Aparelhos eletrônicos que usamos todos os dias podem estar ajudando a piorar nossa saúde. Veja alguns exemplos e aprenda como se proteger dessas ameaças.
Por Felipe Gugelmin em 21 de Março de 2012
Não é preciso pensar muito para
chegar à conclusão de que o motivo primordial para a existência das
tecnologias de que dispomos atualmente é facilitar a vida da humanidade.
Com suas devidas exceções, a grande maioria das invenções incorporadas
ao nosso dia a dia é constituída por ideias que, em sua gênese,
pretendiam tornar nossa existência mais confortável.
Porém, a humanidade já provou
que nem sempre suas boas intenções surtem os efeitos desejados.
Principalmente devido à falta de conhecimento, muitas vezes demora certo
tempo para notarmos que novidades consideradas revolucionárias podem
trazer em si a semente para o surgimento de doenças e outros perigos.
Neste artigo, pretendemos
mostrar como muitas das tecnologias que incorporamos a nosso cotidiano
são capazes de provocar problemas sérios à nossa saúde. O objetivo não é
ser alarmista, mas sim provar que nem sempre é uma boa ideia usar
aparelhos eletrônicos de forma indiscriminada.
Ar-condicionado: o arqui-inimigo de seus pulmões
Ninguém gosta de trabalhar em
um escritório abafado ou ter que aguentar a água entrando pelas janelas
nos dias de chuva. Porém, por mais útil que sejam os aparelhos de
ar-condicionado, seu uso indiscriminado pode estar ajudando a destruir
os pulmões de milhões de pessoas.
(Fonte da imagem: Reprodução/Padua Ar)
Um estudo realizado pela
Universidade de São Paulo (USP) mostra que sintomas como coceiras no
nariz, garganta seca, olhos irritados e desconforto geral podem ser
atribuídos a sistemas de refrigeração. O estudo mostra que o ar dentro
de um edifício equipado com o dispositivo pode conter mais fungos e
ácaros do que o externo, o que aumenta em até 10 vezes a incidência de
doenças respiratórias.
Apesar de a manutenção
periódica do equipamento e dos dutos de ar do local em que ele se
localiza ajudar a diminuir o problema, a mera existência de um
ar-condicionado já é suficiente para ter efeitos negativos. Segundo Gustavo Silveira Graudenz,
médico alergista, o número de queixas em ambientes em que há o
dispositivo são sempre maiores do que naqueles em que não há um sistema
semelhante.
Os problemas mais comuns são
consequências da contaminação de dutos de ventilação por fungos e
ácaros. Além de causar incômodo, esporos espalhados pelo ambiente podem
afetar a estrutura do sono dos empregados, o que ocasiona mal-estar e
pode até mesmo comprometer seus sistemas imunológicos, favorecendo o
aparecimento de outras doenças.
Tecnologia reduzindo a fertilidade
Você ostuma passar horas
navegando na internet com um notebook apoiado no colo? Saiba que essa
prática, com o tempo, pode se provar um verdadeiro perigo caso você
pretenda ter filhos em algum momento do futuro.
(Fonte da imagem: Reprodução/ThinkStock)
Um estudo realizado por Yelim Sheynkin,
urologista vinculado à Universidade do Estado de Nova York, mostra que o
aquecimento excessivo do colo causa a diminuição da qualidade dos
espermatozoides humanos. Somente 10 minutos de uso diário são
suficientes para aumentar a temperatura dos escrotos em níveis perigosos
— a única solução para o problema é sempre apoiar o aparelho em uma
superfície distante do corpo na hora de utilizá-lo.
Além disso, os sinais Wi-Fi atuam como verdadeiros assassinos de esperma,
diminuindo ainda mais sua qualidade. Segundo uma pesquisa liderada pelo
argentino Conrado Avendaño, do Nascentis Medicina Reproductiva, a mera
exposição à radiação eletromagnética das redes sem fio é suficiente para
provocar o efeito indesejado.
Bebês hiperativos
Além de matar espermatozoides, o uso constante de redes sem fio também ameaça as mulheres grávidas. Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina de Yale,
publicado na última quinta-feira (15 de março) pelo periódico Nature
Scientific Reports, mostra que a radiação emitida por aparelhos
eletrônicos é capaz de prejudicar o desenvolvimento do cérebro de bebês.
“O aumento que vem sendo
observado na incidência de transtornos comportamentais em crianças
talvez possa ser explicado em parte pela exposição à radiação do celular
no útero”, afirma Hugh Taylor, um dos autores do projeto.
(Fonte da imagem: Reprodução/Diário do Congresso)
Durante o estudo, a equipe
responsável submeteu ratas grávidas à radiação de um aparelho no modo
silencioso, que recebeu diversas chamadas. Enquanto isso, um grupo à
parte foi mantido sob as mesmas condições, mas com o dispositivo
totalmente desligado.
Após analisar a atividade
elétrica do cérebro dos animais e o resultado de testes psicológicos, os
cientistas chegaram à conclusão de que aqueles que foram expostos à
radiação eram mais propensos a se tornar hiperativos e ansiosos, além de
terem uma capacidade de memorização reduzida. Isso se deve a alterações
na maneira como os neurônios na região cerebral do córtex pré-frontal
haviam se desenvolvido devido à influência da radiação.
Eletrônicos tóxicos
Talvez o maior perigo
relacionado aos eletrônicos seja o fato de que nem todas as pessoas
dispõem de maneiras apropriadas para se livrar de aparelhos antigos.
Dessa forma, muitos gadgets são misturados ao lixo comum ou ficam
abandonados no fundo de alguma gaveta, sujeitos à ação da poeira e da
umidade.
Caso você se encaixe em algum desses casos, pode estar colaborando para expor sua comunidade e familiares a elementos tóxicos como o chumbo, mercúrio, cádmio e o berílio.
O contato com uma dessas toxinas pode provocar efeitos que incluem
danos cerebrais em crianças em desenvolvimento, prejuízos à maneira como
os rins funcionam e diversos tipos de câncer.
Nada de pânico
Embora a cada dia que passa
fique evidente o fato de que as tecnologias que tanto usamos podem nos
prejudicar de alguma maneira, não há motivos para alarme. Afinal,
pesquisas nesse sentido continuam apresentando resultados bastante
contraditórios, e não é possível dizer ao certo se tais efeitos nocivos
são irreversíveis.
A melhor forma de se precaver é
usar aparatos eletrônicos de forma mais equilibrada, incorporando ao
cotidiano atitudes bastante simples. Quando se trata de celulares, por
exemplo, não custa nada evitar dormir com um aparelho próximo à cabeça
ou se afastar de mulheres grávidas na hora de realizar uma ligação.
Assim como outras coisas boas
podem nos prejudicar quando em excesso, a exposição exagerada a novas
tecnologias aumenta os riscos de que surja algum problema. Dessa forma, é
preciso ficar sempre com um pé atrás, ao menos até o momento em que
pesquisas comprovem se há ou não necessidade de medidas preventivas mais
radicais.