SÉRIE: A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - A PÁSCOA EM JERUSALÉM (23)
Esta série foi
extraída do Livro de Urântia. Os 77 capítulos, mais de 700 páginas, que
ocupam um terço do livro, dão dia a dia, toda a vida de Jesus Cristo
desde sua infância. Dão 16 vezes mais informações sobre a vida e os
ensinamentos de Jesus do que a Bíblia. É o relato mais espiritual sobre
Jesus até hoje escrito.
A PÁSCOA EM JERUSALÉM
Durante o mês de abril, Jesus e os apóstolos trabalharam em Jerusalém, indo para fora da cidade todas as noites e pernoitando na Betânia. Jesus passava, ele próprio, uma ou duas noites, por semana, na casa de Flávio, um judeu grego, em Jerusalém, e até ali iam, secretamente, muitos judeus proeminentes para entrevistarem-se com Jesus.
No primeiro dia em Jerusalém, Jesus esteve com Anás, amigo de anos anteriores, e que havia sido o sumo sacerdote e era parente de Salomé, a mulher de Zebedeu. Anás havia ouvido falar de Jesus e dos seus ensinamentos, mas, quando ele surgiu na casa do sumo sacerdote, foi recebido com muita reserva. Quando Jesus percebeu a frieza de Anás, imediatamente foi embora, e, ao sair, disse: “O medo é o maior escravizador do homem, e o orgulho, a sua grande fraqueza; tu te trairias a ti próprio, dentro da prisão desses dois destruidores do júbilo e da liberdade?” Anás nada respondeu, todavia. E o Mestre não mais viu Anás, até o momento em que este se assentou junto do próprio genro para o julgamento do Filho do Homem.
1. ENSINANDO NO TEMPLO
Durante esse mês, diariamente, Jesus ou um dos seus apóstolos ensinava no templo. Quando as multidões da Páscoa estavam grandes demais para terem acesso ao ensinamento dentro do templo, os apóstolos faziam os grupos de aprendizado do lado de fora dos recintos sagrados. A ênfase da mensagem deles era:
1. O Reino do céu está à mão.
2. Pela fé na paternidade de Deus, vós podeis entrar no Reino do céu, tornando-vos assim os filhos de Deus.
3. O amor é a regra para viver dentro do Reino – a suprema devoção a Deus que, ao mesmo tempo, significa amar ao próximo como a si mesmo.
4. A obediência à vontade do Pai, produzindo os frutos do espírito, na vida pessoal de cada um; essa é a lei do Reino.
As multidões, que vieram celebrar a Páscoa, ouviram esse ensinamento de Jesus e, às centenas, rejubilaram-se com as boas-novas. Os sacerdotes principais e os dirigentes judeus ficaram muito preocupados com Jesus e os seus apóstolos, e debateram entre si sobre o que deveriam fazer com eles.
Além de ensinarem no templo e nas suas cercanias, os apóstolos e outros crentes estavam empenhados em realizar muito trabalho pessoal junto às multidões da Páscoa. Esses homens e mulheres interessados levavam a boa-nova da mensagem de Jesus, nessa celebração da Páscoa, até as partes mais remotas do império romano e também para o Oriente. Esse foi o começo da propagação do evangelho do Reino, para o mundo exterior. O trabalho de Jesus não mais ficaria confinado à Palestina.
2. A IRA DE DEUS
Havia em Jerusalém, assistindo às festividades da Páscoa, um certo Jacó, um rico comerciante judeu de Creta; e ele veio até André e pediu para ver Jesus a sós. André arranjou esse encontro secreto com Jesus, na casa de Flávio, para a noite do dia seguinte. Esse homem não pôde compreender os ensinamentos do Mestre, e tinha vindo porque desejava inquirir mais completamente sobre o Reino de Deus. E Jacó disse a Jesus: “Mas, Rabi, Moisés e os velhos profetas nos dizem que Yavé é um Deus ciumento, um Deus de muita ira e de forte raiva. Os profetas dizem que ele odeia os malfeitores e se vinga daqueles que não obedecem à sua lei. Tu e os teus discípulos nos ensinais que Deus é um rei, um Pai cheio de compaixão, que ama tanto a todos os homens e que os acolheria no seu Reino do céu, o qual tu proclamas estar perto e à mão”.
Quando Jacó acabou de falar, Jesus respondeu: “Jacó, tu acabaste de expor muito bem os ensinamentos dos velhos profetas, que instruíram aos filhos daquela geração de acordo com a luz da época deles. O nosso Pai no Paraíso é imutável. Mas o conceito da sua natureza ampliou-se e cresceu desde os dias de Moisés até os tempos de Amós e mesmo até a geração do profeta Isaías. E agora eu vim, na carne, revelar o Pai, em nova glória, e mostrar o Seu amor e a sua misericórdia a todos os homens, em todos os mundos. Quando o evangelho deste Reino disseminar-se pelo mundo, com a mensagem de coragem e boa vontade a todos homens, surgirão melhores relações entre as famílias de todas as nações. Com o passar do tempo, os pais e seus filhos amar-se-ão mais uns aos outros; e assim será gerada uma melhor compreensão do amor do Pai no céu pelos Seus filhos na Terra. Lembra-te, Jacó, que um pai bom e verdadeiro não apenas ama a sua família como um todo – como uma família – mas ama também e verdadeiramente se importa afetuosamente com cada um dos seus membros individuais”.
