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4 de mar. de 2012

Nada, além da verdade!...


Os Embustes


Existem vários tipos de embustes. Alguns inofensivos, outros realizados com boas intenções, outros para encobrir crimes reais, e outros cuja intenção é cometer um crime e acusar outros de serem os autores. Esta última categoria é chamada de "false flag operation" (operação de bandeira falsa).
Os embustes cobrem diversas finalidades. A nível de governo ou grupos de poder, têm sido usados para ocultar crimes de corrupção, apresentar bodes espiatórios para crimes cometidos, mascarar negócios altamente rendosos mas prejudiciais para a saúde pública ou o bem comum, e realizar operações para desacreditar grupos rivais.
A nível estratégico-militar, as operações "false flag" são prática corrente. À medida que o tempo passa e documentos secretos vão surgindo no domínio público, estas operações vão-se tornando públicas, mas surgem tarde demais para influenciar os acontecimentos que desencadearam. Já cumpriram o seu papel, no entanto.
A Segunda Guerra Mundial começou com uma operação "false flag": um grupo de SS com uniformes polacos "atacou" um posto fronteiriço alemão. Um prisioneiro vestido com uniforme polaco foi morto no local para fornecer a "evidência". A Polónia foi invadida no dia seguinte.
Temos muitos exemplos na história recente de embustes que tiveram grande importância na história estrategico-militar. Alguns exemplos:

Pearl Harbor - Documentos tornados públicos 50 anos depois comprovam que o presidente Roosevelt e o seu governo tinham conhecimento prévio do ataque a Pearl Harbor.
Não só deixaram que o ataque acontecesse, como tudo fizeram para impedir que os japoneses fossem descobertos, desviando todas a rotas marítimas para que a esquadra japonesa passasse sem ser detectada.
O pentágono obrigou a esquadra americana a ficar no porto, mesmo após o comandante da esquadra ter emitido ordens para a esquadra se fazer ao mar, de acordo com os dados do seu próprio serviço de informações, que considerava que se devia passar para o estado de alerta máximo.
Objectivo do incidente: fazer a opinião pública america, apoiante da política de não-intervenção, apoiar a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

O Incidente no Golfo de Tonkin - Barcos americanos que se encontravam am águas internacionais ao largo do Golfo de Tonkin no Vietnam teriam sido atacados por vedetas torpedeiras norte-vietnamitas, não tendo sido nenhum barco americano atingido no entanto. Houve troca de tiros e as vedetas retiraram rapidamente.
Este acontecimento simplesmente não aconteceu. Ninguém atacou os barcos americanos, os pilotos em patrulha que sobrevoavam a região nessa altura nada viram. Foi uma invenção pura dos meios de comunicação.
Objectivos do incidente: criar suficiente apoio na opinião pública americana para justificar a entrada dos Estados Unidos na guerra do Vietnam.
O USS Liberty - Durante a Guerra dos 6 Dias no médio oriente, um navio de espionagem electrónica americano encontra-se fundeado ao largo da costa israelita . Subitamente, é atacado por aviões israelitas sem qualquer identificação. Vagas e vagas de aviões atacam e metralham o barco. O capitão pede auxílio aéreo à esquadra americana. Quando a esquadra se prepara para enviar aviões para proteger o navio, recebe ordens peremptórias do presidente Johnson para não enviar qualquer auxílio.
Entretanto, continuam as vagas de aviões e aproximam-se vedetas torpedeiras para afundar o navio. Subitamente, aparece no horizonte um barco espião russo. Os aviões desaparecem, as vedetas torpedeiras dão meia volta.
Ironicamente, foi um barco soviético que salvou os americanos do USS Liberty de uma morte certa, ao tornar-se uma testemunha do incidente.
Uma operação "false flag" que não deu certo!
Objectivo do incidente: afundar o USS Liberty, não deixar sobreviventes e culpar o egipto do ataque, justificando uma intervenção americana da Guerra dos 6 Dias.
De facto, é difícil olharmos para qualquer incidente importante da história recente sem vislumbrarmos um embuste de qualquer tipo.
Vislumbramos também uma característica comum de todos os embustes: propaganda pré-evento e propaganda pós-evento. E, naturalmente, ao evento segue-se uma acção que foi a razão real por detrás da criação desse mesmo evento.

Como se fazem?

