Blog

Blog

11 de nov. de 2011

Álbum de recordações


Mussum - Originais do Samba

Mussum - que já me diz meu irmão que também é Mussum ao contrário - tornou-se nacionalmente conhecido por sua participação como humorista no grupo Os Trapalhões, junto com Didi, Dedé e Zacarias. 
O que poucos sabem é que Mussum foi músico e sambista. inicialmente fundou  com amigos o grupo Os Sete Modernos, posteriormente chamado Os Originais do Samba. E foi essa a vida que levou na década de 60 até meados dos anos 70. Inicialmente, ele recusara convites para atuar como humorista, pois "pintar a cara", como é costume dos atores, "não era coisa de homem".
Os originais do Samba fizeram relativo sucesso, tinham base em São Paulo, e em 1968 acompanharam Elis Regina na música vencedora da I Bienal do Samba, "Lapinha", de Baden Powell e P.C. Pinheiro.
O maior sucesso da banda, todavia, veio em 1969, com a música  "Cadê Teresa", de Jorge Ben (hoje Benjor). Nos anos 70 continuaram fazendo sucesso. O grupo não tinha vocalista, todos cantavam em uníssono, andavam uniformizados e o destaque era o bom humor de Mussum. 
Até que, em 1976, Dedé Santana o chamou para participar, junto com Renato Aragão (ainda não havia Zacarias), dos Trapalhões. E aí pouca gente se lembra do passado musical de Mussum. Os Originais do samba continuaram...  mas isso é outra história. 

Kid Abelha - Os Outros

A Musica "OS OUTROS", do Kid Abelha, não foi o maior sucesso da banda, mas é uma daquelas canções que se eterniza e se torna um dos seus clássicos. Não conheço uma mulher que ouça a música e não acompanhe a letra, que trata de um amor que marcou, que se perdeu objetivamente mas que continua vivo...
Gravada em 1985 no disco "educação sentimental", faixa 04 (o que mostra que não era a música de trabalho da banda), ela mexe  com o ideal romântico do príncipe encantado que passou. Trata-se de um amor que se torna mais perfeito justamente porque pretérito.Obviamente, conta a história de um amor adolescente que marca para a vida inteira, e uma idealização daquilo que seria um romance perfeito.
A composição de Leoni (talvez quem tenha composto o que há de melhor no Kid Abelha) revela um inconformismo e uma saudade de quem seria sempre do "melhor namorado", se não houvesse o fim... há indícios de que seria o casal perfeito para os amigos, que não acreditam na separação... o eu-lírico, bem personificado na voz de Paula Toller, não se acostuma com o 'melhor namorado' com outras garotas, enquanto ela, mesmo vivendo outras histórias, são só os outros...  
Trata-se de alguém que olha para trás, apensa, e não para a frente, em face do inconformismo do fim do grande amor. 
Ao final da canção, a mulher vai lembrar de sua paixão realizada mas interrompida, e o homem vai querer ser o "cara" que marca a vida afetiva do "eu lírico"...  
 Acho que muitos conhecem a letra:

Já conheci muita gente
Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros

Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos mas você foi
O meu melhor namorado

Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e só

São tantas noites em restaurantes
Amores sem ciúmes
Eu sei bem mais do que antes
Sobre mãos, bocas e perfumes
Eu não consigo achar normal
Meninas do seu lado
Eu sei que não merecem mais que um cinema
Com meu melhor namorado

Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e só

Depois de você, os outros são os outros e só.

