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3 de mai. de 2011

Notícias do Brasil e do mundo



Ao vivo do Paquistão

Obama acompanhou operação contra Bin Laden em tempo real e discutiu ação com gabinete

Agências internacionais

RIO - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acompanhou em tempo real a operação "Geronimo" (condinome de Osama bin Laden para os americanos) que matou o terrorista na noite de domingo, na cidade de Abbottabad, no norte do Paquistão (a cem quilômetros de Islamabad). Obama e sua equipe seguiram a invasão minuto a minuto, através de vídeo ao vivo em uma sala da Casa Branca, em Washington. Estavam ao lado de Obama, o vice-presidente, Joe Biden, a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o secretário de Defesa, Robert Gates, que já anunciou que deixará o cargo, e outras autoridades.

John Brennan, principal assessor para questões de terrorismo do presidente dos Estados, disse que houve alívio quando o complexo foi invadido. Brennan revelou que o presidente disse "Nós o pegamos", após a missão cumprida.

A Casa Branca divulgou (foto acima) o flagrante do momento em que Obama e demais autoridades presentes à reunião acompanhavam a ação das forças especiais que culminaria pouco depois com a morte do líder máximo da al-Qaeda.

Linha do tempo da busca por Bin Laden


Quatro anos atrás: a inteligência americana, pela primeira vez descobre o nome do mensageiro de confiança de Bin Laden, mas não consegue localizá-lo.

Dois anos atrás: a inteligência americana identifica as áreas no Paquistão, onde o mensageiro e seu irmão têm operado, mas não pode localizar exatamente onde eles vivem.

Agosto de 2010: A inteligência americana localiza residência dos irmãos, um composto ao norte de Islamabad, na cidade de Abbottabad. O composto é tão grande que os analistas concluem que deve abrigar um alvo de maior valor do que apenas um mensageiro.

Setembro de 2010: A Agência Central de Inteligência começa a trabalhar com o presidente Obama nas avaliações que os levam a acreditar que Bin Laden poderia estar no complexo.

Meados de Fevereiro de 2011: as autoridades governamentais dos Estados Unidos determinam que havia uma base sólida de informações para prosseguir a operação.

14 de março: Obama inicia uma série de reuniões de Conselho de Segurança Nacional para desenvolver opções para capturar ou matar Bin Laden.

29 de março: Obama convoca segunda reunião do conselho sobre a operação.

12 de abril: Obama convoca a terceira reunião.

19 de abril: Obama convoca quarta reunião

28 de abril: Obama convoca quinta reunião

29 de abril: Obama autoriza a operação antes ir ao Alabama inspecionar os danos do furacão.

1 de maio: (14h) Obama se reúne com sua equipe de segurança nacional para revisar os preparativos.

15h50m: Obama disse que Bin Laden havia sido identificado.

19h01m: Obama disse existia uma "alta probabilidade" de Bin Laden estar morto

23h35m: Em um discurso televisionado, Obama anuncia a morte de Bin Laden.

Mulher de Bin Laden não morreu em ataque, diz Casa Branca

WASHINGTON (Reuters) - Uma mulher assassinada durante um ataque dos Estados Unidos contra o complexo onde estava Osama bin Laden no Paquistão não era sua esposa, e ela não foi usada como escudo humano pelo líder da Al Qaeda antes de sua morte, afirmou uma autoridade norte-americana, corrigindo uma informação anterior.

Mais cedo, John Brennan, o principal assessor para questões de terrorismo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse a repórteres que a mulher morta era uma das esposas de Bin Laden e que havia sido usada -talvez involuntariamente- como escudo durante o confronto.

Porém, uma outra autoridade da Casa Branca afirmou que aquele não era o caso. A esposa de Bin Laden foi ferida, mas não morta no ataque.

Autoridades dos EUA disseram que uma equipe pequena de soldados norte-americanos num helicóptero desembarcou de madrugada na mansão onde Bin Laden estava escondido, perto da capital paquistanesa Islamabad, e disparou contra o líder da Al Qaeda no peito e na cabeça. Ele não revidou com tiros.


Exame

Teste de DNA confirma que corpo era mesmo de Osama bin Laden

Agências internacionais
WASHINGTON - Exames de DNA realizados no corpo de Osama bin Laden mostraram praticamente 100% de ligação dele com seus familiares, e uma mulher que seria uma das esposas do líder da al-Qaeda o identificou pelo nome, disse uma alta fonte de inteligência dos EUA a repórteres nesta segunda-feira. Uma outra autoridade disse mais cedo nesta segunda que exames iniciais de DNA mostravam uma "correspondência muito confiável" com o líder da Al Qaeda. O teste mostrou "alta confirmação" de que a pessoa morta em uma operação no Paquistão era Bin Laden , disse a autoridade. As autoridades, porém, não informaram onde ou como foram feitos os testes.

As informações iniciais davam conta de que além do teste de DNA foram usadas técnicas de reconhecimento facial para identificar Bin Laden.

O resultado do teste explica como o presidente Obama estava seguro ao afirmar em pronunciamento na televisão na noite de domingo que forças americanas tinham executado o terrorista.

Os Estados Unidos agora estão revisando uma grande quantidade de material apreendida no complexo paquistanês onde as forças americanas mataram Bin Laden, disse a fonte, falando com jornalistas sob condição de anonimato.

- Esse material está sendo explorado e analisado, e uma força-tarefa será criada pela CIA devido ao volume de material apreendido no local da operação - afirmou.


Ameaça

Diretor da CIA acredita que membros da al-Qaeda vão querer vingança pela morte de Osama bin Laden

Agências internacionais

CAIRO (Egito), DERA ISMAIL KHAN (Paquistão) e WASHINGTON (EUA) -

O diretor da CIA, Leon Panetta, disse nesta segunda-feira que "quase certamente vão tentar vingar" a morte do líder da al-Qaeda, Osama bin Laden .

- Bin Laden está morto, mas a al-Qaeda não. Os terroristas quase certamente vão tentar vingar sua morte, e nós devemos - e vamos - nos manter vigilantes e resolutos - disse Panetta.

Mais cedo, um alto ideólogo da al-Qaeda prometeu vingança, no primeiro reconhecimento jihadista do assassinato do terrorista. O comentarista, que usa o nome de "Assad al-Jihad2" na internet, é regularmente entrevistado por sites militantes sobre protocolos da Guerra Santa e é frequentemente chamado para resolver questões de doutrina.

Ele postou nesta segunda-feira em sites extremistas um longo elogio a Bin Laden e prometeu "vingar o assassinato do Skeik do Islamismo". "Assad al-Jihad2" também anunciou que qualquer um que pense que o jihad terminou precisa "esperar um pouco".

Mais cedo, membros de fóruns jihadistas, que defendem a guerra santa, disseram que rezaram para que a notícia da morte de Osama não fosse verdade.

"Oh, Deus, por favor faça com que essa notícia não seja verdade... Deus o amaldiçoe, Obama", disse uma mensagem em um fórum em língua árabe. "Oh, americanos... ainda é legal para nós cortar seus pescoços."

"Osama pode ter sido morto, mas sua mensagem de Jihad nunca morrerá. Irmãos e irmãs, esperem e vejam, sua morte será uma bênção disfarçada", disse uma mensagem num outro fórum islâmico.

O Talibã no Paquistão também ameaçou atacar líderes do país, incluindo o presidente Asif Ali Zardari, e os Estados Unidos após a morte de Osama.

- Agora os governantes paquistaneses, o presidente Zardari e o Exército serão nossos primeiros alvos. A América será nosso segundo alvo - disse Ehsanullah Ehsan, porta-voz do grupo.


SOBREVIDA NAS URNAS

Morte de Bin Laden deve aumentar popularidade de Obama, mas pode não ser suficiente para garantir reeleição
 
WASHINGTON - A morte de Osama bin Laden deve garantir ao presidente Barack Obama um aumento considerável de popularidade, em um momento em que ele enfrenta índices de aceitação longe do desejado. Mas a captura do maior inimigo americano pode não ser suficiente para fazer a população dos EUA esquecer os problemas econômicos que prometem atrapalhar a campanha de reeleição do democrata.

Em uma reviravolta para Obama, que se via diante de índices de popularidade abaixo de 50%, uma multidão de americanos se reuniu diante da Casa Branca para comemorar a morte de Osama bin Laden. Os manifestantes entoavam frases de apoio aos EUA e o famoso slogan de Obama na campanha de 2008 "Yes, we can" (Sim, nós podemos). E até alguns dos seus maiores opositores republicanos, inclusive o seu antecessor, George W. Bush, elogiaram Obama.

- É sem dúvida uma ótima notícia para Obama e com certeza será uma boa semana para o presidente. Mas provavelmente, semana que vem, ele terá que mais uma vez lidar com os problemas de déficit e crise do orçamento e tudo seguirá como antes - disse Christopher Arterton, professor de planejamento político, da George Washington University.

Ao matar Osama bin Laden, Barack Obama coloca por terra o argumento republicano de que os democratas são péssimos em questões de segurança nacional. Sentimentos de patriotismos eclodiram depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 e garantiram a reeleição de Bush, algo parecido pode se passar ao atual presidente americano.


Reação

A repercussão da morte de Bin Laden entre políticos e líderes mundiais

Agências internacionais

RIO - O presidente Barack Obama anunciou na noite de domingo que Osama bin Laden foi morto em uma operação liderada pelos Estados Unidos, em Abbottabad, na periferia de Islamabad, capital do Paquistão. Políticos e líderes saudaram a notícia nos EUA e também em outras partes do mundo.

O ex-presidente americano George W. Bush, que estava no governo no 11 de Setembro e famoso por ter dito que queria Osama bin Laden vivo ou morto, disse no domingo que a morte do líder da al-Qaeda foi um feito memorável.

