Poucos artistas no Brasil podem se orgulhar de seu currículo como Chico Anysio. Humorista, ator, locutor, produtor teatral, cronista esportivo, compositor e pintor de quadros, o cearense nascido em Maranguape está na ativa desde os anos 50 do século XX, quando fez um teste (e passou) para ser locutor da rádio Guanabara e desde então sua carrreira tem sido profícua em apresentar aos Brasil personagens cômicos que entraram para história do humor brasileiro, seja ele visto na televisão, rádio ou cinema.
Chico Anysio, o multiartista genial
Não é apenas no texto que os personagens criados pelo humorista cearense se destacam. É impressionante como Chico Anysio consegue, dentre os incontáveis tipos criados por ele, interpretar de um jeito único e diferente cada um deles. Talvez esse seja o segredo do sucesso dos seus programas televisivos, desde a primeira versão de Chico Total, que foi ao ar em 1959 ainda com o nome de ‘Só tem Tantã’, até o Chico Anysio Show, Escolinha do Professor Raimundo, Chico City, Estados Anysios de Chico City e a nova versão de Chico Total. Isso sem mencionar as incontáveis participações em novelas, seriados e programas especiais, sempre na Rede Globo.
Personagens inesquecíveis do Chico Anysio
Sem medo de parecer injusto, mencionaremos aqui os personagens mais emblemáticos criados pelo multiartista chamado Chico Anysio. Claro, você pode até discordar de um ou outro nome aqui colocado, mas não pode negar a importância deles em expressar, em última instância, a genialidade de Chico Anysio. Vamos a eles.
Professor Raimundo: o mestre tinha que se virar com sua classe que mais parecia uma turma de supletivo da melhor idade dada a gracejos. Santa paciência, hein Professor Raimundo? A cereja do bolo era o final do programa, uma alfinetada dirigida para aqueles que não cuidam da educação no Brasil: o bordão ‘E o salário, ó!’ tornou-se um dos mais conhecidos da televisão brasileira.
Alberto Roberto: o protótipo do galã de televisão metido a conquistador, não podia ver uma mulher que soltava cantadas esdrúxulas, na vã esperança de que mais uma beldade caísse em seus braços de sex symbol e ouvisse declarações de amor eterno tão verdadeiras como uma nota de 3 reais.
Bento Carneiro: o vampiro brasileiro tinha um sotaque caipira do interior do Brasil e um defeito inadmissível para uma criatura das trevas: morria de medo do sobrenatural. Para piorar a situação, o cara era azarado: até as pragas rogadas por ele se voltavam contra o próprio, criando situações cômicas.
Coalhada: mais um personagem caricatural representado com maestria por Chico Anysio. Coalhada é jogador de futebol e tal como boa parte deles, é canastrão e perna de pau, além de ostentar um estrabismo que não condiz muito com a profissão de boleiro.
Justo Veríssimo: político inescrupuloso e corrupto (quase um pleonasmo aqui no Brasil), o bigodudo só se preocupava em dar uma banana aos pobres, para os quais soltava o bordão ‘Eu quero que pobre se exploda!’ sem o menor constrangimento.
Painho: um dos personagens que melhor exemplifica a capacidade de interpretação de Chico Anysio. Painho é um pai-de-santo baiano, com toda a malemolêcia típica do povo da boa terra.
Popó: o velhinho rabugento de barba proeminente vive reclamando da vida e para isso não poupa ninguém, arrancando gargalhadas ao montes.
Claro que não vou relacionar aqui os mais de 100 personagens criados por Chico Anysio. Quis elencar aqueles que julgo mais emblemáticos de sua produtiva carreira, mas vale apena fazer a menção a alguns outros, muito divertidos também:
- Haroldo, o personal trainer gay
- Tavares, o malandro sustentado pela mulher
- Silva, o sedutor caixeiro viajante
- Urubulino, o agourento
- Bozó, artista da Globo
- Pantaleão, o mentiroso