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3 de out. de 2011

De quem são os tesouros do mar?...


“DE QUEM SÃO OS TESOUROS DO MAR?

De-Quem-São-os-Tesouros-no-MarLegalidade. A Arqueonautas, que se legalizou em Portugal quando a lei
proporcionava a caça ao tesouro, transferiu-se para paragens
africanas, quando a legislação mudou durante o Governo de Guterres.
Mas aqui estão as raízes, membros associados e a sede da empresa
gerida por um conde alemão

Caça-tesouros em Portugal são legais em África

O que é um caçador de tesouros? Até uma criança sabe. Basta-lhe ler uns quantos livros de banda desenhada e ver alguns filmes. A realidade não é assim tão diferente do imaginário infantil. Os caçadores de tesouros existem e andam em busca de preciosidades que jazem esquecidas no fundo do mar.
O património luso espalhado por esses oceanos fora, testemunhas do pioneirismo durante a expansão, tem sido a partir da década de 50 do século XX, alvo de apetites vorazes, com o início do uso do escafandro
autónomo – e mais tarde impulsionado nos anos 70 e 80 com tecnologia mais sofisticada.

Quando, há semanas, noticiámos e desenvolvemos a descoberta de restos e um navio do século XVI, muito provavelmente português, na Namíbia, [cujo desenvolvimento continua, estranhamente por decidir, no
Ministério dos Negócios Estrangeiros, revelámos que dezenas dos nossos antigos navios têm sido mexidos e os recheios leiloados ou vendidos a museus estrangeiros.

Associados de peso

Nesse contexto surgiu o nome de uma empresa sedeada em Portugal, a ArqueonautasWorldWide Arqueologia Subaquática, SA, alvo de algumas contestações, cujo administrador entrevistamos na página ao lado.
Nascida em 1995, a empresa tem hoje associados, entre os nacionais, nomes conhecidos como Francisco Pinto Balsemão, José Manuel Espírito Santo, Henrique Granadeiro, Ricardo Espírito Santo Salgado, José Manuel de Mello, Augusto de Athayde e Ernâni Lopes.


Não terá sido pelo lucro que estes nomes se juntaram, já que, como assume Nikolaus Sandizell, a  rqueonautas, apesar de existir há 13 anos, ainda não começou a dar dinheiro.
Perante a lei portuguesa, a empresa funciona como caça-tesouros, tendo sido impedida de trabalhar em Portugal quando, em meados dos anos 90, o ministro Manuel Maria Carrilho contrariou totalmente a legislação que tinha sido aprovada anteriormente durante a passagem de Santana Lopes pela Secretaria de Estado da Cultura.

As duas faces da moeda

A mesma acusação não pode ser feita à Arqueonautas quando actua em Moçambique e Cabo Verde, países não subscritores da Convenção da UNES-CO de 2001, que determina princípios éticos sobre este
património. É como uma face de duas moedas de leituras completamente distintas.

Por outro lado, Portugal tem assumido ao longo do tempo uma atitude passiva face ao que tem acontecido com os seus antigos navios, muito diferente da tomada pelos espanhóis, que não hesitaram em colocar em
tribunal um dos poderosos caça-tesouros do mundo, a empresa Odyssey, para defender o património dos seus navios naufragados, tendo ganho acções em várias instâncias, nos tribunais norte- -americanos.

A legislação portuguesa costeira surgiu em 1997, antes mesmo da Unesco ter lançado a Convenção sobre a 


Protecção do Património Cultural Subaquático, que Portugal ratificou, mas que para entrar em vigor necessita de mais três países aderentes para chegar a um mínimo de 20 subscritores. O 17.º país a concordar com os termos da convenção foi Cuba que assinou o documento há poucas semanas.
O agravamento da caça ao tesouro levou a que o Conselho da Europa mandasse estudar o fenómeno nos anos 80, tendo daí resultado o famoso Relatório Roper que concluiu, nessa altura, estarmos perante uma
catástrofe ao nível da arqueologia subaquática ilegal.



