Foi publicado há alguns dias
atrás uma notícia sobre o mistério da longevidade saudável. Segundo as
pesquisas atuais no tema, ainda não foi possível determinar um padrão
(seja de comportamento ou alimentação) que proporcione mais anos de
vida, muito menos que garanta uma velhice saudável. O artigo é bem
interessante e por isso colei-o abaixo:
Cientistas tentam encontrar chave para uma vida mais longa
Estudos com pessoas que chegaram aos 100 anos em boa forma ainda não desvendaram o mistério da longevidade saudávelHelen Faith Keane Reichert tem 108 anos. Detesta saladas e tudo que esteja associado a um estilo de vida saudável. Gosta de hambúrgueres, chocolate, coquetéis e da vida noturna de Nova York. Também gosta de fumar. “Fumo há mais de 80 anos, o dia todo, todos os dias. Foram muitos cigarros”, admite ela, que tem o apelido de Feliz desde criança.Depois de um derrame, há cinco anos, sua pronúncia se tornou levemente arrastada. Mas sua mente está alerta, a curiosidade, forte como sempre, e a memória muitas vezes se mostra melhor que a de sua acompanhante filipina de 37 anos.Helen, nascida em 1901 em Manhattan e filha de imigrantes judeus da Polônia, é psicóloga, especialista em moda, ex-apresentadora de TV e professora emérita da Universidade de Nova York. Foi casada com um cardiologista e não teve filhos. Quando o marido morreu, há 25 anos, ela decidiu dar a volta ao mundo. Visitou Irlanda, Espanha, Itália, Turquia, Egito, China, Japão e Austrália. Foi sua forma de superar a perda.Feliz, a mulher indestrutível, atraiu a atenção dos cientistas, junto com os irmãos Irving, 104, e Peter, 100, e a irmã Lee, que morreu em 2005 aos 102. Os quatro deram amostras de sangue e foram entrevistados por pesquisadores do envelhecimento de Boston e Nova York. Tais estudos querem descobrir como alguns indivíduos chegam aos 100 anos ou mais saudáveis e ativos.O médico israelense Nir Barzilai, do Instituto de Pesquisas do Envelhecimento da Faculdade de Medicina Albert Einstein, de Nova York, que coordenou as entrevistas, afirma que “não há padrão” no comportamento que conduz à velhice saudável.Mas ele não perde tempo em dizer que as pessoas não devem começar a questionar a importância de um estilo de vida saudável. “Mudanças no estilo de vida implementadas hoje podem determinar se a pessoa vai morrer aos 85 anos e não aos 75.” Mas o pesquisador diz que, para chegar aos 100, é preciso ter uma composição genética especial.“Essas pessoas envelhecem de outra forma. Mais lentamente. Morrem das doenças que vitimam a todos, só que 30 anos mais tarde que o esperado, num processo mais rápido, sem sofrer por período prolongado.”A obesidade, o tabagismo e a falta de exercício certamente prejudicam a saúde. Mas as entrevistas não revelaram uma fórmula mágica que determinasse nossa alimentação e comportamento para que cheguemos com boa saúde a uma idade avançada. “Nenhum dos centenários optou por se alimentar com uma dieta de algas”, indica Stefan Schreiber, de 48 anos, chefe de um grupo de pesquisa sobre envelhecimento saudável da Universidade de Kiel, na Alemanha, que também estudou centenários. Schreiber reparou em algo que os centenários têm em comum: “Muitos só beijaram uma pessoa em toda a vida. Quem sabe não seja esse o segredo?”
(Fonte: Der Spiegel/Estadão)
Apesar do artigo enfocar uma genética “especial” como sendo uma parte essencial do “mistério” da longevidade, na verdade já foram publicados estudos que afirmam que o nosso corpo deveria durar, de modo saudável e ativo, pelo menos 140 anos. Então é realmente muito estranho que a expectativa de vida mais alta do mundo seja de apenas 86 anos
(das mulheres japonesas). Não dá para tirar o crédito de uma genética
forte, em alguns casos, mas sinceramente discordo dos especialistas
consultados quando eles afirmam que é “preciso uma genética especial”.
Teoricamente, pelo menos, a maioria de nós já possui essa genética.
Então porque continuamos a morrer “prematuramente”?
