Há 45 anos, primeira igreja evangélica gay era fundada. Papa contra-ataca
As igrejas cristãs tradicionais não
toleram manifestações explícitas de homossexualidade. Ao contrário, as igrejas
continuam suas políticas de repreender, oprimir e expulsar gays.
Como conseqüência, cristãos
homossexuais têm reagido à discriminação criando suas próprias igrejas no
Brasil. Hoje, existem 40 desse tipo no país.
A transexual Alexya Lucas é uma das
participantes desse movimento. "Eu percebi que eu podia ter uma igreja onde
podia ser eu mesma. [...] Me alegro por que posso dizer 'venham, aqui tem uma
casa para vocês'", diz.
Alexya, que hoje estuda teologia e
espera ser a primeira reverenda transexual do Brasil, espera que um dia essa
situação mude. "As igrejas cristãs vão ter de se abrir para a
homossexualidade, para a transexualidade. Eu sei que eu não vou ver isso, mas
estou fazendo parte deste processo".
O ano de 2013 marca os 45 anos de
fundação da primeira congregação cristã inclusiva LGBT, a Igreja da Comunidade
Metropolitana (ICM). Em 1968, Troy Perry pegou emprestada a roupa de um
religioso e, na sala de sua casa, em Los Angeles, fez a primeira cerimônia.
Hoje, a ICM está presente em vários
países, inclusive no Brasil. E há reforços. ”Hoje não só atraímos
homossexuais como também quem diz: ‘Sou solidário a vocês na busca por mais
compreensão religiosa”, disse o reverendo Nancy Wilson, atual líder da ICM.
Para conferir mais vídeos sobre o tema,
clique AQUI.
Baladinhas Temáticas
Uma das
formas encontradas pelas igrejas inclusivas para atrair novos fiéis e
integrá-los aos membros antigos é promover festas temáticas.
Na igreja 'Comunidade Cidade de
Refúgio', fundada por Lanna Holder - ex-missionária da igreja evangélica
Assembleia de Deus que acabou expulsa por ser lésbica - são comuns as baladas
gospel, realizadas uma vez por mês.
Na festa, chamada de
"EletroGospel", bebidas alcoólicas não são permitidas. "O
objetivo é que todos se divirtam com moderação. Somos cristãos e, portanto,
contra qualquer promiscuidade", afirmou Lanna.
Já na 'Igreja Cristã Contemporânea', os
fiéis são convidados a participar de retiros espirituais, que ocorrem durante o
Carnaval.
Segundo Gladstone, a igreja recebe
centenas de e-mails por dia de gays que têm medo de "sair do
armário".
"Nosso trabalho é de
aconselhamento. É muito importante que um jovem homossexual não se sinta
sozinho mesmo quando a família não aceita sua orientação sexual."
Contra-ataque
Papa sinaliza aliança entre religiões
contra casamento gay
O papa Bento 16, indicando o desejo do
Vaticano de forjar alianças com outras religiões contra o casamento gay, disse
que a família estava ameaçada "em seus fundamentos" por tentativas de
mudar a sua "verdadeira estrutura".
O papa fez a sua mais recente denúncia
do casamento gay em um discurso de Natal para os funcionários do Vaticano, em
que ele misturou religião, filosofia, antropologia e sociologia para ilustrar a
posição da Igreja Católica Romana.
Ele colocou todo o peso em um estudo realizado pelo
rabino-chefe da França sobre os efeitos que a legalização do casamento gay
teria sobre as crianças e a sociedade.
"Não há como negar a crise que ameaça em seus
fundamentos --especialmente no mundo ocidental", disse o papa, acrescentando
que a família tinha de ser protegida porque é "o autêntico ambiente para
se entregar o plano da existência humana".
O papa de 85 anos de idade, falando no Salão
Clementine do Palácio Apostólico do Vaticano, afirmou que a família estava
sendo ameaçada por "uma compreensão falsa da liberdade" e um repúdio
ao compromisso de toda a vida do casamento heterossexual.
"Quando tal compromisso é repudiado, as
figuras-chave da existência humana igualmente desaparecem: pai, mãe, filho --
elementos essenciais da experiência de ser humano são perdidos", disse o
líder de 1,2 bilhão de católicos do mundo.
O Vaticano partiu para a ofensiva em resposta às
vitórias do casamento gay nos Estados Unidos e Europa, utilizando todas as
oportunidades possíveis para denunciá-lo através de discursos papais ou
editoriais em seu jornal ou na sua rádio.
Em alguns países, a Igreja Católica uniu forças
localmente com judeus, muçulmanos e membros de outras religiões para se opor à
legalização do casamento gay, em alguns casos com argumentos baseados em
análises jurídicas, sociais e antropológicas, em vez de ensinamentos
religiosos.
Significativamente, o papa elogiou especificamente
como "profundamente comovente" um estudo feito pelo rabino-chefe da
França, Gilles Bernheim, que se tornou tema de acalorado debate no país.
Bernheim, também um filósofo, argumenta que grupos
de direitos homossexuais "irão utilizar o casamento gay como um cavalo de
Tróia" em uma campanha mais ampla para "negar a identidade sexual e
apagar as diferenças sexuais" e "minar os fundamentos heterossexuais
da nossa sociedade".
Seu estudo, "Casamento Gay, Paternidade e
Adoção: O que muitas vezes esquecemos de dizer", argumenta que os planos
de legalizar o casamento gay estão sendo feitos para "o lucro exclusivo de
uma pequena minoria" e são muitas vezes apoiados por causa do
politicamente correto.
Em seu próprio discurso nesta sexta-feira, o papa
repetiu alguns dos conceitos do estudo de Bernheim, incluindo a afirmação de
que crianças criadas por casais gays seriam mais "objetos" do que
indivíduos.
No mês passado, os eleitores nos Estados norte-americanos
de Maryland, Maine e Washington aprovaram o casamento homossexual, na primeira
vez em que os direitos do casamento foram estendidos a casais do mesmo sexo
pelo voto popular.
Uniões do mesmo sexo foram legalizadas em seis
Estados e no Distrito de Columbia pelos legisladores e pelos tribunais.
Também em novembro, a mais alta Corte da Espanha
confirmou uma lei do casamento gay, e na França o governo socialista anunciou
um projeto de lei que permitiria o casamento gay.
Com informações Yahoo/Exame/Reuters/Ultimo Segundo