Maria Mole - Rita Lee
Imagine-se naqueles dias em que
você não quer fazer nada. Quer ficar deitado na cama, na preguiça,
sem fazer nada, nenhum movimento mais brusco, não quer fazer força
nem pra soltar "pum"... esse é o mote da canção "Maria Mole",
gravada por Rita Lee no seu disco homônimo de 1979.
A música já se inicia com um
bocejo, e imediatamente Rita, num ritmo lento e cadenciado, começa
a narrar a "Maria-Mole" que não tem força nem energia para fazer
nada...
A preguiça só é deixada de lado
quando ela encontra seu namorado, o "Rocambole", pois o que Maria
Mole gosta de fazer mesmo é namorar, derretida de paixão, e quando
eles se beijam eles se engolem...
A cena que vem à mente é Maria Mole
de preguiça, na cama, com o namorado, sem energia para fazer nada
senão namorar... é quase um convite a ficar o dia inteiro na
preguiça com quem se gosta....
Lenga-lenga MariaMole só pra disfarçar
Trabalho que é bom nenhum,
Não faz força nem pra soltar pum! Pum?
Lero-lero, blá blá blá
Tira o dedo do nariz
Melecada de chiclets,
Nunca rapa a perna com giletes! Giletes?
Dengo-dengo Maria
Gosta só de namorar
Derretida de paixão
Lambuzada de sabão
E o namorado dela é o rocambole
E quando eles se beijam os dois se engolem
Fazendo assim: Maria Mole, Maria Mole!
Oh, oh Maria Mole...
Maninha. Chico Buarque.
Por trás de uma
bela canção, existem muitos símbolos e significados. Uma delas é
Maninha, de Chico Buarque, gravada em 1977.As peculiaridades estão
contidas no livro Chico Buarque: História das canções
(Leya, 2009), organizada por Wagner Homem
Primeiro, representou um fim do
boicote da Rede Globo a Chico Buarque. Isso porque Chico
inicialmente aceitara participar, em 1971, do VI Festival Internacional da Canção, promovido
pela Globo. Chico, entre outros autores
consagrados, ficaria dispensado das das
eliminatórias. Nas palavras de Homem, "Poucos dias antes do início do festival,divulgaram,
através do Pasquim, um manifesto retirando suas inscrições emsinal de protesto contra a censura e a tentativa de utilizar o
festival comoveículo de propaganda a serviço
da ditadura. Os insurretos foram
proibidos em todos os programas da Rede Globo, mas em pouco
tempoo veto foi levantado. Menos para
Chico".
Em 1977, Maninha entrou na
trilha sonora da novela Espelho Mágico.
Segundo: Chico Buarque afirmou que maninha "é uma canção zangada disfarçada de delicadeza, falando deuma infância imaginária". É zangada pois, mesmo falando das questões bucólicas e nostálgicas de uma infância, afirma que tudo mudou depois que "Ele" chegou.
Quem seria "Ele"? Até Tom Jobim brincava
dizendo: "Ele! Ele! Ele é o general". Chico, todavia, afirmou
no documentário "Vai passar", que o "ele" nmão era a personificação
de ninguém. "Ele" seria a própria situação, a
ditadura.
Terceiro. A letra faz um
monte de referências a situações de infância. As fogueiras, os
balões, a jaqueira, a fruta no capim, a assombração no porão...
Vinícius brincava, dizendo que "é tudo mentira,
tudo mentira. Não tinha
jaqueira nenhuma, não tinha balão".
Quarto. A
canção foi composta para sua irmã Miúcha gravar, No entanto, Chico
sempre assegurou que a "maninha" da letra não era sua irmã,
mas uma forma de tratamento carinhosa,
assim como "iaiá" ou "querida"."
Quinto. "As estrelas salpicadas nas canções"
é uma clara referência à música "Chão
de Estrelas", parceria de Orestes Barbosa e Sílvio Caldas, de
1937,,,
A
letra:
Se lembra da
fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha falava de amor
pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinha
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Prá nunca mais voltar...
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha falava de amor
pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinha
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Prá nunca mais voltar...
Fonte: Homem, Wagner
Histórias de canções :
Chico Buarque / Wagner Homem. -- São Paulo : Leya,
2009
Rita Lee Arrombou a festa - Parte 2
Em 1977,
quase como uma ironia à famosa canção de Roberto Carlos
"Festa de Arromba", Rita
Lee em 1977, numa
parceria com Paulo Coelho, gravou Arrombou
a Festa, uma
musica
que ironiza e revela as contradições daquilo que se convencionou
chamar de MPB.Já fiz a postagem dessa primeira versão
aqui:
Fiquei
devendo, todavia, a segunda parte, a segunda versão de Arrombou a
Festa, um rock & roool, assim como a primeira versão, mas com
um andamento mais acelerado, em que novamente faz piadas,
homenagens e ironias da música brasileira da época.
Começa
Rita logo brincando com a onda disco que invadiu o Brasil no fim da
década de 70 (época de Dancin' Days), brincando com as novas
estrelas instantâneas: Miss Lene (que não se chamava Lenilda)
e Lady Zu (que era, de fato, batizada como Zuleide), brinca
com o samba de Alcione e fafá de belém (e seu famoso busto
avantajado), e ao já veterano Cauby Peixoto (que mostra que a
música não mudou tanto assim).
Em
seguida, Rita brinca com Sidney Magal ("cigano de araque, fabricado
até o pescoço"), e que rebola mais do que o Ney Matogrosso. Brinca
com o gosto de Chico por bebida, fazendo uma ironia com a música
"Cálice", que seja trocada por um Möet Chandon.
