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15 de set. de 2011

Caso de polícia: confira 12 políticos brasileiros envolvidos em crimes




Eles se elegeram com a ajuda do crime ou usaram seus cargos em assembléias, prefeituras e câmaras para alavancar atividades criminosas. Acusados de assassinatos cruéis, sequestros, tráfico de drogas e envolvimento com milícias, políticos de todo o País foram parar no banco dos réus e atrás das grades. Confira 12 casos de polícia em que os protagonistas são membros do Executivo ou do Legislativo.

1. Romaria de vereadores acaba em assassinato

 

O vereador de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, Rodrigo da Cruz França (PV) foi baleado e morreu em uma tradicional romaria que sai do município em direção a Pirapora do Bom Jesus (SP), em 5 de agosto de 2011. O disparo teria acontecido durante uma discussão com o colega de Câmara Leozildo Barros (PT), o Léo do PT.

O vereador petista teve a prisão preventiva decretada pela polícia e se entregou cinco dias após o homicídio. Em depoimento, ele confessou a morte do colega e alegou que a vítima havia assediado sua namorada. O vereador foi expulso do partido e, no dia 1º de setembro, foi cassado por quebra de decoro parlamentar.

2. Vereador acusado de ordenar sequestro de colega

 

O vereador Ordário da Silva Martins (PPS), conhecido por Darinho, foi sequestrado em 16 de junho de 2011, quando saía de casa para uma reunião na Câmara de Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo. Os sequestradores exigiram resgate de R$ 400 mil, mas o valor não foi pago: Darinho fugiu do cativeiro dois dias depois, quando os vigias se distraíram consumindo drogas, segundo a investigação.

Dois meses depois, o vereador Anderson Domingos da Silva (PT) se tornou réu pelo crime. De acordo com o Ministério Público, ele planejou o sequestro do colega, forneceu informações sobre sua rotina e sobre os bens da família dele, e ajudou na fuga de um dos suspeitos. Silva foi preso preventivamente em 29 de agosto e se declarou inocente. "Influenciei a vida de mais de uma centena de pessoas com meu exemplo. É notório na cidade as histórias de tentativas de me corromper que recusei", afirmou.

3. Deputado a 167 km/h causa duas mortes

 

Na madrugada de 7 de maio de 2009, em Curitiba (PR), o carro em que estavam Gilmar Rafael Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20 anos, foi atingido por outro veículo, guiado pelo então deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB). Os dois morreram na hora e o político teve traumatismo craniano. Segundo a perícia, Carli Filho trafegava a 167 km/h em uma via com limite de velocidade de 60 km/h, estava sob efeito de álcool e tinha carteira de habilitação suspensa, com 130 pontos por infrações.

Indiciado por duplo homicídio com dolo eventual, Carli Filho renunciou ao mandato no final de maio, antes que a Comissão de Ética da Assembleia avaliasse um pedido de cassação, a fim de evitar a perda dos direitos políticos. Durante a fase de instrução do processo na Justiça, ele disse não se lembrar do momento do acidente devido aos ferimentos que sofreu na cabeça. Carli Filho responde em liberdade e deverá ser levado a júri popular ainda em 2011.

4. Deputado usa motosserra contra inimigos

 

Coronel reformado da Polícia Militar do Acre, o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal é apontado como líder de um bando que torturava e matava desafetos e tinha ligação com traficantes internacionais de cocaína.

Um dos crimes de maior repercussão a que ele foi condenado é homicídio de um mecânico que teria ajudado o assassino do irmão de Pascoal a fugir. Agilson Firmino, o Baiano, foi esquartejado com uma motosserra e seu filho adolescente teve o corpo queimado com ácido. Os corpos foram arrastados pelas ruas de Rio Branco como forma de intimidação.

Acusado de trocar votos por drogas, Pascoal foi eleito deputado federal em 1998 pelo PFL (hoje DEM), mas teve o mandato cassado no primeiro ano de mandato, após a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico afirmar que ele liderava o tráfico no Acre. Logo depois de sua saída da Câmara, ele foi preso. O ex-deputado já foi condenado por homicídios, sequestro, tráfico internacional de drogas, formação de quadrilha, crimes eleitorais e financeiros, em penas que passam dos 130 anos de prisão.

