Blog

Blog

15 de mar. de 2012

Aeronaves na antiguidade?


Se o homem tivesse se convencido de que voar é com os pássaros, sequer teria sonhado em ser ele mesmo um pássaro, enquanto homem. Felizmente esse não foi o caso. De tanto sonhar, conseguiu voar, muito além do que imaginou ! Vem de muito longe, no tempo, esse sonho de voar. Quando o sonho se tornou realidade? Não sabemos ao certo, embora sonho e realidade se confundem na história do homem-pássaro. Modernamente se credita o primeiro vôo de um objeto mais pesado que o ar ao nosso Alberto Santos Dumont. Será que isso foi realmente assim ? Existem muitos relatos e registros de máquinas voadoras em diferentes culturas  na antiguidade. Encontramos referências entre os indianos, chineses, tibetanos, incas, sumérios, egípcios, judeus e muitas outras culturas.  Algumas representações e descrições são por demais realistas para que pensemos serem obra da imaginação muito fértil dos relatores e artistas de então.
Entre os Incas da América do Sul, foram encontrados objetos confeccionados em ouro que a princípio pareciam figuras zoomórficas. Entretanto, numa análise mais cuidadosa, poderíamos perguntar: que tipo de animais são estes? Existiria algum pássaro com a cauda levantada na vertical ?  Em verdade, esses artefatos muito se assemelham às aeronaves modernas; seja na disposição das asas, no formato vertical da cauda, no desenho de inconfundível aerodinâmica e até no que parece ser a cabine de um só piloto. Não é razoável, portanto, supor que esses sejam pássaros estilizados.
          

O conhecimento dos Incas é admirável. Construtores de pirâmides sofisticadas que bem mostra o quanto conheciam de geometria, com sofisticados sistemas de medidas, arquitetura e engenharia. Tinham conhecimentos de astronomia e entendiam os movimentos da Terra em relação ao Sol, o que permitiu que elaborassem um calendário bem preciso que muito os ajudava na agricultura. Por tudo isso, podemos deduzir que eram um povo por demais prático e que, ao que parece, não eram afeitos a eventuais perda de tempo.  Os Incas, portanto, sabiam muito bem o que estavam fazendo, ao esculpirem  figuras que mais se assemelham a objetos voadores.
Quanto a esses objetos, ninguém sabe ao certo a data em que os Incas os confeccionaram, muito menos o que os inspirou. Não há indícios de que estejam relacionados com algum ritual ou culto religioso. O que se sabe, todavia, é que existem objetos que representam pássaros, fabricados pelo povo Inca, e que em nada se parecem com os objetos acima. Na verdade eles sabiam muito bem como modelar uma ave, como bem demonstra  o  tucano  ao  lado.
No Templo do Novo Reino situado a alguns quilômetros ao sul do Cairo, Egito, cuja construção  data de aproximadamente 3.000 anos, existem intrigantes gravuras, entalhadas nas paredes de pedra, retratando máquinas voadoras cuja semelhança com aeronaves modernas não as deixam passar desapercebidas.  O mural hieroglífico, talhado na pedra, situa-se no alto, próximo ao teto, o que de certa forma o resguardou da curiosidade e proximidade daqueles menos cuidadosos. A localização do mural abaixo, no ambiente do Templo do Novo Reino 1 pode ser vista ao clicar no link.                  
         
Entalhe em uma das paredes de pedra de templo egípcio
Destacamos embaixo algumas das gravuras do mural do templo, comparando-as com aeronaves modernas. A semelhança é tão grande que dificilmente alguém permaneceria indiferente a essas possíveis máquinas do passado.
 
                                Helicópteros                                                                                                                          Aviões  a  jato-propulsão
               
                                                                      Modernas 

Aeronaves - O que  seria  isso?