Rita
reafirma que, em 1980, sucesso fora do Brasil era mesmo Carmen
Miranda, e brinca com sua nova repetição... para, em seguida,
entrar as músicas incidentais de Roberto Carlos (Lady Laura),
Sidney Magal (Sandra Rosa Madalena), Freak Out (com uma versão em
português da onda disco) .
a
letra:
Ai, ai meu
DeusO que foi que aconteceu
Com a música popular brasileira
Quando a gente fala mal
A turma toda cai de pau
Dizendo que esse papo é besteira
Na onda discothéque da
América do Sul
Lenilda é miss Lene
Zuleide é Lady Zu
Pra defender o samba
Contrataram Alcione
É boa de pistom mas
Bota a boca no trambone
No meio disso tudo
A Fafá vem dar um jeito
Além de muita voz
Ela também tem muito peito
E a música parece
Brincadeira de garoto
Pois quando ligo o rádio
Ouço até Cauby Peixoto
Cantando: Conceição
Ai, ai meu Deus
O que foi que aconteceu
Com a música popular brasileira
Quando a gente fala mal
A turma toda cai de pau
Dizendo que esse papo é besteira
O Sidney Magal rebola mais
Que o Matogrosso
Cigano de araque
Fabricado até o pescoço
E o Chico na piscina
Grita logo pro garçom
Afaste esse cálice e
Me traz Moet Chandon
Com tanto brasileiro por aí
Metido a bamba
Sucesso no estrangeiro
Ainda é Carmem Miranda
E a Rita Lee parece que
Não vai sair mais dessa
Pois pra fazer sucesso
Arrombou de novo a festa!
Ziri, ziriguidum
Skindô, skindô lelê
Sai da frente que eu quero é comer
A música popular brasileira
Lady Laura
A música popular...
Parabéns a você
Parabéns para a música popular...
A música popular
Ah, eu te amo
Ah, eu te amo meu amor
Ai, Sandra Rosa Madalena
Ah, ah, ah, ah
O meu sangue ferve pela
Música popular...
Oh, fricote, eu fiz xixi
Fricote eu fiz xixi
Na Música Popular Brasileira
Corre que lá vem os "homi"!
Caetano, o trio elétrico e o Carnaval da Bahia em 1972
Em fevereiro de 1972. No mês
anterior, Caetano retornaria do exílio em Londres. O Brasil ainda
vivia anos de chumbo da sua ditadura militar. Logo após seu
retorno, ele deu uma entrevista à revista Bondinho, que atualmente
faz parte de uma coletânea muito interessante de entrevistas
recentemente publicadas pela editora Azougue.
E nessa entrevista ele fala do
carnaval da Bahia, numa análise que, em certa medida, parece atual
40 anos depois:
"Desde 1949, na Bahia, existe uma nova forma de
carnaval, criada pelos trios elétricos. Essa foi uma solução
estética que o povo de Salvador encontrou para continuar se
manifestando ativamente".
Logo em seguida, Caetano faz uma
referência a Dodô e Osmar, e a um estilo e uma estática de pular
carnaval própria dos baianos.
"O primeiro cara que fez o trio elétrico, de certa
forma, inventou a guitarra elétrica, que já existia nos Estados
Unidos mas não existia no Brasil. O primeiro trio elétrico saiu com
uma guitarra feita por um cara lá na Bahia. Isso é uma loucura,
entende? Quero dizer o seguinte: que a forma do trio elétrico, que
veio dos anos 40 até hoje criou um estilo de tocar, um estilo de
brincar na rua, criou um estilo de marcha de
carnaval".
Mais adiante, ele argumentou que
esse estilo carnavalesco se contrapõe ao estilo melancólico do
carnaval do Rio.
E
impediu que o carnaval se transformasse nessa coisa triste que é o
carnaval do Rio, essa coisa ainda bonita, mas melancólica:
exatamente a conservação do passado; o carnaval do Rio, que você
pode até pagar pra ver - mas que as pessoas de hoje não vivem hoje,
entende? E o trio elétrico na bahia solucionou esse problema
saudavelmente".
Vem primeiro o elogio, para em
seguida vir a crítica:
"Eu gostaria que o carnaval da Bahia, em vez de se
tornar um ponto de atração turística, ele se tornasse um exemplo de
solução estética, de expressão do povo brasileiro, um exemplo de
saúde criativa. Eu não me nego a fazer propaganda do carnaval da
Bahia, enquanto ele existe como tal. Ainda que daqui a cinco anos
ele morra turistizado, Deus o livre e guarde, eu espero que, pelo
menos, ele sirva de exemplo para outras coisas, como modelo de
solução, de resposta do povo.
Quarenta anos depois, de tanto ser
turistizado, o carnaval da Bahia e seu modelo estético encontram-se
em crise. Uma crise anunciada. Muitos pedem de volta o
"velho" carnaval, mas dá para sentir falta da espontaneidade e do
exemplo de saúde criativa....
Rita Lee Arrombou a festa - Parte 2
Em 1977,
quase como uma ironia à famosa canção de Roberto Carlos
"Festa de Arromba", Rita
Lee em 1977, numa
parceria com Paulo Coelho, gravou Arrombou
a Festa, uma
musica
que ironiza e revela as contradições daquilo que se convencionou
chamar de MPB.Já fiz a postagem dessa primeira versão
aqui:
Fiquei
devendo, todavia, a segunda parte, a segunda versão de Arrombou a
Festa, um rock & roool, assim como a primeira versão, mas com
um andamento mais acelerado, em que novamente faz piadas,
homenagens e ironias da música brasileira da época.