Para um embuste ser bem realizado, certas condições têm de ser asseguradas:
  • Um inimigo: É importante que, quando o embuste surja, já exista um inimigo para apresentar ao público
  • Uma história: tem de ser apresentada uma história que seja facilmente assimilável e simples, de maneira a que o menos informado dos cidadãos a possa compreender.
  • Plausibilidade: quanto mais de cima vier a história, mais credível ela será. Num mundo controlado pelos media, a voz das autoridades em conjunto com as cadeias de televisão é a voz mais credível, em circunstâncias normais.
  • Os operacionais: são os agentes que levam o embuste a cabo, capazes de realizarem operações em segredo e providos dos meios necessários.
  • Os "patzies": ou "labregos", como queiram. São os que serão acusados de serem os operacionais da operação. O caso ideal é o em que o "patzie" realiza (ou faz parte) da operação, não sabendo que está apenas a ir ao encontro dos promotores do embuste.
  • Capacidade para se aproveitar das consequências do embuste: naturalmente, será inútil promover um embuste se não fôr capaz de tirar proveito dele.
  • Uma organização directora: aquela que está interessada em realizar o embuste e que lucrará com a sua realização.
  • Encobrimento: é necessário destruir as provas de maneira a que se fôr impossível impedir uma organização imparcial de investigar, essa organização já não possa ter acesso a nenhuma prova incriminadora.
  • Manobras de despiste: interessa, quando se realiza uma operação para-militar, prejudicar o trabalho das forças de segurança que são exteriores ao embuste. Prejudicar o trabalho da polícia, por exemplo, ou da defesa civil.
Trocando por miúdos: no caso do incêndio do Reichtag, a organização directora foi o partido nazi, os operacionais os S.A., o "patzie" o bêbado apanhado no local e acusado de ser o autor (e posteriormente executado), a história a de que os sociais-democratas e comunistas teriam tentado um golpe de estado, sendo o incêndio do Reichtag o primeiro passo, a plausibilidade da história foi garantida por vir de membros do próprio governo alemão,e finalmente a propaganda, os discursos anteriores ao evento de Hitler "avisando para o perigo dos sociais-democratas e comunistas que queriam derrubar a república". Naturalmente, o Reichstag foi totalmente destruído, destruindo qualquer prova que pudesse indicar o meio utilizado para a sua destruição.
O aproveitamento do embuste foi rápido. Graças a ele, Hitler conseguiu para si direitos ditatoriais e ilegalizou todos os partidos da oposição, acusados que quererem derrubar a república, assumindo o poder e derrubando a república alemã. Em nome da defesa da república, Hitler destruiu-a.
É interessante fazer um paralelismo entre este facto histórico e o que se passa hoje nos Estados Unidos. Os "terroristas" atacam a américa porque "odeiam a liberdade". Bush acabou de destruir a liberdade nos Estados Unidos, criando actos institucionais que efectivamente dão poderes dictatoriais ao governo.
Talvez a pista mais eloquente que pode surgir de um embuste é o conjunto de acções destinadas a impedir uma investigação pormenorizada do que se passou. Ninguém tem interesse em bloquear uma investigação a menos que a versão vinda a público seja uma mentira.
É evidente que poucos têm condições para realizar embustes em larga escala.
É evidente também que são os governos que têm mais meios para os poder levar a cabo. Um grupo de indivíduos, altamente colocados na hierarquia militar e governamental, podem fazer embustes, porque têm meios para os fazer e para os encobrir. As grandes corporações também têm meios de realizar embustes, principalmente se conseguirem corromper elementos chave do governo.
Não é de estranhar, portanto, que os maiores promotores de embustes sejam os governos.

Os "Patzies"

