrinho, arrasando os Sarracenos e punindo Ganelon. O simples combate da retaguarda no Século VIII transforma-se numa "cruzada", que faz vibrar o sentimento dos franceses do Século XI ao Século XII. Fé no entusiasmo, amor aos grandes combates e explosão dos gestos cavalheirescos, no sentido épico?


Teoria das Cantilenas (Canto de Caráter Épico)


Na segunda metade do Século XIX, Gaston Paris desenvolveu uma teoria sobre o nascimento das epopéias, baseada principalmente em pensadores germânicos como Friedrich August Wolf [1759-1824], filósofo e erudito alemão, que sustentava que a Ilíada e a Odisséia eram constituídas por justaposição de pedaços de épicos de épocas diferentes). Ele era filho de Paulin Paris [1800-1881], erudito francês conhecido por seus estudos sobre a literatura da Idade Média. Gaston [1839-1903], também, publicou seus trabalhos sobre a poesia na Idade Média. A origem de todas as grandes epopéias gregas, hindus, persas, teve sua origem em curtos poemas anteriores e cantos primitivos criados espontaneamente pela alma popular dentro da emoção das vitórias ou dos feitos. Dentro desses poemas, a realidade se transforma, a lenda é elaborada e embelezada. Mais tarde, na apresentação do poeta épico, o bardo organiza os fragmentos épicos espontâneos e os funde em grandes obras coerentes. Assim, o entusiasmo dos guerreiros de Carlos Magno deu origem ao nascimento, na sua época, às rudes poesias exaltando certos heróis e seus feitos. Esses poemas transmitidos pessoalmente de um a outro receberam diversos embelezamentos como, por exemplo, à traição de Ganelon e o ataque dos Sarracenos, para explicar honradamente a perda da retaguarda. Um dia os jongleur (artista de rua, ilusionista), sucessores dos Bardos, poetas por profissão, chegam a um centro e ordenam os poemas populares daquele lugar. E a epopéia nasce, enfim, no Século XI ou no Século XII. Esses curtos poemas lírico-épicos recebem o nome de Cantilenas (do latim, Cantilena), que, no latim da Idade Média, servia para designar as Chansons de Geste. Esta teoria, admitida por muito tempo, foi progressivamente derrubada, à medida que um estudo minucioso das epopéias forneceu argumentos contrários. O primeiro desses argumentos é que, evidentemente, não foram conservados ou não nos foi possível conhecer algumas dessas Cantilenas e, portanto, as hipóteses são puramente gratuitas.



Teoria das Lendas Épicas


Por volta de 1910, Joseph Bédier (da Academia Francesa e medievalista, nascido em Paris [1864-1938], autor das Lendas Épicas, que junto com Paul Hazard, escreveu a História da Literatura Francesa), destacou a relação que parece existir entre as cidades dos diversos lugares nas Chanson de Geste e as etapas das grandes peregrinações, para onde iam os fiéis do Século XI. De Paris a Saint-Jaques de Compostelle, de Paris a Roma e de Paris a Jerusalém. Ele supõe, então, que os peregrinos encontravam nas Abadias e nos Santuários, onde repousavam, "lembranças" dos heróis do Século VIII ao Século X. Os Monges e Padres embelezavam estas "lembranças", aguçando a curiosidade de seus hóspedes. Mostravam essas relíquias, muitas vezes forjadas, com o intuito de vendê-las aos visitantes. Os peregrinos divulgavam a lenda pelo caminho e, talvez, acrescentassem elementos heróicos recolhidos em outros lugares, no curso de peregrinações anteriores. Assim, crê-se que, no Século XI, o assunto épico teve sua fermentação, para ser, posteriormente, fabricado por um poeta, dando origem ao nascimento da Chanson de Geste. Por exemplo, antes de 1100, no caminho de Blaye a Saint-Jacques de Compostelle, que passa por Roncevaux, fala-se de Carlos Magno como herói e de Roland como um mártir. Em Roncevaux, sempre, havia problema para acolher os visitantes, após uma dura subida da montanha. Nos albergues e nos Santuários, os Monges tinham todo o interesse de narrar e reviver as tradições lendárias. Na imaginação apaixonada dos peregrinos e dos guerreiros, Roland e seus companheiros deviam ser cavalheiros, animados de honra feudal, em luta com os infiéis. Carlos Magno era o soldado de Deus, consciente de sua missão heróica para com a França. A lenda tem, assim, um desenvolvimento contínuo, em pleno Século XI, até o dia que um poeta inteligente cristaliza, de maneira épica, a imaginação dos Padres e peregrinos. Em resumo, para Joseph Bédier, no início, havia um caminho com os santuários, onde nasceram as lendas apresentadas pelos poetas épicos do Século XI ao Século XII.