Começa
Rita logo brincando com a onda disco que invadiu o Brasil no fim da
década de 70 (época de Dancin' Days), brincando com as novas
estrelas instantâneas: Miss Lene (que não se chamava Lenilda)
e Lady Zu (que era, de fato, batizada como Zuleide), brinca
com o samba de Alcione e fafá de belém (e seu famoso busto
avantajado), e ao já veterano Cauby Peixoto (que mostra que a
música não mudou tanto assim).
Em
seguida, Rita brinca com Sidney Magal ("cigano de araque, fabricado
até o pescoço"), e que rebola mais do que o Ney Matogrosso. Brinca
com o gosto de Chico por bebida, fazendo uma ironia com a música
"Cálice", que seja trocada por um Möet Chandon.
Rita
reafirma que, em 1980, sucesso fora do Brasil era mesmo Carmen
Miranda, e brinca com sua nova repetição... para, em seguida,
entrar as músicas incidentais de Roberto Carlos (Lady Laura),
Sidney Magal (Sandra Rosa Madalena), Freak Out (com uma versão em
português da onda disco) .
a
letra:
Ai, ai meu
DeusO que foi que aconteceu
Com a música popular brasileira
Quando a gente fala mal
A turma toda cai de pau
Dizendo que esse papo é besteira
Na onda discothéque da
América do Sul
Lenilda é miss Lene
Zuleide é Lady Zu
Pra defender o samba
Contrataram Alcione
É boa de pistom mas
Bota a boca no trambone
No meio disso tudo
A Fafá vem dar um jeito
Além de muita voz
Ela também tem muito peito
E a música parece
Brincadeira de garoto
Pois quando ligo o rádio
Ouço até Cauby Peixoto
Cantando: Conceição
Ai, ai meu Deus
O que foi que aconteceu
Com a música popular brasileira
Quando a gente fala mal
A turma toda cai de pau
Dizendo que esse papo é besteira
O Sidney Magal rebola mais
Que o Matogrosso
Cigano de araque
Fabricado até o pescoço
E o Chico na piscina
Grita logo pro garçom
Afaste esse cálice e
Me traz Moet Chandon
Com tanto brasileiro por aí
Metido a bamba
Sucesso no estrangeiro
Ainda é Carmem Miranda
E a Rita Lee parece que
Não vai sair mais dessa
Pois pra fazer sucesso
Arrombou de novo a festa!
Ziri, ziriguidum
Skindô, skindô lelê
Sai da frente que eu quero é comer
A música popular brasileira
Lady Laura
A música popular...
Parabéns a você
Parabéns para a música popular...
A música popular
Ah, eu te amo
Ah, eu te amo meu amor
Ai, Sandra Rosa Madalena
Ah, ah, ah, ah
O meu sangue ferve pela
Música popular...
Oh, fricote, eu fiz xixi
Fricote eu fiz xixi
Na Música Popular Brasileira
Corre que lá vem os "homi"!
Mulata Bossa-Nova
Quase
40 anos depois, quase todo mundo conhece a famosa marchnha de
carnaval, com uma letra curtíssima e de fácil
assimilação:
Mulata Bossa
Nova
Caiu no Hully Gully
E só dá ela.
Iê, Iê, Iê, Iê, Iê, Iê
Na passarela.
Caiu no Hully Gully
E só dá ela.
Iê, Iê, Iê, Iê, Iê, Iê
Na passarela.
A boneca
está
Cheia de fiu-fiu,
Esnobando as louras
E as morenas do Brasil.
Cheia de fiu-fiu,
Esnobando as louras
E as morenas do Brasil.
O que poucos sabem é que a
"Mulata bossa nova" era Vera Lúcia Couto que, no ano de 1964,
recebera o título de Miss Guanabara. Segundo o blog Passarela
Cultural, em 04 de julho de 1964 foi realizado o Miss Brasil 64, no
qual Vera Lúcia ficou em segundo lugar.
Uma das pessoas presentes
no Maracanãzinho era João Roberto Kelly, carioca, 26
anos, pianista, compositor e produtor musical. Inspirado no andar
da enão Miss Guanabara, João Roberto Kelly compôs uma marchinha
que, gravada na voz de Emilinha Borba (1922-2005), foi o
maior sucesso do carnaval brasileiro de
1965.
No Livro "História Sexual da
MPB", de Rodrigo Faour, consta o depoimento de José Roberto Kelly
sobree a canção:
“Essa foi uma das minhas deusas do
carnaval”, conta João Roberto Kelly. “Foi realmente a
Vera Lúcia Couto que me inspirou quando a assisti no concurso de
misses. Ao vê-la desfilar, senti que ela tinha um tom, uma maneira
de andar diferente para época. Ela dava um ‘pião’, uma
rodada na passarela que me encantava, me emocionava muito. Ela
tinha uma sofisticação maior do que teria uma mulata passista de
uma escola de samba qualquer. E como estava entrando na moda nessa
época o iê iê iê, ela acabou batizada assim, porque era de um
estilo diferente, novo”, explica ele, que mostrou esta música
para Emilinha Borba no intervalo de um programa de auditório da TV
Rio. “Ela estava cercada de fãs, era um domingo. E assim que
terminei, aqueles fãs dela todos começaram a cantar juntos a
marchinha”, lembra o sempre bem-humorado
compositor.
