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4 de mai. de 2011

Tropa de elite para matar Osama Bin Laden


RIO - Desta vez a comemoração foi mais efusiva. Afinal, o grupo acabara de realizar a mais importante operação clandestina das forças especiais do Pentágono desde o fatídico 11 de setembro de 2001, quando a al-Qaeda destruiu as Torres Gêmeas, no coração de Nova York.
Mas, como de praxe, a festa foi ao mesmo tempo discreta, restrita: uma celebração "a portas fechadas" em Dam Neck, no estado de Virginia, onde está a sede da Navy Seals, a tropa de elite da Marinha americana que aniquilou Osama bin Laden.

A euforia, no entanto, foi tão grande que desta vez o público ficou sabendo sobre a autoria da façanha, pois alguém vazou um email que o almirante Edward Winters, chefe do Comando Especial de Guerra da Marinha, enviou à equipe que agiu no Paquistão - denominada "Team Six" - dando-lhe parabéns e lembrando que todos deveriam "manter a boca fechada".

Trata-se de um dos grupos secretos das forças especiais do Pentágono, cujos integrantes se autodefinem como "profissionais calados". Ninguém, fora de tal elite, sabe quem são eles. Vizinhos e familiares tampouco sabem o que esses agentes especiais realmente fazem. Suas missões são tão árduas e arriscadas que esses "heróis anônimos" permanecem, em média, apenas três anos nessa vida; recolhendo-se, posteriormente, ao trabalho de análise de inteligência e preparação de logística, na retaguarda.

Apenas um terço participa de missões de alto risco

- É preciso suportar muita dor física e, às vezes, dores emocionais. E isso não é para qualquer um - disse Paul Tharp, chefe dos instrutores da escola preparatória dos Seals.
Hans Garcia, da equipe de oficiais que recruta voluntários interessados em pertencer à tal elite, contou que não procura valentões:
- A pessoa perfeita para essa função é alguém com preparo físico extraordinário, mas ao mesmo tempo muito humilde, além de ser um pensador analítico e capaz de resolver problemas. Uma pessoa também consciente de valores, que seja patriótica, e que coloque a missão acima dela própria - disse ele, acrescentando que a maior parte desses "agentes de campo" está na faixa de 28 a 35 anos de idade.
As forças especiais da Marinha, do Exército, da Força Aérea e dos Fuzileiros contam hoje com cerca de 60 mil homens, mas desse total apenas 20 mil estão qualificados para missões de alto risco em campo.
E desse grupo, nada mais do que cinco mil seriam extremamente exímios nas operações que envolvem desde manejo de armas e explosivos à coleta de informações, conhecimentos amplos de informática, conhecimentos básicos de medicina para socorrer colegas feridos em ação, e habilidades culturais como a de se comunicar em vários idiomas. Quem domina línguas das atuais zonas de conflito - como o árabe, o pashto e o dari, por exemplo - recebe bônus adicionais em seu salário.

Orçamento das forças quase quintuplicou

O orçamento das forças especiais, que era de US$ 2,1 bilhões em 2001 saltou para US$ 9,8 bilhões em 2011. Essa cifra deverá subir para US$ 10,5 bilhões no ano que vem. Num dia qualquer, nada menos do que 12 mil pessoas dessas equipes estão envolvidas em operações em cerca de 75 países - segundo o almirante Eric T. Olson, chefe do Comando de Operações Especiais dos EUA.
Há três unidades permanentes no Comando Sul, sediado na Flórida. Segundo o Pentágono elas realizam, em média 42 missões secretas em 26 países da América Latina. O que fazem na região?
- A grande maioria de tais missões jamais será de conhecimento público - desconversou o capitão Duncan Smith, porta-voz dos Seal.

