A Verdadeira história de Dino Kraspedon
e Aladino Félix
|
Aladino Félix
|
Dino Kraspedon |
|
Aladino Félix é um dos nomes mais polêmicos da Ufologia Brasileira. Félix
escreveu livros como Contato com os Discos Voadores, um clássico da literatura
ufológica mundial, Mensagens aos Judeus, o Hebreu e A Antiguidade dos
Discos Voadores, que se antecipava a Erich von Daniken. E para completar, o
autor líder messiânico e acusado de terrorismo, preso pelo Departamento de
Ordem Política e Social(DOPS) e demais órgãos de repressão política do regime
militar(1964-1985)- Aladino Félix foi torturado conseguiu escapar e acabou
recapturado. Depois de cumprir pena, desapareceu. A meteórica trajetória de
Félix é em si mesma um mistério, ele foi responsável por cerca da metade de
todos os principais atentados políticos ocorridos em São Paulo em
1968. Tais atos acabaram errônea e convenientemente atribuídos a esquerda, e
contribuíram de sobremaneira para disseminar o clima de agitação e desordem que
abriria o leque de justificativas para o fechamento total do regime militar,
por meio da decretação do Ato Institucional numero 5 – o famigerado AI-5 em
dezembro daquele ano. Ligado a altos escalões do governo, Félix insurgiu-se
como o primeiro a alertar que um “golpe dentro do golpe” estava em vias de ser
implantado, e a denunciar, junto com seus adeptos, as torturas a que foram
submetidos nas dependências do Departamento Estadual de Investigações
Criminais(DEIC).
Durante cinco anos, desde novembro de
1952, Aladino Félix teria conservado em segredo o contato que alegava ter
mantido com os tripulantes de um disco voador na Estrada de Angatuba, interior
de São Paul, bem como a visita que recebera do comandante deste. Os visitantes
que dizia ter encontrado eram altos, tinham suas cabeças raspadas e usavam
macacões colantes. Pelo que lhe fora explicado pelo comandante da nave – disse
proceder de dois satélites de Júpiter, Io e Ganímedes – as naves deviam sua
alta velocidade ao vácuo que formavam com o bombardeio de raios catódicos em
toda a parte externa, formando um túnel. Tendo o vácuo sempre a sua frente, o
disco podia movimentar-se sem qualquer atrito, em qualquer velocidade e em
todas as direções.
O comandante ainda teria postulado que
o Sol e os planetas se sustentam no espaço de forma contrária a que a ciência
terrena afirma. O Sol não atrairia os planetas, mas provocaria uma repulsão. “
Se até então a ciência não encontrara a solução para o problema dos três corpos,
brevemente haveria maior dificuldade com a inclusão de um outro sol em nosso
sistema”, dizia Félix, aliás, segundo ele, essa seria uma das razões que
atrairia naves extraterrestres aqui, além de nos prevenir contra os perigos a
que estávamos expostos com o advento da era atômica. O comandante dizia que
todos os planetas teriam suas órbitas modificadas. A Terra por exemplo, sob a
presão de dois Sóis, iria ocupar a zona onde hoje se encontra o cinturão de
asteróides, entre Marte e Júpiter.
Contato com os Discos Voadores aborda assuntos como astronavegação e a vida em
outros mundos. Lança novos conceitos sobre Deus, matéria e energia. Alerta-nos
sobre o perigo atômico e discute os erros cometidos por nossas ciências. Os
visitantes espaciais se identificaram como habitantes de dois satélites
jupterianos, chamados Io e Ganimedes. Quanto à aparência física, Dino descreve
o comandante como um homem alto, corpo esguio de simetria perfeita e com olhos
grandes e azuis.
Em seu livro, Dino afirma, entre outras coisas, que há um planeta em nosso
sistema solar, conhecido como SS433, que, segundo os extraterrestres, está
vindo de encontro à Terra. “Quando chegar à altura do Sol, irá se incandescer”,
garantiu. Como os corpos se repelem pela luz, todos os planetas serão afastados
de suas órbitas. “Com isso, nosso ano passará a ter 1000 dias”, finalizou.
Foi após esses encontros que o senhor escreveu o livro?
DINO – Sim, mas só fui escrevê-lo em 1955. Nesta época, o comandante veio
novamente à minha casa. Só que a razão da visita era trazer uma profecia que
deveria ser incluída no livro. Esta profecia previa um trágico fim para a
humanidade: “De todo será esvaziada a Terra e de todo será saqueada, porque o
Senhor anunciou esta palavra: a maldição consome a Terra e os que habitam nela
serão desolados. Por isso, serão queimados seus moradores e poucos homens
restarão. Os fundamentos da Terra tremem. De todo será quebrantada a Terra, de
todo se romperá a Terra e de todo se moverá a Terra. De todo vacilará a Terra
como o ébrio e será movida e removida como uma choça da noite”.
Para o senhor, o que quer dizer esta profecia?