Se nos basearmos no artigo acima, pelo
exemplo de Helen, a ideia do que “contribui para a saúde” pode se tornar
um problema. Eu já ouvi falar, por exemplo, de pessoas com mais de 70,
80 anos, trabalhadores rurais, que apenas tomam café com leite o dia
inteiro – praticamente nada de água pura (pura no sentido de nada
misturado a ela – café, suco etc) – durante boa parte de suas vidas, e
que nunca precisaram de hospital ou de remédios. Inclusive saiu uma notícia
há algumas semanas a respeito de uma indiana (esse tipo de notícia se
não é da Índia ou é da Tailândia ou do Japão!!!) de 92 anos, que afirmou
que não bebia um copo de água pura desde os 14 anos de idade. Ela vive a
base de duas xícaras de café por dia, frutas secas e arroz, há 78 anos!
E antes que alguém pense que “café vai água”, saiba que é muito
diferente de tomar água pura, e a quantidade de água ingerida pela
indiana, pelo café e o arroz, mesmo assim é muito pouca para o que se
considera “saudável”. Tanto que os nutricionistas recomendam tomar pelo
menos 1 litro de água pura para cada 25kg do peso corporal
(aproximadamente) e sucos e outras bebidas, como o café, não contam como
substitutos nessa recomendação básica… Se nós formos pensar ainda em
alguns monges, yogues e outros que “vivem de luz”, que passam meses
meditando sem se alimentar ou beber água, (Indiano que diz viver há 70 anos sem comida está sob estudo)
bem… acho que podemos dizer que é tudo muito relativo ao seu modo de
entender o seu corpo e a sua vida (as suas crenças). Particularmente não
tenho a menor dúvida de que uma crença inabalável faça milagres. Ou a perda de uma…
Mas voltando à longevidade… Segundo Aubrey
de Grey, um cientista inglês, gerontologista famoso e controverso,
conhecido como o “Profeta da Imortalidade”, a velhice é uma doença que pode ser combatida.
Segundo ele, os seres humanos poderiam
viver 1.000 anos. A teoria defendida por Grey é que o nosso
envelhecimento é causado por radicais livres mitocondriais, e para
combater/prevenir esse dano ao DNA mitocondrial ele criou um plano de
terapias chamado SENS (Estratégias para Reparar Envelhecimento
Insignificante). Para entender melhor as ideias desse excêntrico
investigador, coloquei abaixo uma pequena palestra dele (para abrir as
legendas clique em “View Subtitles” e desça a barra até “Portuguese”):
É claro que o Dr. de Grey é um grande
entusiasta da tecnologia e ele aposta suas fichas em tratamentos médicos
futuristas. Para ele, a cura do envelhecimento é um “problema de
engenharia”. Mas existem seres humanos que não precisaram da “Ciência
moderna” para desafiar o envelhecimento e a morte…
E é sobre um dos maiores mistérios da longevidade já conhecidos no Ocidente que irei falar agora nesse post.
O senhor da foto ao lado é Li Ching Yun
(ou Yuen), nascido na região de Kaihslen, província chinesa de
Szechwan. Li Ching Yun foi um mestre taoísta, herbalista e praticante de
Chi Kung (exercícios para o cultivo da energia). Algumas fontes dizem
ainda que foi artista marcial e professor de artes marciais.
Segundo registros de documentos oficiais chineses, acredita-se que Li tenha morrido aos inacreditáveis 256 anos.
Os obituários de 1933 publicados na revista norte-americana “Time” e no “The New York Times” relatam que Li Ching Yun “enterrou 23 esposas e teve 180 descendentes”.
A morte de Li aconteceu em 6 de maio de
1933, mas o seu nascimento é ainda um mistério que provavelmente nunca
será desvendado (pelo menos não de modo irrefutável para as mentes
ocidentais).
Segundo o obituário publicado no New York Times, o
próprio Li afirmou que havia nascido em 1736 e que portanto, na data de
sua morte, teria 197 anos. A história dos 256 anos surgiu com o chefe
do departamento de Educação da Universidade Minkuo, o Professor Wu
Chung-chien que disse ter encontrado registros mostrando que Li havia de
fato nascido em 1677 e que o Governo Imperial Chinês havia
congratulado-o tanto em seu aniversário de 150 anos, como no de 200
anos.
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Um correspondente do NYT escreveu em 1928
que muitos dos vizinhos mais velhos de Li afirmaram que seus avôs o
tinham conhecido quando eram meninos, mas que Li já era um homem
adulto.
