Blog

Blog

8 de jun. de 2011

Sete dores que não podem esperar

Para onde quer que olhe, Steve Hart, consultor tecnológico de 49 anos, vê um lembrete do risco que correu e que lhe danificou a vista. A visão antes perfeita de Hart foi prejudicada por um pequeno ponto que estará sempre fora de foco, como se visse uma imagem em 3-D sem os óculos especiais, em consequência da ruptura de retina que ele ignorou durante três dias. Se tivesse ligado para o médico na manhã de sábado em que começou a ver pontinhos flutuantes, poderia ter resolvido o problema com um simples tratamento a laser, e ele teria voltado ao trabalho na segunda-feira. Mas esperou até quarta-feira para consultar o médico, ao perder de repente quase toda a visão do olho esquerdo. Nisso, precisou de uma cirurgia que o deixou quatro semanas sem trabalhar, e a sua visão nunca mais foi a mesma.
 
“Quando há mudanças na visão, não hesite”, diz Hart. “Ligue para o médico onde estiver. Isso irá lhe poupar muita tristeza.”
Mas o que Hart fez – ou não fez – é alarmantemente comum. Muitos aprendem, desde a infância, que a reação dos adultos a dor, fraqueza ou transtorno emocional é ignorar e aguentar. E, com os problemas econômicos, há mais gente aguentando do que antes. Uma pesquisa recente da Kaiser Family Foundation revelou que 45% dos americanos vêm adiando os tratamentos médicos por conta da crise econômica que assola os Estados Unidos. Dizemos a nós mesmos que agir assim não traz consequências graves, que pode ser inconveniente e até doloroso mas que, no fundo, não há perigo. Só que as pesquisas revelam, cada vez mais, que suportar os sintomas traz danos irreversíveis.
Isso acontece na depressão, nas enxaquecas e até em coisas comuns, como uma entorse no tornozelo. De acordo com Jay Hertel, especialista americano em fisiologia das articulações, são muitos os que ignoram as entorses ou interrompem o tratamento antes que a lesão cicatrize, e bem comum o conselho assustador que se dá às crianças em toda parte: “Ande que sara.” Estudos recentes demonstram que, quando se torce o tornozelo, alguns receptores sensoriais dos ligamentos (que ajudam o cérebro a saber onde estão posicionados o pé e a perna) podem sofrer lesão permanente com o tratamento inadequado. Em consequência, o tornozelo perde um pouco da capacidade de se comunicar com o cérebro e de evitar novos traumatismos, e a pessoa fica vulnerável a novas lesões.
Proteja-se de sintomas incômodos, dor crônica e coisa pior. Eis aqui sete dores que nunca devemos ignorar – e como tratá-las.
 
1 A pior dor de cabeça da vida

Todos temos dor de cabeça, mas, em alguns casos, essa dor pode ser sintoma de uma emergência médica fatal, como o rompimento de um aneurisma ou um derrame.
O que fazer: De acordo com os especialistas da Clínica Mayo, “uma dor de cabeça forte e súbita como uma trovoada”, principalmente se piora mesmo com descanso e analgésicos comuns, pode ser um aneurisma – uma fraqueza na parede de um vaso sanguíneo – rompido que provocou uma hemorragia no cérebro. Isso é gravíssimo e exige cuidados médicos imediatos. A dor de cabeça acompanhada por fala arrastada ou fraqueza de um dos lados do corpo é sinal clássico de derrame, causado em geral por um bloqueio do fluxo de sangue no cérebro. Há um “período áureo” de apenas poucas horas no qual o tratamento é mais eficaz; vá para o pronto-socorro ou chame o serviço de emergência. Se a dor de cabeça piora depois de uma pequena queda ou golpe na cabeça, pode ser sintoma de um inchaço potencialmente letal do cérebro. Ligue para o médico a qualquer hora.
 
 
2 Enxaquecas

Ninguém afirma que essas dores de cabeça fortes e incapacitantes exijam providências imediatas. Mas estudos recentes fizeram achados inquietantes no caso das mulheres que têm enxaqueca com aura – distorções da percepção, geralmente visuais, como luzes que piscam e se movem em zigue-zague ou visão desfocada. Antes, essas dores de cabeça eram consideradas episódicas, “sem deixar vestígio de que tinham ocorrido”, diz Lenore Launer, Ph.D. e chefe de neuroepidemiologia do National Institute on Aging (NIA, Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos). Não são mais. Os estudos da Dra. Lenore no NIA verificaram que as mulheres que têm enxaqueca com aura apresentam quase o dobro de pequenas lesões no cérebro – áreas minúsculas do cerebelo com tecido necrosado – do que aquelas que não sentem dor. Ainda se estuda se essas alterações no cérebro são causa ou motivo da enxaqueca (ou alguma combinação das duas). Mas essa é mais uma razão para procurar tratamento preventivo.

O que fazer: Quem tem dores de cabeça fortes ou frequentes deveria consultar um médico capaz de oferecer os tratamentos mais modernos, e identificar e controlar os "gatilhos" que as provocam, com medicamentos capazes de impedir as crises e controlar a dor. Não há indícios de que essa abordagem previna ou diminua as lesões cerebrais, mas os especialistas acreditam que reduzem a probabilidade de as enxaquecas se tornarem crônicas. (Há quem sofra de enxaqueca durante 15 ou mais dias por mês, uma forma muito sofrida de viver).