'Barack Obama bin Laden': semelhança entre nomes gera série de gafes

RIO - Quem mandou o presidente dos Estados Unidos estar separado do maior terrorista da História mundial apenas por um erro de digitação? Pois a gafe cometida pela Fox News - que, ao noticiar a morte de Osama bin Laden, colocou no ar "Obama bin Laden morreu" - espalhou-se. O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, também trocou os nomes. No Twitter, a confusão rendeu centenas de posts e até um link com imagens da rede de TV americana CNN anunciando a morte de Bin Laden com a frase "Por dentro do complexo de Obama".

Quando Steffen Seibert, jornalista há pouco tempo locutor do canal ZDF e atual porta-voz do governo alemão, divulgou na internet uma declaração da chanceler alemã Angela Merkel, disse: "Obama, responsável pela morte de milhares de inocentes, escarneceu os valores do Islã e de todas as religiões". Depois, Seibert corrigiu o erro - que, a essa altura, já estava sendo divulgado no Twitter, assim como ocorreu com a gafe da Fox.

Também no Twitter, os internautas continuaram não perdoando as gafes e a semelhança de nomes. O usuário @Joydas mandou: "Não confunda Obama com Osama. Um é o líder de um grupo terrorista, o outro está no fundo do mar". Já @AJBK21 brincou com o trendtopic "#Obamasdead": "#Obamasdead. Oops quis dizer #Osamasdead". E @SororityProblem tentou decorar: "Preciso evitar a confusão Obama/Osama... Preciso evitar a confusão Obama/Osama".
A confusão rendeu ainda muitos retweets de um artigo chamado "The 5 worst RT Obama/Osama mix-ups in the media", ou "As cinco piores confusões de Obama/Osama na mídia". Assinado por Kevin Allen, o texto lista o que seriam gafes de veículos de comunicação na noite de domingo e na tarde de segunda-feira. Uma delas: na MSNBC, a correspondente Norah O'Donnell mandou via Twitter que Obama tinha sido baleado e morto.

Outra gafe listada traz um vídeo, uma transmissão da rede CNN sobre a morte de Bin Laden com a frase "Inside Obama's Compound" ("Por dentro do complexo de Obama"). Outras duas gafes da lista de Allen são as da Fox e uma afiliada, que noticiaram "Presidente Obama está morto" e "Obama bin Laden morto". E, fechando a lista, Allen destaca que o site Gizmodo publicou uma imagem do site da BBC News que afirmava "Obama morto".
Mas, mais do que uma troca de letras, a confusão de nomes pode ter significados políticos, afirma o psicanalista Chaim Katz:

- É muita coincidência que várias pessoas tenham esse ato falho. É pegar o grande terrorista e o grande americano, duas grandes figuras de lados opostos, e aproximá-las. Agora, os motivos para isso podem ser o fato de que ideias opostas se atraem, há um estudo do Freud de que as palavras "alto" e "baixo" têm mesma raiz; e também o reflexo do modo como as pessoas veem a ação dos EUA no território dos outros, que seria, assim, comparada à ação terrorista.
Joel Birman, psicanalista e professor da UFRJ e da Uerj, diz não ter dúvidas de que a confusão de nomes, pelo menos em setores da mídia americana contrários ao governo Obama - caso da Fox -, seria uma forma de crítica. Ainda que inconsciente.

- Desde que Obama assumiu, setores da mídia mais ligados aos republicanos têm feito acusações como a de que Obama não seria americano, ou que ele teria origens muçulmanas. Essa confusão é uma forma de, pelo ato falho, marcar isso e atacar sua legitimidade. Ainda mais no momento em que ele consegue essa vitória política que os republicanos não conseguiram. A gente pode até pensar nesse "lapso de língua" como uma forma de os opositores de Obama desejarem sua morte - destaca Birman. - Além disso, quando a gente se desloca da política doméstica para a internacional, esse lapso é, também, uma forma de aproximar a prática do Estado americano de caçar inimigos em guerras com um ato terrorista.
*COLABOROU: Graça Magalhães-Ruether, de Berlim