Semana passada fui com meus amigos Rafael (o Gus) e o Fernando, meu primo, ao cinema. Nós fomos ver este novo filme, O ritual.
Eu fui mais na fé de ver o Antony Hopkins dando show em alguma coisa
que lembrasse o Exorcista, mas tirando a cena do gato, achei tudo meio
fafal. (engraçado usar o termo fafal. Mas é isso que é. Um filme meio
fafal.)
Tudo bem, é um filme, eu diria Ok. Mas não dá medo, não dá ansiedade, nem angústia, nem merda nenhuma. O diabo que eles escolheram (não vou falar o nome porque seria spoiler) mas sei lá. Achei meio caído. Até exorcismo na Igreja Universal dá mais medo.
Em termos de medo, eu ficaria com “O exorcista” original, e com uma mistura boa de “A profecia”com aquele que já esqueci o nome e estou com preguiça de procurar “Atividade paranormal”.
Não sei se algum dia um filme irá superar o Exorcista original, e embora a cena, na época horripilante, da cabeça da menina virar 180 graus pareça piada hoje em dia, foi muito bem feito, muito bem conduzido, com sacadas discretas mas de grande efeito visual, como filmar certas cenas dentro de um frigorífico, de modo que as pessoas exalassem vapor, retratando a friaca absurda que pode ocorrer numa sessão deste tipo.
Além de O exorcista, outros filmes tentaram a sorte nesta senda aí. Um dos filmes mais cotados sobre exorcismo é “O Exorcismo de Emily Rose”.
Ao que parece, o filme se baseia numa trágica história de exorcismo ocorrido no final de 1970. No caso, uma jovem alemã chamada Anneliese Michel foi possuída por espiritos malignos. Inicialmente, pensava-se que apenas algumas fotografias e fitas de áudio do exorcismo de Anneliese Michel realmente existiam. Mas surpreendentemente, alguém descobriu que havia também filmagens, que foram guardadas devido ao impacto que poderiam produzir nas pessoas. Os videos abaixo podem ser perturbadores:
Isso é o que vem sendo alegado pelos produtores que pretendem juntar estes videos em um DVD a ser lançado em 01 de março.
“Anneliese: As fitas do Exorcismo” será lançado no dia 01 março pela produtora The Asilum.
É justamente a mesma empresa que ofereceu aos espectadores fraudes ao alegar que usaram “cenas reais” em “O Exorcismo de Emily Rose” e “A possessão de Gail Bowers”. Agora os caras alegam que tem em sua posse imagens gravadas do incidente real que inspirou os dois filmes da empresa. No site, eles disseram não garantir se o material é real ou não:
Justamente pelo site que é possível ver alguns trechos de video de momentos sombrios envolvendo a possessão demoníaca.
O site também apresenta um par de pequenos trechos do livro a partir das fitas que seriam alegadamente de Anneliese Michel, que foram enviados para o YouTube, os quais foram incluídos aqui no post. A maioria dos clipes não tem áudio.
Não precisa ser muito esperto para sacar que isso é claramente toda aquela conversa fiada que precede mais um filme fabricado para parecer real. Uma metodologia cinematográfica de alto realismo inaugurada em “A bruxa de Blair”. A coisa virou moda e se expandiu para além dos limites do terror. Um dos casos mais emblemáticos deste tipo de promoção que busca numa suposta realidade provocar o desconforto no espectador é (o mico cinematografico) que levou Mila Jovovich a dar uma declaração dizendo que o filme Fouth Kind era baseado em videos reais de pessoas abduzidas no Alaska. Obviamente tudo fake e tudo claramente elucidado pelos investigadores da ufologia antes mesmo da película estrear nos cinemas.
Este tipo de atitude que une a fraude com o entretenimento alarga as fronteiras da discussão sobre até que ponto os cieneastas e produtores podem dizer uma mentira aos espectadores e sair ilesos depois.