Na China as descrições de veículos voadores remontam aos primórdios da história dessa que é uma das mais antigas civilizações.  As máquinas  voadoras são descritas como sendo confeccionadas de madeira leve e impulsionadas por meios mecânicos, embora ainda desconhecidos dos pesquisadores. Existem descrições de aparelhos onde “um conjunto de espadas ou lâminas” são acopladas e giram em altíssima velocidade fazendo com que “o pássaro” possa levantar vôos e viaje por longas distâncias. Embora  não exista menção da peça motriz em si mesma, ou o motor, não resta dúvidas de que essas são descrições de um aparelho fabricado com a clara intenção de voar.  É relevante notar que embora sejam narrativas que se assemelhem a fábulas ou estórias, contêm, não obstante, não apenas relatos da praticidade desses aparelhos em pleno vôo, mas freqüentes e interessantes instruções de como construí-los 2
Registros semelhantes existem na literatura da Coréia. Um dos textos narra um inventor chamado Jung Pyung Goo  que criou um aeroplano dotado de hélices que giravam na parte de cima do seu aparelho, o qual podia viajar a longas distâncias e era capaz de levantar e baixar vôos na vertical à semelhança dos modernos helicópteros. Ele o construiu com base em instruções contidas em documentos antiquíssimos e utilizou seu invento durante a Guerra Im Jin  (entre a Coréia e o Japão em 1592-1597) para libertar um amigo que corria perigo e era prisioneiro no Forte Jin Joo, resgatando-o e levando-o a salvo para um local situado a 48 Km de distância 3.
A Suméria foi uma das mais bem sucedidas civilizações da antiguidade. Situada na região que mais tarde seria conhecida como Mesopotâmia (atual Iraque). A civilização sumeriana teve início em torno de 4.500 anos a.C., atingindo o ápice cultural em torno de 3.000 a.C. Floresceu entre os rios Tigre e Eufrates, que lhes garantia terras férteis, no que puderam aproveitar no desenvolvimento da agricultura. Foram inventores da escrita cuneiforme, provavelmente um dos primeiros sistemas de registro. Tinham conhecimentos de Astronomia, baseados na observação, tendo reconhecido os cinco principais planetas, distinguindo-os das estrelas. Encontramos também  referências entre os sumérios sobre máquinas voadoras, nos relatos das visitas de deuses e seres superiores. Embaixo, vemos um entalhe sobre pedra narrando a visita de Ea In, que descendeu dos céus numa aeronave.
    
No detalhe, vemos  uma comparação entre a nave retratada no mural
com um moderno avião a  jato.

Entre os judeus, não podemos esquecer o estranho episódio narrado no Antigo Testamento (Quarto Livro dos Reis), em que Elias foi arrebatado numa carruagem de fogo com cavalos de fogo e que subiu, levantando um imenso redemoinho. Ezequiel (1, 4-28) teve a visão de um globo de metal, brilhante, envolto numa nuvem como um redemoinho e que emanava fogo. Viu também umas “rodas brilhantes” que emanavam luz azulada (da cor do mar) e que tinham dentro de si outras “rodas menores” feitas de metal que giravam continuamente; tinham uma grandeza e altura nunca visto antes e tinham muitas lamparinas e muitos olhos em todos os seus lados (seriam janelas ?). Essas rodas pairavam acima de quatro objetos metálicos móveis que o profeta os compara com animais. Quando esses  moviam, as rodas os acompanhava, quando os “animais” paravam, as rodas também paravam. Tudo brilhava como  se  fosse  um cristal de brilho inigualável e (ao moverem-se) faziam um som como de muitas águas, ou como o murmúrio de uma grande multidão.
De todos os relatos antigos sobre a ocorrência de máquinas voadoras em passado remoto, nenhum se compara com as referências à Índia. Os Vedas, antigos tratados filosóficos e religioso da Índia antiga, estão repletos de narrações sobre essas  máquinas  voadoras. O termo utilizado é ,  proveniente do Sânscrito e que significa literalmente objeto celestial (objeto que pode voar nos céus) ou máquina voadora. Um sinônimo da palavra  em Sânscrito é  ou  nau de onde derivou a palavra latina  navio, nau ou nave.  Desta forma,  significa  literalmente,  nave  ou  aeronave.
No Rig-Veda, o mais antigo dos textos védicos e a mais antiga escritura conhecida, há uma referência à chegada de Vata ou Vayu o semi-deus do vento.
       