O Problema Continua


Pauphilet (România, 1933) demonstrou que antes de 1100, data provável de Roland, os santuários estavam mudos e que a aparição dos documentos indicados por Bédier (inscrições, relíquias etc) são posteriores, como também a Chanson que ligava os Monges e seus santuários, a lenda de Carlos Magno. Não é, portanto, o poema que nasceu das lendas locais, mas são as lendas que dão origem aos poemas. Assim, a referida epopéia seria apenas um episódio da lenda de Carlos Magno, difundida em toda a Europa. Como muitas outras epopéias, será necessário um longo período de elaboração artística, supondo toda uma produção épica anterior; talvez, várias Chansons de Roland, antes dessa. Lot e Fawtier tentaram provar que, desde o Século X ou mais tarde, haviam cantos relativos a Roland e a Roncevaux e que, se a peregrinação é um dado importante para a difusão, haveria, portanto, dentro da própria lenda qualquer coisa anterior à peregrinação; algo, por exemplo, como nas tradições familiares locais. Podemos dizer que ainda não se disse a última palavra sobre a origem da Chanson de Roland em particular e das demais Chanson de Geste de uma maneira geral. Mas o ponto principal é que a luz, que Bédier jogou sobre o problema, permite-nos afirmar que a Chanson de Roland é tão habilmente composta, que, certamente, é obra de um único artista, perfeitamente consciente de sua arte. Ou seja, alguém, em algum momento, conseguiu reunir a epopéia de Roland, dando-lhe forma poética consistente de tal forma, que passou a ser repetida integralmente até ser um dia escrita.


Não devemos, contudo, esquecer-nos de alguns fatores na difusão oral da lenda como: a origem Celta dos bardos; o papel da preservação da escrita através do ciclo de Cluny; e dos interesses da cristandade na época. Os Celtas não tinham escrita própria, nem utilizavam a escrita de outras culturas. Apresentavam o argumento de que a escrita poderia ser deturpada mais tarde, prejudicando os espíritos dos personagens. No entanto, a arte celta é de extrema beleza e muito procurada atualmente. Cluny era a sede da maior rede de Abadias da Idade Média, cuja influência rivalizava com o Papa. Foi destruída na Revolução Francesa junto com a realeza. Atualmente, está em curso um projeto de reconstrução de Cluny, liderado pela UNESCO, com a participação de várias empresas multinacionais.

Cozinha Medieval

Ingredientes

- 2 colheres de sopa de azeite
- 2 xícaras de cenouras em rodelas
- 1 nabo em pequenos cubos
- 1 cebola grande bem picada
- 400 gramas de carne picada (como feito para um fondue)
- 1 xícara de vinho tinto
- 10 xícaras de caldo de carne
- 1 folha de louro
- 1 colher de mesa de tomilho
- 2 colheres de chá de alecrim
- 2 colheres de chá de cominho
- 1 colher de chá de mostarda seca
- sal e pimenta
- 2 xícaras de champignons
Le brouet soutenant

(O caldo sustentador)


Modo de preparo

Coloque dentro de uma panela, funda e espessa, as cebolas e o nabo no azeite por 2 a 3 minutos; em seguida, a carne, e cozinhe por mais 2 a 3 minutos. Junte, finalmente, os demais ingredientes, menos o champignon o sal e a pimenta, até que chegue ao ponto de baixa fervura. Deixe cozinhar em fogo baixo por uma boa hora e, finalmente, coloque os champignons, o sal e a pimenta a gosto. O caldo está pronto, mas estará melhor no dia seguinte depois de aquecido.