"A luta contra o terrorismo continua, mas hoja a América enviou uma mensagem inconfundível: não importa quanto tempo leva, a justiça será feita", disse Bush em um comunicado.

O ex-presidente americano Bill Clinton também reagiu à notícia da morte de Bin Laden. Clinton afirmou que a morte do líder terrorista é um momento profundamente importante para as pessoas de todo o mundo que buscam um futuro comum de paz e liberdade.

"A luta contra o terrorismo continua, mas hoja a América enviou uma mensagem inconfundível: não importa quanto tempo leva, a justiça será feita"
.O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse que os americanos cumpriram a promessa feita após o 11 de Setembro de capturar ou matar Bin Laden.

Bloomberg disse que a morto do líder terrorista não diminui o sofrimento experimentado pelos americanos no dia em que o World Trade Center foi destruído, mas é uma vitória extremamente importante para a nação. Ele disse que é uma homenagem aos homens e mulheres nas Forças Armadas que lutaram tanto.

Bloomberg afirmou em um comunicado que espera que a notícia do falecimento de Bin Laden traga algum conforto para todos aqueles que perderam entes queridos no 11 de Setembro.

BRASIL
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, afirmou que a figura de Osama Bin Laden "contribuía direta e indiretamente para que se estigmatizasse o mundo islâmico, onde as alternativas seriam a autocracia e o fundamentalismo".

"E nós sabemos que não é esse o caso", destacou o ministro.

Para Patriota, a preocupação agora é que a morte de Bin Laden desencadeie outros atentados. O chanceler afirmou ainda que o governo brasileiro "condena o terrorismo sobre todas as suas formas de manifestação".

"À medida que a Al Qaeda e Osama Bin Laden estiveram e ainda estão por trás de estratégias políticas que privilegiam atos terroristas, nós só podemos nos solidarizar com as vítimas e com aqueles que buscam a justiça", disse o ministro.

PERU

O presidente peruano Alan Garcia disse, nesta segunda-feira durante a inauguração de uma usina hidrelétrica, que Papa João Paulo II, que foi beatificado neste domingo, deve receber crédito pela morte de Bin Laden.

"Foi seu primeiro milagre tirar do mundo a encarnação do mal, a encarnação demoníaca do crime, do ódio e nos dar a notícia de que o homem que explodiu as torres não existe mais", disse Garcia.

O líder peruano também afirmou que a morte de Bin Laden também justifica a decisão do presidente George W. Bush de "punir Bin Laden e pacientemente continuar este trabalho que deu frutos".

REINO UNIDO

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, também se manifestou sobre a morte do líder da rede al-Qaeda.

"Osama bin Laden foi responsável pelas piores atrocidades que o mundo já viu, pelo 11 de Setembro e muitos outros ataques, que custaram milhares de vidas, muitas delas de britânicos. É um grande êxito ele ter sido encontrado e saber que não será mais capaz de exercer sua campanha de terror global. A notícia de que Osama bin Laden está morte trará grande alívio para pessoas em todo o mundo", disse o premier em um comunicado.

FRANÇA

O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppe, disse que a morte de Bin Laden é uma vitória para todas as democracias na luta contra o abominável terrorismo.

ALEMANHA

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que na noite passada as forças de paz alcançaram uma vitória.

- Mas isto não significa que o terrorismo internacional foi derrotado. Devemos nos manter vigilantes - alertou.

ITÁLIA

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, disse que este é um grande resultado na luta contra o mal, na luta contra o terrorismo, um grande resultado para os Estados Unidos e para todas as democracias.

ISRAEL

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, elogiou os Estados Unidos no domingo pela morte de Bin Laden.

"Este é um triunfo retumbante para a justiça, a liberdade e os valores compartilhados por todas as nações democráticas que lutam com determinação contra o terrorismo", disse Netanyahu em um comunicado.

PALESTINA

A Autoridade Palestina disse nesta segunda-feira que a morte de Bin Laden pelas forças americanas era boa para a causa da paz.


- Livrar-se de Bin Laden é bom para a causa da paz mundial, mas o que importa é superar o discurso e os métodos violentos que foram criados e fomentados por Bin Laden e outros no mundo - disse o porta-voz da Autoridade Palestina, Ghassan Khatib.

AFEGANISTÃO

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu aos talibãs nesta segunda-feira que deixem de lutar depois do assassinato de Bin Laden e acrescentou que eles devem aprender uma lição com a sua morte.

- O Talibã deve aprender uma lição com isso. Os talibãs devem abster-se de lutar - disse Karzai em entrevista coletiva em rede nacional.

AUSTRÁLIA

A Austrália continuará suas operações no Afeganistão após a morte do líder da rede al-Qaeda, Osama bin Laden, anunciou nesta segunda-feira a primeira-ministra australiana Julia Gillard.

"A al-Qaeda foi ferida hoje, mas a al-Qaeda não acabou. Nossa guerra contra o terrorismo deve continuar. Devemos continuar a missão no Afeganistão", disse Gillard.

A Austrália foi um dos principais países a oferecer tropas para a guerra liderada pelos EUA no Afeganistão, em 2001, na sequência dos ataques do 11 de Setembro.

VATICANO

Bin Laden terá que responder a Deus por ter matado muitas pessoas e por explorar a religião para espalhar o ódio, informou o Vaticano nesta segunda-feira. O porta-voz e padre Federico Lombardi disse que enquanto os cristãos não se alegram com a morte, ela serve para lembrá-los da responsabilidade de cada pessoa diante de Deus e dos homens.

"Osama bin Laden, como todos sabem, teve a grande responsabilidade de ter espalhado divisão e ódio entre as pessoas, causando a morte de um número incontável de pessoas e exploram a religião para esses fins", disse.

JAPÃO

O ministro japonês das Relações Exteriores, Takeaki Matsumoto, disse que a morte de Bin Laden é "um progresso significativo das medidas de antiterrorismo", mas advertiu que "isso não é o fim da história".

- É preciso manter o olhar atento sobre as atividades da Al-Qaeda, com a comunidade internacional cooperando de maneira próxima e lidando com a questão com firmeza - disse ele.

COLÔMBIA

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, parabenizou o presidente Barack Obama pela operação militar. Para ele, a ação representa um golpe no terrorismo internacional.

- Esse é um golpe importante e decisivo para o terrorismo global e demonstra, mais uma vez, que os terroristas, mais cedo ou mais tarde, sempre caem - disse Santos.

- Na luta global contra o terrorismo só existe um maneira: perseverar, perseverar e resistir - afirmou ele que enfrenta, no seu próprio país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), consideradas por parte da comunidade internacional como um grupo de guerrilha ligado ao tráfico internacional de drogas.

MÉXICO

O presidente do México, Felipe Calderón, disse que a morte de Bin Laden é "um fato de grande importância" na luta contra o terrorismo. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do México classificou a al-Qaeda como "uma das organizações terroristas mais cruéis e sangrentas no mundo".

CHILE

Por meio do ministro das Relações Exteriores do Chile, Alfredo Moreno, o presidente chileno, Sebastián Piñera, recomendou cautela em relação às consequências da morte de Bin Laden. Segundo o chanceler, não se deve "cantar vitória", mas ficar em alerta em relação às ações terroristas.

Morte de Bin Laden é recebida com silêncio por países árabes

Já entre os líderes dos países árabes do Golfo, incluindo a Arábia Saudita, país natal do líder militante, a morte do líder da Al Qaeda foi recebida quase em silêncio. Na metade da tarde, horário local, o único comentário oficial da Península Arábica veio do Iêmen, terra-natal ancestral de Bin Laden, onde uma autoridade, falando sob condição de anonimato, disse esperar que a morte do líder da Al Qaeda "arranque o terrorismo de todo o mundo".

A agência de notícias oficial saudita meramente mencionou o anúncio dos Estados Unidos e do Paquistão de que Bin Laden foi morto em uma operação militar dos EUA no Paquistão, mas não deu sinais do que Riad achava da notícia.

Os ministros das Relações Exteriores de Barein, Kuweit e Emirados Árabes Unidos, que participavam de uma reunião de chanceleres da região em Abu Dhabi, se recusaram a comentar a morte de Bin Laden.


Fortaleza

Osama bin Laden foi encontrado em fortaleza no Paquistão
WASHINGTON - As forças dos Estados Unidos finalmente encontraram o líder da al Qaeda, Osama bin Laden , não em uma caverna nas montanhas do Afeganistão, mas com sua mulher mais nova em um complexo de um milhão de dólares perto da capital do Paquistão, segundo autoridades americanas.

As forças americanas chegaram ao prédio, ao estilo de fortaleza, após mais de quatro anos rastreando um dos mensageiros de maior confiança de Bin Laden. As autoridades dos Estados Unidos disseram que ele foi identificado por homens capturados após os ataques de 11 de Setembro contra os Estados Unidos. As autoridades descobriram, em agosto de 2010, que o mensageiro vivia com seu irmão e suas famílias em um prédio de alta segurança. Ele e o irmão estão entre os mortos da operação de domingo.


- Quando vimos as instalações onde os irmãos viviam, ficamos chocados. Era um complexo extraordinariamente único - disse uma autoridade.


- O resultado de nossa análise é que tínhamos confiança de que o complexo mantinha um alvo terrorista de alto escalão. Os especialistas que trabalharam na questão por anos avaliaram que havia uma grande probabilidade de que o terrorista que estava escondido era Osama bin Laden - afirmou outra autoridade.

O local é em Abbottabad, cidade a cerca de 60 quilômetros de Islamabad. O complexo é bem diferente da noção geral que se tinha de Bin Laden, de que ele estaria em alguma caverna na pouco acessível fronteira entre Paquistão e Afeganistão, uma imagem bastante evocada pelas autoridades durante o governo de George W. Bush.