E indo além, até que ponto o cinema prescinde dessa necessidade da busca pelo real. Estamos vivendo uma época em que não basta parecer real. Precisa ser real. Hoje vemos os Reality Shows em quase todos os canais, os telejornais viraram shows de realidade e o humor que antes era restrito aos estúdios, saiu para as ruas, fazendo deboche e apresentando pessoas reais pagando mico.
A ficção está em crise? Talvez sim, talvez não. Nem os videogames escapam. Neles, as novas tecnologias vão surgindo para tornar o game cada vez mais real, cada vez mais como um filme. E vai além. Hoje já se joga interagindo no mundo real. O game se libertou da interface baseada em controle e o aparelho já consegue ver os movimentos do jogador no mundo real.
Em paralelo, os games como os da série GTA e Red dead Redemption, que não seguem o padrão linear tradicional, ao oferecerem uma plataforma de jogo em que não existem fases, mas sim missões, vão se tornando mais e mais populares, justamente porque permitem “tudo”, e ao permitirem “tudo”, emulam o mundo real, onde a única coisa que te impede de pular pela janela é seu medo de morrer.
O limite do enquadre da realidade já não existe mais. Hoje o espectador quer o audio realista, multifônico 3d com trocentos canais individuais. As tvs e os equipamentos de video, como os blu ray players oferecem tecnologias que reduzem cada vez mais o pixel, dando maior realismo a imagem, que é apresentada cada vez mais e telas gigantes, com imersão, preferencialmente. Existem as Tvs de led, tvs de plasma, e tvs de LCD que usam luz por trás para expandir a visão periférica e/ou oferecem recursos fantásticos como óculos 3d para 3 dimensões. Os filmes já sairam das telas, o audio te faz entrar na cena, as atuações se baseiam em interações cada vez mais realistas, muitas vezes relegando os scripts e roteiros a um segundo plano. Os planos sequencia são longos e há cada vez mais cenas em PV. (point of View)
Nem a internet escapa. Hoje o que as pessoas querem na internet? Querem relacionamento. Isso explica porque blogs fazem sucesso, porque as redes sociais vão bombando e o chat nunca morre. As pessoas querem a realidade virtualizada.
Há todo um sacrifício para enfiar o espectador na tela. Nessa corrida por oferecer ao sujeito cada vez mais uma fuga para outras realidades, uma necessidade premente de fazer com que ele esqueça quem é, onde está e o que precisa fazer, para imergir completamente em outros mundos, outras ideias. Quando isso é proposto de uma maneira clara, não vejo problema. O que me leva a refletir é justamente a questão de dizer que um material é real quando na verdade não é. Isso é uma coisa que me atrai justamente porque eu mesmo nadei nesta praia ao fazer O relato de um Mib (está aqui do lado ó ——–>) , que era ficcional, parecia que não, e me rendeu ameaças de morte reais. Então, a moda hoje é a do: Vale tudo desde que o cara acredite que aquilo é real.
Mas isso realmente é necessário?
Estamos entrando numa fase em que a “supressão da descrença” está entrando em crise? A supressão da descrença é um mecanismo mental pelo qual, ao prestar atenção em um game ou num filme, o seu cérebro consegue anular todo o senso de lógica e acredita que aquilo é real. É isso que faz com que as pessoas sintam palpitações quando um ator se agarra na beira de um precipício durante o filme.
Os efeitos especiais trabalham para auxiliar seu cérebro a praticar a supressão da descrença. Do mesmo jeito, nos games, portas trancadas. Já se perguntou porque existem portas trancadas em tudo que é jogo? Qual o sentido de colocar uma porta quando não se vai passar por ela? Não só portas, como carros, prédios e casas em que não se pode entrar também estão ali por causa disso. Você não pode entrar, mas o seu cérebro é iludido a pensar que pode. E graças a isso, ele começa a se iludir de que aquele boneco não é um boneco, mas sim uma pessoa real.
