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3 de mar. de 2013

Inteligência artificial: Possível arma para o fim da humanidade ou ferramenta para facilitar o dia a dia? (vídeos)



A inteligência artificial é um dos assuntos que, até hoje, rende melhores fontes para criar histórias de ficção científica. A ideia de uma sociedade povoada por robôs inteligentes que, mais do que realizar tarefas, interagem de maneira totalmente humana, serve de base para vários produtos de sucesso.
Exemplo disso é a trilogia “Matrix”, em que a inteligência artificial evoluiu tanto que os robôs se revoltaram contra seus criadores e decidiram moldar novamente o mundo à sua forma. Ou, em uma visão menos apocalíptica, pode-se tomar como exemplo o universo do filme “Eu, Robô”. Nele, um mundo povoado por máquinas superinteligentes presencia o surgimento do primeiro ser inorgânico capaz de demonstrar sentimentos.
Apesar de na ficção máquinas que reproduzem de forma idêntica o comportamento de seres humanos não serem nenhuma novidade, a realidade ainda está muito distante da ficção. Apesar de a cada ano surgirem novos robôs inteligentes, sua capacidade de interação ainda é muito limitada, e ninguém seria capaz de confundi-los com pessoas de verdade.
Desde a década de 1940, a humanidade sonha com os grandes avanços que a inteligência artificial deveria ser capaz de proporcionar. Porém, assim como o teletransporte e os carros voadores, o desenvolvimento científico seguiu por um caminho muito diferente do esperado.
Neste artigo, desvendamos alguns dos mitos por trás da tecnologia de inteligência artificial. Além de mostrar os principais campos em que ela é utilizada, explicamos os motivos pelos quais, mesmo após décadas de pesquisa, ainda não conseguimos desenvolver máquinas capazes de exibir a mesma complexidade de pensamentos que um humano.






Como funciona a inteligência artificial?

 

Como o próprio nome deixa claro, a Inteligência Artificial (IA) é um ramo da ciência de computação que tem como foco elaborar dispositivos que simulem a capacidade de raciocínio humano.  O objetivo é elaborar máquinas que, mais do que simplesmente seguir rotinas pré-programadas, sejam capazes de aprender a desempenhar suas tarefas de forma mais eficiente e consigam se adaptar a novos ambientes.
Porém, a emulação do comportamento humano se mostrou um processo muito mais complicado do que o imaginado originalmente. A própria falta de compreensão que temos do funcionamento dos processos biológicos que ocorrem no cérebro humano contribuiu para isso acontecer – afinal, se não conseguimos entender direito como surge o processo criativo ou a associação de ideias, fica muito difícil reproduzir tais processo de maneira fiel.
IIsso se deve ao fato de que humanos não utilizam somente critérios lógicos de avaliação para resolver problemas. Aspectos como experiências anteriores, intuição e o próprio inconsciente influenciam de maneira   substancial a forma como lidamos com situações inesperadas e contornamos obstáculos.


Além disso, a maneira como processamos informações é muito diferente da utilizada por uma máquina. Exemplo disso pode ser uma simples conversa sobre pássaros: enquanto os seres humanos possuem um conceito intuitivo do que é o animal (embora nem todos tenham a mesma imagem mental dele), para uma máquina interpretar tal conceito exigiria uma grande quantidade de informações.
Não só o conceito de pássaro deveria estar no banco de dados, como também formas de diferenciá-los de outros animais e objetos. O resultado é um processo que, se não impossível, requer um poder computacional que  até as máquinas mais modernas teriam dificuldades em oferecer. Isso sem contar com o longo tempo necessário para programar todos os aspectos necessários.

Novas perspectivas


A aparente falta de avanços pelas quais o campo passou durante boa parte das décadas de 1970 e 1980 decretou o fim da inteligência artificial como concebida originalmente. A necessidade de inovações no campo fez com que o foco deixasse de ser a recriação do pensamento humano e passasse a ser o desenvolvimento de máquinas capazes de realizar tarefas impossíveis para uma pessoa.
Durante a década de 1980, pesquisadores começaram a perceber que a inteligência não se trata de algo unitário, mas sim da união de diferentes fatores que, quando combinados, resultam na resolução de problemas e realização de tarefas. O resultado foi o desenvolvimento de novas técnicas que deixaram de se basear nos humanos como modelo, usando características próprias da informática para a elaboração de novas criações.