Depois de uma discussão considerável sobre o caráter do Pai celeste, Jesus fez uma pausa e disse: “Tu, Jacó, sendo pai de muitos filhos, sabes bem a verdade das minhas palavras”. E Jacó disse: “Mas, Mestre, quem te disse que sou pai de seis filhos? Como soubeste disso a meu respeito?” E o Mestre respondeu: “Bastaria dizer que o Pai e o Filho sabem de todas as coisas, pois de fato eles a tudo vêem. Amando os teus filhos como um pai na Terra, tu deves aceitar como uma realidade o amor do Pai celeste por ti – não só por todos os filhos de Abraão, mas por ti, pela tua alma individual”.
Então Jesus continuou dizendo: “Quando os teus filhos são muito jovens e imaturos e tu tens de castigá-los, eles podem achar que talvez o pai deles esteja com raiva e tomado por uma ira ressentida. A imaturidade deles não os deixa penetrar além da punição, para que possam discernir a afeição previdente e corretiva do pai. Contudo, quando esses mesmos filhos tornam-se homens e mulheres crescidas, não seria uma tolice que eles se ativessem à noção anterior, concebida erradamente, sobre o seu pai? Como homens e mulheres eles deviam agora discernir o amor do seu pai, em todas aquelas ações disciplinares. E não devia a humanidade, com o passar dos séculos, vir a compreender melhor a verdadeira natureza e o caráter amoroso do Pai no céu? Que proveito podes ter das gerações sucessivas de esclarecimento espiritual, se persistires em ver Deus como Moisés e os profetas O viam? Eu te digo, Jacó, sob a luz brilhante desta hora, tu deverias ver o Pai como nenhum daqueles, que vieram antes, jamais O contemplaram. E, vendo-O assim, tu deverias rejubilar-te por entrares no Reino onde esse Pai, tão misericordioso, governa, e tu deverias buscar ter a vontade do amor Dele dominando a tua vida, daqui por diante”.
E Jacó respondeu: “Rabi, eu creio; eu desejo que tu me conduzas ao Reino do Pai”.
3. O CONCEITO DE DEUS
Os doze apóstolos, a maioria dos quais havia ouvido essa conversa sobre o caráter de Deus, naquela noite, fizeram várias perguntas a Jesus, sobre o Pai no céu. As respostas do Mestre a essas perguntas podem ser mais bem apresentadas pelo seguinte resumo, apresentado numa linguagem moderna:
Jesus repreendeu aos doze com brandura; em essência eis o que disse: Não sabeis das tradições de Israel em relação ao crescimento da idéia de Yavé, e acaso sois ignorantes sobre os ensinamentos das escrituras a respeito da doutrina de Deus? E então o Mestre continuou a instruir os apóstolos sobre a evolução do conceito da Deidade, no curso do desenvolvimento do povo judeu. Ele chamou a atenção para as seguintes fases do crescimento da idéia de Deus:
1. Yavé – o Deus dos clãs do Sinai. Esse foi o conceito primitivo da Deidade, que Moisés exaltou ao nível mais alto como o Senhor Deus de Israel. O Pai no céu nunca deixa de aceitar a adoração sincera dos seus filhos na Terra, não importando quão imaturo seja o conceito da Deidade que tenham, nem o nome com qual simbolizam a Sua natureza divina.
2. O Altíssimo. Esse conceito do Pai no céu foi proclamado por Melquisedeque a Abraão, tendo sido levado até bem longe de Salém por aqueles que, posteriormente, acreditaram nessa idéia ampliada e expandida da Deidade. Abraão e o seu irmão deixaram Ur, por causa do estabelecimento da adoração do sol, e tornaram-se crentes nos ensinamentos de Melquisedeque sobre El Elyon – o Deus Altíssimo. O conceito deles, sobre Deus, era composto de uma fusão das antigas idéias da Mesopotâmia com a da doutrina do Altíssimo.
3. El Shadai. Durante esses dias primitivos, muitos dos hebreus adoravam El Shadai, o conceito egípcio do Deus do céu, sobre o qual eles aprenderam durante o seu cativeiro na terra do Nilo. Muito depois dos tempos de Melquisedeque, todos esses três conceitos de Deus tornaram-se fundidos, formando a doutrina da Deidade criadora, o Senhor Deus de Israel.