O prédio tem cerca de oito vezes o tamanho das construções vizinhas e ficava em um local relativamente ermo quando foi construído, em 2005. Desde então, outras casas foram construídas nas proximidades.

A segurança inclui muros de 3,6 metros e 5,5 metros de altura protegidos com arame farpado, além de paredes internas que dividem as partes do complexo. Dois portões eram os únicos meios de acesso ao local. O terraço no terceiro andar era protegido por um muro de 2,1 metros.

Na mansão, não havia linha de telefone ou acesso à internet. O líder da al-Qaeda usava um sistema antiquado (porém, seguro) de mensageiros para se comunicar. Os moradores queimavam o lixo em vez de deixarem na rua para coleta, disseram as autoridades.

Acredita-se que o complexo foi construído há cinco anos para proteger Bin Laden.


Segurança é reforçada em embaixadas em Brasília após morte de Osama bin Laden

BRASÍLIA - Cinco embaixadas tiveram a segurança reforçada pela Polícia Militar, nesta segunda-feira, após o anúncio da morte de Osama bin Laden. Com o temor de alguma represália, o número de viaturas que fazem rondas no entorno das representações dos Estados Unidos, Israel, Paquistão, Reino Unido e França foi aumentado.

O comandante do 5º Batalhão da PM, tenente-coronel Marcus Fialho, disse que o reforço foi enviado por precaução, já que a corporação não recebeu pedido oficial nem do Itamaraty nem das próprias embaixadas. Ele aguarda eventuais comunicados para montar esquema específico para cada escritório.

Até a noite desta segunda-feira , o Itamaraty não havia recebido pedido de proteção especial para as embaixadas brasileiras no exterior. Na representação em Islamabad, próxima ao local em que bin Laden foi morto, a segurança já é feita por fuzileiros navais brasileiros. Os funcionários trabalharam sob alerta e foram dispensados mais cedo.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que, em conversa, o embaixador brasileiro no Paquistão, Alfredo Leoni, lhe transmitiu "segurança e tranquilidade".

- A capital, Islamabad, é uma cidade comparativamente segura no Paquistão. Onde há bastante turbulência, às vezes, e atentados costumam ser em outras localidades, embora também não tenha deixado de ocorrer na capital - justificou.



Mercados

Wall Street perde força e Bovespa desce 0,6%. Dólar sobe 0,12%, a R$ 1,575

SYDNEY, RIO e SÃO PAULO - Os mercados mundiais não operam com tendência única depois do anúncio da morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden. Se as bolsas europeias fecharam em leve alta, a Bovespa ainda patina com a saída de investidores estrangeiros e é pressionada pelas expectativas de alta da inflação. Ingerência política na Vale e na Petrobras também pesam negativamente, segundo analistas. Em Wall Street, os mercados operam sem rumo definido, depois de uma manhã de alta - o índice Dow Jones subia apenas 0,04%, aos 12.810,54 pontos, o S&P 500 mantinha a estabilidade, aos 1.363,61 pontos, e o Nasdaq-100 descia 0,05%, aos 2.873,54 pontos.

Depois de abrir o pregão em alta, a Bovespa passou a operar no vermelho, e por volta das 15h30m (horário de Brasília), o Ibovespa, índice de referência no mercado brasileiro, descia 0,68%, aos 65.681 pontos, com giro de R$ 3,83 bilhões. No câmbio, o dólar comercial subia 0,12%, a R$ 1,575 na venda.

- A morte de Bin Laden tem influência bastante limitada nas bolsas. Na Bovespa, o dia é de poucos negócios e baixa liquidez - afirmou o analista da corretora Um Investimentos, Eduardo Oliveira.

No câmbio externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, volta a operar em baixa, depois de um repique no começo dos negócios. O índice perdia 0,08%, a 72,87. O euro segue com valorização, ganhando 0,29%, a US$ 1,487.
"A expectativa de alta de juros tira peso na nossa bolsa. E há mais de oito meses estamos vendo imbróglios relacionadas à Vale e à Petrobras - Marcelo Pereira, TAG Investimentos"
.Na Bovespa, as ações da Petrobras têm volatilidade. Os papéis ordinários desciam 0,10%, a R$ 28,86, enquanto os preferenciais avançavam 0,66%, a R$ 25,77. As ações da Vale operam no campo negativo. Enquanto as ON desciam 1,75% (a R$ 50,88), as preferenciais recuavam 1,67% (a R$ 45,30).

No campo corporativo brasileiro estão em pauta os resultados trimestrais de empresas como Embraer, Fibria e BR Malls. À noite, a TIM publica seu balanço.

Até agora, destaque de alta para ações da Cielo (ganhos de 4,21%, a R$ 12,63) e Redecard (3,12%, a R$ 23,46). Nas maiores baixas, Marfrig ON tem queda de 5% (a R$ 15,39), ALL ON desce 4,15% (a R$ 2,46) e Klabin S/A PN N1 se deprecia em 4,08%. a R$ 5,87.

O sócio-gestor da TAG Investimentos, Marcelo Pereira, avalia que as pressões inflacionárias - nesta segunda o mercado elevou previsão para inflação pela oitava semana seguida e vê Selic a 12,50% em 2011 - pesam no mercado de ações brasileiro. As ingerências do governo Dilma Rousseff em Vale e Petrobras também não tem sido bem vistas pelos investidores.

- A expectativa de alta de juros tira peso na nossa bolsa. E há mais de oito meses estamos vendo imbróglios relacionadas à Vale e à Petrobras. E se estes papéis não andam fica muito difícil o Ibovespa subir - afirmou Pereira. - A dinâmica da bolsa mudou bastante. Empresas ligadas à infraestrutura e varejo estão em um momento bom, mas o Ibovespa, como um todo, não. É preciso analisar setores isolados.

Nesta segunda, a Fibria informou que seu lucro saltou para R$ 389 milhões no primeiro trimestre . As ações ON da Fibria subiam 1,21%, a R$ 25,00.

Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) da Magazine Luiza registram valorização em sua estreia na Bovespa. Por volta das 15h30m, as ações, negociadas sob o código MGLU3, avançavam 3,25%, para R$ 16,52.

A oferta inicial de ações da varejista saiu a R$ 16 por papel, no piso da faixa de preço sugerida, que ia até R$ 21. A operação alcançou R$ 925,7 milhões, com a colocação dos papéis previstos na oferta primária e na secundária.

Petróleo em alta em Londres e NY
Os contratos futuros de petróleo inverteram tendência e passaram a operar em alta em Nova York e Londres - depois de recuarem mais de 3%. Há pouco, em NY, o petróleo com vencimento em junho subia 0,42%, a US$ 114,41 o barril. Em Londres, o brent com vencimento no mesmo mês crescia 0,44%, a US$ 127,56 o barril.
O Exército e a polícia iraquianos entraram em alerta máximo contra possíveis ataques da rede terrorista Al Qaeda contra a retaliação à morte de Osama.

As bolsas de valores da Ásia fecharam em alta nesta segunda-feira, enquanto o dólar recuperava valor e o petróleo caía mais de 3% após a notícia da morte do terrorista pelos Estados Unidos .

Bolsas européias avançam. 'Morte de Bin Laden é notícia importante para mercados', diz corretora

O principal índices de ações da Europa fechou em leve alta nesta segunda-feira, na máxima em dois meses amparado por notícias envolvendo fusões e aquisições e pelo alívio após a morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden. O volume de negócios, contudo, foi fraco, devido a um feriado no Reino Unido.

O índice FTSEurofirst 300 fechou com alta de 0,06%, aos 1.157 pontos. Foi a oitava alta consecutiva do indicador.

- A morte de Bin Laden é uma notícia importante para os mercados - disse Laurent Baudoin, presidente-executivo da Stelphia Asset Management, em Paris, que gerencia 230 milhões de euros (US$ 342 milhões) em ativos. - A aversão ao risco deve diminuir, o que deve ser positivo para as ações, embora isso possa ter um impacto menos favorável sobre as commodities, principalmente o ouro.

As ações da Demag Cranes dispararam 24%, depois que a fabricante norte-americana de maquinário para construção Terex fez uma proposta de US$ 1,3 bilhão para a rival alemã.

A empresa alimentícia dinamarquesa Danisco subiu 4,3%, após seu conselho pedir que os acionistas aceitem a oferta de 6,64 bilhões de dólares feita pela DuPont.

Em Frankfurt, o índice DAX subiu 0,18%, para 7.527 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 teve oscilação positiva de 0,05%, a 4.108 pontos.

Em Milão, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,09%, para 22.397 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 retrocedeu 0,01%, a 10.877 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 encerrou em alta de 0,48%, para 7.715 pontos.

Em entrevista ao CNN Money, o diretor-executivo da Wall Street Cheat Sheet avalia que a tendência é que haja menos medo no mercado de petróleo neste momento de risco geopolítico reduzido. Para ele, a notícia do sucesso de "encontrar, capturar e matar o terrorista número um do mundo é um sinal positivo."

Para agência Austin Rating, avaliações neste momento são precipitadas

Mais cauteloso, o economista-chefe da agência Austin Rating, Alex Agostini, ressalta que ainda é cedo para avaliar os desdobramentos da morte de Osama nos mercados.

- Vamos aguardar o desenrolar dos fatos na semana. Se houver alguma represália, como será? Qualquer análise neste momento é subjetiva. Mas a tendência é que a Bovespa volte à normalidade de forma gradativa, já que não temos notícias globais negativas.