Os "patzies" têm um papel fundamental nos embustes. Ou para desviar a opinião pública do verdadeiro culpado, (como Lee Oswald, o "assassino de Kennedy" que afirmou publicamente que não passava de um "patzie"), ou para permitir fazer embustes em seu nome.
Outros patzies participam activamente nos embustes. Por exemplo: eu posso infiltrar-me num pequeno grupo de radicais, armá-los e fornecer-lhes ajuda logística e monetária, para em seguida os levar a cometer um atentado terrorista que tenciono, desde o princípio, explorar politicamente.
Ou levá-lo a assassinar um meu adversário. Posso também fornecer-lhes certa protecção de maneira a não serem apanhados pela polícia. Assim, façam eles o que fizerem, estarei sempre a salvo de ser acusado.
E estarei em condições de explorar as consequências dos seus actos em meu proveito.
Mas o "patzie" ideal será sempre um movimento universal, omnipresente, inescrupuloso, um verdadeiro "representante do Mal".
Tem tido muitos nomes: os Nazis, os Comunistas, os Terroristas, etc.
Todos eles têm características comuns:
  • São apátridas
  • São a "encarnação do mal"
  • São um movimento internacional, omnipresente
  • São uma ameaça ao meu estilo de vida e contra a minha liberdade e dignidade humana
  • Podem atacar em qualquer momento, em qualquer lugar
  • Qualquer um, até o meu vizinho, pode ser um membro secreto dessa organização maléfica, e desferir o seu golpe quando eu menos esperar. Todos são suspeitos
Esta é a situação ideal. A única coisa que tenho de fazer é manter os "maus" activos esporadicamente, de maneira a justificar as medidas que tomo para os combater.
A minha luta contra os "maus" é uma luta constante, a todos os níveis, e o perigo espreita de qualquer lado. Ninguém está a salvo.
Isso é importante. Se eu convencer a população que ela se encontra à mercê dos "maus", faça ela o que fizer, levo-a a apoiar o governo e obedecer sem discussão. Levo-a também a abrir mão dos seus direitos em prol da Segurança.
O mecanismo omnipresente é, é claro, o Medo.
Se eu disser a qualquer americano que morrem mais americanos atingidos por um raio do que por actos terroristas, e que portanto a ameaça dos raios é mais real para si do que a ameaça terrorista, qual será a sua resposta instintiva?
De que eu sou um idiota. Porque ele tem de justificar o seu medo, tem de o defender porque senão toda a sua concepção do mundo desaba.
Não compreende que o que eu estou a dizer é que o medo dele é completamente injustificado, que ele está a ir ao encontro daqueles que activamente promovem o medo como forma de domínio.
Quando a União Soviética se desfêz, o mundo pasmou. "Os maus" não existiam mais, podíamos deixar de ter medo!
Claro que, com o tempo, acabámos por compreender que afinal os Russos eram como nós e que (e essa é mais difícil de engolir) afinal não tínhamos qualquer razão para ter tido medo deles.
Este estado de coisas não era satisfatório. Novos "maus" tinham de ser inventados!
Afinal, qual era o "inimigo" de quem tínhamos de ter medo? Desde muito cedo, apareceram avisos da "Ameaça do Terrorismo Internacional".
Mas os avisos não chegavam. Era preciso mostrar à população que os avisos eram reais, e que tinha razão em ter medo.
Solução? Novos embustes!

As pistas ocultas

Nenhum crime é perfeito. Quem o faz sabe que poderá enganar a maior parte da população, mas haverá sempre alguém que discordará da história oficial.
Com o tempo, aqueles que discordam investigarão. E até é possível que descubram alguma coisa, porque pode-se encobrir um crime, mas é mais difícil encobrir o encobrimento.
Porque o encobrimento é sempre o elo mais fraco de um embuste. É também a prova mais significativa de que "não está a ser contada toda a verdade".
Quem investiga e descobre um encobrimento adquire a certeza de que se encontra na pista certa, e se consegue encontrar quem está por detrás do encobrimento sabe que se encontra perante o provável culpado ou alguém que agiu em seu nome.

Desinformação

Um exemplo: na zona conhecida como área 51, o governo americano construiu uma base secreta. Tão secreta que a sua própria existência era secreta.
Nesta base, eram desenvolvidos os processos ultra secretos da força aérea e testados os protótipos. Inevitavelmente, pessoas viram "coisas estranhas no ar", e criou-se a sensação de que "algo estranho se passava ali".
Até que aconteceu um acidente. Uma testemunha viu os destroços e relatou que os destroços eram de uma nave alienígena, um UFO. A CIA compreendeu que essa era uma história de cobertura utilizável.
Então, mil e uma histórias surgiram, cada uma mais absurda, acerca de mil e um UFOS. Criou-se uma mitologia em torno da área 51.
Exactamente o que a CIA queria. Infiltrou o movimento, com defensores de teorias absurdas e facilmente desmontáveis sobre o fenómeno UFO. Entretanto, qualquer avistamento de qualquer coisa estranha que se passasse na área 51 passou a ser automaticamente um fenómeno ufológico.
E os protótipos secretos continuaram a ser ensaiados.Foram ao ponto de construir aviões circulares para alimentar os avistamentos de UFOs. E continuou a ser uma área secreta onde ninguém entra.
Passou a haver uma história de cobertura: cada vez que um objecto estranho era avistado, mil e um ufologistas gritavam "mais uma prova!", e aquele que realmente tinha avistado um protótipo secreto era rapidamente inundado por histórias fantásticas, fotografias grosseiramente manipuladas, testemunhos idiotas, de maneira que o seu testemunho do avistamento de um protótipo experimental ultra-secreto perdia-se no meio do lixo. Não será preciso dizer que os principais promotores do lixo eram.... a CIA.
Este exemplo mostra a vantagem de se criar uma campanha de desinformação e uma história alternativa no sentido de desviar os críticos do bom caminho e ao menos tempo ridicularizá-los. Muito mais eficiente do que negar tudo ou manter uma política de silêncio.
Assim, a introdução de falsas pistas é um fenómeno corrente nos embustes.
Pistas ocultas
Mas outras pistas também surgem. Existem aqueles funcionários honestos que são obrigados a colaborar nos encobrimentos, por diversas razões: funcionários do governo obrigados a manter silêncio, funcionários inocentes que são forçados a colaborar pelas mais diversas formas. Mas conseguem ocasionalmente introduzir um "erro" no seu trabalho de maneira a que os investigadores o encontrem e adquiram a certesa de que estão a investigar uma prova adulterada.
Um exemplo é o das fotografias do pentágono após o 11 de Setembro. Nos dias que se seguiram ao 11 de Setembro, e depois das dúvidas surgidas nas pessoas que notaram que não havia realmente quaisquer indícios de que um avião comercial nas fotografias, foram surgindo novas fotografias nos jornais, com destroços. Cada vez mais destroços.
Uma simples análise mostrava que se tratavam das mesmas fotografias anteriores, onde iam sido acrescentados destroços. Algumas continham erros grosseiros. Tão grosseiros que se tornava difícil acreditar que eram erros. Seriam sim indícios colocados propositadamente nas fotografias por aquele que tinha sido obrigado a adulterá-la? É bem possível. Estes "erros" são demasiado frequentes para poderem ser atribuídos a pura incompetência.
Será isso prática corrente nos embustes? Talvez, só vendo caso a caso.
Os arrependidos
E, claro, ocasionalmente alguém "bota a boca no trombone". Como diz o velho ditado: "zangam-se as comadres, sabem-se as verdades". Outros são silenciados antes que o possam fazer. Todas essas situações acabam, de uma maneira ou de outra, por fornecer pistas.