Eventualmente, quando pinta na tela alguma coisa muito mentirosa, ela chega a ponto de despertar o cérebro do cara da supressão da descrença (tipo as mentiradas de Missão Impossível, ou a cena da Geladeira no último Indiana Jones).
Eu fico aqui pensando que num mundo marcado pela necessidade da busca do real, do realismo, nós enquanto sociedade, talvez estejamos enfraquecendo o nosso potencial de supressão da descrença ao tornar tudo excessivamente realista, 3d em full hd com 7.3 canais. As pessoas estão ficando cada vez mais céticas com tudo, e talvez daí nasça essa necessidade de dizer de antemão ao espectador que o que ele verá é um video real. Quando na verdade, nunca foi.
A questão filosófica que decorre disso é justamente: O que é o real?
Voltando aos videos reais de exorcismo, pra mim estaria bom se o cara dissesse que é baseado na realidade. Mas não… Baseado já não é mais suficiente. A tônica agora é mostrar o video real, mostrar o capeta, o saci ou o Et de verdade!
Eu não sei se ao fazer algo assim, o cara está cometendo realmente um grande erro, porque hoje, diferente do que era há duas ou três décadas atrás, as pessoas que quiserem saber da verdade estão a meros dois cliques dela. Basta olhar a cara dessa menina do video Real de exorcismo e comprara com a foto da verdadeira Annelise Michel que foi possuída por uma legião diabólica:
São pessoas claramente diferentes!
Então, será que o alcance da verdade, por estar tão mais perto do espectador faz com que a mentira do produtor se torne menos problemática? É uma pergunta que deixo no ar.
Voltando a Annelise Michel, ela se dizia possuída por nada menos que seis demônios diferentes: Lúcifer, Caim, Judas, Nero, Hitler e Fleischmann (padre do século XVI). Mais tarde, a Conferência Episcopal Alemã veio dizer que não se tratou de uma verdadeira possessão.
Mas não é bem isso que o povo pensa.
A jovem possuída morreu no dia 1 de Julho de 1976, num estado de grande debilidade física. E os seus pais, bem como os padres, foram acusados de homicídio por negligência e condenados.
Aqui está um video documentário sobre a possessão de Annelise Michel:
Embora o video seja real, é bom não misturarmos as coisas. Em
primeiro lugar, muita gente diz que as pessoas são possuídas pelo Diabo.
O que é uma errado, já que – a demonologia diz que o diabo nunca faz
isso.
Quem possui seres humanos são os demônios, um ou mais. Então, a luz do estudo das entidades demoníacas, seria errado falar em “possessão diabólica”. O que acontece é possessão demoníaca.
E isso pra quem acredita, claro. Pessoas “endemoniadas” existem desde
o princípio dos tempos. E em muitas culturas. Dos índios de tribos
isoladas na Amazônia aos muçulmanos,
todos praticam os exorcismo e na idade média, grande parte dos casos de
loucura (quando ainda não se tinha a compreensão de certas doenças
cerebrais) atribuía-se aos demônios a responsabilidade para casos de
esquizofrenia, surtos psicóticos e principalmente surtos epilépticos.
Entretanto, por mais que a Ciência jogue luz sobre certas situações,
alguns casos ainda chocam, intrigam e assustam, de tal maneira que
talvez nunca saberemos se de fato as possessões diabólicas realmente
existem, e até em que ponto os exorcismos são realmente efetivos.
O que eu posso dizer é que eu já tive uma casa onde umas manifestações estranhas começaram a ocorrer e precisei exorcisar de verdade a casa junto com um padre. E então as manifestações pararam. E isso foi realmente verdade. Vou te contar, não tem filme de hollywood, 3d, som 7.1 THX e imagem full Hd que consiga provocar o cagaço homérico de acordar no meio da madrugada com um homem rindo alto no seu quarto, quando você está sozinho em casa. As pessoas querem o real, mas quando o real se manifesta, tudo que você quer é sumir e voltar para o conforto do seu mundinho de faz de conta.