5. Apropriação de salário de assessores

 

Conhecido como Oliveira da Ambulância, o vereadorJoaquim Gonçalves Oliveira (PTB), de Colombo (PR), foi preso em flagrante em 25 de agosto de 2011 por se apropriar de parte dos salários de três assessores. Segundo o Ministério Público, ele exigia que os funcionários retirassem o pagamento de cerca de R$ 3,9 mil do banco e o entregassem o valor total. O político, então, devolvia aos assessores menos de um terço dos vencimentos.

Após denúncias anônimas, Oliveira foi preso no momento em que os funcionários faziam a entrega do dinheiro. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, estima que ele se apropriava de R$ 9 mil por mês. Dias depois do flagrante, o vereador pagou fiança e foi solto. A investigação não foi concluída.

6. Consórcio de deputados para eliminar PM

 

O deputado estadual João Beltrão (PRTB), em seu quinto mandato na Assembleia Legislativa de Alagoas, é réu em um processo pela morte do cabo da Polícia Militar José Gonçalves, em 1996.

Para executar o crime, segundo denúncia do Ministério Público, ele se juntou a outros políticos em um "consórcio": também são acusados do homicídio o ex-deputado federalFrancisco Tenório (PMN), o deputado Cícero Ferro(PMN) e o deputado Antônio Albuquerque (PTdoB). 

João Beltrão chegou a ter a prisão preventiva decretada no início de 2011, mas ficou foragido até agosto, quando recebeu um salvo-conduto ao ser diplomado para ocupar vaga na Assembleia. O político foi eleito com mais de 30 mil votos no pleito de 2010, mas acabou barrado pela Lei da Ficha Limpa devido a contas desaprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) quando foi secretário estadual do Trabalho. A posse só foi garantida após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que a lei contra os "fichas sujas" não valia para 2010.

7. Vereadora guarda drogas em casa antes de revender 

 

Em 15 de outubro de 2009, a vereadora de Colíder (MT)Regiane Rodrigues de Freitas (PRP) foi presa com outras oito pessoas em uma operação de combate ao tráfico de drogas.

Apontada como líder de uma quadrilha, Regiane foi acusada de guardar os entorpecentes em sua casa e repassar as substâncias para outros traficantes, que revendiam a usuários.

Em seu primeiro mandato, ela teria usado o cargo para conseguir carros para o transporte de drogas.

Após ter pedido negado pelo Tribunal de Justiça do Estado, a defesa da vereadora recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e conseguiu um habeas-corpus para libertar sua cliente. Em primeira instância, ela foi condenada a um ano e oito meses de reclusão e pagamento de multa. Regiane ainda foi cassada pela Câmara, onde admitiu ser usuária de drogas. Seu advogado entrou com recurso contra a condenação, mas o caso ainda não foi avaliado. Ela aguarda em liberdade.

8. Liga da Justiça na Assembleia do Rio

 

Ex-deputado estadual no Rio de Janeiro, Natalino Guimarães é apontado como um dos líderes da milícia Liga da Justiça, com atuação em Campo Grande, na zona oeste do Rio, ao lado do irmão, o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho.

A quadrilha, que entre outros serviços ilegais é acusada de extorquir motoristas do transporte alternativo da região, é famosa pela participação do ex-policial militar Ricardo Teixeira Cruz, o Batman - que fugiu pela porta da frente de Bangu 8 em 2008.

No relatório final de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembleia Legislativa do Rio, realizada em 2008, Natalino e Jerominho são identificados como 'a materialização ou personificação da milícia que atua em Campo Grande'. Eleito em 2006 pelo PFL (hoje DEM), o deputado foi denunciado por formação de quadrilha, porte ilegal de arma e resistência, e renunciou ao cargo em novembro de 2008 para escapar da cassação por quebra de decoro. Condenado a penas que somam 15 anos de prisão, está em um presídio federal em Campo Grande (MS), assim como o irmão e Batman.

9. Preso, vereador termina mandato e elege filha

 

Irmão do ex-deputado estadual Natalino Guimarães, o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, é acusado de comandar a milícia Liga da Justiça.

Segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias da Assembleia do Rio, ele foi eleito pela primeira vez em 2000, pelo PMDB, ao criar um "curral eleitoral" em comunidades carentes da zona oeste.

Com 60% dos votos em apenas cinco zonas eleitorais de Campo Grande, área de atuação da milícia, foi reeleito em 2004 e cumpriu todo o mandato, apesar de ter sido preso em 2008.

Em 2009, pegou, junto com o irmão, 10 anos de prisão por formação de quadrilha armada. Filho de Jerominho, o ex-PM Luciano Guinâncio Guimarães também foi condenado por atuação na Liga da Justiça. Em 2008, a filha do ex-vereador, Carminha Jerominho (PT do B), se elegeu para a Câmara Municipal, mesmo presa suspeita de se beneficiar da milícia para obter apoio para sua candidatura. No ano seguinte, porém, ela teve o mandato cassado por arrecadação de fundos antes do prazo estabelecido pela lei eleitoral.

10. Preso dentro da sala da Presidência da Câmara

 

Em dezembro de 2009, o então vereador Cristiano Girão(PMN) foi preso dentro da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, denunciado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Ao perceber a chegada da polícia, ele tentou se esconder na sala da Presidência da Casa, onde recebeu voz de prisão. Antes mesmo da posse, o vereador eleito, que é sargento do Corpo de Bombeiros, foi apontado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias da Assembleia Legislativa como líder da milícia Gardênia Azul, em Jacarepaguá.

Em depoimento à CPI, ele afirmou que agia como "um xerife" na comunidade, impedindo a entrada de traficantes. Ainda segundo a CPI, a Gardênia Azul cobrava taxas para segurança, televisão a cabo clandestina, transporte alternativo e até "aluguel" de carrocinha de pipoca. Em outubro de 2010, ele foi cassado por ultrapassar o limite de 30% de ausência nas sessões ordinárias permitidos em um ano - mesmo com a alegação da defesa de que ele está preso.

11. Vereadora teria intermediado adoção ilegal

 

Ainda no exercício do mandato, a vereadora de Encruzilhada (BA) Maria Elizabete de Abreu Rosa (PRP) foi denunciada por aliciar mulheres grávidas e intermediar crianças para adoção ilegal. De acordo com o Ministério Público, sabendo de problemas de saúde de uma gestante de oito meses, ela ofereceu dinheiro para que a mulher entregasse a filha recém-nascida.

Dez dias depois, o bebê foi registrado como filha de um casal da cidade. Ao menos outras duas mulheres confessaram ter entregue seus filhos à vereadora - uma delas afirmou ter recebido R$ 100 - e uma terceira chegou a ser abordada, mas desistiu, segundo a denúncia.

Em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para tratar das denúncias, Bete, como a vereadora é conhecida, afirmou que o procedimento era "normal" na região entre as pessoas que não tinham estrutura financeira ou psicológica para criarem seus filhos. Ela teve a prisão decretada em 2010, renunciou ao cargo na Câmara e fugiu da cidade. Em janeiro de 2011, a ex-vereadora se entregou à polícia e, pouco depois, teve a prisão revogada. Ela responde a processo pelas acusações.

12. Prefeito acusado de morte de presidente da Câmara

 

O prefeito de Alcinópolis (MS), Manoel Nunes da Silva(PR), foi preso e afastado do cargo em 20 de julho de 2011, suspeito de ser o mandante da morte do vereador Carlos Antônio Carneiro (PDT), presidente da Câmara Municipal, em outubro de 2010.

A vítima foi executada com três tiros em frente a um hotel em Campo Grande por dois homens em uma moto. A dupla acabou presa durante a fuga e confessou ter recebido R$ 20 mil para matar Carneiro, mas não informou o nome do contratante.

Dias após a prisão de Silva, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), afirmou que escutas telefônicas confirmaram o envolvimento do prefeito no crime. O pai da vítima, o vice-prefeito Alcino Carneiro (PDT), disse logo após o crime que Silva poderia ser o mandante do crime, já que seu filho investigava possíveis irregularidades no Executivo municipal.