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11 de dez. de 2010

Silêncio em nossa cama vazia!...

   
Olho nossa cama.  Palco vazio
sem o drama, sem a comédia,
do nosso amor.

A nossa cama branca,
branca página, em silêncio,
de onde tudo se apagou...

(Meu Deus! quem poderia ler aquelas ânsias, aqueles gemidos,
aqueles carinhos
que a mão do tempo raspou, como nos velhos
pergaminhos? ... )

A nossa cama
imensa, como a tua ausência,
tão ampla, tão lisa, tão branca, tão simplesmente cama,
e era, entretanto, um mundo,
de anseios, de viagens, de prazer,

- Oceano, que teve ondas e gritos encapelados,
e nele nos debatemos tanta vez como náufragos
a nadar... e a morrer...

Olho a nossa cama, palco vazio,
em nono quarto, - teatro fechado -
que não se reabrirá nunca mais...

Nossa cama, apenas cama, nada mais que cama
alva cama, em sua solidão
em seu alvor...

Nossa cama:
-campa (sem inscrição)
do nosso amor.