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26 de abr. de 2012

Uma parceria musical inusitada

Paulo de Tarso, Camões e Renato Russo, o que poderia haver de comum entre homens que viveram em épocas separadas por séculos? 
Além do incrível talento com as palavras, algo mais os une: eles foram parceiros em uma composição musical. Não pense que é um delírio da minha parte, é a pura verdade. Se você duvida, veja o vídeo da belíssima Monte Castelo  e leia um pouco sobre a vida desses três homens que, cada um à sua maneira foram verdadeiros artistas da palavra.

Renato Russo



Renato Russo, vocalista e líder da banda Legião Urbana, escreveu  obras primas da música brasileira. Monte Castelo, Será, Faroeste Caboclo, Pais e Filhos e tantas outras músicas de Renato Manfredini Júnior permanecem como clássicos do rock brasileiro. Em Monte Castelo, Renato Russo criou com maestria uma música inspirada em dois textos: O capítulo XIII da 1° carta de Paulo aos Coríntios e o soneto XI de Luís Vaz de Camões. 

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Paulo de Tarso

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Paulo, antes da conversão ao cristianismo, foi um feroz perseguidor dos seguidores de Jesus, nessa época, Paulo era conhecido pelo seu nome judeu: Saulo. A Bíblia relata que numa viagem, cuja finalidade era prender cristãos em Damasco, Jesus aparece em visão para Saulo, que abraçando os ensinamentos do Messias, passa a adotar o nome romano de Paulo.
Paulo tornou-se um incansável defensor e divulgador do evangelho de Jesus, educado com toda a erudição judaica, escreveu cartas aconselhando, orientando e fortalecendo as jovens congregações cristãs.
Em Monte Castelo, Renato Russo usa na letra o capítulo XIII, da carta de Paulo aos Coríntios:
“Ainda que o fale a língua dos homens e dos anjos, e não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos, em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém é o amor.”

Camões


António_Carneiro_-_Camões_lendo_Os_Lusíadas
Luís Vaz de Camões, foi o renovador da língua portuguesa. Tido como o maior poeta da nossa língua, Camões escreveu “Os Lusíadas”, onde narra a história de Vasco da Gama e a saga dos portugueses em busca do caminho para as Índias. Também é autor de vasta obra lírica. Renato Russo, usou na letra de Monte Castelo, o soneto XI:
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?