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7 de nov. de 2011

História das Copas: Os Incríveis e os (esquecidos) Cem Milhões de Corações


Em uma anotação anterior, falamos ligeiramente sobre um conjunto famoso na década de 1960 - Os Incríveis. Mas, onde é que eles entram na História das Copas? Eles entram nesta mistura de música e futebol cantando uma música denominada "Cem Milhões de Corações". Quê? Quem? Quando?

Uma dica: se você um dia ouviu "Era um Garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones" e acredita de pés juntos que a música é dos Engenheiros do Havaí... fique sabendo que os Engenheiros aproveitaram quase integralmente a versão d'Os Incríveis! É, jovem, você ouviu Os Incríveis sem querer...

A música


Mas, voltando a "Cem Milhões de Corações"... o repórter suou um pouco mas encontrou alguma coisa. A dita-cuja foi lançada em um compacto - aos mais novos, é uma "bolachinha" de vinil, pouco maior que um CD, e que comporta bem poucas músicas (de 2 a 4, na maior parte dos casos), ao contrário dos mais conhecidos LPs - pela RCA Victor em 1974. Era a trilha sonora oficial do Brasil na Copa do Mundo na Alemanha (é verdade que haviam outros discos com músicas relacionadas com o período, mas foi a gravação d'Os Incríveis que ficou com o título de "oficial"). A grosso modo, era uma marcha com dois andamentos, com uma parte mais animada e uma outra parte mais solene, mais lenta.

Pena que o tão sonhado, cantado e acalentado tetra ia demorar bem mais tempo para se tornar realidade... e como o Brasil tombou ante a "Laranja Mecânica" Holanda, após uma avaliação malfeita por Zagallo e companhia, a música caiu no esquecimento...

Mas não foi um esquecimento imediato. Curiosamente, a Copa não havia nem "esfriado" e eis que a dita música surge em outro disco, com outros intérpretes - no LP "A Banda da Alegria", da RCA Camdem, lançado em julho de 1974. Depois disso, sim, é que ninguém mais ouviu falar de "100 Milhões de Corações". Afinal, com o erro do Brasil, a música que se fixou na memória de muitos foi outra: "Camisa 10" de Luiz Américo. Mas esta é uma outra história, que a gente conta em breve!

Onde o disquinho foi parar?...

Cem milhões de corações

(Gilberto Montenegro - José Costa - Muíbo César Cury - Jean Pierre)

Todos juntos de bandeira na mão
saudamos os canarinhos da nossa seleção
é uma nação inteira
mostrando a todo mundo a glória brasileira

Cem milhões de corações
vibrando de uma só vez
é mais uma emoção
Brasil na Alemanha tetracampeão...



Esses tais "Os Incríveis"

Mas, peraí - quem são Os Incríveis? Isso não é nome de filme de animação? Nas décadas de 1960 e 1970, não: era o nome de um conjunto (chamar de banda, jamais: banda, naquele período, só a do flautista Altamiro Carrilho, e era uma banda de respeito!) que, à sua época, teve quase tanta - ou senão a mesma - fama quanto The Fevers, Renato e seus Blue Caps (ambos ainda hoje na estrada) e The Pop's (este exclusivamente instrumental; há notícia que, depois de muitos anos, o grupo voltou a se reunir um dia desses). A formação "clássica"? Mingo, Risonho, Manito, Netinho e Nenê (substituindo Neno após 1965).

Os primeiros anos foram os mais importantes - englobando as primeiras gravações pela Continental (1963-66 - inicialmente denominando-se The Clevers, mudando para o nome atual em 1964-65), seguindo-se o auge na RCA (1967-71; mas o grupo ficou até a década de 1980). "Era um Garoto...", que muitos hoje lembram por conta da gravação dos Engenheiros do Havaí de 1990, foi gravada pelos Incríveis em 1967!

Seguiu-se um sucesso atrás do outro até fins de 1970, quando a situação ficou complicada: "Eu te Amo meu Brasil", lançada em compacto em outubro de 1970 e em LP um mês depois, acabou marcada como uma música pró-ditadura (o título lembrava de cara um dos lemas do período mais barra-pesada do regime militar, "Brasil, Ame-o ou Deixe-o"). Junte-se um compacto com o Hino Nacional em 1971 e... de uma hora para outra, Os Incríveis passaram de populares a execrados e perderam prestígio. O grupo se dissolveu em 1972 (e o nome do conjunto ficou com a gravadora até a década de 1990).

De 1972 até 1981, os remanescentes (ora juntos - que dizer, quase todos juntos - , ora cada um para seu lado ou em outros conjuntos) ainda lançaram alguns LPs e compactos aqui e ali. Por volta de 1984 veio a coletânea "Os Incríveis e Seus Maiores Sucessos", relançada dez anos depois em CD.

Fotos: Wikipedia, jovemguarda, Rogério Torquato e Reprodução