                                  Olhe a grandeza da carruagem () de Vata,
                                  Irrompendo ela vai,
                                  Como um trovão é seu ruído,
                                  que toca aos céus
                                  e  produz uma luz brilhante
                                  (um clarão avermelhado)
                                  num turbilhão de poeira sobre a terra.
                                                                                                   —  Rig-Veda
O Mahabharata, o Ramayana e o Srimad-Bhagavatam, que estão entre as Escrituras Sagradas mais reverenciadas da Índia,  estão repletos de descrições várias sobre essas aeronaves. São descritas desde naves de transporte individual (para um só passageiro) até estruturas mais complexas compreendendo muitos andares e algumas são descritas como pequenas cidades. Umas, ao se moverem, fazem um barulho de trovão com descarga de fogo e fumaça, enquanto outras aeronaves produzem um som melodioso sem emissão de fogo e gases, e outras ainda são completamente  silenciosas.
Um comentário sobre Ayodhya, a capital do reino do Senhor Ramachandra, é reproduzido a seguir:
“As sete maiores cidades do Reino do Senhor Rama, eram conhecidas como ‘As sete cidades dos Sábios’. De acordo com os textos antigos indianos, as pessoas tinham máquinas voadoras denominadas .  O antigo épico hindu descreve um  como  uma aeronave circular de duplo-pavimento  com  janelas circulares e uma cúpula de vidro  muito semelhante com as descrições conhecidas de disco voadores ou, ainda, de formatos cilíndricos. Havia pelo menos quatro diferentes tipos de  que podiam viajar a velocidade do vento.” 4
No Srimad-Bhagavatam entre inúmeras citações encontramos a seguinte passagem:
                                       ”Certa vez, enquanto o Rei Citraketu
                                         estava viajando no espaço exterior
                                         em um brilhante e refulgente 
                                         aeroplano que lhe foi presenteado pelo Senhor Vishnu...        
O Mahabharata descreve o aeroplano pertencente ao malévolo Salva, feito de ferro e que podia viajar a grandes velocidades, pairar, mover-se em qualquer direção em  zig-zag, causar a ilusão de ser muitos ou ficar completamente invisível.
Os  não se prestavam apenas para o transporte utilitário de passageiros, mas eram utilizadas  desde passeios de lazer até o uso militar.  Existem descrições de verdadeiras batalhas aéreas envolvendo  atacando outros  ou  destruindo  exércitos  em terra. A literatura não é somente pródiga em descrições acerca das atividades e usos dessas aeronaves, mas existem textos que explicam minuciosamente os processos de construí-las.  Entre esses textos os mais  famosos são o Vaimanika-sastra, o Samarangana Sutradhara, o Dronaparva (parte do Mahabharata) e outros.

Droanaparva descreve  um  tipo de  feito de ferro, no formato de uma esfera e que podia se mover em todas as direções a grandes velocidades devido a expulsão de um poderoso jato de ar, gerado pela combustão de mercúrio. O Samarangana Sutradhara  informa sobre máquinas de ferro de formas aerodinâmicas  movidas  a  mercúrio e que ejetavam  uma chama de fogo de barulho ensurdecedor  pela  parte traseira  do  veículo.
No Samarangana Sutradhara, diversos tipos de aeronaves são mencionadas com detalhes acerca de seus usos e construções.  Nesse tratado, a palavra  aparece apenas uma vez. O termo comumente empregado é yantra, que significa máquina. Existem yantras com um aparelho propulsor (motor), dois, quatro e muitos. Os descritos com propulsão a mercúrio, ou outro líquido, são ditos como producentes de ruídos ensurdecedores. Uma observação bastante interessante é feita com respeito aos que usam duas asas e que ejetam chamas de fogo e fumaça ou que apenas ejetam uma forte corrente de ar: esses não podem se mover para trás !   Alguns são descritos como movidos a sons musicais, ou tonalidades melodiosas; esses são muito versáteis e muito velozes, quanto à maneira de voar.  Alguns são fabricados de madeira leve e resistente, enquanto outros são feitos de ferro. Há uma distinção entre os usados para deslocamentos de um local para outro em viagens curtas, os utilizados para  longas distâncias e aqueles usados para viagens interplanetárias. Essas diferenças fazem-se verificar nos materiais usados e na forma a que são movidos, segundo  tipo de viagem a que se destinam.
Os  também são associados com  o  termo  laghima,  traduzido como anti-gravidade. Nessa associação, algumas máquinas voadoras são impulsionadas por essa energia mental, responsável pela habilidade de levitar dos yogis.  O  Vaimanika-shastra, descreve esse tipo de aeronave movida a laghima juntamente com o tipo mecânico. Neste tratado, existem vários capítulos dedicados à construção de vários tipos de , mecânicos e movidos a energia sutil.
Abaixo mostramos desenhos feitos em 12/02/1923 por T. K. Ellapal, em Bangalore, segundo instruções de Subbaraya Bastry Pandit que traduziu e estudou textos relacionados aos .