Observação:

Na Idade Média, as panelas iam do fogo direto para a mesa, onde os convivas se serviam com suas facas e uma única colher que circulava pelos convivas. Era difícil uma casa possuir mais de um cômodo. As medidas em colheres de sopa e chá, além das xícaras, não existiam. O garfo, com somente duas pontas, só apareceu na corte francesa em meados do século XVII. Essas medidas são utilizadas, aqui, unicamente para dar uma noção das quantidades. Quando se menciona "caldo de carne", não se está fazendo referência aos produtos existentes hoje em dia. Devemos utilizar o verdadeiro "caldo de carne". Quanto mais fiel formos à receita, mais nos aproximaremos do verdadeiro paladar medieval. Essa receita é anterior ao século XV. A batata e o tomate, oriundos da América do Sul, só começaram a aparecer no cardápio europeu no final do século XVI. Quando se menciona "uma panela funda e espessa" não se esqueça que, na Idade Média, todos os utensílios eram feitos de ferro. E a comida era feita na panela de ferro, colocada pela alça, no tripé dentro do fogo. Se morar em apartamento, por questão de segurança, não precisa exagerar.

Moacyr Mallemont Rebello Filho

Onde eu leio Poesia

 
Onde eu leio poesia?
A proposta foi lançada
Pela amiga Adriana
Pelas ruas, na calçada
A leitura que se lia
Era muita poesia
De uma forma disfarçada

Quem não tivesse bons olhos
Dentro do seu coração
Com certeza, ficaria
Sem dar sua opinião
Sobre a leitura do belo
Do detalhe tão singelo
Como um pedaço de pão

Que o mendigo segurava
Apertado em sua mão
Como que mostrando ao mundo
Que também era Cristão
Com direito ao alimento
Ao sol e ao firmamento
Como qualquer outro irmão

Com a sua liberdade
De ocupar o seu espaço
Sonhar o sonho impossível
Desatar aquele laço
Reaver os seus amigos
Procurar novos abrigos
Descansar o seu cansaço

Andar por outros caminhos
Buscar a felicidade
Como qualquer semelhante
Um cidadão de verdade
Cobrar pelo sofrimento
Por aquele mal momento
Resgatar a dignidade

Ali estava o mendigo
Lixo da sociedade
Da falta de compromisso
De alguma autoridade
Com a nossa conivência
Fruto da incompetência
Falta de caridade

Com o olhar esperançoso
Aquele mendigo sorria
Um sorriso bem sincero
Lágrima de alegria
No seu rosto emagrecido
Maltrapilho, mal vestido
A fé em Deus escorria

Lembrei-me então de Jesus
E de toda a verdade
Há dois mil anos passados
Pregou a fraternidade
Lutou pela salvação
Entregou seu coração
Testemunho à caridade

Deixou seus ensinamentos
A paz e o amor ensinou
Com humildade e firmeza
Multidão arrebanhou
Mesmo assim, foi perseguido
Muito mal compreendido
Morto na Cruz, culminou

Aquele mendigo, por certo
De Jesus Cristo, herdou
A humildade e o sofrimento
Que o Mestre tanto pregou
A Cruz que limpa e protege
A Cruz que ensina e elege
Foi tudo que ele lembrou

Durante aquele momento
Que pelo mundo eu andava
À procura de respostas
Achei o que eu precisava
A poesia é divina
A vida, assim, nos ensina
Ler o que se imaginava