Tudo bem, é um filme, eu diria Ok. Mas não dá medo, não dá ansiedade, nem angústia, nem merda nenhuma. O diabo que eles escolheram (não vou falar o nome porque seria spoiler) mas sei lá. Achei meio caído. Até exorcismo na Igreja Universal dá mais medo.
Em termos de medo, eu ficaria com “O exorcista” original, e com uma mistura boa de “A profecia”
Não sei se algum dia um filme irá superar o Exorcista original, e embora a cena, na época horripilante, da cabeça da menina virar 180 graus pareça piada hoje em dia, foi muito bem feito, muito bem conduzido, com sacadas discretas mas de grande efeito visual, como filmar certas cenas dentro de um frigorífico, de modo que as pessoas exalassem vapor, retratando a friaca absurda que pode ocorrer numa sessão deste tipo.
Além de O exorcista, outros filmes tentaram a sorte nesta senda aí. Um dos filmes mais cotados sobre exorcismo é “O Exorcismo de Emily Rose”.
Ao que parece, o filme se baseia numa trágica história de exorcismo ocorrido no final de 1970. No caso, uma jovem alemã chamada Anneliese Michel foi possuída por espiritos malignos. Inicialmente, pensava-se que apenas algumas fotografias e fitas de áudio do exorcismo de Anneliese Michel realmente existiam. Mas surpreendentemente, alguém descobriu que havia também filmagens, que foram guardadas devido ao impacto que poderiam produzir nas pessoas. Os videos abaixo podem ser perturbadores:
Serão reais? Serão esses videos uma prova da menifestação do mal sobre a Terra?
“Anneliese: As fitas do Exorcismo” será lançado no dia 01 março pela produtora The Asilum.
É justamente a mesma empresa que ofereceu aos espectadores fraudes ao alegar que usaram “cenas reais” em “O Exorcismo de Emily Rose” e “A possessão de Gail Bowers”. Agora os caras alegam que tem em sua posse imagens gravadas do incidente real que inspirou os dois filmes da empresa. No site, eles disseram não garantir se o material é real ou não:
Não muito tempo atrás, um dos nossos colegas alemães me contou uma história que eu nunca tinha ouvido antes: Anneliese Michel [...] que teria sido a verdadeira inspiração para o filme O Exorcismo de Emily Rose [...], que morreu depois de passar por dezenas de exorcismos para impedir uma possessão demoníaca.
Intrigado, eu procurei na internet para obter detalhes sobre a história e deparei com este site. O dono do site, Dixon Engle, alegou que tinha as cenas de exorcismo real de Anneliese a partir dos anos 1970. Entrei em contato com ele sobre as fitas, mas ele me disse que já tinha negociado com outro produtor em Hollywood.
Imagine minha surpresa quando descobri que este produtor foi Jude Gerard Prest, que produziu vários documentários na TV (e também atuou em alguns dos nossos filmes). Judas mostrou-nos as imagens que ele havia compilado e nós ficamos impressionados. Nós não temos idéia se ela é realmente Anneliese … mas é absolutamente arrepiante.
Quando eu estava na Alemanha na semana passada, eu tentei ver se eu conseguia rastrear alguém envolvido no processo inicial, mas como eu não falo alemão, não pude gastar o tempo suficiente para encontrar qualquer pista.
Entretanto, fizemos um acordo com Judas e Dixon para nos lançar as imagens antes que alguém o fizesse. Nós estaremos apressando-o para lançar em DVD em 01 de março de 2011 e você pode decidir por si mesmo se é ou não é real.
Justamente pelo site que é possível ver alguns trechos de video de momentos sombrios envolvendo a possessão demoníaca.
O site também apresenta um par de pequenos trechos do livro a partir das fitas que seriam alegadamente de Anneliese Michel, que foram enviados para o YouTube, os quais foram incluídos aqui no post. A maioria dos clipes não tem áudio.