4. Eloim. Desde os tempos de Adão, o ensinamento sobre a Trindade do Paraíso tem perdurado. Não vos lembrais como as escrituras iniciam, afirmando que “No começo os Deuses criaram os céus e a Terra”? Isso indica que, quando esse registro foi feito, o conceito de três Deuses em Um, na Trindade, havia encontrado um lugar na religião dos nossos antepassados.
5. O Supremo Yavé. Na época de Isaías essas crenças sobre Deus tinham-se expandido até o conceito de um Criador Universal, que era simultaneamente Todo-Poderoso e todo-misericordioso. E esse conceito de Deus, em evolução e em ampliação, virtualmente suplantou todas as idéias anteriores da Deidade, na religião dos nossos pais.
6. O Pai no céu. E agora, conhecemos Deus como o nosso Pai no céu. O nosso ensinamento oferece uma religião em que o crente é um filho de Deus. Essa é a boa-nova do evangelho do Reino do céu. Coexistentes com o Pai há o Filho e há o Espírito, e a revelação da natureza e o ministério dessas Deidades do Paraíso continuarão a ampliar-se e a iluminar as idades sem fim, da progressão espiritual eterna dos filhos ascendentes de Deus. Em todas as épocas e durante todas as idades, a verdadeira adoração de qualquer ser humano – no que concerne ao seu progresso espiritual individual – é reconhecida, pelo espírito residente, como uma homenagem feita ao Pai no céu.
Nunca antes os apóstolos estiveram tão chocados como estavam ao escutarem sobre essa narrativa do crescimento do conceito de Deus nas mentes judias de gerações anteriores; eles estavam espantados demais, também, para fazerem perguntas. Como permaneciam assentados, diante de Jesus, em silêncio, o Mestre continuou: “E vós teríeis conhecido essas verdades, caso tivésseis lido as escrituras. Acaso não lestes em Samuel, onde ele diz: ‘E a raiva do Senhor foi incitada contra Israel, tanto assim que ele colocou Davi contra eles, dizendo: ide e fazei o censo de Israel e de Judá’? E isso não era estranho porque, nos dias de Samuel, os filhos de Abraão realmente acreditavam que Yavé criara tanto o bem, quanto o mal. No entanto, quando um escritor posterior narrou esses acontecimentos, depois da ampliação do conceito que os judeus faziam da natureza de Deus, ele não atribuiu o mal a Yavé; e, por conseguinte, ele disse: ‘E Satã levantou-se contra Israel e levou Davi a fazer o censo de Israel’. Acaso não podeis perceber que tais registros das escrituras mostram, claramente, como o conceito da natureza de Deus continuou a crescer de uma geração para a outra?
“De novo deveríeis ter percebido o crescimento da compreensão da lei divina em perfeita harmonia com os conceitos, em ampliação, da divindade. Quando os filhos de Israel saíram do Egito, nos dias anteriores à ampliação da revelação de Yavé, eles possuíam os dez mandamentos que lhes serviram de lei, até os tempos em que acamparam diante do Sinai. E esses dez mandamentos eram:
“1. Não adorarás nenhum outro deus, pois o Senhor é um Deus ciumento.
“2. Não elaborarás deuses fundindo-o em imagens.
“3. Não negligenciarás a observação da festa do pão sem levedura.
“4. De todos os varões dos homens ou do gado, os primogênitos são meus, disse o Senhor.
“5. Durante seis dias poderás trabalhar, mas no sétimo dia descansarás.
“6. Não deixarás de observar a festa dos primeiros frutos e a festa da colheita no final do ano.
“7. Não oferecerás o sangue de nenhum sacrifício com pão feito com levedura.
“8. Do sacrifício da festa da Páscoa, não sairás antes que chegue a manhã seguinte.
“9. O primeiro entre os primeiros frutos da terra, vós os trareis para a casa do Senhor, vosso Deus.
“10. Não ferverás um cabrito no leite da mãe dele.
“E então, entre os trovões e os relâmpagos do Sinai, Moisés deu a eles os dez mandamentos novos, com os quais, todos vós estais de acordo, são afirmações mais dignas de acompanhar os conceitos ampliados da Deidade de Yavé. E nunca tereis notado que esses mandamentos estão registrados duas vezes nas escrituras; que, no primeiro caso, a razão para a observação do sábado é a libertação do Egito; enquanto em um registro posterior as crenças religiosas, dos nossos pais, que avançavam, exigiam que a razão para a observação do sábado fosse mudada, passando a ser em reconhecimento ao fato da criação?
“E então vós vos lembrareis de que uma vez mais – no dia do maior esclarecimento espiritual de Isaías – esses dez mandamentos negativos foram transformados na grande e positiva lei do amor, o comando de amar a Deus, acima de tudo; e ao vosso semelhante como a vós próprios. E é essa lei suprema de amor a Deus e ao homem que eu também declaro a vós como constituindo todo o dever do homem”.
E quando ele acabou de falar, ninguém lhe fez nenhuma pergunta. E todos foram, um a um, dormir.