A partir de algoritmos baseados em probabilidades, capazes de subtrair significados a partir de uma grande quantidade grande de informações, pesquisadores descobriram que não era preciso ensinar a um computador como realizar uma tarefa. Basta informar a máquina como um ser humano contornaria determinado obstáculo para que ela seja capaz de reproduzir o comportamento nas mesmas condições.

O uso de algoritmos genéticos também foi essencial para o desenvolvimento da inteligência artificial como a conhecemos atualmente. Esta técnica consiste em vasculhar pedaços de códigos gerados aleatoriamente e selecionar somente aqueles que proporcionem o melhor desempenho. A combinação de vários pedaços constitui um novo código, renovado constantemente e que torna a programação final extremamente eficiente – em resumo, se trata de um processo elaborado de aprendizado.

Ao eliminar a necessidade de ter que reproduzir todo o comportamento humano, os pesquisadores conseguiram a liberdade necessária para desenvolver projetos menos abrangentes, mas muito mais eficientes. Exemplo disso é o sistema de algoritmos do Google, que utiliza o auxílio da inteligência artificial para detectar as palavras pesquisadas e entregar os resultados que melhor se adaptem à necessidade do usuário.

Além dos sistemas de busca, que se baseiam na inteligência artificial como forma de associar palavras e fornecer resultados rápidos, a tecnologia muita vezes é utilizada sem ser percebida pelos usuários. Exemplo disso é o sistema de freios de um veículo atual, capazes de determinar o momento exato e a intensidade com que o dispositivo deve ser acionado para realizar a ação determinada pelo motorista – algo que traz mais eficiência para o veículo e aumenta a segurança no trânsito.
No campo da robótica, os avanços são bastante impressionantes. Exemplo disso é a pesquisa realizada por Rodney Brooks do Massachussets Institute of Technology (MIT). Através da observação do comportamento de insetos, ele e sua equipe desenvolveram máquinas com seis pernas capazes de navegar por terrenos complicados.

A partir de algumas regras simples, como levantar mais as pernas caso se encontre em um desnível muito alto, os robôs conseguem identificar a melhor rota a seguir. A mesma tecnologia é empregada no aspirador autônomo Roomba, comercializado pela iRobot, companhia que Brooks fundou junto a alunos do MIT.
Embora não seja capaz de detectar a disposição de objetos em uma sala, o dispositivo possui o conhecimento necessário para manter-se em movimento constante. Usado de forma frequente, o robô “aprende” a melhor rota a seguir, aumentando assim sua eficiência e diminuindo o tempo necessário para limpar o ambiente.




O campo da medicina também é um dos beneficiados pela tecnologia. Desde a década de 1980 já existem máquinas sofisticadas de diagnóstico que, a partir dos resultados obtidos em um exame, conseguem apontar qual o melhor procedimento a tomar – seja ele iniciar o tratamento ou realizar testes complementares.
Atualmente, a inteligência artificial é empregada em tantos campos que seria praticamente impossível listar todos. Tentar se livrar da tecnologia, então, parece uma tarefa impossível – muita da estrutura do sistema financeiro mundial se baseia nela, e a volta ao antigo sistema controlado somente por humanos não só exigiria um processo dispendioso, como poderia resultar em um colapso econômico nunca visto na história.