De acordo ainda com o artigo de 1933 do
NYT, “muitos que haviam visto ele (Li) recentemente declararam que sua
aparência facial não era diferente da de uma pessoa dois séculos mais
jovem.”
A bem da verdade, não se sabe muito sobre
a infância e juventude de Li. O que se sabe é que ele nasceu e morreu
na mesma província, que foi alfabetizado até os 10 anos e que viajou
por Kansu, Shansi, Tibete, Annam, Siam e Manchúria coletando ervas. A
foto acima é a única foto tirada (conhecida) de Li. Data de 1927, e foi
tirada durante a sua visita ao seu amigo pessoal,o general Yang Sen, na
província de Sichuan. Yang Sen estava muito interessado no segredo de
Li, já que este, apesar da extrema idade, aparentava juventude e vigor. A dita foto mostraria Li na idade de 250 anos. A Wikipedia em Inglês
traz também que o mestre taoísta Liu Pai Lin, que viveu em São Paulo de
1975 à 2000, tinha uma outra foto do Mestre Li Ching-Yun exposta em sua
sala de aula, que é desconhecida ao Ocidente. Segundo essa fonte, Liu
conheceu o mestre Li pessoalmente, na China, e com ele aprendeu técnicas
do Qigong.
Além disso, o que se sabe é que durante
cem anos Li passou vendendo ervas coletadas por ele, para depois passar a
vender ervas coletadas por outros. Diz-se que no tempo que esteve com
sua vigésima quarta esposa, de apenas 60 anos, Li já havia passado dos
200 anos.
Mesmo que Li não tenha vivido 256 anos,
mas os 197 que ele afirmava – e aqui podemos especular que ele mesmo
possa ter perdido a conta de seus anos… ou não – , mesmo assim é muito
tempo, principalmente se levarmos em conta que Jeanne Louise Calment, a
francesa com o recorde de idade mais avançada já conhecido, viveu
“somente” até os 122 anos.
A essa altura você deve estar se perguntando… mas afinal o que ele fez para viver tanto tempo? Qual o segredo?
Essa mesma pergunta foi feita pelo comandante militar Wu Pei-fu a Li, que respondeu o seguinte:
Manter o coração calmo,
sentar como uma tartaruga,
andar vigorosamente como um pombo
e dormir como um cão.
E Li explica o “coração sempre calmo”, em uma entrevista feita em 1920 (e publicada nos anos 1950 na revista Domestic and Foreign Magazine):
Penso que a razão pela qual eu vivi tanto tempo e ainda estou perpetuamente saudável é porque nada me irrita desde os meus 40 anos. Por isso, meu coração é muito calmo, pacífico e divinamente tranquilo. É por isso que eu estou livre de qualquer doença, e sempre saudável e feliz.
Além disso, Li tinha em sua dieta diária principalmente três ervas: ginseng, He Shou Wu (Polygonum multiflorum) e Gou Qi Zi (fruta goji). É dito que utilizava também Gotu Kola (Centella asiatica) e Alho.
Gotu Kola
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Panax Ginseng
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He Shou Wu
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A dieta também apresenta versões… alguns dizem que era estritamente vegetariana, sendo que ele consumia predominantemente plantas e frutas silvestres.
Diz-se também que há evidência de que Li comia peixe com regularidade e
ocasionalmente carne (duas vezes por ano). Outras fontes trazem ainda
que sua dieta era fundamentalmente de arroz e do vinho feito a partir
desse cereal. A única erva que aparece em todas as fontes pesquisadas
por mim é o ginseng.
No que diz respeito ao preparo das ervas,
há mais versões. Com o ginseng e o fo-ti (He Shou Wu) ele fazia chás. O
goji era comido cru, assim como a Gotu Kola, que era ingerida tanto como
salada, como preparada como chá. De acordo com outras fontes, há também
algumas evidências de que ele pode ter também colocado essas quatro
ervas (juntamente com Dang Gui e Gan Cao) num licor forte como uma
tintura e que bebia um gole ou dois a cada dia.
Agora surge outra pergunta… de onde ele tirou a ideia dessa dieta?