Legalmente, a Arqueonautas tem feito escavações em Moçambique, em navios portugueses que ali naufragaram. A bordo do Indian Ocean Explorer segue uma tripulação de sete membros e 12 especialistas,
segundo informou a Arqueonautas, numa equipa composta por arqueólogos subaquáticos, classificadores e desenhadores. O arqueólogo responsável é o cubano Alejandro Mirabal.”


Revelando os tesouros do fundo do mar



Por:   “Alexandre Monteiro” no.arame@gmail.com
Revelando-os-Tesouros-do-Fundo-do-MarOs navios afundados guardam muitos mistérios em suas estruturas corroídas. E excitante pensar que bravos marinheiros os manobravam para singrar os oceanos ou mesmo envolver-se em lutas sangrentas com piratas para defender suas valiosas cargas. Por muitos séculos, essas embarcações afundadas permaneceram longe do alcance de nossa curiosidade.
Porém, com a descoberta e o aprimoramento dos equipamentos de mergulho, o homem afastou o véu dos segredos e pôde atingir seus sonhos: conhecer de perto os naufrágios. E quando nadamos calmamente pelos corredores das embarcações, ouvindo apenas o barulho de nossa própria respiração, podemos sentir a presença mágica do lugar, com as incontáveis formas de vida que colonizaram seus compartimentos.



Os navios afundados naufrágios, no jargão dos mergulhadores — sempre foram alvo de caçadores de tesouros, que deles tentavam retirar alguma coisa da carga valiosa que afundara junto com a embarcação. As primeiras tentativas foram tímidas, com os aventureiros recuperando objetos espalhados pelo fundo. Mas com o passar dos anos e o desenvolvimento de técnicas específicas, foi possível criar um método de recuperação de objetos submersos, que hoje tem o auxílio de detetores magnéticos e robôs, além de minuciosos estudos científicos.


Mesmo com a utilização das técnicas modernas e os recursos empregados nas recuperações, as histórias de sucesso são raras. Mel Fisher, presidente da Treasure Salvours, uma empresa exclusiva de resgates, tornouse famoso ao recuperar um valioso tesouro das profundezas do mar.


As pesquisas levaram Fisher aos destroços do Nuestra Señora de Atocha, um galeão que afundou em 1622 nas águas rasas e quentes do Caribe, rendendo ao mergulhador mais de 400 milhões de dólares em objetos valiosos. Para a maioria, no entanto, o prêmio é o insucesso, fazendo com que inúmeros pesquisadores abandonem suas buscas muitos anos e dólares depois de iniciadas.
Sobre esses aventureiros em geral ainda paira o estigma de piratas que pilham os objetos encontrados. Vale esclarecer que os caçadores de tesouros são na maioria estudiosos que gastam muitos de seus anos em bibliotecas, levantando dados que possam levar a um navio que tenha relevância histórica. Isto é o que acontece no Brasil, já que, conforme a Lei Nacional que regulamenta a exploração de submersos, cabem à União todos os direitos sobre os tesouros que porventura forem encontrados pelos mergulhadores. 0 que não impede que dezenas de aventureiros se dediquem a procurar tesouros pelos oito mil quilômetros da costa brasileira, rica em naufrágios, pois há dois mil deles catalogados. Embora a maioria não esteja adequadamente localizada, um grande número é freqüentemente visitado por mergulhadores em busca apenas de aventura. E o que acontece com o Alfama de Lisboa, afundado em agosto de 1809, no litoral de Recife, e que é considerado um dos mais antigos naufrágios brasileiros. De suas estruturas frágeis, já foram recuperadas por amadores peças valiosas em cerâmica, porcelana e prata, em perfeito estado de conservação.
Em Pernambuco também se encontra o mais importante naufrágio brasileiro: o do navio Santa Rosa. Esta embarcação foi a pique no ano de 1726, próximo ao cabo de Santo Agostinho, com 26 toneladas de ouro a bordo. A valiosa carga afundada transformou o Santa Rosa no segundo naufrágio mais valioso do mundo.
Em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco encontrase a maioria dos navios afundados na costa brasileira. 