E a
marchinha foi o grande sucesso do carnaval de 1965... e até
hoje...Maria Bethania homenageia Dalva de Oliveira
No último dia 30 de agosto
foram-se 40 anos que morreu uma das maiores cantoras brasileira de
todos os tempos: Dalva de Oliveira. Num país de pouca memória,
Dalva representa uma das mais belas vozes já ouvidas na música
brasileira, que inspirou muitas das grandes cantoras do Brasil,
entre elas, Maria Bethânia.
Essa homenagem revela o
quanto Dalva era capaz de inspirar, e inspirou Bethania,
indiscutivelmente uma das maiores damas da MPB. Noutra entrevista,
Bethania revela sua paixão por Dalva:
" De
onde vem minha paixão por dalva é de santo Amaro eu menina ouvindo
na rádio e depois em vitrola, radiola, aqueles discos enorme, eu
ficava horas ouvindo dalva cantando. Eu tenho essa memória muito
forte"
Para se ter ideia, em 1977,
Bethânia, no seu disco pássaro da manhã, gravou a canção "Há um
Deus", de Lupicínio Rodrigues e gravada por Dalva. E bem ao estilo
de Bethania, de entremear música e poesia, música e prosa, antes de
cantar a música, ela faz a homenagem à "estrela Dalva"
“Toda vez que eu faço um espetáculo de
teatro,um show de teatro,
eu tenho um repertório que obedeço desde a estreia
até o último dia da temporada.
E, normalmente quando volto para minha casa, nos meus dias de folga,
eu sempre me pego no violão tocando músicas
não incluídas no repertório de cena.
Normalmente são músicas muito românticas, muito apaixonadas,apenas ligadas ao coração.
E essas músicas sempre me são lembradas através de gravações
da extraordinária Dalva de Oliveira.
A Dalva tinha a coragem e o jeito
de cantar no palco,
o que até então eu só tinha coragem e jeito
de cantar dentro da minha casa.
E começa a canção. Uma bela homenagem...
Tarde. Milton e Marcio Borges. Em 50 minutos.
"Tarde" é uma das muitas parcerias
de Márcio Borges com Milton Nascimento, comnhecido como "Bituca".
Poucos sabem que essa música foi composta num programa de
televisão, em menos de uma hora, e com uma frase de
encomenda.
Quem conta a hiostória é Márcio
Borges, no seu conhecido livro "Os sonhos não envelhecem: Histórias
do Clube da Esquina (Geração Editorial)"
"Era o programa de Randal Juliano, que trinha
um quadro destinado a promover novos compositores. No início do
programa o convidade (ou convidados, se fossem parceiros) sorteava
uma frase, a qual deveria aparecer necessariamente numa música a
ser criada em cionquenta minutos, nos bastidores. Ao final do
programa, o convidado voltaria e apresentaria a composição ao
vivo.
Lá estávamos eu e Bituca diante das câmeras e
de um pequeno auditório superlotado. O apresentador oficial estava
adoentado e seu substituto era o cantor Wilson Simonal. Este nos
apresentou ao público e nos apresentou uma porção de envelopes
lacrados, para que escolhêssemos um. Simonbal abriu o envelope
indicado por nós:
-
O tema é... "NÃO PEÇO MAIS PERDÃO"
Eu e Bituca nos retiramos para uma sala de
produlção. Recorremos a velhos temas e fragmnentos arquivados na
memória. Já tínhamos algumas estruturas básicas de sequencias
harmônicas e versos delineados. Costuramos tudo, juntamos pedaços,
enfiamos a frase obrigatória. Nasceu "Tarde".
Quem
escuta a música dificilmente imagina que ela foi feita às pressas,
com uma frase de encomenda, nos bastidores de um estúdio.
"Tarde"
Valente Nordeste - Olodum
Em 1994, o Olodum lançou um
disco denominado "Filhos do Sol", sendo que a música que mais me
chama atenção no disco é "Valente Nordeste". Eu gosto dessa música
porque representa a assunção de uma Bahia que é nordestina, de uma
parte da Bahia que é nordeste e se sente
nordestina.
A música é cheia de referências
ao sertão, à seca, ao agreste, aos estados do Nordeste (Além da
Bahia, Paraíba, Maranhão, Ceará, Sergipe, Alagoas, Pernambuco
- não houve menção ao Piauí e ao Rio Grande do
Norte).
A letra ressalta, de um lado, as condições adversas do clima, a seca, o sol, a morte de gado e de gente, a discriminação do governo, a a resistência dos "beduínos", que vivem não no deserto, mas no agreste, e que são valentes e que resistem...
Outro dado interessante é que a
Bahia somente passou a fazer oficialmente parte da Região nordeste
a partir do final da década de 60, pois antes tanto Bahia quanto
Sergipe faziam parte de uma região chamada Leste, dividida em
setentrional e meridional. Sergipe e Bahia estavam na parte
setentrional. Na meridional, ficavam Minas Gerais, Espírito Santo e
Rio de Janeiro (na época, sede do Distrito Federal).
E como se trata de um estado com dimensões enormes, existem muitas Bahias, que se identificam com várias culturas. Mas é certo que existe com muita força uma Bahia nordestina, que tem o sertão, a seca, e a identificação com a força tão belamente narrada por Euclides da Cunha em sua grande obra "Os Sertões". E não por acaso, o episódio narrado no livro se passa em Canudos, no sertão da Bahia, nordeste do Brasil.