DINO – Bem, para eu entender a profecia, o comandante precisou fazer um desenho
no meu caderno (que está reproduzido na página 47 do livro). Esse desenho
mostra dois sóis... Ele me explicou que – ao contrário do que explica a nossa
física clássica – os corpos se repelem pela luz. Explica também que todos os
corpos têm luz, mas nós não temos capacidade de perceber isso. A luz é uma
força que repele outros corpos. Assim, os astros se movem e não se chocam uns
com os outros. Eles se repelem mutuamente. Esse é um fato que os
astrônomos não dão nenhum valor... Mas voltando à profecia, ela diz respeito a
um novo corpo celeste que iria invadir o nosso sistema e comprometer a vida na
Terra.
De que forma esse astro pode nos prejudicar?
DINO – O nosso sol repele naturalmente a Terra. Segundo as palavras do
comandante, virá um outro sol, que também a repelirá. Essa repelência afastará
todos os corpos do Sistema Solar, de forma que o planeta Plutão será jogado
fora do sistema. A Terra também será afastada, indo até a região espacial dos
planetóides, perto de Marte. Ao chegar nesse ponto, começará a fazer o
movimento de translação em torno dos dois sóis existentes. Porém – como disse o
comandante – para chegar até a região dos planetóides, nosso planeta levará
aproximadamente seis ou sete dias.
Nesse período ela tremerá, causando um grande cataclismo. Este sol será
detectado pelos cientistas ainda antes do fim do século (lembrar que a
entrevista foi feita em 1996). Desta forma, como diz a profecia, a Terra
tremerá como um ébrio... infelizmente, com isso, dois terços da humanidade
serão extintos.
E foi por isso que o senhor escreveu o livro?
DINO – Sim, por todos os motivos. Foi ele quem me pediu para escrever. Apenas
cumpri uma missão... e foi o único livro que escrevi na minha vida. Várias
pessoas leram a obra e gostaram muito. Em 1957, alguém levou o livro para a
Rússia e, em março do mesmo ano, a Academia de Ciências da União Soviética
enviou uma carta para a editora no Brasil. Então, como naquela época havia
muita repressão, o Departamento de Ordem Política e Social do governo
controlava tudo, principalmente o que vinha da Rússia [risadas]. O pessoal
tinha horror a comunistas. O departamento pegou a carta dos russos, abriu-a e
foi até a editora tirar satisfações.
Alguns fatos sobre ele
O trabalho de Cláudio Suenaga, 1968, A História Que Tentaram Apagar traz
revelações surpreendentes sobre a figura de Aladino Félix e levanta a suspeita
de que a sua participação na história daquele conturbado período foi
subestimada pelo descaso ou preconceito de nossos historiadores. As informações
a seu respeito se resumem a rotulá-lo de louco ou lhe atribuir um papel
secundário.
Há muitas evidências de que Aladino tinha contatos com altos escalões do Regime
Militar e é provável que acreditasse servir-se deles no seu projeto de tomada
do poder. Pode ter sido um inocente útil que acreditava no apoio de
alguns militares aos seus planos, ou também um bode expiatório utilizado pob
eles para deflagrar a caça às bruxas. Para o pessoal da esquerda, ele não
passava de um simples informante ou agente provocador. O Dr. Walter Bühler
declarou que Aladino havia sido treinado pela CIA, em Chicago, de onde, “por
uma razão qualquer, foi desligado”. As evidências de suas ligações com
autoridades militares e as suspeitas de que poderia ter agido cumprindo ordem
deles nunca foram investigadas a fundo. Isto é compreensível partindo de
quem estava ligado ao regime militar; só não consigo entender o desinteresse
dos historiadores em geral, que poderiam talvez levantar fatos inédItos de
nossa História. As autoridades sempre negaram qualquer ligação com Aladino e
apenas diziam que recebiam dele informações e denúncias, de caráter grave,
sobre a situação do país. Mas, na época, falava-se que o terrorismo de grupos
paramilitares de direita não começara nos anos 60, mas décadas atrás, nos anos
40 e 50. Aladino também fez esta denúncia, mas tido na conta de “louco”,
“místico” e “visionário”, ninguém acreditou que por trás dele pudesse
ocultar-se uma “gigantesca rede conspiratória que ao longo dos anos
assumiu o controle de todos os aspectos da vida da nação”.
Diz Cláudio, em sua tese: “Os problemas com a Igreja explicam porque Aladino
não foi nem mesmo citado no livro “Brasil: nunca mais”, projeto conduzido e
coordenado pelos arcebispos da Arquidiocese de São Paulo. A omissão é tanto
mais grave se levarmos em conta que Aladino e seus seguidores foram
praticamente os primeiros “terroristas” torturados pelo aparato repressivo que
se solidificava. Apenas à página 116 deste livro, numa tabela mostrando a
atuação de diversos grupos de esquerda, vemos que uma “organização sem
identificação” atuou em 1968. Muito pouco para um movimento responsável por
quase metade dos atentados cometidos naquele ano em São Paulo.
FONTE: Trecho da Revista Ufo Ano XXIII - Numero 134
|