Neles já não há mais tesouros a recuperar, e os mergulhadores que se aventuram a explorálos estão mais interessados em apreciar a belíssima fauna marinha do que recuperar algum objeto valioso.
É preciso saber mais do que apenas mergulhar para ser um caçador de tesouros. A recuperação e principalmente a restauração e a conservação das peças encontradas requerem estudo e técnicas adequadas, além de altos investimentos financeiros. Há mergulhadores despreparados que retiram do mar verdadeiros patrimônios históricos sem ter noção do que encontraram, causando, muitas vezes, perda total do achado. Além disso, localizar e identificar um navio nem sempre é fácil, ainda mais saber de sua carga, já que seus dados estão perdidos nos séculos. O trabalho deve ser feito em conjunto entre os técnicos e seus assistentes, que estudam .as possibilidades e cuidam da manutenção dos objetos.
Embora haja uma aura de mistério envolvendo as explorações de naufrágios, usando-se a metodologia correta é possível ter êxito. Alguns dados são importantes, como a localização do navio, a profundidade, a penetração do casco e o sedimento que o envolve. Estas informações ajudam a prevenir surpresas, como, por exemplo, o tombamento das estruturas, que se deterioram com o passar dos séculos. Como instrutor de mergulho diplomado pelo PDIC (Professional Diving Instructors Corporation), procuro minimizar os riscos do mergulho em destroços, ensinando técnicas que tornam o mergulhador apto a enfrentar as dificuldades desses locais.


Mas nem sempre as surpresas são desagradáveis. Lembrome da ocasião em que um mergulhador retirou do interior de um cargueiro afundado há mais de cem anos um pequeno pacote de papel perfeitamente conservado. Na etiqueta podia ler-se claramente: “Agulhas CRGP são de superior qualidade — Fabricadas do melhor aço.” Aberto o pacote, lamentouse que as agulhas não fossem tão resistentes quanto a etiqueta, pois já se haviam transformado numa massa negra e disforme.

Não é apenas a ação contínua do mar que prejudica a retirada dos objetos dos navios. No oceano, qualquer suporte rígido é utilizado por espécies animais e vegetais, para dele extrair alimento e obter sustentação. As embarcações são verdadeiros chamarizes para estes seres vivos, tornando-se com o passar dos séculos recifes cobertos de organismos, o que dificulta sua identificação e recuperação. Assim, a fauna dos naufrágios é sempre exuberante. Além dos minúsculos animais que aderem às diversas peças, muitos peixes grandes, como tubarões e raias, as utilizam como repouso. E fácil imaginar a surpresa de alguém deparar com um tubarão de mais de dois metros dormindo em algum compartimento.
As rodas de propulsão do vapor Bahia, que afundou ao colidir com outro navio no litoral de Olinda, em março de 1887, são agora habitadas por inúmeros cardumes, o que proporciona um espetáculo inesquecível aos que se aventuram por estas águas.
Além do tubarão, o peixe-pedra ou mangangá (Scorpaena sp.), também é um assíduo morador dos destroços submersos. O seu forte veneno, secretado por suas glândulas ligadas aos espinhos na nadadeira dorsal, representam um grande perigo para qualquer mergulhador, desavisado ou não. Camuflado dentro do navio, o peixe dificilmente é percebido, o que facilita que atinja o homem que nele toque.
Para muitos mergulhadores de naufrágios é triste constatar que sua descoberta não resistiu à ação dos tempos. Como exemplo, o galeão português São Paulo, que, embora possuísse 840 toneladas e vários canhões, não suportou a batalha contra os piratas no cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, e afundou no ano de 1652. Famoso pela sua antiguidade, o navio foi por muito tempo motivo de cobiça entre os caçadores de tesouros. Mas, descoberto o local de seu túmulo no mar, constatou-se que toda a sua estrutura de madeira se desintegrata, sobrando apenas as âncoras e alguns canhões. Uma decepção para os cobiçosos caçadores, mas um naufrágio historicamente importante, e ponto de honra no currículo de qualquer mergulhador.


Fonte: www.naufragiosdobrasil.com.br