Basta sair passeando
Por esse mundo perfeito
Olhar os rios e mares
Sem procurar o defeito
Sentir o cheiro das flores
Perfumes de muitos odores
Enchem de amor nosso peito

A leitura é imensa
A poesia aparece
No sorriso da criança
No amor que não se esquece
No perdão já consentido
Por quem fomos ofendido
A poesia arrefece

Naquele olhar escondido
No beijo inusitado
Nas mãos que se entrelaçam
Do casal enamorado
Nos filhos que vão nascendo
O amor envelhecendo
Como vinho bem guardado

Crença na paz e no homem
Nas mudanças esperadas
Nos anseios perseguidos
Pelas coisas mais amadas
O bem acima do mal
A esperança, afinal
De vidas abençoadas

Onde eu leio a poesia?
Em todo e qualquer lugar
Mesmo fora da escola
Basta, portanto, olhar
Com os olhos do coração
Um pouquinho de emoção
E a poesia sonhar
 
  
Domingos Oliveira Medeiros



Sua Majestade a Rima


   
Criou Deus a poesia
Como algo que tem vida
Movida com a energia
Da rima extrovertida
Rima é a simetria
Chamada de desinência
É a fonte de magia
Que causa efervescência.
 
Poema é o organismo
Os versos são as artérias
A rima o dinamismo
Que sintetiza as matérias
Como da lua o clarão
Que ilumina por cima
No poema esta função
É cumprida pela rima.
 
Imagine o beija-flor
Sem a flor para beijar
Imagine o trovador
Sem viola pra tocar
Imagine o amor
Sem a paixão despertar
Imagine um autor
Que o verso não faz rimar.
 
Sem rima falta magia
Falta no verso o vigor
É um ser com anemia
Uma espécie de torpor
Um problema de sangria
Que machuca o Criador
Decisão à revelia
Do autêntico trovador.


 Testemunho da caridade


Há dois mil anos passados
Pregou a fraternidade
Lutou pela salvação
Entregou seu coração
Testemunho à caridade

Deixou seus ensinamentos
A paz e o amor ensinou
Com humildade e firmeza
Multidão arrebanhou
Mesmo assim, foi perseguido
Muito mal compreendido
Morto na Cruz, culminou

Aquele mendigo, por certo
De Jesus Cristo, herdou
A humildade e o sofrimento
Que o Mestre tanto pregou
A Cruz que limpa e protege
A Cruz que ensina e elege
Foi tudo que ele lembrou

Durante aquele momento
Que pelo mundo eu andava
À procura de respostas
Achei o que eu precisava
A poesia é divina
A vida, assim, nos ensina
Ler o que se imaginava

Basta sair passeando
Por esse mundo perfeito
Olhar os rios e mares
Sem procurar o defeito
Sentir o cheiro das flores
Perfumes de muitos odores
Enchem de amor nosso peito

A leitura é imensa
A poesia aparece
No sorriso da criança
No amor que não se esquece
No perdão já consentido
Por quem fomos ofendido
A poesia arrefece

Naquele olhar escondido
No beijo inusitado
Nas mãos que se entrelaçam
Do casal enamorado
Nos filhos que vão nascendo
O amor envelhecendo
Como vinho bem guardado

Crença na paz e no homem
Nas mudanças esperadas
Nos anseios perseguidos
Pelas coisas mais amadas
O bem acima do mal
A esperança, afinal
De vidas abençoadas

Onde eu leio a poesia?
Em todo e qualquer lugar
Mesmo fora da escola
Basta, portanto, olhar
Com os olhos do coração
Um pouquinho de emoção
E a poesia sonhar
 
  
Domingos Oliveira Medeiros

 O Poeta se torna conhecido com
o trabalho da sua inspiração

                  
Tanto assunto aparece sugestivo
mas precisa de desenvolvimento
para o povo ter mais conhecimento
sem ficar pelo mundo apreensivo.
Tanto homem capaz e criativo
pra fazer uma bela descrição,
só faltando haver compreensão
de quem pode escutar esse pedido.
O poeta se torna conhecido
com o trabalho da sua inspiração.