4. FLÁVIO E A CULTURA GREGA
Flávio, o judeu grego, era um prosélito que, não tendo sido circuncidado ou batizado, não tinha acesso ao templo; e já que era um grande amante do belo na arte e na escultura, a casa que ocupava, enquanto permanecia em Jerusalém, era um belo edifício. E, afinal, essa casa era adornada com tesouros sem preço que ele havia reunido aqui e ali nas suas viagens pelo mundo. Quando primeiro pensou em convidar Jesus para ficar na sua casa, ele temeu que o Mestre pudesse ofender-se ao ver essas, assim consideradas, imagens. Flávio, contudo, ficou agradavelmente surpreso quando Jesus entrou e, em vez de reprová-lo por ter esses objetos supostamente idólatras espalhados pela casa, manifestou um grande interesse por toda a coleção e fez muitas perguntas de reconhecimento sobre cada objeto, enquanto Flávio acompanhava-o de aposento em aposento, mostrando-lhe todas as suas esculturas favoritas.
O Mestre percebeu que o seu anfitrião estava surpreso com a sua atitude amistosa para com a arte; e, consequentemente, quando eles haviam terminado de ver toda a coleção, Jesus disse: “Pelo fato de apreciares a beleza das coisas criadas pelo meu Pai e confeccionadas pelas mãos artísticas do homem, deverias esperar a minha reprovação? Moisés, certa vez procurou combater a idolatria e a adoração de deuses falsos, por isso deveriam todos os homens ver com desagrado a reprodução da graça e da beleza? Eu te digo, Flávio, os filhos de Moisés não o compreenderam; e ainda agora transformam em falsos deuses até mesmo as suas proibições de imagens e de coisas celestes e terrestres. Todavia, ainda que Moisés houvesse ensinado essas restrições às mentes sem iluminação daqueles dias, o que teria isso a ver com os dias de hoje, nos quais o Pai no céu é revelado como um Soberano Espiritual universal acima de tudo? E, Flávio, eu declaro que, no Reino que se aproxima, não mais se ensinará que: ‘não deveis adorar isso, nem adoreis aquilo’; não mais haverá preocupação com mandamentos de proibições de coisas nem de cuidados, de que não se faça isso nem aquilo; mas antes todos estarão ocupados com um dever supremo. E esse dever do homem expressa-se em dois grandes privilégios: a adoração sincera ao Criador infinito, o Pai do Paraíso; e o serviço de amor aos nossos semelhantes. Se tu amas o teu semelhante como amas a ti próprio, realmente sabes que és filho de Deus.
“Numa idade em que o meu Pai não era bem compreendido, justificavam-se as tentativas de Moisés, de conter a idolatria, mas na idade vindoura o Pai terá sido revelado na vida do Filho; e essa nova revelação de Deus fará, para sempre, com que não tenha mais sentido em confundir o Pai Criador com ídolos de pedra ou com imagens de ouro e de prata. Doravante, os homens inteligentes podem desfrutar dos tesouros da arte sem confundir essa apreciação material da beleza com a adoração e o serviço do Pai no Paraíso, o Deus de todas as coisas e de todos os seres”.
Flávio acreditou em tudo o que Jesus lhe ensinou. No dia seguinte ele seguiu para a Betânia, além do Jordão, e foi batizado pelos discípulos de João. E assim sucedeu, porque os apóstolos de Jesus ainda não batizavam os crentes. Quando Flávio voltou a Jerusalém, fez uma grande festa para Jesus e convidou sessenta dos seus amigos. E muitos desses convidados também se tornaram crentes na mensagem do Reino vindouro.
5. O DISCURSO SOBRE A CONVICÇÃO
Um dos grandes sermões que Jesus proferiu no templo, nessa semana de Páscoa, foi em resposta a uma pergunta feita por um dos seus ouvintes, um homem de Damasco. Esse homem perguntou a Jesus: “Mas, Rabi, como sabermos com certeza que tu és enviado por Deus, e que nós podemos verdadeiramente entrar neste Reino que tu e os teus discípulos declaram estar perto e à mão?” E Jesus respondeu:
“Quanto à minha mensagem e aos ensinamentos dados aos meus discípulos, vós deveríeis julgá-los pelos seus frutos. Se proclamarmos a vós as verdades do espírito, o espírito testemunhará dentro dos vossos corações que a nossa mensagem é genuína. A respeito do Reino e sobre a vossa convicção e a aceitação que o Pai celeste tem de vós, eu pergunto-vos, dentre vós, qual o pai que, sendo um pai digno e de bom coração, manteria o seu filho ansioso ou na expectativa quanto ao status dele na família ou quanto à segurança do seu lugar no afeto do coração do seu pai? Acaso vós, que sois pais terrenos, tendes prazer em torturar os vossos filhos com a incerteza sobre a constância do amor que os vossos corações humanos mantêm por eles? O vosso Pai no céu também não deixa os Seus filhos do espírito, pela fé, na incerteza duvidosa quanto à posição deles no Reino. Se recebeis a Deus como o vosso Pai, então, de fato e de verdade sois os filhos de Deus. E se sois filhos, então estareis seguros na vossa posição e quanto a tudo o que diz respeito à filiação eterna e divina. Se vós acreditardes nas minhas palavras, conseqüentemente vós acreditais Nele que me enviou e, acreditando assim no Pai, vós vos estais certificando do vosso status como cidadãos celestes. Se fizerdes a vontade do Pai no céu, nunca ireis fracassar na realização da vida eterna de progresso no Reino divino.