Por isso gosto da mistura de
tambores com sanfona que ocorre na música Valente Nordeste. O
Olodum se apropriando de modo tropicalista dos elementos
nordestinos, assumindo-se como tal, e fazendo uma bela homenagem
por pertencer a um povo só. O do Nordeste do
Brasil.
A letra:
Vem meu beduíno
Chega seu menino
Faz assim comigo não
Do deserto do Saara
Vem pra minha Paraíba
Ceará ou Maranhão (hum!)
Alagoas coisa boa
Pernambuco não caçoa
A Bahia da canção
Porque não pro meu Sergipe
Vou de jegue
Vou de jipe
Chego lá
Volto mais não
Amor amor
Amor amor
eh a eh, nordeste
nordeste, nordeste
eh a eh, cabra da peste
nordeste, nordeste
O sol que nos castiga
prumou que nao sacia
A sede desse rico chão
Pra ficar mais fertilizante
Pra ficar mais elegante
Pra minha vegetação
Lá do alto da colina
Meu casebre pequenino
Com a luz de lampião
Olodum que e nordestino
Canta, canta seu menino
E voa alto pro sertao
amor amor amor
eh a eh, nordeste
nordeste, nordeste
eh a eh cabra da peste
nordeste , nordeste
A história não lhe mente
morre gado
morre gente
Na seca judiação
Não tem água cristalina
E o governo discrimina
Pobre povo, pobre chão
amor amor amor
eh a eh, nordeste
nordeste, nordeste
eh a eh cabra da peste
nordeste , nordeste
A letra ressalta, de um lado, as condições adversas do clima, a seca, o sol, a morte de gado e de gente, a discriminação do governo, a a resistência dos "beduínos", que vivem não no deserto, mas no agreste, e que são valentes e que resistem...
E como se trata de um estado com dimensões enormes, existem muitas Bahias, que se identificam com várias culturas. Mas é certo que existe com muita força uma Bahia nordestina, que tem o sertão, a seca, e a identificação com a força tão belamente narrada por Euclides da Cunha em sua grande obra "Os Sertões". E não por acaso, o episódio narrado no livro se passa em Canudos, no sertão da Bahia, nordeste do Brasil.
A letra:
Vem meu beduíno
Chega seu menino
Faz assim comigo não
Do deserto do Saara
Vem pra minha Paraíba
Ceará ou Maranhão (hum!)
Alagoas coisa boa
Pernambuco não caçoa
A Bahia da canção
Porque não pro meu Sergipe
Vou de jegue
Vou de jipe
Chego lá
Volto mais não
Amor amor
Amor amor
eh a eh, nordeste
nordeste, nordeste
eh a eh, cabra da peste
nordeste, nordeste
O sol que nos castiga
prumou que nao sacia
A sede desse rico chão
Pra ficar mais fertilizante
Pra ficar mais elegante
Pra minha vegetação
Lá do alto da colina
Meu casebre pequenino
Com a luz de lampião
Olodum que e nordestino
Canta, canta seu menino
E voa alto pro sertao
amor amor amor
eh a eh, nordeste
nordeste, nordeste
eh a eh cabra da peste
nordeste , nordeste
A história não lhe mente
morre gado
morre gente
Na seca judiação
Não tem água cristalina
E o governo discrimina
Pobre povo, pobre chão
amor amor amor
eh a eh, nordeste
nordeste, nordeste
eh a eh cabra da peste
nordeste , nordeste
Coração de Papel
Atualmente, quem vê ou escuta
Sérgio Reis identifica e pensa imediatamente em música
sertaneja. Mas não foi sempre assim. Se estivéssemos, digamos em
1967, Sérgio seria identificado com uma musicalidade urbana e com a
Jovem Guarda. Inclusive, poucos sabem que ele começou cantando Rock
com o nome artístico "Johnny Johnson".
O seu primeiro sucesso foi "Coração de papel", e deve-se a uma briga com sua então namorada, Ruth. Narram então a história da canção Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, na sua conhecida obra "A canção no Tempo. Vol. 2 (Ed.34)"
Pelo jeito a música comoveu a
namorada, pois, em 1970, Sérgio casou-se com a musa
inspiradora da composição “Coração de Papel”, Ruth. E
mesmo ele passando a se dedicar á música sertaneja na década de 70,
esse sucesso o acompanhou... mas escutem a canção, para ver como é
bem Jovem Guarda...
O seu primeiro sucesso foi "Coração de papel", e deve-se a uma briga com sua então namorada, Ruth. Narram então a história da canção Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, na sua conhecida obra "A canção no Tempo. Vol. 2 (Ed.34)"
Magoado por haver brigado com a
namorada Ruth, Sérgio Reis dedilhava o violão, enquanto aguardava o
almoço, preparado por dona Clara, sua mãe. Como estava demorando,
resolveu escrever uma letra, mas logo desistiu da tarefa e, ao
jogar fora o papel, comentou para dona Clara: “meu coração
está amassado como aquela bola de
papel.”
De repente, percebendo que a
imagem poderia funcionar como motivo para uma canção, retomou o
violão e compôs em poucos minutos “Coração de Papel”,
terminando-a antes mesmo do almoço ficar
pronto.
Dias depois, vindo à sua casa o
produtor Tony Campello, em busca de repertório para a dupla Deny e
Dino, gostou tanto da composição que acabou sugerindo uma fita demo
com o próprio Sérgio, o mais indicado para cantar sua pungente
melodia.
Aprovada por Milton Miranda,
diretor da Odeon, “Coração de Papel” foi gravada por
Sérgio num compacto duplo, acompanhado pela orquestra de Peruzzi,
com o reforço vocal dos Fevers, Golden Boys e Trio Esperança.