O poeta é autêntico e verdadeiro
quando o verso revela poesia,
promovendo beleza e alegria
com trabalho distinto e pioneiro.
O que faz tem valor no mundo inteiro,
recebendo do povo aprovação,
com destaque na sua profissão,
onde vai é aceito e aplaudido.
O poeta se torna conhecido
com o trabalho da sua inspiração.

O prazer do poeta é revelar
tudo quanto ele pensa, faz e cria,
construído com força e harmonia,
de uma forma que é peculiar;
seja ele erudito ou popular,
cada um tem a sua direção
e o conjunto dessa composição
pelo povo será absorvido.
O poeta se torna conhecido
com o trabalho da sua inspiração.

Cresce o brilho na alma do poeta
quando vê seu trabalho publicado,
que se sente feliz, realizado,
alcançando na vida a sua meta;
sua fama no mundo se projeta,
obtendo respeito e devoção,
se igualando aos mestres da nação,
pelo quanto que tenha produzido.
O poeta se torna conhecido
com o trabalho da sua inspiração.

Cantador tem o crânio iluminado
acessando o vetor do pensamento,
navegando nas ondas do talento
colhe o verso por Deus organizado;
todo assunto do mundo é retratado
com a métrica, com rima e oração,
embalado no ritmo da canção,
comprovando, na arte, que é polido
O poeta se torna conhecido
com o trabalho da sua inspiração.

Só o mundo é capaz de oferecer
ao poeta o poder de produzir
os poemas pra o povo se instruir,
lhe servindo de luz e de lazer.
Com ajuda de Deus, esplandecer
com os trabalhos da própria criação,
repassar pra futura geração
todo acervo de verso construído.
O poeta se torna conhecido
com o trabalho da sua inspiração.
          
 
  
José de Souza Dantas





O Poeta faz verso de REPENTE

        
É preciso ter forte vocação
equilíbrio, coragem, agilidade
e no processo ter criatividade
pra fazer uma bela descrição
aplicar rima, métrica e oração
a cadência e as notas musicais
conhecer os diversos rituais
e na viola tocar fluentemente
O poeta faz verso de REPENTE
colocando as palavras principais

É preciso mais desenvolvimento
numa festa, num palco ou numa escola
dedilhando nos braços uma viola
com a força maior do pensamento
é preciso ter bom conhecimento
sobre todos os assuntos atuais
conhecer as lições gramaticais
para ser tarimbado e competente
O poeta faz verso de REPENTE
colocando as palavras principais

Cantador dá um giro pelo mundo
procurando as imagens que é preciso
retirando as palavras do juízo
pra fazer a estrofe num segundo
realiza um trabalho mais profundo
ilustrando as idéias geniais
do mais simples aos temas especiais
aumentando o prazer de toda gente
O poeta faz verso de REPENTE
colocando as palavras principais

O prazer do artista é revelar
o trabalho da sua inspiração
destacando a melhor informação
para o povo poder apreciar
que é preciso fazer e divulgar
versos bons sobre as coisas naturais
os costumes, as classes sociais
o passado, o futuro e o presente.....
O poeta faz verso de REPENTE
colocando as palavras principais.