Segundo relatos do mestre de Tai Chi Chuan
Da Liu, que foi discípulo de Li Ching-Yun, Li conheceu um eremita
muito velho que vivia numa montanha. Foi esse ancião que lhe deu
recomendações sobre alimentação e o uso de ervas medicinais, assim como
lhe ensinou práticas de respiração e movimentos coordenados com sons
(Qigong). Naquela entrevista de 1920 que mencionei anteriormente, o
próprio Li comenta que tinha 50 anos (no relato de Da Liu, Li já tinha
130 anos) quando conheceu o eremita, e que apesar de ele não aparentar
ser um homem “sobrenatural”, o velho conseguia dar passos enormes, como se voasse no ar.
Por mais que Li tentasse, não conseguia acompanhar o ancião. Por isso,
pediu a ele que lhe ensinasse seus segredos. Segundo o relato de Li, a única coisa que o eremita fez foi lhe entregar algumas frutas silvestres (as gojis) e lhe disse que era a única coisa que comia. A partir de então, Li passou a comer 15 gramas de gojis todos os dias e por causa disso se tornou mais saudável e ágil. Segundo ele, a dieta possibilitava que andasse 50km sem que se cansasse.
Na verdade, histórias como a de Li, de
monges e eremitas do Oriente com poderes aparentemente “sobrenaturais”,
ou de longevidade “absurda” não são novidade. O próprio Peter Kelder
comenta alguns relatos brevemente em “A fonte da juventude“, assim como essas “lendas” (no sentido de histórias antigas relatadas por testemunhas oculares) são novamente resgatadas em “A fonte da juventude 2“. Uma outra autora relativamente conhecida que também relata casos semelhantes (testemunhados e até mesmo vividos por ela), é Alexandra David-Neel.
Alexandra, nascida na França em 1868 (morreu um pouco antes de
completar 101 anos, em 1969) foi uma mulher a frente do seu tempo:
exploradora, reformadora, viajante, erudita e independente; ela foi a
primeira mulher européia a ser consagrada lama
(um mestre/professor de darma). Publicou mais de 40 obras sobre o
budismo e suas viagens pelo Oriente. Em seus relatos, por exemplo, ela
comenta dos monges corredores (mensageiros) “lung-gom-pa” do antigo Tibete. Esses monges podiam correr a uma velocidade extraordinária, a ponto de parecer que estavam voando. Podiam correr mais de 300km por dia, ou correr por vários dias, sem parar ou se cansar. O treinamento que possibilita tal feito envolve muita meditação (sentado), grande ênfase no controle da respiração e técnicas de visualização. Inclusive ela comenta que quando observou um desses monges passar correndo por ela, notou que a expressão facial dele era extremamente relaxada, e ele olhava fixamente algum objeto imaginário que parecia estar muito longe.
Mas voltando à história de Li, penso que muito mais do que a ingestão de alimentos e plantas específicos, a tal “calma inabalável” preconizada por ele seja o verdadeiro grande segredo de sua longevidade.
As ervas certamente contribuíram muito, isso é certo, mas sabemos
empiricamente, por exemplo, que de nada adianta uma alimentação
excelente ou exercícios regulares quando se mantém um estado mental ou
de espírito constantemente perturbado ou nervoso. De nada adianta seguir
dieta vegetariana, ingerir ginseng diariamente e/ou fazer exercícios
físicos se interiormente me mantenho rancorosa, raivosa, irritada,
intolerante, mesquinha; enfim, se normalmente vivo identificada com
estados emocionais negativos. Sofrimento envelhece. O que se passa nos bastidores da mente é apresentado no palco do corpo. Uma alimentação especial (como a mencionada nesse post) ou exercícios específicos (como os Cinco Ritos Tibetanos,
ásanas de Yoga, artes marciais etc) são complementos excelentes (talvez
essenciais) para quem busca a longevidade com saúde e vigor. Mas em si
mesmos não fazem “milagre”. O “milagre” reside na “mente”…
Assim como é em cima, é embaixo. Assim como é no interior, é no exterior.
P.S.: Nesse momento você pode estar
pensando… então como que outros mestres, lamas, budas, enfim, morreram
antes dos 100 anos? Bem, o curso de sua vida é a causa secreta de sua morte...
Todos eles viveram o suficiente para cumprirem suas missões aqui nessa
Terra. Alguns levam mais tempo, outros menos. A sua missão é o propósito de vida que você escolheu. O tempo que você vai precisar para cumpri-la depende mais de você do que você pode imaginar…
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