Entretenimento: o grande beneficiado


Quem acompanha o mundo dos jogos eletrônicos provavelmente já está há muito tempo acostumado com rotinas de inteligência artificial. Mesmo alguns dos títulos mais rudimentares do mercado já apresentavam algum tipo de inteligência própria, nem que seja simplesmente para dificultar a vida do usuário.
Exemplo maior disso são os jogos de luta, em que o próprio jogador contribui de forma definitiva para sua derrota. Enquanto os primeiros confrontos parecem fáceis demais, a máquina utiliza processos de identificação de padrões para detectar as técnicas mais utilizadas.
O resultado é que, nas lutas seguintes, todas as táticas usadas até então se tornam inúteis, pois os adversários conseguem defender-se e contra-atacar de forma eficiente. Isso, claro, sem contar com as vezes   em que o simples apertar de um botão aciona um contra-ataque imediato, coisa da qual nenhum ser humano seria capaz.
Outros beneficiados foram os títulos de ação e tiro em primeira pessoa. Enquanto os bots de jogos como Counter Strile eram baseados em padrões pré-estabelecidos, os inimigos atuais são capazes não só de detectar caminhos a seguir, mas aproveitar-se deles para agir de maneira mais eficiente. Enquanto um soldado de um título antigo ficava em campo aberto esperando tiros, os inimigos atuais são capazes de buscar obstáculos para se proteger, além de bolar táticas complexas para emboscar o jogador.



Fonte da imagem: Bioware

Não é só na jogabilidade que o uso de inteligência artificial traz vantagens, como provou a equipe de desenvolvimento de Mass Effect 2. Em vez de usar técnicas de captura de movimento para capturar a expressão de cada personagem, foi usada uma tecnologia que, a partir da entonação e voluma da voz, resultava em expressões faciais extremamente realistas. O resultado, como provam as críticas positivas ao título, são surpreendentes.
No cinema, técnicas de inteligência artificial combinadas com a última palavra em computação gráfica são utilizadas para oferecer um visual extremamente realista. Exemplo disso é o trabalho realizado na trilogia “O Senhor dos Anéis”, em que cada membro dos exércitos digitais era capaz de evitar obstáculos e realizar gestos individuais independentes dos demais elementos que os rodeava.

Milo: um novo patamar de inteligência artificial

Por si só, o Kinect é um acessório que surpreende pelas características. Além de reconhecer o posicionamento, a voz e os gestos do usuário, com o tempo o aparelho aprende a rotina de uso utilizada e se torna mais preciso e eficiente. Porém, até agora não há um título compatível que possa ser considerado exatamente revolucionário – situação que pode mudar com o lançamento de Milo.


O projeto, que tem como objetivo oferecer ao jogador um amigo virtual realista surpreende pelas técnicas avançadas de inteligência artificial que utiliza. Não só Milo é capaz de interagir com os gestos realizados, como reconhece expressões faciais e objetos segurados, além de fornecer uma resposta realista a estes elementos.
A variedade de expressões faciais (e até mesmo emoções, segundo alguns) demonstradas pelo personagem é algo nunca visto antes na indústria dos jogos eletrônicos.


O que reserva o futuro?


Quem, depois de assistir Blade Runner e Exterminador do Futuro, já estava aprendendo técnicas de guerrilha e enchendo um bunker com provisões, vai ficar decepcionado ao saber que os cenários mostrados nestes filmes são bastante improváveis. Por mais sofisticadas que sejam as tecnologias de inteligência artificial, dificilmente chegará o dia em que veremos máquinas conscientes de sua existência e capazes de se revoltar contra a humanidade.
Isso se deve principalmente ao fato de que, por mais que sejam capazes de se adaptar a novos ambientes e aprender novas funções, as inteligências artificias atuais ainda dependem de um número limitado de diretrizes para funcionar. Caso o código necessário não esteja em sua programação, uma inteligência artificial nunca irá realizar uma tarefa que fuja do esperado.


Fonte da imagem: Warner Bros

Além disso, o poder de processamento e memória necessários para emular o comportamento humano seria algo absurdo, mesmo contando com os avanços tecnológicos atuais. Se montar somente uma máquina capaz de pensar como humanos parece uma tarefa quase impossível, um verdadeiro exército delas é realmente coisa de ficção.
Pelo que se pode prever, a inteligência artificial continuará a ser utilizada em larga escala com o objetivo principal de facilitar as atividades humanas. Seja no desenvolvimento de jogos e filmes mais realistas, automóveis mais seguros ou para coordenar sistemas financeiros, a todo o momento se descobrem novos usos para a tecnologia – felizmente, nenhum deles capaz de se revoltar contra quem a criou.
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E você, o que pensa sobre o uso atual da tecnologia de inteligência artificial?  Ainda tem esperanças de que um dia as máquinas tomem conta do planeta? Deixe suas impressões e opinião em nossa seção de comentários.