Para Renato Bandeira de Mello, gerente de renda variável da Corretora Futura, a morte de Bin Laden cria sim um otimisto nos mercados de renda variável. Mas, ele acrescenta, não seria esta notícia que faria a Bovespa se sustentar em alta.

"O que está faltando na bolsa do Brasil é o ingresso do dinheiro estrangeiro. E não estou vendo no curto prazo uma mudança no cenário - Renato Bandeira de Mello"
- O que está faltando na bolsa do Brasil é o ingresso do dinheiro estrangeiro. E não estou vendo no curto prazo uma mudança no cenário. Apesar de a bolsa estar barata, não se sustenta no terreno positivo. Falta dinheiro.

O acontecimento parece ter dado razão para os investidores retirarem posições vendidas em ativos como o dólar, com a percepção de que os EUA enfrentam menos riscos de segurança. O presidente Barack Obama disse que Bin Laden fora morto em conflitos com forças norte-americanas.

Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 1,57%. Muitos mercados asiáticos, incluindo China, Hong Kong, Cingapura e Tailândia estavam fechados para feriados públicos, deixando o índice acionário da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão em alta de 0,36% às 7h46 (horário de Brasília).

O índice de Seul subiu 1,67%. Sydney fechou com um leve ganho de 0,04%.

- Ao reduzir os riscos de segurança nacional em geral, isso deve impulsionar os mercados de ações e reduzir os preços dos títulos do Tesouro dos EUA - disse Mohamed El-Erian, diretor-executivo e vice-diretor de investimentos da PIMCO, que administra US$ 1,2 trilhão em ativos.

- Os mercados de petróleo devem ficar mais voláteis, dada sua maior sensibilidade ao cabo de guerra entre o risco menor e a possibilidade de distúrbios isolados em partes do Oriente Médio e da Ásia central - disse ele.


ITÁLIA E EUA

Líbia diz que lamenta ataques a embaixadas estrangeiras

TRIPOLI - O governo da Líbia disse neste domingo que lamenta os ataques a várias embaixadas europeias e que suas forças policiais tiveram que conter uma multidão enfurecida pelos ataques aéreos da Otan que matam o filho de Muammar Kadafi.

O vice-ministro líbio das Relações Exteriores, Khaled Kaim, disse que a Líbia fará um levantamento dos danos em embaixadas estrangeiras e irá repará-los.

Ele disse que o ataque às embaixadas, incluindo sedes inglesas e italianas, atingiu departamentos de assuntos comerciais consulares.

Mais cedo, as autoridades estrangeiras das Nações Unidas em Trípoli começaram a se preparam para deixar a capital da Líbia, afirmou uma porta-voz da ONU neste domingo.

A decisão, porém, não afeta os funcionários locais da instituição. A tensão na cidade aumentou com o ataque realizado neste sábado pela Otan, que matou um filho do ditador Muamar Kadafi - Saif al-Arab, de 29 anos, o mais novo - e três netos adolescentes.

- A ONU está se preparando para deixar Trípoli - disse Stephanie Bunker, porta-voz do escritório da ONU para coordenação de assuntos humanitários. - Aparentemente, houve uma revolta em Trípoli e eles decidiram deixar a cidade.


Roma

João Paulo II é beatificado diante de multidão de fiéis em cerimônia no Vaticano
 
RIO - Mais de um milhão de fiéis e peregrinos acompanharam, na manhã deste domingo, a cerimônia de beatificação do Papa João Paulo II, na Basílica de São Pedro, na Praça São Pedro, no Vaticano, segundo informações da polícia de Roma, na Itália. As cancelas que dão acesso à praça foram abertas pela polícia italiana cerca de quatro horas antes do previsto, devido ao grande número de fiéis, que superou a previsão do Vaticano.

A cerimônia teve início às 10 horas na Itália (5h de Brasília), com a presença do Papa Bento XVI e outros 800 sacerdotes. Com um cálice e mitra que foram usados nos últimos anos de pontificado de João Paulo II e com uma vestimenta que também pertenceu a seu antecessor, Bento XVI abriu a cerimônia com uma saudação em latim, que foi traduzida simultaneamente em espanhol, francês, português, inglês, alemão e polonês pela Rádio Vaticano.

O clima era de muita comoção entre os presentes. Durante a cerimônia, um cardeal leu um texto sobre a vida do pontífice, morto em 2005, após 27 anos de papado. Após a leitura, ocorreu o principal momento da cerimônia, em que um grande retrato de João Paulo II foi exposto na fachada da Basílica, sob os aplausos da multidão, a partir de então denominado beato.

- Concedemos que o venerado servo de Deus João Paulo II, Papa, seja de agora em diante chamado beato - proclamou Bento XVI, que recebeu a relíquia que contém o sangue de Karol Wojtyla e a beijou.

A relíquia foi entregue ao papa pela religiosa francesa Marie Simon Pierre Normand, que havia sido curada por intercessão de João Paulo II do mal de Parkinson, a mesma doença que afligia o pontífice polonês por 12 anos de sua vida. No sábado, a religiosa deu seu depoimento sobre a cura durante a vigília realizada no Vaticano:

- Fui curada na noite do dia 2 para 3 de junho de 2005, disse a religiosa que explicou que irmãs de sua congregação rezaram pelo Papa já morto, para a recuperação de sua doença - disse.

O milagre foi decisivo para a conclusão do processo de beatificação. Bento XVI explicou ainda que o motivo pelo qual decidiu acelerar o processo de beatificação - último estágio antes da santidade, para a qual é preciso comprovar mais um milagre - de seu predecessor foi a grande veneração popular por João Paulo II.

- Passaram-se seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta praça para celebrar o funeral do papa João Paulo II. Já naquele dia sentíamos pairar o perfume de sua santidade, tendo o povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele - disse.

Antes da cerimônia, mais de 200 mil pessoas de todo o mundo fizeram uma vigília em Roma à espera da beatificação. Grupos de peregrinos, muitos vindos da Polônia, terra natal do Papa, lotaram a Praça de São Pedro levando bandeiras nacionais e cantando. A praça onde aconteceu a cerimônia foi enfeitada com retratos de João Paulo II e 27 bandeiras com fotos que mostram um evento em cada ano do seu pontificado.

O caixão do Papa João Paulo II foi retirado na sexta-feira da cripta abaixo da Basílica de São Pedro e foi colocado em frente ao altar principal. Depois da missa de beatificação, o caixão continuará na Basílica, que ficará aberta até ser visto por todos os interessados.

O cardeal espanhol García Gasco, antigo arcebispo de Valência, morreu pouco antes da beatificação, de enfarte.




Entrevista exclusiva

Tony Blair diz que invasão do Iraque prenunciou mudanças no mundo árabe


RIO - Tony Blair não vê filmes sobre Tony Blair. O ex-primeiro-ministro que levou o Reino Unido a participar da invasão do Iraque junto com os EUA está mais grisalho, mas não perdeu a oratória que conquistou os britânicos em 1997 ou a agilidade ao rebater críticas - como por ter elogiado o papel do egípcio Hosni Mubarak no processo de paz entre israelenses e palestinos: "Seis meses atrás ele era recebido na Casa Branca." O ex-premier, que veio ao Rio na semana passada para o Fórum Mundial Econômico sobre a América Latina, reafirma que hoje o Oriente Médio é um lugar melhor sem Saddam Hussein e diz não temer que seu governo seja lembrado pela guerra. Para ele, os movimentos observados hoje no mundo árabe comprovam que a população desejava mudanças. Apesar disso, olha a Primavera Árabe com cautela: "A questão numa revolução nunca é como ela começa, e sim como acaba. Um dos mitos é que os árabes não querem a democracia. Eles querem. Mas, devido à forte dimensão islamista na política, devemos garantir que a democracia que surgir seja verdadeira."

Após deixar o cargo, Blair se converteu ao catolicismo e assumiu o cargo de enviado especial do Quarteto (EUA, Rússia, ONU e União Europeia) para o Oriente Médio. Para ele, questões religiosas e culturais serão determinantes neste século. Por isso fundou a Tony Blair Faith Foundation. No outro posto, põe os pés amanhã novamente no Oriente Médio disposto a conhecer os detalhes do acordo entre as facções palestinas Hamas e Fatah. "A questão é se isso vai nos permitir seguir em frente com o processo de paz." Voltando aos filmes, afirma que não tem curiosidade de ver "A rainha", que mostra como influenciou a família real nos dias turbulentos após a morte da princesa Diana. "Prefiro ação e comédia", diz, rindo.

O senhor é católico, vive num país anglicano e tem uma cunhada muçulmana. Esses fatores tiveram influência na criação de uma fundação para promover a tolerância religiosa?

TONY BLAIR: Acredito que a fé religiosa e como isso afeta a sociedade vão ser a grande questão no século XXI. Acredito que na política, as pessoas irão além da ideologia de direita e esquerda do século XX. Mas acho que ideologias culturais ou religiosas terão de aprender a conviver, ou haverá conflitos. A minha experiência não é exatamente pessoal. Se olharmos o meu país, hoje, numa cidade como Londres, há diferentes rostos, diferentes culturas vivendo lado a lado. Se são capazes de conviver pacificamente, isso é bom. Caso contrário, há um problema. Hoje, na Europa, há questões culturais. Provavelmente esse é o principal fator na política, ao lado da economia. Há partidos de extrema-direita em locais como a Suécia, sendo eleitos com base em posições anti-islâmicas.

Na qualidade de enviado especial para o Oriente Médio, como o senhor vê o acordo entre Fatah e Hamas, e a reação israelense a isso?

BLAIR: A questão envolve os termos do acordo (ainda não revelados) e uma solução baseada em dois Estados: o Estado de Israel e um Estado palestino independente e viável. A questão é se o acordo entre Fatah e Hamas vai nos permitir seguir em frente com o processo de paz. Se for assim, será muito positivo.

