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2 de dez. de 2012

O Messias relutante


“Uma vida religiosa implica ser uma luz para si próprio, o que significa a não existência de autoridades exteriores, a ausência de autoridades espirituais, incluindo eu.”
Jiddu Krishnamurti
“Nisso não há professor, não há aluno, não há líder, não há guru, não há mestre, não há salvador. Você mesmo é o professor, o aluno, você é o mestre, você é o guru, você é o líder, você é tudo.”
Jiddu Krishnamurti
“Ainda há tempo – saia dessa prisão em que você viveu até agora! Só é preciso um pouco de coragem, só um pouco da coragem do jogador. Não há nada a perder, lembre-se disso. Você só vai perder seus grilhões – só vai perder o tédio, esse sentimento constante de que está perdendo algo. O que há mais a perder? Saia do rebanho e se aceite – mesmo que fique contra Moisés, Jesus, Buda, Mahavira, Krishna, aceite-se. Sua responsabilidade não é para com Buda ou Zaratustra ou Kabir ou Nanak; sua responsabilidade é para consigo mesmo.
Osho
“Não acredite no que você ouviu;
Não acredite em tradições porque elas existem há muitas gerações;
Não acredite em algo porque é dito por muitos;
Não acredite meramente em afirmações escritas de sábios antigos;
Não acredite em conjecturas;
Não acredite em algo como verdade por força do hábito;
Não acredite meramente na autoridade de seus mestres e anciãos.
Somente após a observação e análise, e quando for de acordo com a razão
e condutivo para o bem e benefício de todos, somente então aceite e viva para isso.”

Siddharta Gautama – Buda
A verdade é uma terra sem caminhos…

Escrevo e dedico esse post a todos aqueles que sabem que “verdades espirituais” não podem ser realmente ensinadas, verdades desse tipo são “descobertas” próprias. Iluminação não pode ser aprendida. Na verdade, é até perigoso ensinar “métodos” de se atingir iluminação. Cada pessoa tem o seu próprio e único caminho, que somente ela mesma pode encontrar. A partir do momento que institucionalizamos caminhos (as tais “religiões”, por exemplo), a verdade se torna algo morto, uma mera repetição de palavras e comportamentos, uma adoração de mensageiros, uma padronização e limitação de pensamento, um cerceamento da criatividade.

A verdade é uma experiência, não uma crença

Esse post, é para aqueles que, se vissem Buda pelo caminho, não hesitariam em cortar a cabeça dele. Todo esse blog foi criado e é voltado para pessoas assim. O que importa é a mensagem, não importa o mensageiro. Se a mensagem é boa, se essas (e outras) palavras encontram algum eco dentro de você, é por que isso também é seu – nesse momento você está apenas sendo lembrado disso. Então, não existe o menor sentido em ficar adorando ou venerando “mestres”. Ouça e aprenda a sabedoria deles (isso pode te ajudar a encontrar mais rápido o seu próprio caminho – são “atalhos” – um “norte” que os mestres nos dão) – mas desenvolva a sua própria. É para isso que você está aqui.

A única pessoa com poder para te “salvar” é você mesmo

A partir do momento que alguém crê que a “salvação” vem de fora – de um messias, de uma religião, de um ritual, de um guru etc – ela já se perdeu. O máximo que os mestres podem fazer por nós é nos mostrar que a “salvação”, a “iluminação”,  é possível – que se nos dedicarmos a buscar a nossa Essência, nós podemos encontrá-la. Mas enquanto insistirmos em utilizar os mesmos caminhos que deram certo para esses mestres, sem criar o nosso próprio, poderemos até avançar um pouco, mas jamais chegaremos onde eles chegaram. É por isso que encontramos pessoas que meditam há 20 anos, por exemplo, mas que se comportam de modo tão mundano quanto qualquer outro mortal. Ou de outros que fazem tudo que tal mestre fez ou disse – muitas vezes imitam mesmo – e que são visivelmente infelizes.
O sábio budista Hui Neng viu um monge meditando. Imediatamente apanhou duas pedras e começou a friccioná-las com força. De início, o monge tentou ignorar o som. Mas, depois de algum tempo, desistiu, abriu os olhos e perguntou:
‘Por que você está fazendo esse barulho?’
Hui Neng respondeu:
‘Estou fazendo um espelho polido’.
O monge retorquiu, incrédulo:
‘Você nunca vai fazer um espelho com essas pedras!’
Hui Neng disse, gravemente:
‘Você nunca vai atingir a iluminação meditando.‘”
Todos nascemos com um propósito/missão de vida que devemos descobrir e vivê-lo. Não adianta ficar seguindo os planos dos outros, ou pior, esperar que os outros criem um plano para você – eles nunca criam um plano muito interessante… Da mesma forma, não adianta meditar por que te disseram que é assim que se chega à iluminação. Enquanto você meditar com esse tipo de intenção, continua ancorado no seu ego. Enquanto meditar por que alguém disse alguma coisa ou você leu que era assim ou assado que devia ser feito, a meditação de nada irá lhe servir. Você precisa descobrir.
O vídeo que trago hoje conta um pouco da vida do filósofo e místico indiano Jiddu Krishnamurti. Ele é uma das grandes influências do blog, e até me admirei (assim como aconteceu com Deepak Chopra) quando descobri que nunca havia falado sobre ele por aqui. Ele está entre os meus indianos favoritos ( Osho, Gautama, Chopra, Goswami) e que possui a linha de pensamento que mais me identifico: Pense por si próprio (a)!  Krishnamurti sabia muito bem do que estava falando quando exortava às pessoas a pensarem por conta própria – durante boa parte de sua vida ele foi monitorado e controlado pela Sociedade Teosófica, pois era considerado por eles um Messias (algo que sempre o constrangeu muito). Quando finalmente se libertou de todas as teorias, conceitos, rituais e títulos dessa sociedade,  encontrou a própria voz, e se tornou um dos oradores e místicos mais respeitados das últimas décadas.
O documentário é pequeno, e é um dos melhores que já vi sobre Krishnamurti. Acho que honra a memória dele e mantém viva a mensagem que ele passava.
Espero que gostem:

Parte 1

Parte 2

Parte 3