Além do incrível talento com as
palavras, algo mais os une: eles foram parceiros em uma composição
musical. Não pense que é um delírio da minha parte, é a pura verdade. Se
você duvida, veja o vídeo da belíssima Monte Castelo e leia um pouco
sobre a vida desses três homens que, cada um à sua maneira foram
verdadeiros artistas da palavra.
Renato Russo
Renato Russo, vocalista e líder da banda Legião Urbana, escreveu obras primas da música brasileira. Monte Castelo, Será, Faroeste Caboclo, Pais e Filhos e tantas outras músicas de Renato Manfredini Júnior permanecem como clássicos do rock brasileiro. Em Monte Castelo, Renato Russo criou com maestria uma música inspirada em dois textos: O capítulo XIII da 1° carta de Paulo aos Coríntios e o soneto XI de Luís Vaz de Camões.
Paulo de Tarso
Paulo, antes da conversão ao cristianismo, foi um feroz perseguidor dos seguidores de Jesus, nessa época, Paulo era conhecido pelo seu nome judeu: Saulo. A Bíblia relata que numa viagem, cuja finalidade era prender cristãos em Damasco, Jesus aparece em visão para Saulo, que abraçando os ensinamentos do Messias, passa a adotar o nome romano de Paulo.
Paulo tornou-se um incansável defensor e divulgador do evangelho de Jesus, educado com toda a erudição judaica, escreveu cartas aconselhando, orientando e fortalecendo as jovens congregações cristãs.
Em Monte Castelo, Renato Russo usa na letra o capítulo XIII, da carta de Paulo aos Coríntios:
“Ainda
que o fale a língua dos homens e dos anjos, e não tiver amor, serei
como o sino que ressoa ou prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de
profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma
fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu
dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser
queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos, em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém é o amor.”
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos, em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém é o amor.”
Camões
Luís Vaz de Camões, foi o renovador da língua portuguesa. Tido como o maior poeta da nossa língua, Camões escreveu “Os Lusíadas”, onde narra a história de Vasco da Gama e a saga dos portugueses em busca do caminho para as Índias. Também é autor de vasta obra lírica. Renato Russo, usou na letra de Monte Castelo, o soneto XI:
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?