Apesar de bem executada nas rádios, a composição recebeu um impulso
definitivo do Chacrinha, que durante oito semanas ofereceu um
prêmio de mil cruzeiros novos ao calouro que melhor a
interpretasse.
Perdão, emília
Uma das mais antigas modinhas de
que se tem notícia é a triste e melodramátrica "Perdão, Emília",
cuja primeira gravação de que se tem notícia remonta ao ano de
1902. Em 1900 Melo Morais Filho, citado por Tinhorão, já se referia
à música "Perdão, Emília", como uma canção popular e
anônima.
O cenário em que a canção se
desenvolve é um cemitério. No meio da noite, entra um vulto,
vestido de preto, que se curva diante do sepulcro e pede perdão a
Emília, por ter manchado-lhe os lábios e a honra.
Eis que então a voz de Emília passa a responder do sepulcro, lamentando ter se deixado apaixonar pelo “monstro tirano”, afirmando que o pecado da sedução e do subsequente abandono não terá perdão.
E o vulto, ditado, aos pés do
sepulcro, insiste no pedido de perdão.
A modinha, cheia dos moralismos e dos melodramas, cuida de uma realidade típica que durantes séculos permaneceu na cultura popular eropeia e brasileira: a da virgem pura que cede aos encantos daquele que jura eterno amor. a pós consumado o ato e cedida a tentação, o varão despreza a quem tanto desejara, como se a cessão "desvalorizasse" a mulher, que, desgostosa, vem a morrer.
São as inevitáveis conexões
entre sexo e culpa, presentes de maneira absolutamente dramática na
cultura popular. E mostra um fato: a música é o reflexo da cultura
de um país e de uma geração. E não foi á toa que a mesma modinha
foi fravada e regravada (e até mesmo parodiada) diversas
vezes ao longo do Século XX.
Há referências de que seus autores verdadeiros sejam o português José Henrique da Silva e Juca Pedaço, no ano de 1889. Eis a letra:
Já tudo dorme, vem a noite em meio, a turva lua se surgindo além: / Tudo é silêncio; só se vê nas campas, piar o mocho no cruel desdém. / Depois, um vulto de roupagem preta, no cemitério com vagar entrou. / Junto ao sepulcro, se curvando a medo, com triste frase nesta voz falou:
"Perdão, Emília, se roubei-te a vida, se fui impuro, fui cruel, ousado... / Perdão, Emília, se manchei teus lábios. / Perdão, Emília, para um desgraçado."
"Monstro tirano, por que vens agora, lembrar-me as mágoas que por ti passei? / Lá nesse mundo em que vivi chorando, desde o instante em que te vi e amei.Chegou a hora de tomar vingança, mas tu, ingrato, não terás perdão...
Deus não perdoa as tuas culpas todas, / Castigo justo tu terás, então. / Perdi as flores da capela virgem, / Cedi ao crime, que perdão não tinha, mas, tu, manchaste a minha vida honesta, / Depois, zombaste da fraqueza minha...
Ai, quantas vezes, aos meus pés, curvado, davas-me prova de teu puro amor. / Quando eu julgava que fosses um anjo, não via fundo nesse olhar traidor. / Mas vês agora, que o corpo em terra tombou, de chofre, sobre a lousa fria."
E quando a hora despontou, na lousa um corpo inerte a dormitar se via: / "Perdão, Emília, se manchei-te a vida, se fui impuro, fui cruel, ousado... / Perdão, Emília, se manchei teus lábios. / Perdão, Emília, para um desgraçado."....
Fontes: http://cifrantiga3.blogspot.com.br/2006/03/perdo-emlia.html
http://www.unirio.br/mpb/ulhoatextos
Eis que então a voz de Emília passa a responder do sepulcro, lamentando ter se deixado apaixonar pelo “monstro tirano”, afirmando que o pecado da sedução e do subsequente abandono não terá perdão.
A modinha, cheia dos moralismos e dos melodramas, cuida de uma realidade típica que durantes séculos permaneceu na cultura popular eropeia e brasileira: a da virgem pura que cede aos encantos daquele que jura eterno amor. a pós consumado o ato e cedida a tentação, o varão despreza a quem tanto desejara, como se a cessão "desvalorizasse" a mulher, que, desgostosa, vem a morrer.
Há referências de que seus autores verdadeiros sejam o português José Henrique da Silva e Juca Pedaço, no ano de 1889. Eis a letra:
Já tudo dorme, vem a noite em meio, a turva lua se surgindo além: / Tudo é silêncio; só se vê nas campas, piar o mocho no cruel desdém. / Depois, um vulto de roupagem preta, no cemitério com vagar entrou. / Junto ao sepulcro, se curvando a medo, com triste frase nesta voz falou:
"Perdão, Emília, se roubei-te a vida, se fui impuro, fui cruel, ousado... / Perdão, Emília, se manchei teus lábios. / Perdão, Emília, para um desgraçado."
"Monstro tirano, por que vens agora, lembrar-me as mágoas que por ti passei? / Lá nesse mundo em que vivi chorando, desde o instante em que te vi e amei.Chegou a hora de tomar vingança, mas tu, ingrato, não terás perdão...
Deus não perdoa as tuas culpas todas, / Castigo justo tu terás, então. / Perdi as flores da capela virgem, / Cedi ao crime, que perdão não tinha, mas, tu, manchaste a minha vida honesta, / Depois, zombaste da fraqueza minha...
