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18 de out. de 2011

A lenda do pianista do mar: Correlação com as teorias existenciais


1900: A lenda do pianista do mar

    Magnífico, cinematograficamente falando. Inspirador, poeticamente falando. Esplendoroso existencialmente falando. O filme reúne uma trilha sonora impecável, uma direção aplausível e atuações hipnotizantes. Nessa obra encontramos a história de uma criança que é deixada a bordo de um navio durante um cruzeiro  na passagem do século XIX para o século XX. Essa criança é então criada no navio por sua tripulação e passa a ser chamado de 1900, referência ao ano em que nasceu. A voz em off que narra detalhes do filme diz que para o mundo ele não existia (um ser para si apenas?). Não possuía documentos de identificação, não possuía qualquer vínculo com a mãe e o pai biológicos, e inclusive não possui qualquer vínculo com outras crianças uma vez que a sua realidade era única e tão somente o navio. A partir daí o sujeito já pode começar a se questionar quem ele é, o que faz ali e o que vai fazer com isso. Ele exteriorizava o seu eu através da música. A música dava significado à sua existência no mundo.

1900 vive muito menos angustiado que a maioria das pessoas, pois seu mundo  (o navio), é menor: as possibilidades de escolha que se tem dentro de um navio são altamente reduzidas se comparadas com a multiplicidade que a Terra nos oferece. Pelo que o filme mostra, parece que nem o próprio sabia por que ele não queria sair do navio. 

A possibilidade de desconforto causado pela sua saída do navio era muito grande. Ele preferia viver com o seu velho, mas conhecido e controlado, ser angustiado, do que se abrir para novas possibilidades. Sair da zona de conforto, mesmo para coisas que podem ser muito melhores é difícil para todo ser humano e isso torna-se evidente no dilema existencial de 1900. A dificuldade de enfrentar novas situações traz medos imponentes, medos que sempre se revelam quando se está diante do novo, do desconhecido. Ali, você não sabe como agir, o que fazer nem como fazer.


A grande angústia da sua vida é escolher sair ou não do navio e quando ele transfere essa responsabilidade da escolha ao “vento”, ele busca não se responsabilizar pelas conseqüências da sua escolha, e acaba voltando para o navio e viver o resto da vida sentindo-se culpado. Na verdade isso é muito mais conveniente à 1900, pois mesmo não escolhendo, ele optou por não escolher (sair ou não). E essa escolha causou-lhe angústia. Ele sabe que ele é capaz de enfrentar todas as eventuais adversidades da Terra, mas não quer arriscar. Então eu deixo a questão:



Covarde por não experimentar o mundo que se abria bem na sua frente ou esperto o bastante para evitar que a terra firme desabasse com tudo que ele tinha construído ao longo da sua vida? Deixo a resposta com vocês. 

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