Esse acordo é uma consequência da falta de progressos nas negociações de paz?

BLAIR: Certamente. É uma consequência de muitos fatores, das mudanças na região, da frustração das pessoas sobre como anda o processo de paz. Se esse clima é positivo ou negativo, depende dos termos do acordo. Eu sempre disse que desejávamos a unidade palestina, uma unidade genuína no sentido de concordar em posições de como obtermos a paz. Temos trabalhado para abrir a Faixa de Gaza - está três vezes mais duro ir a Gaza do que era há seis meses. Ao mesmo tempo, ainda há foguetes partindo de Gaza contra civis israelenses, então Israel adota ações contra militantes lá.

Israel teve uma forte reação ao acordo, dizendo que ou o Fatah fazia a paz com Israel ou com o Hamas...

BLAIR: A visão israelense é muito simples: a menos que o Hamas mude, a unidade entre os dois será ruim. A minha posição é "vamos esperar para ver os detalhes do acordo nos próximos dias". Pouca gente sabe, mas a economia na Cisjordânia está se fortalecendo. A Autoridade Nacional Palestina tirou as milícias das ruas, instaurando uma ordem legal apropriada. A ANP está fazendo um bom trabalho na construção de um Estado. Este novo governo terá que continuar com esse trabalho de construir um Estado. Israel não aceitará nada do Hamas, a menos que o grupo reconheça Israel e renuncie à violência. Minha posição é, primeiro, ver os termos do acordo para saber se está relacionado à paz, e dois, ver se o governo tecnocrata (interino) levará adiante a tarefa de construir um Estado. O presidente (Mahmoud) Abbas disse que sim.

O senhor pretende continuar como enviado especial?


BLAIR: Estou muito feliz com o que tem sido feito. Estou muito comprometido com o processo.

O movimento pela democracia nos países árabes pode influenciar o processo de paz? Dois meses atrás o senhor disse que (o ditador egípcio) Hosni Mubarak era uma força positiva para o processo...

BLAIR: Veja, as pessoas me criticaram por elogiar Mubarak por seu papel no processo de paz, mas seis meses atrás ele era recebido na Casa Branca como um parceiro para a paz. A questão numa revolução nunca é como ela começa, e sim como acaba. Eu sou muito favorável ao movimento pela democracia, eu acredito na democracia. Um dos grande mitos é que os árabes não querem a democracia. Eles querem, sim. Mas devido à forte dimensão islamista na política da região, devemos garantir que a democracia que surgir seja verdadeira. Democracia não é apenas sobre o direito de votar, é sobre uma imprensa livre, liberdade de credo, liberdade de expressão e mercados livres também. Precisamos tentar ajudar, guiar num sentido de que seja algo positivo, uma solução genuinamente democrática.

O senhor vê alguma lição aprendida no Iraque que possa ser empregada na Líbia?

BLAIR: Não no campo militar, mas em termos de sociedade. Uma das lições claras do Iraque, onde, a propósito, a economia mais que dobrou de tamanho nos últimos anos, é que a influência da religião e das tribos pode tornar a vida muito complexa e desafiadora. O que é necessário fazer sempre é ter um plano que leve em conta essas influências. Na Líbia, acho que a questão é chegar a um ponto em que tenham uma Constituição que permita ao povo líbio decidir sobre o seu governo. Espero que isso possa ser feito assim que possível.

O senhor disse uma vez que não lamentava sua decisão sobre a guerra no Iraque. Mas também disse que lamentava a perda de vidas. Essa é uma questão difícil para o senhor? Foi uma decisão difícil?

BLAIR: Sim. Foi difícil na época e é difícil agora. Quando se olha para uma decisão, a questão é o que acontece se eu decido fazer isso e o que acontece se eu decido não fazer. O Oriente Médio seria um lugar melhor hoje se Saddam (Hussein) ainda estivesse lá? Eu diria que não. A maioria dos iraquianos também diria isso. É só olhar como a maioria dos árabes estão reconstruindo suas vidas. O país ainda está cheio de problemas, ainda há terroristas, mas a maioria está tendo uma vida melhor. Podem conseguir isso agora.

Os países europeus estão fazendo uma forte pressão sobre a Síria, contra a repressão às manifestações, mas a comunidade internacional parece disposta a adotar uma posição diferente daquela em relação à Líbia. Por quê?

BLAIR: Essa é uma série de questões muito complicadas. Como eu disse: onde uma revolução começa não é exatamente onde termina. As pessoas deploram a violência contra civis, elas querem ver uma democracia maior, mas aqui está o desafio para essa região: colocar em marcha um plano para a evolução e não para a revolução. Uma coisa clara é o status quo ante. Eu disse por muitos anos que o Oriente Médio era uma região em transição. O status quo não vai permanecer. A questão é para onde a região está transitando. Acho que é mais fácil ter confiança na direção se há um processo de evolução. Se há uma revolução, isso introduz muita instabilidade. A indústria do turismo caiu muito no Egito nos últimos meses. Tunísia e Egito vão necessitar de muita ajuda econômica também.

O senhor teme que os seus dez anos no cargo sejam lembrados apenas pela guerra no Iraque?

BLAIR: Há muito mais coisas. As pessoas costumam nos ver como um governo reformista: reformamos a Constituição, o Parlamento na Escócia, fizemos a paz na Irlanda do Norte, introduzimos o salário mínimo, os direitos para homossexuais, houve grandes programas de educação, a reforma da saúde. Mas também quando olham para o Iraque e as decisões em política externa, e o que está acontecendo no restante do mundo árabe, entendem que as pessoas dessa região realmente desejavam a democracia e a mudança, mas que também havia essas forças que iam tentar combatê-las.

Foram feitos alguns filmes sobre o seu governo. Alguns com uma imagem muito positiva, como "A rainha". Outros mais neutros como "The special relationship" (sobre o relacionamento com Bill Clinton), e outros mais críticos como "O escritor fantasma"...

BLAIR: (Interrompendo e rindo) A diferença é que o escritor fantasma está em outro time, é uma ficção.

Mas que as pessoas dizem ser uma alusão ao seu governo. O que o senhor achou desses filmes?


BLAIR: Pode soar estranho, mas não vi nenhum deles. Não tive interesse. Em filmes, prefiro ação e comédia. Esse filmes são sobre mim ou o que eu fiz. Eu sei o que acontece quando se vê. Eu diria "não, não foi assim" ou "isso está errado".





Sem apuração

Júlio de Sá Bierrenbach, ministro aposentado do STM, afirma que atentado ao Riocentro deixou de ser investigado para proteger altos oficiais
BRASÍLIA - Trinta anos depois do atentado do Riocentro, um dos casos mais emblemáticos da fase final da ditadura militar, o ministro aposentado do Superior Tribunal Militar (STM) Júlio de Sá Bierrenbach sustenta que a investigação foi abafada para inocentar altos oficiais vinculados ao crime. O ministro aponta o dedo para o general Octávio Medeiros, chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) e até para o ex-presidente João Baptista de Figueiredo, já falecido. "Figueiredo, na ocasião, declarou que (os militares envolvidos no atentado) não estavam subordinados a ele. Estavam subordinados ao ministro do Exército. Mas aí faço uma pergunta: o Iº Exército não estava subordinado ao presidente da República?" O atentado ocorreu em 30 de abril de 1981. Reportagens publicadas pelo GLOBO na semana passada mostram que a agenda do sargento Guilherme Pereira do Rosário - um dos autores do ataque, morto na explosão - revela a rede de terror envolvida no episódio, mas jamais foi usada nas investigações.

O caso Riocentro completou 30 anos. O senhor acha que falta muita coisa ainda para ser esclarecida? O que faltou apurar?

JÚLIO BIERRENBACH: Deram um jeito no espaço e no tempo. Primeiro, ao insistir em que a bomba não estava no colo do sargento. Era um absurdo. Depois deram um jeitinho no tempo com a emenda constitucional de 1985. Deixaram de botar o parágrafo segundo da emenda, que limitava a coisa ao período da Anistia concedida pelo (presidente João) Figueiredo até 1979. Quando o Hélio Bicudo era presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, me convidou para ir a Brasília prestar declarações. Tinha 12 representantes lá, e tudo isso veio à baila. É desagradável. A decisão do meu tribunal no segundo inquérito foi completamente errada, um absurdo (o STM incluiu o atentado entre os casos protegidos pela Lei de Anistia).

Por que era absurdo?

BIERRENBACH: A segunda vez em que o caso foi julgado, baseado na emenda votada pelo Congresso em 1985. O período era o mesmo, até 1979. E o Riocentro foi depois de 79.

Ou seja, o caso Riocentro não foi alcançado por essa emenda?

BIERRENBACH: Não, absolutamente, a emenda não protegia (os responsáveis) pelo caso do Riocentro.

Então o senhor acha que deveria haver punição?

BIERRENBACH: Deviam julgar, deviam apurar. Ninguém apurou nada. Não apuraram porque não quiseram apurar. É pena você não ter em mãos o meu livro ("Riocentro: quais os responsáveis pela impunidade?"). Eu cito as declarações do Figueiredo).

Tudo indica que os dois militares estavam no Riocentro cumprindo ordens superiores. Por que essas pessoas não foram chamadas, não foram investigadas e não foram punidas?

BIERRENBACH: Que pessoas?

Tudo indica que o crime foi planejado por um grupo maior e não apenas por dois.

BIERRENBACH: Um morreu e outro nunca foi ouvido. Até comento no meu livro que o Ministério Público Militar ficaria desacreditado se o capitão que foi ferido não comparecesse à auditoria para prestar declaração. Ele nunca declarou nada. É cheia de falhas a coisa.