Encobrimento

Exemplo: uma pessoa morreu, e suspeito de um crime. Descubro que essa pessoa saiu da morgue sem ter sido autopsiada, numa clara violação da lei. Contacto o cemitério apenas para ser informado que o corpo em questão tinha sido cremado, atitude atípica para os costumes do país e da profissão religiosa do defunto.
A prova foi destruída. Não tenho maneira de provar que o indivíduo foi assassinado. Mas um novo caminho se abre. A prova foi destruída mas surge a nova prova de um encobrimento.
Então, a minha investigação centra-se não em quem matou, mas sim em quem encobriu. E, apesar de a prova ter sido destruída, poderei eventualmente chegar ao assassino investigando o encobrimento.
Esse é o problema dos embustes. A prova tem de ser destruída, mas o encobrimento passa a constituir nova prova.
Mas há outros meios para impedir o investigador de atingir os seus fins. Além do meio óbvio de fazer com que o investigador sofra um "acidente", operação em si perigosa porque, mais uma vez, nenhum crime é perfeito, existe outro meio mais subtil: fazer com que o público não leve o investigador a sério.
Essa é outra característica dos embustes: o investigador é combatido não atacando os seus argumentos mas sim a sua credibilidade. A maneira mais simples de o fazer é fornecer-lhe pistas falsas, enquanto retenho na mão as provas irrefutáveis que as desacreditarão. Assim, quando o investigador inserir as pistas falsas que lhe forneci na sua exposição do caso, estará perdido.
Assim, e resumindo, para um embuste ser realizad precisamos de incluir os seguintes elementos:
  • O acto em si
  • A história oficial
  • O encobrimento
  • Os "Patzies"
  • Histórias de desinformação
  • Os operacionais
  • Os criminosos
A situação mais difícil quando se investiga um suspeito é a ausência de um alibi. Porque, se ele apresenta um alibi e estou convencido que mentiu, irei investigar o alibi até provar que é falso.
Passa-se o mesmo com os embustes. Eles têm de deixar atrás de si uma série de pistas, nem que seja a total falta de pistas.
O que devemos ter em conta é: quem tem a ganhar com um embuste?
Os acontecimentos não acontecem por acaso. Principalmente acontecimentos que tiveram de ser planeados e exigem uma organização operante.
As perguntas que devemos fazer são:
Quem ganhou com o embuste?
O que é que o "criminoso" apresentado teria a ganhar?
Quem tinha possibilidade de o realizar?
Houve um encobrimento? Onde estão as provas para as poder estudar?
Se alguém investiga, são-lhe apresentados entraves?
A história apresentada é lógica ou baseada em preconceitos? Eles atacaram em 11 de Setembro porque "odeiam a nossa liberdade"? Seria mais lógico afirmar "eles atacaram porque não gostam do que lhes estamos a fazer", por exemplo.
Quem são "eles"? Pessoas como nós ou a "encarnação do mal"?
Que acções se lhe seguiram? Já faziam parte da agenda anterior?
E, claro, a pista sempre mais importante, a pista do dinheiro.
A análise destas respostas podem dar-nos uma quase certeza de estarmos perante um embuste.
Resta investigá-los, porque sabemos que as pistas irão aparecer.
E espalhar a verdade.