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26 de out. de 2011

Movimento dos trabalhadores rurais sem terra – MST


Vez ou outra as mídias sociais vem massacrando o famoso e um tanto polêmico MST. Na verdade isso acontece todas as vezes que têm oportunidade.  É claro que elas têm que fazer isso, principalmente a poderosa rede globo, pois quem a sustenta é o capitalismo e não o MST.



Conhecidos como o terror dos fazendeiros, como o grupo de vândalos e cachaceiros, muitas vezes desprezados por uma parcela da sociedade, vítimas de preconceito e discriminação, os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra não se intimidam e continuam sua luta.

Só que quando chega a notícia pela TV ou pela (direita extremista) Veja “Sem terra invade fazenda e derruba mil pés de laranja”, por exemplo, as pessoas já julgam: “bando de sem o que fazer. Não constroem nada na vida e ainda ficam destruindo o que é dos outros.” A expressão “o que é dos outros” se encaixa no que o fazendeiro explorou de seus trabalhadores, pois eu te garanto que não foi ele quem plantou. Ideologias à parte, as pessoas não fazem o mínimo esforço de conhecer o outro lado da moeda. E a culpa não é tanto das pessoas, por que elas são mesmo manipuláveis e evitam ao máximo a fadiga: querem a notícia mastigada e vão engolindo qualquer coisa que vem pelas mídias manipuladoras.


            Isso tudo que eu estou dizendo não é um mero desabafo idealista. É a mais pura realidade: enquanto você lê isto, crianças podem estar morrendo de fome por não ter direito à terra num país tão grande como o Brasil. A sociedade brasileira ainda carrega consigo o ranço do autoritarismo e ele se reflete nas mais diversas relações tornado extremamente desigual as relações de poder. Logo, quem tem mais poder, pode manipular a notícia. Quem tem menos poder (ou na verdade não tem poder frente ao que a sociedade valoriza), acaba sempre perdendo.




            Por vivermos em uma sociedade verticalizada e hierarquizada na qual as relações sociais são sempre são sempre realizadas ou sob forma de cumplicidade (entre iguais – geralmente políticos, donos de grandes emissoras, etc.) ou de mando e obediência (entre sujeitos diferentes – patrão, empregado; rico, pobre), compreende-se a impossibilidade de realizar a política democrática baseada nas ideias de cidadania e representação – esta é substituída pelo favor, pela clientela, pela tutela. Compreende-se também por que a ideia socialista de justiça social, liberdade e felicidade se coloca no campo da utopia. E quem acaba perdendo com isso? Garanto-lhe que não é você, classe média, confortavelmente sentado em frente ao seu computador.



            O movimento MST expõe todas as formas constitutivas de violência da sociedade brasileira: a absurda desigualdade econômica em patamares escandalosos no nível planetário, a relação íntima entre Estado e classe dominante, a oscilação do Estado entre paternalismo e militarismo, a inversão ideológica pela qual os agentes violentos são os sem-terra, etc. O que deveria ser pensado e não o é, é que quem faz parte do MST são pessoas e não coisas. O problema existe, os poderosos fazem de tudo para tampá-lo e não resolvê-lo. A sociedade faz de tudo para não percebê-lo. E a síntese dessa dialética terrível é que os milhares continuam debaixo da lona, enfrentado sol, chuva, frio e muitas vezes fome. Pessoas assim como você são tratadas como coisa, pior que animais, enxotadas e subjugadas, todos os dias, quando elas apenas lutam por seus direitos. Democracia? Só conheço de nome. Se continuarmos a aceitar que nossos semelhantes vivam nessa execrável situação que corrói toda a dignidade humana, temo jamais conhecer a verdadeira democracia.

Mas você, o que pensa do MST?

Referências bibliográficas: CHAUÍ, Marilena. Ética e violência.

Fonte - peripécias psicológicas