A presença do fundador da Microsoft foi a grande atração na abertura do encontro que reúne jovens cientistas e ganhadores do Prêmio Nobel no sul da Alemanha para trocar experiências na área de saúde.
Por: Carla AlmeidaPublicado em 27/06/2011 | Atualizado em 27/06/2011
Bill Gates, fundador da Microsoft e da Fundação Bill e Melinda Gates, durante a abertura do 61º Encontro de Prêmios Nobels em Lindau (Alemanha). (foto: divulgação)
No domingo (26/6), começou oficialmente o 61º Encontro de Prêmios Nobels em Lindau. Até sexta-feira (1/7), 23 laureados irão se reunir com um grupo de quase 600 jovens pesquisadores de cerca de 80 países para trocar ideias, discutir projetos e fazer contatos.
Nesta edição, o evento, que acontece todo ano na mesma época e no mesmo local – no verão europeu e em uma ilha simpática no sul da Alemanha –, traz como questão principal a saúde global. Para discuti-la, foram convidados nada menos do que os pesquisadores agraciados com o prêmio mais importante da ciência nas categorias medicina/fisiologia e química.
Embora os Nobels sejam as grandes estrelas do evento, foi William H. Gates III, fundador da Microsoft e da Fundação Bill e Melinda Gates, quem roubou a cena na cerimônia de abertura do evento – a sua “simples” presença causou um grande frisson.
Gates falou um pouco de sua trajetória, reconhecidamente privilegiada, e de como a concretização de suas ideias influenciou o modo de se fazer ciência. Ele aproveitou para estimular os jovens cientistas presentes a perseguir seus objetivos. “O potencial para outras grandes descobertas é muito forte e eu acho que novamente serão os mais jovens que irão enxergá-las de maneira mais clara”, disse.
A cada ano, instituições de pesquisa e órgãos de fomento de vários países indicam cerca de 25 mil nomes de jovens pesquisadores para participar do evento. Do total, 1.500 são contatados. Estes preenchem uma série de formulários e esperam para saber se estarão entre os selecionados.
As expectativas são grandes e diversificadas entre os jovens participantes. Para a médica sérvia Ivana Simic, de 27 anos, há quase um ano na Universidade de Heiderlberg (Alemanha), o objetivo é conhecer pessoas que estão lidando com questões na mesma área em que desenvolve pesquisa, “para trocar experiências, claro”.
Ivana busca tratamentos para glomerulonefrites, doenças que afetam o funcionamento dos rins e que ainda não têm cura. Ela está especialmente ansiosa para a palestra da Nobel de Medicina Elisabeth H. Blackburn, que recebeu o prêmio em 2009 – junto com Carol W. Greider e Jack W. Szostak – pela descoberta de como os telômeros protegem os cromossomos e da enzima telomerase. “Ainda bem que ela será a primeira a falar”, comenta.
O médico colombiano William Omar Contreras Lopez, de 36 anos, tem um objetivo mais específico em Lindau: “Quero convidar três prêmios Nobels para fazer uma visita à Colômbia, para promover a ciência no meu país; não temos muita pesquisa na Colômbia hoje porque não há muito investimento.”
William desenvolve estudos com células-tronco embrionárias na Universidade de Freiburg (Alemanha) voltados para doenças neurodegenerativas como Parkinson e Huntington.
Hande Erdal, da Turquia, tem 25 anos, acaba de terminar o curso de medicina na Universidade de Heidelberg (Alemanha) e já vai começar a trabalhar no Laboratório de Biologia Tumoral e Gastroenterologia da instituição. Em Lindau, pretende recarregar as energias.
“É uma chance única na vida estar aqui nesse evento. Espero uma semana relaxante, com informações úteis e troca de experiências. É minha única chance de ver Sol, água e pessoas interessantes. Quero combinar tudo isso.”
Já os que não foram escolhidos para participar do encontro não precisam ficar frustrados. Afinal, até o alemão Klaus von Klitzing, vencedor do Nobel de Física em 1985, teve a sua candidatura negada para o Encontro de Prêmios Nobels de Lindau como jovem cientista.
“Ele costuma fazer piadas sobre isso dizendo que primeiro teve que ganhar o Prêmio Nobel para então ser convidado”, contou a condessa, sugerindo àqueles a quem foi dada a oportunidade de estar em Lindau que usem e abusem desta semana.
Carla Almeida
Ciência Hoje On-line
Nesta edição, o evento, que acontece todo ano na mesma época e no mesmo local – no verão europeu e em uma ilha simpática no sul da Alemanha –, traz como questão principal a saúde global. Para discuti-la, foram convidados nada menos do que os pesquisadores agraciados com o prêmio mais importante da ciência nas categorias medicina/fisiologia e química.
Embora os Nobels sejam as grandes estrelas do evento, foi William H. Gates III, fundador da Microsoft e da Fundação Bill e Melinda Gates, quem roubou a cena na cerimônia de abertura do evento – a sua “simples” presença causou um grande frisson.