Jorge Drexler

Recentemente, me deparei ouvindo músicas de Jorge Drexler, um cantor uruguaio, que se tornou célebre por ter ganhado o Oscar de melhor canção pela música "al otro lado del rio", do filme Diário de Motocicleta.  A música é bonita, sim, mas Jorge Drexler está muito além de ser um compositor de um sucesso só. 
Tem uma carreira sólida, com mais de dez álbuns gravados (o primeiro foi em 1992), e já há diversos indicativos de sua qualidade:
1) Foi indicado ao Latin Grammy Awards no ano de 2001; 
2) Foi indicado ao MTV Latin Awards no ano de 2001
3) Foi votado entre os 10 melhores álbuns de 2001  pela revista Rolling Stone Argentina.
4)  Sea  foi indicado ao Prêmios Gardel de la Música Argentina em 2001 . 
5) Frontera foi indicado aos Prêmios Gardel de la Música Argentina em  2000
6) Eco foi indicado na categoria de melhor álbum na IX edição dos Prêmios de la Musica no ano de 2005 na Espanha
7) Eco conseguiu disco de ouro na Espanha e na Argentina
8) Eco conseguiu disco de Platina no Uruguai.
9) Eco foi  indicado aos Latin Grammy Awards e ao Grammy americano.
Mas a qualidade de um música não se mede pelos prêmios que ganha. Isso é só um indicativo. Posto aqui a canção Todo se transforma, que revela a qualidade musical de Drexler. Segue a letra:
Todo Se Transforma
Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento

Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

E agora, a tradução:
Tudo Se Transforma

Teu beijo se fez em calor,
Logo o calor, em movimento,
Logo em gota de suor
Que se fez em vapor, logo em vento
Que num canto de algum Riacho
Moveu a pá de um moinho
Enquanto pisavam o vinho
Que tua boca vermelha bebeu.

Tua boca vermelha na minha,
A taça que gira em minha mão,
E enquanto o vinho caia
Soube que de algum distante
Canto de outra galáxia,
O amor que me daria,
Transformado, voltaria
Um dia a agradecer-te.

Cada um dá o que recebe
E logo recebe o que dá,
Nada é mais simples,
Não há outra norma:
Nada se perde,
Tudo se transforma.

O vinho que eu paguei,
Com aquele euro italiano
Que havia estado em um vagão
Antes de estar na minha mão,
E antes disso em Torino,
E antes de Torino, em Prato,
Onde fizeram meu sapato
Sobre o qual cairia o vinho.

Sapato que em umas horas
Buscarei debaixo de tua cama
Com as luzes da aurora,
Junto a tuas sandálias planas
Que compraste aquela vez
Em Salvador na Bahia,
Onde a outro deste o amor
Que hoje eu lhe devolveria

Cada um dá o que recebe
E logo recebe o que dá,

Nada é mais simples,
Não há outra norma:
Nada se perde,
Tudo se transforma.


Na canção - Vinícius Cantuária

Em 1983, não havia e-mails, celulares, internet, os modos de comunicação não eram tão rápidos e instantâneos como hoje. Aí, Vinícius Cantuária, compositor muito conhecido por músicas como Lua e Estrela, que fez sucesso na voz de Caetano Veloso, e Só Você, seu maior sucesso individual, compôs a música Na canção. 

COMPTE_BLOGOF musicaemprosa : Música em Prosa, Na canção - Vinícius Cantuária
Típica do som dançante dos anos 80, a música é toda metalinguagem... alguém que reafirma a força do sentimento através da música,  que diz que a canção é para alguém que vive fugindo, mas que vai ouvir e vai saber quando sua canção tocar no rádio. 
Vinícius Cantuária certamente fez para alguém, e imaginou que essa pessoa saberia ouvir e identificar a canção, feita para mexer com o autor e com o destinatário, como uma canção/declaração feita com o coração...
Vinícius Cantuária segue com carreira bem-sucedida fora do Brasil há mais de duas décadas... mas algumas de suas composições ficaram... Na canção é uma delas...

Isso é pra quem não acredita
Na força do coração
Mas falo direto contigo na canção
Você vive fingindo/fugindo eu não ligo
Isso é comum por aí
Mas eu to falando contigo, meu bem
Você vai me ouvir
Quando minha voz bater
No rádio e você ouvir vai saber
Não foi sem querer
Essa eu fiz pra mexer comigo e você.