Cresce o brilho na alma do poeta
quando vê seu trabalho publicado
resultante do verso elaborado
alcançando na vida a grande meta
sua fama, no mundo, se projeta
pelos rádios, TVs e nos jornais,
nos setores urbanos e rurais,
nas escolas e qualquer um ambiente
O poeta faz verso de REPENTE
colocando as palavras principais

O segredo que existe é encontrar
as melhores palavras adequadas,
pra, no verso, ficar bem encaixadas
com a rima e saber metrificar;
retocar e no ato apresentar
nos pequenos e grandes festivais
registrar o trabalho nos anais
conferindo a grandeza da patente
O poeta faz verso de REPENTE
colocando as palavras principais

Dezessete SEGUNDOS repentista (*)
faz o verso completo de dez linhas
nas pelejas pequenas e nas rinhas
revelando o melhor ponto de vista;
mas se for na função de cordelista
necessita de tempo muito mais
dezessete MINUTOS são normais
pra fazer a estrofe equivalente
O poeta faz verso de REPENTE
colocando as palavras principais

Nesse mundo se vê que o cantador
já possui um acervo, na cabeça,
lhe pedindo um glossário que forneça
as palavras precisas de valor
pra fazer o seu verso com vigor
comprovando, na arte, que é capaz
de mostrar as lições fundamentais
de uma forma veloz e coerente
O poeta faz verso de REPENTE
colocando as palavras principais.

Na melhor ordem coloco
as palavras adequadas
se ficam desencaixadas
cuidadosamente as troco
faço, desfaço e retoco
na melhor combinação
que o dom da perfeição
é justo que se possua.
Todo poeta flutua
Nas Asas da Inspiração.

Em velocidade mil (*)
um vate se desenlaça
seu pensamento ultrapassa
um céu da cor de anil
aparece num perfil
da mais alta posição
formando a composição
na viola que ponteia
Todo poeta passeia
nas Asas da inspiração.

(*) Normalmente levamos, em média, 17 min
para formar uma estrofe da espécie, e
repentista em apenas 17s, ou seja, na velocidade 1.000 na frente (17 minx60s = 1.000s + 17s).
         
 José de Souza Dantas


A Boa Poesia



A boa poesia é
uma fonte de lição
de cultura, de beleza
de prazer, de emoção
de arte, de maestria
de luz e de inspiração.

É essência de palavras
extraídas do pomar
é bom para se dizer
se ouvir, se deleitar
aprender, se divertir
pra compor e declamar.

Ninguém cansa de escutar
poesia de qualidade
tem valor em todo canto
no tempo, na eternidade
engrandecendo a cultura
preservando a identidade.

Aumenta a felicidade
despertando a atenção
pelos versos ritmados
com rima, métrica, oração
renovando as energias
confortando o coração.


José de Souza Dantas

As idéias do Poeta


As idéias do poeta
vão além do infinito
Dantas, em 02/09/2002  
O poeta cria imagem
extraindo toda essência
colocando em evidência
a mais sublime mensagem
usando a melhor linguagem
faz um trabalho bonito
tornando-se favorito
pra ser o maior profeta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Qualquer coisa tem valor
na idéia do poeta
ele cria e interpreta
dando vida, luz e cor
é um gênio criador
de verso de gabarito
cada expressão é um dito,
educativa e seleta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Seu pensamento ultrapassa
o céu da cor de anil
aparece no perfil
todo desenho que traça
qualquer um nó desenlaça
responde todo quesito
o seu trabalho acredito
que o Criador não veta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Sob a luz da providência
faz a bela descrição
na base da intuição
desafiando a ciência
seu verso tem influência
no Brasil ou no Egito
por ser melhor subscrito
qualquer lugar se projeta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Numa linguagem singela
faz verso com harmonia
constituindo poesia
da magnífica aquarela
desenvolvendo revela
um resultado erudito
acaba todo conflito
a paz no mundo decreta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
É agente formador
de idéias geniais
sumamente essenciais
para a vida do leitor
faz o mundo encantador
mostrando o seu veredito
constitui um requisito
para cumprir sua meta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Sabe construir o verso
na mais doce inspiração
fazendo a combinação
das cores do universo
conhece o lado reverso
sem usar teodolito
se torna o maior perito
faz a medição correta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Todo assunto desse mundo
que o povo quer saber
o poeta sabe ter
o conceito mais fecundo
se o assunto for profundo
a luz de Deus traz escrito
o conteúdo e bendito
e a obra se locupleta
As idéias do poeta
vão além do infinito.
 