Não precisa ser muito esperto para sacar que isso é claramente toda aquela conversa fiada que precede mais um filme fabricado para parecer real. Uma metodologia cinematográfica de alto realismo inaugurada em “A bruxa de Blair”. A coisa virou moda e se expandiu para além dos limites do terror. Um dos casos mais emblemáticos deste tipo de promoção que busca numa suposta realidade provocar o desconforto no espectador é (o mico cinematografico) que levou Mila Jovovich a dar uma declaração dizendo que o filme Fouth Kind era baseado em videos reais de pessoas abduzidas no Alaska. Obviamente tudo fake e tudo claramente elucidado pelos investigadores da ufologia antes mesmo da película estrear nos cinemas.
Este tipo de atitude que une a fraude com o entretenimento alarga as fronteiras da discussão sobre até que ponto os cieneastas e produtores podem dizer uma mentira aos espectadores e sair ilesos depois.
E indo além, até que ponto o cinema prescinde dessa necessidade da busca pelo real. Estamos vivendo uma época em que não basta parecer real. Precisa ser real. Hoje vemos os Reality Shows em quase todos os canais, os telejornais viraram shows de realidade e o humor que antes era restrito aos estúdios, saiu para as ruas, fazendo deboche e apresentando pessoas reais pagando mico.
A ficção está em crise? Talvez sim, talvez não. Nem os videogames escapam. Neles, as novas tecnologias vão surgindo para tornar o game cada vez mais real, cada vez mais como um filme. E vai além. Hoje já se joga interagindo no mundo real. O game se libertou da interface baseada em controle e o aparelho já consegue ver os movimentos do jogador no mundo real.
Em paralelo, os games como os da série GTA e Red dead Redemption, que não seguem o padrão linear tradicional, ao oferecerem uma plataforma de jogo em que não existem fases, mas sim missões, vão se tornando mais e mais populares, justamente porque permitem “tudo”, e ao permitirem “tudo”, emulam o mundo real, onde a única coisa que te impede de pular pela janela é seu medo de morrer.
O limite do enquadre da realidade já não existe mais. Hoje o espectador quer o audio realista, multifônico 3d com trocentos canais individuais. As tvs e os equipamentos de video, como os blu ray players oferecem tecnologias que reduzem cada vez mais o pixel, dando maior realismo a imagem, que é apresentada cada vez mais e telas gigantes, com imersão, preferencialmente. Existem as Tvs de led, tvs de plasma, e tvs de LCD que usam luz por trás para expandir a visão periférica e/ou oferecem recursos fantásticos como óculos 3d para 3 dimensões. Os filmes já sairam das telas, o audio te faz entrar na cena, as atuações se baseiam em interações cada vez mais realistas, muitas vezes relegando os scripts e roteiros a um segundo plano. Os planos sequencia são longos e há cada vez mais cenas em PV. (point of View)
Nem a internet escapa. Hoje o que as pessoas querem na internet? Querem relacionamento. Isso explica porque blogs fazem sucesso, porque as redes sociais vão bombando e o chat nunca morre. As pessoas querem a realidade virtualizada.
Há todo um sacrifício para enfiar o espectador na tela. Nessa corrida por oferecer ao sujeito cada vez mais uma fuga para outras realidades, uma necessidade premente de fazer com que ele esqueça quem é, onde está e o que precisa fazer, para imergir completamente em outros mundos, outras ideias. Quando isso é proposto de uma maneira clara, não vejo problema. O que me leva a refletir é justamente a questão de dizer que um material é real quando na verdade não é. Isso é uma coisa que me atrai justamente porque eu mesmo nadei nesta praia ao fazer O relato de um Mib (está aqui do lado ó ——–>) , que era ficcional, parecia que não, e me rendeu ameaças de morte reais. Então, a moda hoje é a do: Vale tudo desde que o cara acredite que aquilo é real.
Mas isso realmente é necessário?