Ai, quantas vezes, aos meus pés, curvado, davas-me prova de teu puro amor. / Quando eu julgava que fosses um anjo, não via fundo nesse olhar traidor. / Mas vês agora, que o corpo em terra tombou, de chofre, sobre a lousa fria."
E quando a hora despontou, na lousa um corpo inerte a dormitar se via: / "Perdão, Emília, se manchei-te a vida, se fui impuro, fui cruel, ousado... / Perdão, Emília, se manchei teus lábios. / Perdão, Emília, para um desgraçado."....
Fontes: http://cifrantiga3.blogspot.com.br/2006/03/perdo-emlia.html
http://www.unirio.br/mpb/ulhoatextos
Ins't she lovely - de Stevie Wonder para sua filha Aisha
Já escrevi aqui em algumas ocasiões o
quanto são alegres as músicas que tratam do amor de pais para
filhos. É um tipo de amor único, diferente de todos. Ser pai é
diferente de ser mãe, já que ao nascer do filho a mãe já é,
enquanto o pai torna-se pai a partir da gravidez, mas é com o
nascimento que ele começa a tornar-se
pai.
E as canções dos pais para filhos ou
filhas, sobretudo quando eles são pequeninos, refletem uma alegria,
uma esperança, para que não dizer, um orgulho de saber que o mundo
fica melhor apenas pela existência destes seres
pequeninos...
E vou trazer, nesse dia, mais uma canção de amor de um pai para sua filha. Trata-se da música "Isn´t She lovely", composição de Stevie Woder para celebrar o nascimento de sua fila Aisha. toda a música é uma celebração, à beleza, à vida, ao fruto de uma relação de amor.
Nada mais precisa ser dito nessas horas, é uma forma de abençoar à filha e agradecer pela sua chegada ao mundo, ao tempo que significa também um agradecimento à mãe. E o fato de Stevie Wonder não poder enxergar é irrelevante para que ele perceba, na suavidade da pele, no cheiro inconfundível de bebê, no choro, o quanto ela é linda e adorável.
Isn't she lovely?
Isn't she wonderfull?
Isn't she precious?
Less than one minute old
I never thought through love we'd be
Making one as lovely as she
But isn't she lovely made from love
Isn't she pretty?
Truly the angel's best
Boy, I'm so happy
We have been heaven blessed
I can't believe what God has done
through us he's given life to one
But isn't she lovely made from love
Isn't she lovely?
Life and love are the same
Life is Aisha
The meaning of her name
Londie, it could have not been done
Without you who conceived the one
That's so very lovely made from love.
E vou trazer, nesse dia, mais uma canção de amor de um pai para sua filha. Trata-se da música "Isn´t She lovely", composição de Stevie Woder para celebrar o nascimento de sua fila Aisha. toda a música é uma celebração, à beleza, à vida, ao fruto de uma relação de amor.
Stevie Wonder e sua filha
Aisha
Nada mais precisa ser dito nessas horas, é uma forma de abençoar à filha e agradecer pela sua chegada ao mundo, ao tempo que significa também um agradecimento à mãe. E o fato de Stevie Wonder não poder enxergar é irrelevante para que ele perceba, na suavidade da pele, no cheiro inconfundível de bebê, no choro, o quanto ela é linda e adorável.
Mais uma homenagem de pai pára
filha
Isn't she lovely?
Isn't she wonderfull?
Isn't she precious?
Less than one minute old
I never thought through love we'd be
Making one as lovely as she
But isn't she lovely made from love
Isn't she pretty?
Truly the angel's best
Boy, I'm so happy
We have been heaven blessed
I can't believe what God has done
through us he's given life to one
But isn't she lovely made from love
Isn't she lovely?
Life and love are the same
Life is Aisha
The meaning of her name
Londie, it could have not been done
Without you who conceived the one
That's so very lovely made from love.
Os Doces Bárbaros - O filme
O ano: 1976. Para comemorar os dez
anos comuns de carreira, Bethania chama Caetano, Gil e Gal para
formarem um conjunto para se apresentar pelo Brasil. Fazem um
repertório especial, com músicas como O seu amor,
Esotérico, Pé quente cabeça fria, Um índio, além
de Fé cega, faca amolada, de Milton, e Atiraste uma
Pedra, de Herivelto Martins.
Tudo isso foi documentado por Tom
Job Azulay. E com algumas situações divertidas, e outras nem
tanto.
Há muito destaque para a prisão de Gil por porte de drogas, ocorrida em Florianópolis, com filmagem da própria audiência em que ele foi condenado, mostrando o quão, amiúde, a justiça criminal pode ser ridícula. Não dá para deixar de notar o sorriso de Gil enquanto o juiz profere a sentença. No que ele estava pensando?
Entremeada com as canções, é
divertido ver como Caetano e Bethania ridicularizam elegantemente
os repórteres que os entrevistam.
Num determinado momento, um repórter pergunta porque a Banda é "tão doce". Segue o diálogo:
Por que um grupo tão doce, tão açucarado, no atual momento da conjuntura nacional?
(Repórter 1).
Não entendi a sua pergunta (Caetano).
Por que o tão doces? (Repórter 1).
Não é tão doces. É doces bárbaros. O tão é seu, você é que está falando em nome da
conjuntura, então você ponha o tão... (Caetano).
Vai dar um LP dos quatro? (Repórter 2).
Vai, a gente já fez um compacto duplo (Caetano).
Eles já vêm com um esquema comercial montado, não se preocupe (Repórter 1).
Claro! (Caetano).
Não seria mais um produto para consumo imediato? (Diversos repórteres).