Visita toda ambiência
enxerga o ciberespaço
sem precisar de compasso
usa a força da potência
trabalha com paciência
formatando o manuscrito
no mundo se torna um mito
mantém a forma discreta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Todo poeta viaja
nas asas da inspiração
consegue a maior visão
de todo canto da raja
no movimento se engaja
prossegue no melhor rito
não acha nada esquisito
faz sempre grande coleta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Quem vive conectado
no mundo da criação
tem alta percepção
do que tem no outro lado
faz um trabalho avançado
que não constitui delito
que nunca será prescrito
é substância concreta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Quem tem acesso admira
um trabalho de talento
amplia o conhecimento
se anima e se inspira
quem não conhece, confira
não fique nunca restrito
cidade, campo ou distrito
quem bem souber, não vegeta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
São mentes iluminadas
que vivem em evolução
fazendo conexão
com as fronteiras aladas
percorrem todas estradas
decidem atingir o fito
todo trabalho é transcrito
já sai na linha direta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Tem alta facilidade
pra fazer reflexão
melhorando a produção
preservando a identidade
tem a força de vontade
vencendo todo atrito
o seu cantar é um grito
tem disposição de atleta
As idéias do poeta
vão além do infinito
 
Os versos de contador
de escritor, cordelista
de humorista e conquista
de poeta sonhador
do mestre compositor
onde estiver eu visito
converso e também recito
a emoção é repleta
As idéias do poeta
vão além do infinito
   
São mensageiros vitais
merecem nosso respeito
fazem um trabalho bem feito
com lições fundamentais
são seres fenomenais
tão necessários, repito
em todo canto tenho dito
a sua obra é completa
As idéias do poeta
vão além do infinito.
 
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
Dantas, em 23/10/2002
 
Comecei desde criança
trabalhar com devoção
abraçando a profissão
com garra e perseverança
quem procura sempre alcança
com força e sem preconceito
continuo assim afeito
forte e firme como o aço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Quando assumo um compromisso
procuro realizá-lo
esforço, pesquiso, embalo
pra concluir o serviço
na luta não sou omisso
no campo largo ou estreito
se for torto eu endireito
obstáculos ultrapasso
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Não me canso de fazer
um trabalho edificante
sumamente interessante
que pra todos dá prazer
procuro corresponder
animado e satisfeito
depois de pronto me deito
pra aliviar do cansaço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Às vezes de madrugada
eu começo a trabalhar
procurando adiantar
cada etapa programada
enfrento toda jornada
com pensamento escorreito
consigo de todo jeito
acertar sem embaraço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito.
 
Tenho Deus na companhia
pra cumprir minha missão
trabalhando com atenção
com coragem e energia
seja de noite ou de dia
toda hora eu aproveito
primando pra ser direito
por todo canto que passo
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Eu procuro realizar
um trabalho excelente
que seja conveniente
aqui em qualquer lugar
só assim posso mostrar
um produto de respeito
que fortalece o meu peito
na profissão que abraço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
É tão bom contribuir
com trabalhos de valor
construídos com amor
para o povo se instruir
o mundo vai difundir
todo acervo de proveito
que produz um grande efeito
inebriando o espaço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Seja na coordenação
dentro da Secretaria,
promovendo cantoria
ou fazendo descrição;
exerço cada função,
concluindo todo eito,
preservando o meu conceito,
pra não ter nenhum fracasso.
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito.
 