“O Espírito Supremo irá testemunhar junto aos vossos espíritos que vós sois verdadeiramente filhos de Deus. E se sois filhos de Deus, então nascestes do espírito de Deus; e todo aquele que houver nascido do espírito tem em si próprio o poder de superar qualquer dúvida; e essa vitória, que supera toda a incerteza, é a vitória da vossa própria fé.
“Disse o profeta Isaías, falando desses tempos: ‘Quando o espírito do alto é vertido sobre nós, então o trabalho da retidão transforma-se em paz, em silêncio e, para sempre, em convicção’. E, para todos aqueles que verdadeiramente crêem neste evangelho, eu me transformarei na garantia de que serão recebidos nas misericórdias eternas e na vida, que perdurará para sempre, do Reino do meu Pai. E então, vós, que ouvis esta mensagem e que credes neste evangelho do Reino, sois os filhos de Deus, e vós tendes a vida eterna; e a evidência, para todo o mundo, de que nascestes do espírito é que vós amais uns aos outros com sinceridade”.
A multidão de ouvintes permaneceu por muitas horas com Jesus, fazendo-lhe perguntas e escutando com atenção as suas respostas confortadoras. Mesmo os apóstolos ficaram encorajados, pelo ensinamento de Jesus, a pregar o evangelho do Reino com mais poder e mais convicção. Essa experiência em Jerusalém foi uma grande inspiração para os doze. Foi o primeiro contato deles com multidões tão enormes, e eles aprenderam muitas lições úteis que demonstraram ser de grande ajuda para o seu trabalho posterior.
6. A CONVERSA COM NICODEMOS
Uma noite, na casa de Flávio, um certo Nicodemos, um membro rico e antigo do sinédrio judeu, apareceu para ver Jesus. Muito havia ouvido falar a respeito dos ensinamentos deste galileu e, sendo assim, Nicodemos veio para ouvi-lo, em uma tarde, enquanto Jesus ensinava nas praças do templo. Ele poderia ter ido ali, com frequência, para ouvir Jesus ensinando, mas temia ser visto pelo povo, assistindo àqueles ensinamentos, pois os chefes judeus já divergiam tanto de Jesus, que nenhum membro do sinédrio iria querer ser identificado abertamente de algum modo com ele. E, dessa maneira, Nicodemos havia arranjado, com André, para ver Jesus, em privacidade, ainda naquele dia depois do cair da noite. Pedro, Tiago e João estavam no jardim de Flávio quando a entrevista começou; e, mais tarde, todos eles foram para dentro da casa, onde a conversa continuou.
Ao receber Nicodemos, Jesus não demonstrou nenhuma deferência especial; ao falar com ele, não fez nenhuma concessão, nenhuma persuasão indevida. O Mestre não fez nenhuma tentativa de repelir o seu interlocutor secreto, nem empregou sarcasmo. Em todas as suas relações para com o visitante ilustre, Jesus esteve calmo, sincero e digno. Nicodemos não era um representante oficial do sinédrio; ele veio ver Jesus, essencialmente, por causa do seu interesse pessoal e sincero nos ensinamentos do Mestre.
Sendo apresentado por Flávio, Nicodemos disse: “Rabi, sabemos que vós sois um instrutor enviado por Deus, pois ninguém meramente humano poderia ensinar desse modo, a menos que Deus estivesse com ele. E eu estou desejoso de saber mais a respeito dos vossos ensinamentos sobre o Reino vindouro”.
Jesus respondeu a Nicodemos: “Em verdade, em verdade, eu te digo, Nicodemos, a menos que um homem tenha nascido do alto, ele não pode ver o Reino de Deus”. Então Nicodemos replicou: “Mas como pode um homem nascer de novo quando ele é velho? Ele não pode entrar por uma segunda vez no ventre da sua mãe para nascer”.
Jesus disse: “Contudo, eu declaro-te que a menos que um homem nasça do espírito, ele não pode entrar no Reino de Deus. Aquele que nasce da carne é carne, e aquele que nasce do espírito é espírito. Mas tu não deves espantar-te porque eu disse que tu deves nascer do alto. Quando sopra o vento, tu escutas o farfalhar das folhas, mas não podes ver o vento – nem de onde vem, nem para onde vai – e assim é com todos os nascidos do espírito. Com os olhos da carne podes aperceber-te das manifestações do espírito, mas não podes discernir de fato o espírito”.
