Blog

Blog

24 de out. de 2011

A morte


Por que a morte meche tanto com a gente, hein? Não estou falando quando morre nosso pai, esposa ou filho, por que aí está patente a razão. Mas a morte de outras pessoas desestruturam-nos por completo e certamente abalam nossa psiqué. Estava em casa, numa noite tão serena e rotineira, que noite mais normal seria impossível. Quando de repente vejo a mensagem no facebook:


“LUTO ENTÃO, UM EX MEMBRO DA Pitaco Trupe Teatral MORREU HJ -> PEDRO AUGUSTO!” (NILTON, 2011).

A morte é quem dá as cartas


Só pra contextualizar, vai fazer um mês que eu faço parte do grupo Pitaco, nunca sequer tinha ouvido falar do Pedro, e agora, com essa notícia, uma angústia invadiu minha alma e eu não sei explicar o por que. E inevitavelmente um turbilhão de reflexões vem à mente; a dor da perda sufocante e uma sensação ruim de escuridão tomam conta de mim. E eu não conheço o rapaz. Questão de amigos em comum. Aí eu navego nos meus pensamentos.

          Partindo um pouco para o âmbito geral, é engraçado como a morte nos faz pensar uma infinidade de coisas que poderiam ter acontecido e não aconteceram. Frases do tipo “nossa, eu nem acredito. Estive com a pessoa ontem mesmo!”. E provavelmente não aproveitou bem esta estadia. E quando a morte é repentina, parece que o sentimento de culpa aumenta ainda mais: quando a pessoa está com câncer em estado terminal, ou num leito de morte, por exemplo, todo mundo vai aproveitar os seus últimos instantes de vida, ouvir com atenção o que a pessoa tem pra dizer, ser gentil com ela, fazê-la se sentir feliz.

Por outro lado, quando a pessoa é jovem, cheio de vida e saúde, ninguém espera que ela vá morrer, apesar de que TODOS nós estamos suscetíveis à morte e INEVITAVELMENTE vamos morrer, mais dia, menos dia. Mas não precisava ser agora, muitos podem dizer. “E o que você entende pra saber qual é a hora certa da pessoa morrer?” pergunto eu.
Um abraço sempre faz bem
E nesse ínterim de juventude e vida exilando por todos os lados, esquecemos de ver o ser humano em busca da felicidade que há em cada um de nós. Só quando certas coisas acontecem conosco é que percebemos quão preciosos são os momentos que se passaram, que poderíamos ser mais felizes e fazer os outros mais felizes, mas não o fizemos. E por quê? Não sou eu quem vai te dar a resposta.

Não querendo transferir a culpa, mas as pessoas tem se entregado demais ao sistema econômico sob o qual elas estão sendo influenciadas. O capitalismo tem feito as pessoas buscar muito o subir na vida a qualquer custo e esquecer-se das pequenas e belas coisas, como um passeio na orla do rio à tarde, uma noite que se dorme na casa de um amigo e fica-se até 4 da manhã batendo papo sabe-se lá sobre o quê, um telefonema que se poderia dar, mas não seu por que trabalhou até tarde e estava cansado. Um “oi”, ou um olhar. Um abraço apertado o qual muitas vezes temos vergonha de dar a um amigo por parecer, sei lá, “muito gay”. Pois é, nós poderíamos ter feito tudo isso juntos. Mas não fizemos. E agora não adianta se arrepender. Na verdade, agora é tarde demais.

A hora do adeus