Procuro ser cuidadoso
nas minhas obrigações
mostrando boas ações
com trabalho valioso
responsável e talentoso,
instrutivo, eu aceito
a construção eu ajeito
melhorando passo a passo
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
O que eu tenho conseguido
é fruto do meu trabalho
carro, mesa e assoalho
o meu canto preferido
eu tenho desenvolvido
muitas obras que receito
os produtos do meu leito
vêm da força do meu braço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Todo mundo tem talento
para criatividade
realiza atividade
com força do pensamento
seguindo o procedimento
começo com pé de direito
se surgir algum defeito
novo plano eu mesmo traço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Seja livro, uma canção
um artigo de jornal
uma peça teatral
as obras do artesão
um castelo, uma mansão
um portal, um parapeito
a estrada, o subleito
uma sala e um terraço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Cada um pode fazer
seu trabalho organizado
ser um homem dedicado
que procura resolver
ajudar, esclarecer
atender o justo pleito
e acredito no preceito:
“quem sabe não é escasso”
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
Cada um tem a maneira
distinta de proceder
se expressar, desenvolver
palmilhando uma carreira
defendendo uma bandeira
mostrando ser bom sujeito
mestre, militar, prefeito
artista, cantor, palhaço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
No trabalho eu procuro
ser honesto e competente
eficaz e coerente
sensato, firme e seguro
no presente e no futuro
meu ofício eu não rejeito
com a produção deleito
mantendo o mesmo compasso
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
A nossa sociedade
precisa de segurança
saúde, paz e bonança
amor e felicidade
apoio, fraternidade
escola, comida e leito
diversão, ordem e respeito
justiça, cultura, espaço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito.
 
 
O bom profissional
procura ser diligente
educado e reverente
generoso e cordial
aplicado e pontual
prevenido e escorreito
ser merecedor do preito
não é traste e nem devasso
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito
 
É preciso ter visão
pra fazer acontecer
prosperar e promover
aumentando a produção
melhorando a condição
sem deixar nada malfeito
quem fizer está eleito
esse grupo eu congraço
Todo trabalho que faço
procuro fazer bem feito.


José de Souza Dantas


O Construtor da Poesia


Com a força maior do pensamento,
o poeta, do verso, é construtor,
aplicando a criatividade
com apoio do ser superior,
retratando o poder da natureza,
exaltado com termos de valor.

No assunto, o poeta cria imagem,
extraindo o que existe de essência
e num jogo dinâmico de palavras
organiza com toda a coerência,
revelando uma história magnífica
nos reflexos de sua inteligência.

Cada frase que forma é um exemplo
que nos serve de luz e de lição,
pra ser lida, estudada e divulgada,
adequada pra toda ocasião,
temperada ao sabor da sapiência,
fornecendo a melhor informação.

O poeta é quem tem grande visão
pra tornar o assunto interessante,
realçando detalhes mais sutis,
de uma forma real e importante,
despertando o ouvinte pra colher
o que há de mais belo e deslumbrante.

Cantador de repente desenvolve
o seu verso com força e harmonia,
mergulhado no núcleo do assunto,
enlaçando a palavra à melodia,
num rosário de rima e oração,
debulhando o saber e alegria.

O poeta escritor pode ajustar
todo verso por ele construído,
procurando alcançar a melhoria
no contexto que tem desenvolvido,
agrupando palavras consistentes
para o tema ficar fortalecido.

O poeta é autêntico e verdadeiro
se transforma um tema em poesia,
quando expressa melhor os sentimentos
na mais livre e fugaz filosofia,
sem dispor dos segredos da ciência
pra mostrar quanto vale a maestria.

Poesia é uma forma de expressão
que engrandece a cultura brasileira,
e o poeta procura revelar
a mensagem atraente e verdadeira,
com os versos de alta qualidade
pra ser lidos durante a vida inteira.

Parabéns poetisas e poetas,
aspirantes dos versos, escritores,
cordelistas, jograis e promoventes,
rapsodos, segréis e trovadores,
violeiros e autores de canções,
repentistas e colaboradores.

Esses mestres poetas contribuem
na mais linda e divina construção
da pirâmide dourada de poesia,
cujo templo de nossa devoção
perpetua nas mãos da natureza,
nos servindo o exemplo de lição.