Nicodemos retrucou: “Mas eu não entendo – como pode ser isso?” E Jesus disse: “Como pode ser que tu sejas um instrutor em Israel e sejas ainda ignorante sobre tudo isso? Por isso é que se torna um dever, para aqueles que sabem sobre as realidades do espírito, revelar essas coisas àqueles que discernem apenas as manifestações do mundo material. Mas tu acreditarás em nós se te contarmos sobre as verdades celestes? Tu tens a coragem, Nicodemos, de acreditar naquele que desceu do céu, o próprio Filho do Homem?”
E Nicodemos disse: “Mas como posso começar a captar esse espírito que deverá recriar-me na preparação para a minha entrada no Reino?” Jesus respondeu: “O espírito do Pai no céu já reside em ti. Se quiseres ser conduzido por esse espírito vindo do alto, tu irás, muito em breve, começar a ver com os olhos do espírito, e, então, por meio da escolha sincera, serás guiado pelo espírito, nascerás no espírito, desde que o teu propósito de viver seja o de fazer a vontade do teu Pai que está no céu. E, assim, tendo nascido no espírito e estando feliz no Reino de Deus, tu começarás a colher na tua vida diária os frutos abundantes do espírito”.
Nicodemos era inteiramente sincero. E estava profundamente impressionado, mas foi embora confuso. Nicodemos era um homem realizado, quanto ao autodesenvolvimento e o autocontrole, e até mesmo quanto às suas altas qualidades morais. Ele era de educação refinada, um egocêntrico altruísta; entretanto, não sabia como submeter a sua vontade à vontade do Pai divino, como uma criança pequena querendo submeter-se ao guiamento e à condução de um pai terreno sábio e amoroso, tornando-se assim em realidade um filho de Deus, um herdeiro progressivo do Reino eterno.
Nicodemos, contudo, reuniu fé suficiente para assegurar-se no Reino. Protestou, apenas timidamente, quando os seus colegas do sinédrio tentaram condenar Jesus sem uma audiência; no entanto, com José de Arimatéia, mais tarde, ele demonstrou ousadamente a sua fé e reivindicou o corpo de Jesus, mesmo quando a maior parte dos discípulos havia fugido com medo das cenas dos sofrimentos finais e da morte do Mestre.
7. A LIÇÃO SOBRE A FAMÍLIA
Depois do atarefado período de ensinamentos por meio do trabalho pessoal na semana da Páscoa em Jerusalém, Jesus passou a quarta-feira seguinte na Betânia, com os seus apóstolos, descansando. Naquela tarde, Tomé fez uma pergunta que proporcionou uma longa e instrutiva resposta. Disse Tomé: “Mestre, no dia em que nós nos separamos para sermos embaixadores do Reino, tu nos disseste muitas coisas, instruindo-nos a respeito do nosso modo pessoal de vida; mas o que devemos ensinar à multidão? Como deve esse povo viver depois que o Reino vier mais plenamente? Os teus discípulos deveriam possuir escravos? Os teus crentes deveriam buscar a pobreza e evitar a propriedade? A misericórdia deverá prevalecer sozinha de modo a não termos mais leis nem justiça?” Jesus e os doze passaram aquela tarde e toda aquela noite, depois do jantar, discutindo sobre as perguntas de Tomé. Com o propósito de fazer o registro de tudo isso, apresentamos o resumo seguinte das instruções do Mestre:
Jesus primeiro procurou deixar claro para os seus apóstolos que ele estava na Terra, vivendo uma vida única na carne, e que eles, os doze, haviam sido convocados a participar dessa experiência de auto-outorga do Filho do Homem; e, como colaboradores, também eles deveriam compartilhar de muitas das restrições especiais e das obrigações de toda a experiência da outorga. Havia uma sugestão velada de que o Filho do Homem, entre todas as pessoas que haviam vivido na Terra, fosse a única pessoa que podia simultaneamente enxergar dentro do coração de Deus e nas profundezas da alma humana.
Jesus explicou, bem claramente, que o Reino do céu era uma experiência evolucionária, começando aqui na Terra e progredindo através de várias etapas sucessivas de vida até o Paraíso. No decorrer da noite ele declarou definitivamente que, em algum estágio futuro do desenvolvimento do Reino, ele iria revisitar este mundo, no seu poder espiritual e a glória divina.