              Clique  nas  imagens  abaixo  para  ver  os  desenhos        
                                                     
       Rukma-         Tripúra-         Sundara-       Shakuna-  
Notemos que  à época em que os desenhos foram feitos, em  1923, estávamos ainda muito distantes da década de 60, quando  teve início a exploração espacial moderna em que o projeto Gemini e Apolo usavam cápsulas espaciais de formato cônico para facilitar a reentrada  na atmosfera  terrestre. O desenho do Shakuna-6 (abaixo) foi executado pelo mesmo T. K. Ellapal  seguindo  as  mesmas  referências de escrituras  antigas.  Nesse trabalho, vemos um modelo bastante avançado.
        
Outros textos védicos antigos fazem claras referências às aeronaves  do passado. O Kautilya-Astrashastra menciona várias classes de homens de negócio ou tecnocratas, entre eles os kaubhikas “capazes de conduzir  aeronaves com muita habilidade”. Outro termo significativo é akasha-yodhinah que signica “aquele que pode lutar do céu”. No Yuktikalpataru de Bhoja (300 a.C), nos versos  48-50,  há  uma  clara menção  aos  .
Muitos desses textos  eram guardados no maior segredo, pois a tecnologia dos  jamais poderia cair  em  mãos  erradas, pois havia o risco de serem utilizadas  de  forma  bastante destrutiva. Quanto às aeronaves de passeio, há descrições de como as classes mais abastadas costumavam sobrevoar as cidades em suas aeronaves e até assistiam apresentações de dança  e teatro  do  alto, no conforto  de  suas  .
Essas aeronaves eram dotadas de conjunto de lentes e espelhos especiais, que criavam a ilusão de que uma única nave parecesse ser um grupo de muitas, de parecerem paradas quando estavam em fuga ou de parecerem estar em movimento quando estivessem paradas. Às vezes podiam desaparecer  por completo, saindo do campo de visão de qualquer potencial agressor,  simulando truques  de  invisibilidade.
Antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, sabe-se  que especialistas alemães visitavam com freqüência a Índia e o Tibet, sempre a procura de textos relacionados com tecnologias da antiguidade. O mesmo interesse foi despertado em especialistas soviéticos, durante o período da guerra-fria, com finalidades de pesquisar tecnologias referentes aos , não se sabe se para otimizar o programa espacial ou de armamentos bélicos. Curiosamente, cientistas soviéticos descobriram em cavernas do Deserto de Gobi e no Turquestão o que eles mesmos denominaram “instrumentos antigos usados em veículos de navegação cósmica”. Os ‘instrumentos’  são objetos hemiféricos feitos de vidro ou porcelana, tendo um cone em uma extremidade com uma gota de mercúrio dentro.
As partes mais interessantes dos tratados originais relacionados aos  não se encontram mais disponíveis. Na  verdade  sempre  foram  considerados  textos  secretos. O que se sabe, contudo, é que existem muitas referências a esses tratados em outros trabalhos que os mencionam; alguns tão antigos quanto os originais, outros como comentários posteriores e mesmos esses , não obstante, são textos igualmente antigos e de reconhecida fidedignidade.
                         
Templos  Hindus  com  suas  
Parece que não há muita novidade, nos tempos atuais. Pelo menos, nada do que não se tenha pensado antes. Assim como o termo nave, que se refere a um objeto de navegação moderno, na verdade provém de um termo igualmente empregado em tempos remotos ( em Sânscrito), não apenas o termo, mas o próprio objeto, como conceito, parece já ter existido.  Uma curiosidade, é que na antiguidade, e mesmo agora, a cúpula ou abóbada principal dos Templos na Índia são chamadas de nave ou , da mesma forma que nos Templos e Igrejas modernas, aqui no Ocidente.
É realmente muito bom olhar para o passado e perceber que muito da tecnologia da qual dispomos hoje parece ter sido, em algum momento, bastante comum. Pelo menos isso nos retira um pouco da vaidade e arrogância por sermos capazes de dominar tecnologias avançadas. Por outro lado, podemos  imaginar  que a civilização humana parece caminhar em círculos: criando e recriando, descobrindo e redescobrindo, conhecendo e esquecendo as coisas que nos facilite a existência. Isso não significa dizer que não somos realmente criativos, originais. Significa sim, que em todos os momentos em que estivermos diante de desafios, podemos encontrar soluções.  As soluções podem ser semelhantes, em essência, mas diferentes nos detalhes; isso porque, estamos sempre diante dos mesmos desafios, dos mesmos obstáculos, não importa se estamos numa situação de utilizarmos nossos poderes intuitivos ou racionais. O que realmente importa é que tenhamos consciência  de  nossa  incrível capacidade  de  inventar  ou  construir  aquilo que nos sobrevém em sonhos.