Maracangalha


COMPTE_BLOGOF musicaemprosa : Música em Prosa, Maracangalha
Eu vouu pra Maracangalha
Eu vou!
Eu vou de uniforme branco
Eu vou!
Eu vou de chapéu de palha
Eu vou!
Eu vou convidar Anália
Eu vou!
Se Anália não quiser ir
Eu vou só!
Eu vou só!
Eu vou só!
Se Anália não quiser ir
Eu vou só!
Eu vou só!
Eu vou só sem Anália
Mas eu vou!...
Poucas Músicas de Dorival Caymmi são tão conhecidas quanto Maracangalha. Na verdade, trata-se de uma letra simples, uma melodia também simples, que faz da música uma daquelas que parece ter sido feita desde sempre... Stella Caymmi, neta do compositou, contou assim a história da música, no seu livro "Dorival Caymmi: o mar e o tempo"

COMPTE_BLOGOF musicaemprosa : Música em Prosa, Maracangalha 
"o samba foi feito na tarde do dia 29 de julho de 1955, uma sexta-feira, em São paulo, enquanto pintava um auto-retrato, em seu apartamento. De repente, veio em sua mente uma frase de Zezinho, seu amigo de infância em Salvador: 'Eu vou pra Maracangalha'. Dorival se lembra que 'toda vez que eu dava a ideia dele vir ao Rio, ele desconversava. Isso me intrigava'. Mas logo depois o amigo se abriu. Zezinho tinha uma amante em Itapagipe, Áurea, e com ele tinha quatro filhos. 
- Como é que você sustenta essa filharada? - O compositor perguntou espantado 
- Eu me viro. Respondeu Zezinho. 
Mas Dorival queria saber mais
- Como é que você faz para vê-la sem que Damiana desconfie? 
- Eu forjo um telegrama para mim mesmo e digo: 'Eu vou pra Maracangalha'. É lá que eu compro saco de encher açúcar para embarcar, e ela não desconfia. - Explicou Zezinho.
"Maracangalha saiu por isso. Fiquei apaixonado pela sonoridade da palavra. Agradeço tanto a Zezinho" - Comenta o compositor, revelando a fonte de sua inspiração.
   Fonte: Caymmi, Stella. Dorival Caymmi. O mar e o tempo, São paulo, Ed. 34, 2001, p. 329. 

Tim maia - O que me importa

Tim Maia adorava fazer piadas de si mesmo. logo na introdução do Livro de Nelson Motta (vale Tudo ), Nelson diz a Tim que seus filhos ganharam um gato e o apelidaram de Tim maia, ao que o o cantor respondeu: sei, 'é "preto, gordo e cafajeste"
No entanto, Tim Maia, como grande cantor que era, fazia referências depreciativas acerca do seu próprio estilo de música: a "mela-cueca", as musicas lentas, românticas, e as "molha sovaco" para dançar, pular, suar. 
Na obra de Tim Maia, as pessoas costumam fazer referência mais frequente às suas músicas suingadas, cheias de firulas vocais e arranjos dançantes, mas Tim Maia é muito mais do que isso.
Pedi ao maior especialista em Tim Maia desse Musicblog, o Paulo Roberto (www.tudosemfaltarsom.musicblog.com.br), para que ele postasse a música de Tim que ele mais gostava, e me deparei com a bela canção "mela cueca" O que me importa, gravada em 1972 (e que a maioria das pessoas hoje conhece na voz de Marisa Monte). Tim Maia baixava a potência de seu "vozeirão", e chorava o fim de uma relação, em que o sujeito diz ser tarde demais o arrependimento do ser amado, 
Uma visão incauta da música pode achar que é uma vingança (do tipo, eu chorei, e você vai chorar agora), mas na verdade quem sofre mesmo e duplamente é o "eu lírico", que sofreu pelo amlor perdido e sofre depois pela consciência triste de que é tarde demais. É uma canção de desencanto, pela perda não só do ser amado, mas do próprio amor...
Sempre vale a pena ouvir....
***


O que me importa
(Cury)

O que me importa
Seu carinho agora
Se é muito tarde
Para amar você

O que me importa
Se você me adora
Se já não há razão
Prá lhe querer

O que me importa
Ver você sofrer assim
Se quando eu lhe quis
Você nem mesmo soube dar
Amor

O que me importa
Ver você chorando
Se tantas vezes
Eu chorei também

O que me importa
Sua voz chamando
Se prá você jamais
Eu fui alguém

O que me importa
Essa tristeza em seu olhar
Se o meu olhar tem mais
Tristezas prá chorar
Que o seu

O que me importa
Ver você tão triste
Se triste fui
E você nem ligou

O que me importa
Seu carinho agora

Se para mim

Fonte - musicblog