“O potencial para outras grandes descobertas é muito forte e eu acho que novamente serão os mais jovens que irão enxergá-las de maneira mais clara”
Bill Gates – junto com Martin T:son Engstroem, fundador do Festival Verbier Academia – foi incorporado ao chamado Senado Honorário da fundação que organiza o evento por seu compromisso pessoal e investimento contínuo em jovens talentos.Gates falou um pouco de sua trajetória, reconhecidamente privilegiada, e de como a concretização de suas ideias influenciou o modo de se fazer ciência. Ele aproveitou para estimular os jovens cientistas presentes a perseguir seus objetivos. “O potencial para outras grandes descobertas é muito forte e eu acho que novamente serão os mais jovens que irão enxergá-las de maneira mais clara”, disse.
Entusiasmo e expectativas
No fundo, o evento, que começou em 1951 como uma reunião de um seleto grupo de prestigiosos cientistas, é todo dedicado às novas gerações de pesquisadores. Foram eles que lotaram o auditório do centro de convenções em Lindau e são eles que circulam esbanjando energia, entusiasmo e satisfação por terem sido os escolhidos da vez.A cada ano, instituições de pesquisa e órgãos de fomento de vários países indicam cerca de 25 mil nomes de jovens pesquisadores para participar do evento. Do total, 1.500 são contatados. Estes preenchem uma série de formulários e esperam para saber se estarão entre os selecionados.
A cada ano, instituições de pesquisa e órgãos de fomento de vários países indicam cerca de 25 mil nomes de jovens pesquisadores para participar do evento
Este ano, a grande maioria é, naturalmente, da própria Alemanha. Muitos vêm dos Estados Unidos. Os Brics estão relativamente bem representados: cerca de 40 chegam da Índia, 35 da China, oito da Rússia e cinco do Brasil. Entre os latino-americanos, há ainda três do Chile, dois do Equador, dois do Uruguai, um da Argentina, um do Peru e um da Colômbia.As expectativas são grandes e diversificadas entre os jovens participantes. Para a médica sérvia Ivana Simic, de 27 anos, há quase um ano na Universidade de Heiderlberg (Alemanha), o objetivo é conhecer pessoas que estão lidando com questões na mesma área em que desenvolve pesquisa, “para trocar experiências, claro”.
Ivana busca tratamentos para glomerulonefrites, doenças que afetam o funcionamento dos rins e que ainda não têm cura. Ela está especialmente ansiosa para a palestra da Nobel de Medicina Elisabeth H. Blackburn, que recebeu o prêmio em 2009 – junto com Carol W. Greider e Jack W. Szostak – pela descoberta de como os telômeros protegem os cromossomos e da enzima telomerase. “Ainda bem que ela será a primeira a falar”, comenta.
O médico colombiano William Omar Contreras Lopez, de 36 anos, tem um objetivo mais específico em Lindau: “Quero convidar três prêmios Nobels para fazer uma visita à Colômbia, para promover a ciência no meu país; não temos muita pesquisa na Colômbia hoje porque não há muito investimento.”
William desenvolve estudos com células-tronco embrionárias na Universidade de Freiburg (Alemanha) voltados para doenças neurodegenerativas como Parkinson e Huntington.
Hande Erdal, da Turquia, tem 25 anos, acaba de terminar o curso de medicina na Universidade de Heidelberg (Alemanha) e já vai começar a trabalhar no Laboratório de Biologia Tumoral e Gastroenterologia da instituição. Em Lindau, pretende recarregar as energias.
“É uma chance única na vida estar aqui nesse evento. Espero uma semana relaxante, com informações úteis e troca de experiências. É minha única chance de ver Sol, água e pessoas interessantes. Quero combinar tudo isso.”
Exemplos e contraexemplos
Quem sabe o que o futuro reserva a esses jovens? Um exemplo inspirador pode ser o do alemão Berk Sakmann, vencedor, junto com Erwin Neher, do Nobel de Medicina de 1991.O alemão Berk Sakmann, vencedor do Nobel de Medicina de 1991, esteve no evento como estudante e agora está de volta como laureado
“Ele esteve aqui como estudante e agora está de volta como laureado”, lembrou a Condessa Bettina Bernadotte, presidente do conselho responsável pelos encontros, na cerimônia de abertura. “Mas, sem pressão”, brincou.Já os que não foram escolhidos para participar do encontro não precisam ficar frustrados. Afinal, até o alemão Klaus von Klitzing, vencedor do Nobel de Física em 1985, teve a sua candidatura negada para o Encontro de Prêmios Nobels de Lindau como jovem cientista.
“Ele costuma fazer piadas sobre isso dizendo que primeiro teve que ganhar o Prêmio Nobel para então ser convidado”, contou a condessa, sugerindo àqueles a quem foi dada a oportunidade de estar em Lindau que usem e abusem desta semana.
Carla Almeida
Ciência Hoje On-line