O então capitão Wilson Machado nunca foi chamado para depor?

BIERRENBACH: Ele nunca depôs. Evitaram de todo jeito que ele depusesse.

Quem estava acima desses dois militares, o capitão Wilson Machado e o sargento Rosário?

BIERRENBACH: Figueiredo, na ocasião, declarou que não estavam subordinados a ele. Estavam subordinados ao Iº Exército, ao ministro do Exército. Isso era o Figueiredo livrando o pessoal do SNI (Serviço Nacional de Informações). Mas aí faço uma pergunta: o Iº Exército não estava subordinado ao presidente da República? Eles não apuraram porque não quiseram, porque não convinha. E o negócio todo foi feito para liberar o chefe do SNI.

Estavam protegendo o chefe do SNI por quê?

BIERRENBACH: Porque o general (Octávio) Medeiros era um possível candidato a substituir Figueiredo. De modo que Figueiredo fez tudo dizendo que aquilo foi coisa de tenentinho, capitão. Tirado tudo de cima, como se eles não fossem subordinados ao presidente da República.

Então o senhor acha que houve envolvimento do presidente da República também?

BIERRENBACH: Omissões, omissões. Deviam ter tomado outras providências. Era omissão de todos os lados. Eu tive luta no Superior Tribunal Militar com alguns ministros. Queriam reunião secreta. Mas depois, Cabral Ribeiro prestou declarações em sessão aberta e deu (entrevista) à imprensa. Aí eu respondi em nota à imprensa.

E essa falha na investigação e no processo, o senhor acha que desacreditou a Justiça Militar?

BIERRENBACH: A Justiça Militar não, mas alguns ministros saíram desacreditados. Disso não há dúvida nenhuma. Por exemplo, ninguém viu como é que foi sorteado o relator. Eu digo abertamente no livro. Se eu tivesse mentindo, podiam vir para cima de mim. O relator foi escolhido, a imprensa esperou até o fim do expediente e ficou para o dia seguinte. No dia seguinte, os jornais já publicavam o nome do relator escolhido pelo presidente do tribunal.

Houve manipulação?

BIERRENBACH: Houve manipulação, não tenho dúvida nenhuma. Agora, a esta altura, estou eu criticando atos do meu tribunal. Como é que vou me defender? Sou aposentado, tenho 92 anos, vão dizer que estou gagá. O negócio é esse.

Quando o senhor era ministro do STM, foi pressionado por alguém do governo, do Exército?

BIERRENBACH: De jeito nenhum. Se viessem me pressionar eu botava a boca no mundo. Eu tinha bom contato com a imprensa. O meu voto, que foi longo, os principais jornais publicaram a íntegra.


Meio Ambiente

Aldo Rebelo divulga texto do novo Código Florestal que será votado na Câmara

BRASÍLIA - O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator da proposta do Código Florestal, divulgou na tarde desta segunda-feira o texto que será apresentado nesta semana para votação no plenário da Câmara. O deputado confirma no texto a concessão que fez para manter a margem mínima de proteção dos rios (matas ciliares) nos atuais patamares, de 30 metros. Por outro lado, o texto permite que os proprietários com até quatro módulos fiscais (de 20 a 400 hectares) mantenham apenas o percentual de vegetação nativa que possuíam até julho de 2008. Ou seja, eles não serão obrigados a reflorestar nem a compensar áreas desmatadas além do permitido.

O relator admitiu que esse é ainda um ponto de divergência entre ele e o governo, após um longo processo de negociação.

"Eu propus que os agricultores com até quatro módulos registrem como reserva legal a que ele tem"
- Eu propus que os agricultores com até quatro módulos registrem como reserva legal a que ele tem. Não será obrigado a reconstituir porque ele não tem área. E não tem como comprar porque ele não pode. Vai cobrar dele o quê? A APP ( Área de Proteção Permanente) ele refaz, a reserva legal ele declara o que ele tem e não tem que recompor - explicou o relator.

O atual Código Florestal estabelece que o percentual de reserva legal na Amazônia é de 80%, no Cerrado e nos demais biomas 20%, e nas áreas de transição entre Cerrado e Amazônia 35%.

Aldo disse que a reforma do Código Florestal tem que ser votada ainda nesta semana. Segundo ele, o assunto já foi debatido suficientemente.


- Fizemos uma centena de audiências públicas. Visitamos 23 estados, visitamos todos os biomas - justificou .

De acordo com Aldo, o esforço feito por ele foi para consolidar áreas usadas na agricultura e na pecuária e, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente.





Tudo pelo PT

Rui Falcão, novo presidente do PT, diz que estratégia do partido é se fortalecer nas eleições de 2012 e garantir reeleição em 2014
 
SÃO PAULO - "Em 2010, foi tudo pela Dilma. Agora, é tudo pelo PT". É dessa forma que o novo presidente do PT, o deputado estadual Rui Falcão (SP), resume a tática partidária para as eleições municipais de 2012. A estratégia e as candidaturas passarão pelo crivo do ex-presidente Lula, admite. Falcão confirma que o PT terá candidato à prefeitura de São Paulo, onde a vitória é vista como "precondição" para romper a hegemonia do PSDB no governo estadual em 2014. A ampliação de prefeituras petistas em todo o país, segundo ele, também ajudará a manter Dilma no Planalto a partir de 2014. Cuidadoso, deixou claro que o PT não irá menosprezar aliados, mas começa desde já o esforço para viabilizar candidaturas próprias.

PERFIL: Novo presidente do PT é ligado ao grupo de Marta Suplicy e a José Dirceu

A eleição do senhor irá apaziguar setores insatisfeitos do PT, que reclamavam de ter caído no "vazio" nos primeiros meses do governo Dilma?

RUI FALCÃO: No primeiro escalão, o PT está muito bem situado, temos os ministérios da Saúde e das Comunicações, que antes não estavam conosco. No segundo escalão, há outros partidos que compõem a base aliada e que têm suas demandas nos estados. É questão de tempo, para o governo analisar e compatibilizar as demandas. O "vazio" que você cita é natural. Foi fruto, por um lado, do momento, de início do governo e, por outro lado, do nosso presidente (José Eduardo Dutra) ter ficado doente e não ter conseguido se engajar mais.

Parte do PT está insatisfeita com a conduta da equipe econômica.

FALCÃO: Neste fim de semana, o diretório aprovou resolução - sem questionamento dos vários grupos representados - dizendo que concorda com a orientação que o governo vem dando à política geral e à política econômica. O combate à inflação não implica em arrochar salários, promover desemprego ou recessão.

A resolução do diretório fala em pressões inflacionárias "propagandísticas". O PT vê uso político da situação?

FALCÃO: Um dos componentes da inflação é a expectativa futura. Ficar batendo que o governo vai perder o combate contra a inflação, ou que a inflação fugirá do controle, gera expectativas negativas. O melhor é ter tranquilidade. No segundo semestre haverá acomodação de preços.

O PT se fortalecerá com Dilma?

FALCÃO: Tínhamos diálogo com Lula e temos com Dilma. Não é porque o presidente não é mais o Lula que o partido vai fazer mais exigências. O PT se fortalece mais se o governo continuar agindo tão bem, porque a popularidade do governo se transfere para o PT.

E a volta de Delúbio Soares não abala a credibilidade?

FALCÃO: O diretório, por 60 votos contra 15, com duas abstenções, autorizou que ele se filie. Vamos esperar um pouco, fazer pesquisas e ver se isso teve repercussão negativa na sociedade, e qual foi a extensão. Nossa decisão não representou qualquer tipo de anistia. Foi uma decisão pautada pelo princípio de que não temos penas perpétuas. Nesses seis anos, ele teve um comportamento compatível com alguém que foi do PT. Isso não apagou os erros que cometeu. E foi punido pelos erros políticos que cometeu, com a pena mais grave do partido, a expulsão.

Ele também é acusado de participar de um esquema de desvio de recursos públicos. Para usar uma frase do Delúbio, acha que o caso já virou uma "piada de salão"?

FALCÃO: Essa avaliação só se pode fazer como fato concreto se o STF vier a condená-lo. Até o momento, ele é réu, tem direito a ampla defesa.

Como é sua relação com a presidente, especialmente devido à turbulência nas eleições?

FALCÃO: Minha relação com ela é muito boa. Não há afastamento nem atrito. Eu a conheci nos anos 70, militamos juntos. Eu participei de toda a campanha, não é verdade que tenha sido alijado. Fiquei até o último dia, participei da posse e recebi um abraço afetuoso dela, celebrando a vitória. E aquela versão da campanha de que eu havia tirado dados de um computador é fantasiosa, não existiu. Estou processando o autor da calúnia, civil e criminalmente.

Como o PT fará para tirar a reforma política do papel?

FALCÃO: Caminhamos para a possibilidade de votar a reforma, ainda que não tenha a amplitude que o PT pretende. O financiamento público de campanha tem consenso em quase todos os partidos. O voto em lista vai mobilizar a sociedade.

Por quê?

FALCÃO: A lista é a única maneira de permitir uma maior representação das mulheres e das etnias. Hoje existe um sub-representação flagrante desses setores, mesmo com exigências de 30% nas chapas. Essa possibilidade vai aumentar o interesse das entidades e das mulheres, que são formadoras de opinião.

A população confiará aos partidos a tarefa de montar as listas? Não é cheque em branco?

FALCÃO: Mas hoje temos as listas dos banqueiros e empreiteiros, das quais a sociedade não participa. Há dominância desses setores na composição do parlamento. O representante deve ser devedor do representado. Mas acaba sendo devedor do financiador. Esse é problema.

A criação do PSD muda o cenário político nacional e paulista. Como o PT analisa esse quadro?