Estamos entrando numa fase em que a “supressão da descrença” está entrando em crise? A supressão da descrença é um mecanismo mental pelo qual, ao prestar atenção em um game ou num filme, o seu cérebro consegue anular todo o senso de lógica e acredita que aquilo é real. É isso que faz com que as pessoas sintam palpitações quando um ator se agarra na beira de um precipício durante o filme.
Os efeitos especiais trabalham para auxiliar seu cérebro a praticar a supressão da descrença. Do mesmo jeito, nos games, portas trancadas. Já se perguntou porque existem portas trancadas em tudo que é jogo? Qual o sentido de colocar uma porta quando não se vai passar por ela? Não só portas, como carros, prédios e casas em que não se pode entrar também estão ali por causa disso. Você não pode entrar, mas o seu cérebro é iludido a pensar que pode. E graças a isso, ele começa a se iludir de que aquele boneco não é um boneco, mas sim uma pessoa real.
Eventualmente, quando pinta na tela alguma coisa muito mentirosa, ela chega a ponto de despertar o cérebro do cara da supressão da descrença (tipo as mentiradas de Missão Impossível, ou a cena da Geladeira no último Indiana Jones).
Eu fico aqui pensando que num mundo marcado pela necessidade da busca do real, do realismo, nós enquanto sociedade, talvez estejamos enfraquecendo o nosso potencial de supressão da descrença ao tornar tudo excessivamente realista, 3d em full hd com 7.3 canais. As pessoas estão ficando cada vez mais céticas com tudo, e talvez daí nasça essa necessidade de dizer de antemão ao espectador que o que ele verá é um video real. Quando na verdade, nunca foi.
A questão filosófica que decorre disso é justamente: O que é o real?
Voltando aos videos reais de exorcismo, pra mim estaria bom se o cara dissesse que é baseado na realidade. Mas não… Baseado já não é mais suficiente. A tônica agora é mostrar o video real, mostrar o capeta, o saci ou o Et de verdade!
Eu não sei se ao fazer algo assim, o cara está cometendo realmente um grande erro, porque hoje, diferente do que era há duas ou três décadas atrás, as pessoas que quiserem saber da verdade estão a meros dois cliques dela. Basta olhar a cara dessa menina do video Real de exorcismo e comprara com a foto da verdadeira Annelise Michel que foi possuída por uma legião diabólica:
São pessoas claramente diferentes!
Então, será que o alcance da verdade, por estar tão mais perto do espectador faz com que a mentira do produtor se torne menos problemática? É uma pergunta que deixo no ar.
Voltando a Annelise Michel, ela se dizia possuída por nada menos que seis demônios diferentes: Lúcifer, Caim, Judas, Nero, Hitler e Fleischmann (padre do século XVI). Mais tarde, a Conferência Episcopal Alemã veio dizer que não se tratou de uma verdadeira possessão.
Mas não é bem isso que o povo pensa.
A jovem possuída morreu no dia 1 de Julho de 1976, num estado de grande debilidade física. E os seus pais, bem como os padres, foram acusados de homicídio por negligência e condenados.
Aqui está um video documentário sobre a possessão de Annelise Michel:
Aqui está um audio real da possessão:
Quem possui seres humanos são os demônios, um ou mais. Então, a luz do estudo das entidades demoníacas, seria errado falar em “possessão diabólica”. O que acontece é possessão demoníaca.
O que eu posso dizer é que eu já tive uma casa onde umas manifestações estranhas começaram a ocorrer e precisei exorcisar de verdade a casa junto com um padre. E então as manifestações pararam. E isso foi realmente verdade. Vou te contar, não tem filme de hollywood, 3d, som 7.1 THX e imagem full Hd que consiga provocar o cagaço homérico de acordar no meio da madrugada com um homem rindo alto no seu quarto, quando você está sozinho em casa. As pessoas querem o real, mas quando o real se manifesta, tudo que você quer é sumir e voltar para o conforto do seu mundinho de faz de conta.