Em seguida ele explicou que a “idéia de um reino” não era o melhor modo de ilustrar a relação do homem com Deus; que ele empregava essas figuras de linguagem porque o povo judeu estava esperando um reino e porque João havia pregado em termos do Reino vindouro. Jesus disse: “O povo de uma outra idade entenderá melhor o evangelho do Reino, quando este for apresentado em termos que expressem o relacionamento familiar – quando o homem entender a religião como o ensinamento da paternidade de Deus e da irmandade entre os homens, a filiação a Deus”. Então o Mestre discursou, durante algum tempo, sobre a família terrena como uma ilustração da família celeste, reafirmando as duas leis fundamentais da vida: o primeiro mandamento de amor pelo pai, o chefe da família, e o segundo mandamento, o de amor mútuo entre os filhos; de amar ao irmão como a si próprio. E então explicou que essa qualidade de afeição fraterna iria, invariavelmente, manifestar-se em um serviço social amoroso e sem egoísmo.
E, em seguida, surgiu a discussão memorável sobre as características fundamentais da vida familiar e sobre as suas aplicações ao relacionamento existente entre Deus e o homem. Jesus afirmou que uma verdadeira família baseia-se nos sete fatos seguintes:
1. O fato da existência. As relações da natureza e os fenômenos da semelhança mortal estão ligados na família: os filhos herdam alguns traços dos pais. Os filhos têm origem nos pais; a existência da personalidade depende de um ato dos pais. A relação entre o pai e o filho é inerente em toda a natureza e pertence a todas as existências vivas.
2. A segurança e o prazer. Os verdadeiros pais têm um grande prazer em prover as necessidades dos filhos. Muitos pais, não contentes em suprir meramente as necessidades dos seus filhos, gostam também de prover os seus prazeres.
3. A educação e a instrução. Os pais sábios planejam cuidadosamente a educação e a instrução adequada dos seus filhos e filhas. Quando jovens, eles são preparados para as responsabilidades maiores da vida.
4. A disciplina e as restrições. Os pais previdentes também cuidam da disciplina necessária, da orientação, da correção e, algumas vezes, das restrições a serem feitas à sua progênie imatura.
5. O companheirismo e a lealdade. O pai afetuoso mantém um relacionamento íntimo e amoroso com os filhos. O seu ouvido fica sempre aberto aos seus pedidos; ele está sempre pronto a compartilhar das provações deles e a ajudá-los nas dificuldades. O pai está supremamente interessado no bem-estar progressivo da sua progênie.
6. O amor e a misericórdia. Um pai compassivo perdoa livremente; os pais não conservam memórias vingativas contra os seus filhos. Os pais não são como juízes, nem como inimigos, nem como credores. As verdadeiras famílias são construídas na tolerância, paciência e perdão.
7. A provisão para o futuro. Os pais temporais gostam de deixar uma herança para os seus filhos. A família continua de uma geração para a outra. A morte apenas põe fim a uma geração para marcar o começo de outra. A morte termina com a vida de um indivíduo, mas não necessariamente com a vida da família.
Durante horas o Mestre discutiu sobre a aplicação desses aspectos da vida familiar às relações do homem, o filho da Terra, com Deus, o Pai do Paraíso. E esta foi a sua conclusão: “Toda a relação de um filho com o Pai, eu a conheço até à perfeição, pois tudo o que tiverdes de alcançar quanto à filiação, no futuro eterno, eu já alcancei agora. O Filho do Homem está preparado para ascender à mão direita do Pai, e assim em mim está aberto agora um caminho ainda mais amplo para que todos vós possais ver Deus e, antes de acabardes a progressão gloriosa, para vos tornardes perfeitos como o vosso próprio Pai no céu é perfeito”.
Quando ouviram essas palavras surpreendentes, os apóstolos lembraram-se dos pronunciamentos que João fizera na época do batismo de Jesus, e relembraram-se, vividamente, dessa experiência, quando da sua pregação e ministração subseqüente de ensinamentos, depois da morte e da ressurreição do Mestre.
Jesus é um Filho divino da confiança total do Pai Universal. Ele tem estado com o Pai e O compreende plenamente. Ele vivia agora a sua vida terrena para a plena satisfação do Pai, e essa encarnação na carne capacitou-o plenamente para compreender o homem. Jesus foi a perfeição do homem; ele alcançou exatamente essa perfeição tal como todos os verdadeiros crentes estão destinados a alcançá-la, nele e por meio dele. Jesus revelou um Deus de perfeição ao homem e apresentou, em si próprio, o filho perfeccionado dos mundos a Deus.
Embora Jesus tivesse falado por várias horas, Tomé ainda não estava satisfeito, pois disse: “Mas, Mestre, nós não achamos que o Pai no céu sempre nos trate com bondade e com misericórdia. Muitas vezes nós sofremos dolorosamente na Terra, e nem sempre as nossas preces são ouvidas. Onde é que falhamos em compreender o significado do teu ensinamento?”