FALCÃO: Vários futuros integrantes do PSD declaram que querem compor com a base da Dilma. Se for assim, é positivo, amplia nossa base no Congresso. Mas o fundador disse que apoiaria o ex-governador Serra em São Paulo. Isso pode ensejar movimentos futuros nos quais o partido, mesmo dando sustentação no Congresso, pode ter um caminho eleitoral que o coloca na oposição. O PSD agora não é nada, nem partido é ainda.

Em São Paulo, um dos últimos "bastiões" do PSDB, como o PT vai se organizar?

FALCÃO: Já há um movimento estadual e municipal. Quanto antes o PT definir a tática e arregimentar alianças, maiores as chances de sucessos em 2012. E o sucesso em 2012 é precondição para, em 2014, tentar quebrar a supremacia tucana no governo estadual. Na definição da tática, os companheiros vão avaliar que, em 2010, foi tudo pela eleição da Dilma. Era a tática correta, também para aumentar nossa força no Senado e dar maior sustentação a ela. Agora, é tudo pelo PT, fortalecer o PT. O que não significa desprezar aliados. A orientação geral deverá ser a de fortalecer o PT nas eleições de 2012, para criar condições de reeleger a Dilma em 2014 e conquistar novos espaços.

A decisão passa pelo Lula?

FALCÃO: Para todas as decisões do PT, devemos ouvir a opinião do presidente Lula.


Sob cuidados

Tratamento de Dilma contra a pneumonia deverá durar dez dias
SÃO PAULO e BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff voltou para casa nesta segunda-feira em Brasília, mas continuará o tratamento contra a pneumonia sob orientação dos médicos paulistas do Hospital Sírio-Libanês por mais dez dias. Mas, apesar da recomendação médica para repousar pelo menos nesta segunda-feira, se sentindo mais disposta, ela decidiu trabalhar à tarde e chamou para uma reunião sobre energia, no Alvorada, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), o secretário-executivo da pasta, Márcio Zimmermman, e o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Nelson Hubner. À noite, a presidente recebeu o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para discutir a concessão de aeroportos para a iniciativa privada.

MINISTÉRIO DA SAÚDE: Dilma é vacinada contra gripe

Desde o fim de semana, a presidente toma um combinado de dois antibióticos para combater a doença que atingiu seu pulmão esquerdo. Os médicos ainda não detectaram se o mal foi causado por uma bactéria habitual ou atípica. Foram feitos dois tipos de exames para identificar a bactéria: hemocultura, para detecção de bactéria comum, e sorologia para pesquisar os anticorpos em caso de bactéria atípica. Os resultados ainda não ficaram prontos.

- A diferença entre os tipos de bactéria não significa maior ou menor gravidade da pneumonia. A presidente está muito bem e vai continuar o tratamento em Brasília. Os próximos exames serão feitos por lá - explicou nesta segunda-feira o infectologista David Uip, um dos médicos de Dilma no Hospital Sírio Libanês.

Médicos recomendam ritmo mais leve de trabalho

Uip e o cardiologista Roberto Kalil, médico particular da presidente, foram nesta segunda-feira de manhã ao hotel onde Dilma estava hospedada em São Paulo para nova avaliação. Depois da consulta médica, a presidente foi liberada para voltar para Brasília e embarcou por volta das 10h55.

- Recomendamos à presidente diminuir o ritmo de trabalho nos próximos dias. Ela disse que vai manter a agenda, mas vai tentar baixar o ritmo.

Uip descartou eventual ligação da pneumonia com a vacina contra o vírus da gripe, recebida por Dilma há uma semana. Ele também negou que a presidente tenha vindo da viagem à China com gripe, causada pelo H1N1:

- Não há nenhuma relação da doença com a vacina. Na vacina, o vírus está morto, não causa nada. E (uma evolução do) vírus H1N1 com certeza não é - disse o médico, explicando que a gripe suína causa problemas nas vias respiratórias superiores, o que não ocorreu com Dilma: - Investigamos se a bactéria é habitual ou atípica e, por isso, o uso de dois antibióticos.

Uip descartou também qualquer ligação da pneumonia com o câncer linfático enfrentado por Dilma.


Crise da oposição

Governador de Santa Catarina comunica que sairá do DEM para o PSD e levará maioria dos filiados no estado
FLORIANÓPOLIS - O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, comunicou nesta segunda-feira ao presidente do DEM, José Agripino Maia, que vai se filiar ao novo Partido Social Democrático (PSD), liderado pelo prefeito Gilberto Kassab, o que foi antecipado pelo Blog do Noblat . O governador já havia anunciado a decisão por meio de uma nota "à sociedade catarinense", na noite de domingo. Colombo disse ainda a Maia que a maioria dos filiados ao DEM no estado devem segui-lo. São sete deputados estaduais, três federais, 43 prefeitos e 53 vice-prefeitos. De acordo com Colombo, existem 125 mil filiados ao DEM no Estado, que podem se transferir para o PSD de Kassab.

-Telefonei para o José Agripino Maia e relatei os encaminhamentos de ontem à noite (domingo à noite) da saída do partido. Vamos continuar preservando a nossa relação. Eu lamento. Foi uma conversa bem amistosa - disse Colombo ontem, em entrevista coletiva em Florianópolis.

De acordo com o governador catarinense, Jorge Bornhausen não deverá se filiar a nenhuma sigla, mas seu filho, o deputado federal, Paulo Bornhausen, que ocupa o cargo de secretário no governo estadual, vai assinar ficha de filiação à nova sigla nos próximos dias.

- O doutor Jorge Bornhausen entende que a participação dele sob o ponto de vista partidário se esgota. Deverá se desfiliar do DEM e não se filiar a nenhum partido. Mas ele está solidário nesse nosso movimento.

" Nós não vamos nos alinhar ao PT. Nós vamos caminhar no projeto original de manter a nossa posição de contraponto"
.Colombo disse que seu papel em nível nacional dentro do PSD será de contribuir para a construção do partido junto com os principais líderes como a senadora Katia Abreu e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, criador da sigla. Perguntado se pretendia convidar a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, a também sair do DEM, disse que vai conversar com ela, mas para comunicar da sua decisão.

- Não falei com ela. Vou falar, mas não para convencê-la e sim para apresentar a minha posição.

Sobre um possível alinhamento do PSD com o governo Dilma Rousseff, Colombo afirmou que ele e seu grupo continuarão sendo oposição e que isso "ficou acordado dentro do PSD".

- Nós não vamos nos alinhar ao PT. Nós vamos caminhar no projeto original de manter a nossa posição de contraponto. É importante que haja uma oposição, e nós a faremos. O PSD não será da base do governo. É um compromisso dos nossos líderes.

O governador disse que não haverá qualquer mudança na estrutura do governo estadual e que não pretende convidar ou cooptar nenhum político de outros partidos. E alguns deputados do PSDB que ameaçam deixar o partido, "o deverão fazer por conta própria".

Ele contou ainda que teve um encontro com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) para tratar de uma aliança nas eleições municipais de 2012 em Santa Catarina, o que deve garantir tempo na televisão para o PSD.

- O que nós fechamos lá em Pernambuco foi com a possibilidade de fazermos uma aliança em Santa Catarina entre PSD e PSB nas cidades onde tenha rádio e televisão.

Colombo critica PSDB por não ter vontade política para fusão com o DEM

Apesar do tom conciliador, de repetidas vezes dizer que "não houve rupturas ou desentendimentos", Colombo não deixou de criticar o PSDB nacional por não ter ajudado o DEM nesse momento de crise e por não ter tido vontade política para fazer a fusão dos dois partidos.

- Acho que o PSDB errou quando não deu ao DEM as condições de sobrevivência. Porque o DEM não tem um projeto nacional, não tem um candidato à Presidência da República, que se transforma numa bandeira. Os partidos políticos valem pouco e as personalidades valem muito. O PSDB tem um candidato viável que é o Aécio Neves, tem uma estrutura nacional favorável. Então, ele tinha que dar proteção ao aliado. Acho que isso foi fatal. Acho que o DEM vai ser extinto, vai ter um novo caminho. Porque vai ser muito difícil se manter nessa condição.

O governador lamentou ter de deixar o DEM, já que era o filiado numero 3 do PFL criado em 1985, mas não descarta aliança com os tucanos na eleição presidencial em 2014.

- Acho que o PSD tem condições até de ter candidato próprio a presidente, uma vez que tem lideranças novas surgindo no cenário nacional e que podem representar um novo ciclo após esse processo todo - disse Colombo.


Tecnologia na Saúde

Cartão de usuários do SUS é regulamentado em portaria publicada no Diário Oficial

BRASÍLIA - O Sistema Cartão Nacional de Saúde foi regulamentado em portaria do Ministério da Saúde publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União. Com a regulamentação do cartão, os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) poderão ser identificados por meio de um único número válido em todo o território nacional.


IMPLANTAÇÃO: Piauí será o primeiro estado com cartão SUS

O objetivo é construir um registro eletrônico que permita aos cidadãos, aos gestores e aos profissionais de saúde acessar o histórico de atendimentos dos usuários no SUS.

Dessa forma será possível, por exemplo, saber a participação de uma determinada pessoa em campanhas de vacinação, se ela foi atendida num posto de saúde ou se fez exames e cirurgias. Quem não tiver o cartão também poderá receber atendimento.

A meta é implantar o registro eletrônico de saúde em todos os municípios brasileiros até 2014. Ao todo, deverão ser emitidos 200 milhões de cartões, nos próximos três anos, numa ação desenvolvida em conjunto com estados e municípios.