Jesus respondeu: “Tomé, Tomé, quanto tempo demorará até adquirires a capacidade de ouvir com o ouvido do espírito? Quanto tempo levará para que tu aprendas que este Reino é um reino espiritual, e que o meu Pai é também um ser espiritual? Tu não compreendes que eu estou ensinando a vós como filhos espirituais da família espiritual do céu, da qual o chefe paterno é um espírito eterno e infinito? Tu não me deixarás usar a família terrena como uma ilustração das relações divinas, sem aplicar o meu ensinamento tão literalmente aos assuntos materiais? Nas vossas mentes não podeis separar as realidades espirituais do Reino dos problemas materiais, sociais, econômicos e políticos da idade? Quando eu falo a linguagem do espírito, por que insistis em traduzir o significado do que eu digo, na linguagem da carne? Só porque eu tomo a liberdade de empregar lugares comuns e comparações literais com o propósito de ilustração? Meus filhos, eu vos imploro que cesseis de aplicar os meus ensinamentos sobre o Reino do espírito aos assuntos sórdidos da escravidão, da pobreza, de casas e terras, e aos problemas materiais da eqüidade e da justiça humana. Essas questões temporais são motivo para a ocupação dos homens deste mundo, e, conquanto, de um certo modo, elas afetem a todos os homens, vós fostes chamados a representar-me no mundo, do mesmo modo como eu represento o meu Pai. Vós sois os embaixadores espirituais de um Reino espiritual, representantes especiais do Pai espiritual. A esta altura deveria ser possível eu instruir-vos como homens crescidos do Reino do espírito. Deveria eu estar sempre me dirigindo a vós como se fosseis crianças? Não crescereis nunca na vossa percepção do espírito? No entanto, eu vos amo e irei suportar-vos até o fim mesmo da nossa associação na carne. E, mesmo então, o meu espírito vos precederá em todo o mundo”.
8. NO SUL DA JUDÉIA
Lá pelo fim de abril, a oposição a Jesus, entre os fariseus e os saduceus, havia tornado-se tão pronunciada que o Mestre e os seus apóstolos decidiram deixar Jerusalém por algum tempo, indo para o sul até Belém e Hebrom. Todo o mês de maio foi passado realizando um trabalho pessoal nessas cidades e entre as pessoas das aldeias vizinhas. Nenhuma pregação pública foi feita nessa viagem, apenas a visitação de casa em casa. Uma parte desse tempo, enquanto os apóstolos ensinavam o evangelho e ministravam aos doentes, Jesus e Abner passaram em Engedi, visitando a colônia nazarita. João Batista viera desse lugar, e Abner havia sido o dirigente daquele grupo. Muitos, na irmandade dos nazaritas, tornaram-se crentes de Jesus, mas a maioria desses homens ascetas e excêntricos recusou-se a aceitá-lo como um instrutor enviado do céu, porque ele não ensinava o jejum e outras formas de renúncia.
O povo que vivia nessa região não sabia que Jesus havia nascido em Belém. Eles sempre supuseram que o Mestre tivesse nascido em Nazaré, exatamente como pensava a maioria dos seus discípulos, mas os doze apóstolos conheciam os fatos.
Essa permanência no sul da Judéia foi um período de descanso e de trabalho frutífero; muitas almas foram acrescidas ao Reino. Nos primeiros dias de junho a agitação contra Jesus havia já se acalmado tanto, em Jerusalém, que o Mestre e os apóstolos voltaram a instruir e a confortar os crentes.
Embora Jesus e os apóstolos tivessem passado todo o mês de junho em Jerusalém ou nas cercanias, eles não se dedicaram a nenhum ensinamento público durante esse período. Na maior parte do tempo ficaram nas tendas, que eram montadas em um parque sombreado, ou jardim, conhecido naquela época como o Getsêmane. Esse parque estava situado na encosta oeste do monte das Oliveiras, não muito longe do riacho Cedrão. Eles passaram as festas dos sábados e os fins de semana com Lázaro e as suas irmãs na Betânia. Por poucas vezes Jesus esteve dentro dos muros de Jerusalém, mas um grande número de buscadores interessados na verdade veio ao Getsêmane para conversar com ele. Numa certa sexta-feira à noite, Nicodemos e José de Arimatéia aventuraram-se a ir ver Jesus, mas, quando já estavam em frente da entrada da tenda do Mestre, voltaram amedrontados. E, claro está, que eles não perceberam que Jesus sabia de tudo que haviam feito.
Quando os chefes dos judeus souberam que Jesus havia voltado a Jerusalém, prepararam-se para prendê-lo; mas, quando observaram que ele não fazia nenhuma pregação pública, concluíram que estava amedrontado, por causa das agitações anteriores; e decidiram permitir que ele continuasse os seus ensinamentos, do modo privado como o fazia, sem que fosse molestado. E assim os assuntos continuaram, silenciosamente, até os últimos dias de junho, quando um certo Simão, membro do sinédrio, aderiu publicamente aos ensinamentos de Jesus, depois de declarar-se diante dos chefes dos judeus. Imediatamente, uma nova agitação, visando à prisão de Jesus, sobreveio, e se fortaleceu tanto, que o Mestre decidiu retirar-se para as cidades de Samaria e para a Decápolis.