De acordo com a portaria, as secretarias estaduais e municipais de Saúde que já têm algum tipo de sistema integrado de registro de dados na área terão um ano para emitir e distribuir os novos cartões. Com o formato de um cartão de crédito, ele terá uma etiqueta com dados pessoais do usuário e um número, fornecido pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a portaria, medidas de segurança tecnológica vão garantir que não seja violado o direito constitucional à intimidade, à vida privada, à integralidade das informações e à confidencialidade dos dados dos usuários.



Novas regras

MEC vai mudar critério para que instituições recebam isenção fiscal por bolsas do ProUni
RIO - O Ministério da Educação estuda mudanças no critério de concessão de isenção fiscal às instituições participantes do Programa Universidade para Todos (ProUni). Atualmente, as instituições recebem o benefício proporcional ao número de bolsas oferecidas. A ideia do MEC é que elas passem a receber de acordo com o número de bolsas preenchidas. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, das 123 mil bolsas ofertadas, 4% ficaram ociosas.

"Esses mecanismos estão sendo aprimorados ( Luiz Cláudio Costa)"

.Atualmente, pela lei que criou o programa, as faculdades recebem a isenção fiscal em troca da oferta de bolsas, independentemente de elas terem sido ocupadas ou não. O problema já foi apontado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que calcula um total de R$ 104 milhões de isenções fiscais concedidas indevidamente via ProUni. Neste semestre, apesar do número recorde de inscritos, 4% das bolsas ficaram ociosas na primeira rodada de inscrições.

Além do problema no preenchimento das bolsas, o MEC vai investigar o caso de estudantes da Universidade Paranaense (Unipar) que não são de baixa renda, mas estudam na instituição com bolsa do ProUni, como mostrou reportagem veiculada ontem (1º) no Fantástico, da TV Globo. Além disso, universitários ganharam bolsas para cursar uma faculdade que não existia no município de Água Branca, no sertão de Alagoas.

Para receber bolsa integral, o estudante deve ter renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio. No caso do benefício parcial, o limite chega a três salários mínimos por membro da família. Outro pré-requisito é ter cursado todo o ensino médio em escola pública.

O problema não é novo e os primeiros casos foram denunciados em 2009 também pelo TCU. O MEC passou a cruzar os dados dos bolsistas com informações da Receita Federal e do Registro Nacional de Veículo Automotores (Renavam) para detectar as irregularidades. Desde então, foram canceladas 4.253 bolsas e 15 instituições foram desvinculadas do programa.

"Estamos em contato permanente com a CGU e a Receita Federal e usamos o que existe de melhor em tecnologia de informação para fazer os cruzamentos (Luiz Cláudi Costa)"
.É de responsabilidade das instituições de ensino verificar a veracidade dessas informações e fiscalizar a situação dos alunos. O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, admite que existe a possibilidade de o candidato fraudar essas informações, mas avalia que as faculdades têm feito esse trabalho "com muito zelo".

- Esses mecanismos estão sendo aprimorados, estamos em contato permanente com a CGU [Controladoria-Geral da União] e a Receita Federal. Existe efetivamente uma ação dentro do que existe de melhor em tecnologia de informação para fazer os cruzamentos - afirmou durante entrevista à Agência Brasil.

Se for comprovado que a instituição foi negligente ou favoreceu algum aluno que não se encaixa no perfil do programa, ela fica proibida de participar do programa e pode sofrer outras sanções no processo de regulação do MEC. No caso de alunos que tenham fraudado informações para receber o benefício, além da perda da bolsa, eles podem responder judicialmente pelo crime de falsidade ideológica.

Costa pede que a comunidade acadêmica - alunos, professores e gestores - também faça o controle social das bolsas do programa. As denúncia de recebimento indevido do benefício devem ser encaminhadas ao MEC.


Em análise

Senado pode estender a casais homossexuais direito à licença após o casamento

BRASÍLIA - A pedido da vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), os servidores da Casa que vivem com pessoas do mesmo sexo poderão ter direito à licença concedida após o casamento. O requerimento será analisado pela Mesa Diretora e, caso seja aprovado, passará a valer imediatamente.

A senadora apresentou a proposta depois que uma servidora homossexual requereu ao setor administrativo o direito à licença, atualmente concedida a funcionários heterossexuais. Para Marta Suplicy, é preciso ter uma norma para regular pedidos semelhantes.

De acordo com o Senado, a gala para servidores públicos é de oito dias. Para empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o período é de três dias após o casamento.

O senador Wilson Santiago (PMDB-PB) será o relator da proposta, que poderá ser avaliada na próxima reunião da Mesa, ainda sem data marcada.



Falta de combate

Investir em segurança ficou só no discurso de Dilma Rousseff; Pronasci terá R$ 1 bilhão a menos em 2011
 
BRASÍLIA - Contrariando o discurso de campanha, que alardeou mais participação federal na segurança pública, o governo Dilma Rousseff ainda não tirou do papel suas promessas para a área. Com os cortes orçamentários, os investimentos para o combate ao crime minguaram e projetos amplamente explorados na corrida eleitoral não avançaram após quatro meses de gestão. Principal meio de colaboração com estados e municípios, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) terá menos R$ 1,028 bilhão este ano, o que corresponde a 47% do previsto. Não por acaso, as despesas foram 28,5% menores de janeiro a abril, em comparação com o mesmo período de 2010.

VOTE: Você acha suficiente o investimento do governo federal em segurança pública?

O Orçamento prevê R$ 2,1 bilhões para o Pronasci, mas a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, admite que o Ministério da Justiça terá só R$ 1,25 bilhão para bancar as atividades do programa este ano. Até agora, foram aplicados R$ 279,7 milhões, ante R$ 391,2 milhões no primeiro quadrimestre de 2010. Quase 40% do montante são de restos a pagar, ou seja, compromissos assumidos em anos anteriores, mas só quitados agora. Os dados constam do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).

Os estados já sentem os efeitos da tesoura. Em Minas, os convênios firmados com o ministério em 2010 continuam sem verba. O Espírito Santo, que amarga uma das maiores taxas de homicídio do país, aguarda o repasse de cerca de R$ 1 milhão para construir uma nova Delegacia de Tóxicos e um Centro de Instrução para os bombeiros, conforme acordado desde o ano passado. O secretário de Defesa Social do estado, Henrique Herkenhoff, diz que bateu à porta do ministério, mas ouviu que a prioridade são os projetos inscritos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).



PSDB e DEM reafirmam aliança em meio a baixas para PSD
SÃO PAULO (Reuters) - PSDB e DEM participaram nesta segunda-feira de um ato de demonstração de união entre os dois partidos, abalada nos últimos meses pela criação do PSD, legenda comandada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que tem atraído políticos dos dois partidos.

Lideranças do DEM compareceram em peso ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para a posse do deputado federal Rodrigo Garcia (DEM) na Secretaria de Desenvolvimento Social do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

"Este é um ato político de reafirmação de um casamento partidário", disse José Agripino Neto (DEM-RN), resumindo o espírito do evento, que teve a participação de centenas de políticos e lotou a hall central do Bandeirantes.

"O Brasil precisa de oposição", arrematou Agripino, como uma resposta à redução do número de parlamentares oposicionistas no Congresso na atual legislatura.

Alckmin aproveitou a presença do ex-vice-presidente Marco Maciel (DEM) para relembrar a aliança com o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

"Esta é uma aliança natural no Brasil. Temos um pensamento comum para o país e exercemos uma oposição fiscalizadora", disse o governador, para quem na eleição municipal do ano que vem "respeitando as singularidades de cada município procuraremos caminhar juntos".

Antes dele, Agripino já pregava no evento sobre as próximas eleições: "Onde o PSDB for mais forte o DEM vai apoiar e queria que onde o DEM fosse mais forte o PSDB apoiasse".

O ato soou como uma resposta às declarações da semana passada, quando Alckmin e Fernando Henrique admitiram o debate sobre a fusão entre PSDB, DEM e PPS. Nesta tarde, líderes democratas e o próprio Alckmin negaram que o assunto estivesse em discussão.

"São caminhos diferentes, não é o mesmo partido. O caminho neste momento é o de uma boa e forte aliança", declarou o governador. Para Rodrigo Garcia, a fusão "não está em pauta".

Depois de perder Kassab e o vice-governador paulista Guilherme Afif Domingos, o DEM teve mais uma baixa na noite de domingo, com o anúncio do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, em direção ao PSD. A legenda já atraiu mais de 30 deputados e cinco vices-governadores, de várias siglas.

Segundo o líder da bancada do DEM na Câmara dos Deputados, ACM Neto (BA), o partido já esperava a saída do governador por ele pertencer ao grupo do ex-presidente do partido Jorge Bornhausen, também de Santa Catarina, que ajudou Kassab a criar o PSD.

"O DEM é maior que um Estado apenas, não é a saída dele (Colombo) que vai definir o futuro do Democratas", disse ACM Neto.

Com a saída de Colombo, restou ao DEM apenas o governo do Rio Grande do Norte, com Rosalva Ciarlini.

No governo de São Paulo, Alckmin retirou a secretaria do Desenvolvimento Econômico de Guilherme Afif e o substituiu pelo deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que até agora ocupava a pasta do Desenvolvimento Social.

No PSDB, seis dos 13 vereadores tucanos de São Paulo deixaram a legenda, inclusive um dos fundadores do partido, Walter Feldman, que ainda não anunciaram seu destino político.

A disputa entre os dois grupos de tucanos vem desde 2008, quando Feldman e os vereadores apoiaram Kassab para a prefeitura de São Paulo e não seguiram a candidatura de Alckmin.

Na última sexta-feira, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, afastou a possibilidade de crise na legenda, saiu em defesa de Alckmin e atacou o PSD de Kassab, acusando a nova legenda de praticar ética discutível e adesismo.