Mas é claro que é mais um produto (Caetano).
E vocês estão bem convictos disso. O Gil, agora há pouco, disse que era prá tocar no
rádio, prá vender mesmo (Repórter 1).
Não, claro, como todo mundo. Não conheço ninguém que faça o oposto (Caetano).
Não, porque você me perguntou, disse assim: tem umas músicas que você faz de vez em quando pra tocar no rádio, e eu disse: não, eu faço todas prá tocar no rádio. Eu não sou louco. E disse mais: aquela que se chamava "Essa é prá tocar no rádio" nunca tocou no rádio (Gil).
Bethania também tem a oportunidade de desconstruir tudo o que o repórter pergunta, desde a suposta influência de Caetano na sua carreira, passando pela religiosidade e adesão a movimentos.
Divertida a visita de Baby Consuelo
e Paulinho Boca aos Doces Bárbaros.
Valem muitas sensações que o filme passa. O visual do grupo, a voz, ou melhor, as vozes, a beleza de Gal, o cenário que hoje parece tosco, o colorido, o universal e o regional, um certo ar de prazer e de improviso, e, sobretudo, o prazer daqueles quatro excepcionais artistas cantando juntos.
Era a invasão dos Doces Bárbaros,
que vieram da Bahia para, dez anos depois, consolidar o que tinha
trazido o Tropicalismo. Vale a pena.
Há muito destaque para a prisão de Gil por porte de drogas, ocorrida em Florianópolis, com filmagem da própria audiência em que ele foi condenado, mostrando o quão, amiúde, a justiça criminal pode ser ridícula. Não dá para deixar de notar o sorriso de Gil enquanto o juiz profere a sentença. No que ele estava pensando?
Num determinado momento, um repórter pergunta porque a Banda é "tão doce". Segue o diálogo:
Por que um grupo tão doce, tão açucarado, no atual momento da conjuntura nacional?
(Repórter 1).
Não entendi a sua pergunta (Caetano).
Por que o tão doces? (Repórter 1).
Não é tão doces. É doces bárbaros. O tão é seu, você é que está falando em nome da
conjuntura, então você ponha o tão... (Caetano).
Vai dar um LP dos quatro? (Repórter 2).
Vai, a gente já fez um compacto duplo (Caetano).
Eles já vêm com um esquema comercial montado, não se preocupe (Repórter 1).
Claro! (Caetano).
Não seria mais um produto para consumo imediato? (Diversos repórteres).
Mas é claro que é mais um produto (Caetano).
E vocês estão bem convictos disso. O Gil, agora há pouco, disse que era prá tocar no
rádio, prá vender mesmo (Repórter 1).
Não, claro, como todo mundo. Não conheço ninguém que faça o oposto (Caetano).
Não, porque você me perguntou, disse assim: tem umas músicas que você faz de vez em quando pra tocar no rádio, e eu disse: não, eu faço todas prá tocar no rádio. Eu não sou louco. E disse mais: aquela que se chamava "Essa é prá tocar no rádio" nunca tocou no rádio (Gil).
Bethania também tem a oportunidade de desconstruir tudo o que o repórter pergunta, desde a suposta influência de Caetano na sua carreira, passando pela religiosidade e adesão a movimentos.
Valem muitas sensações que o filme passa. O visual do grupo, a voz, ou melhor, as vozes, a beleza de Gal, o cenário que hoje parece tosco, o colorido, o universal e o regional, um certo ar de prazer e de improviso, e, sobretudo, o prazer daqueles quatro excepcionais artistas cantando juntos.
Grease
"Summer Nights", também
conhecida como "Tell me more" é uma divertida canção do musical
Grease, originalmente criada por Jim Jacobs e Warren casey, como
uma peça teatral que narrava a história de adolescentes na década
de 50, e que ganhou uma versão açucarada para o cinema, em 1978,
estralada por John Travolta e Olivia Newton-John.
O tema da música se
origina deriva de um amor de verão vivido entre Danny (John
Travolta) e Sandy (Olivia Newton-John), que havia terminado
após a revelação de Sandy que ela estava voltando para a Austrália
com sua família.
No entanto, Sandy logo descobre que sua família está morando nos Estados Unidos e, posteriormente, se matricula na Rydell High School, onde Danny é também um estudante.
Separadamente e sem que um saiba da presença do outro, tanto Danny e Sandy se reunem com seu respectivo grupo de amigos e partilham, sob uma perspecvtiva pessoal, o que aconteceu naqueles dias e noites de verão.
Enquanto o personagem vivido por Danny ressalta seu heroísmo e insinuações picantes, sobretudo o que aconteceu fisicamente entre os dois, a personagem de Sandy ressalta o certo romantismo da situação. As conversas intercaladas transformam-se em canção.
Danny relata como eles se
conheceram, sugerindo que ela a salvou de um afogamento, para, em
seguida, dizer como se agarraram perto do cais, como se deitaram na
areia, enquanto os amigos, ansiosos, pedem "Tell me more, tell me
more" (conte mais, conte mais), querendo saber se ela foi fácil ou
difícil, ou até que nível de intimidades sexuais
tiveram.
Sandy, por sua vez, relata cenas
românticas. Danny estava nadando e molhou sua roupa, como ele
segurou a sua mão e foram juntos tomar limonada, enquanto suas
amigas perguntam (Tell me more, tell me more")se ele tinha carro,
gastou dinheiro com ela e se foi amor à primeira vista
As duas histórias são cantadas
de forma intercalada, e fazem um divertido estereótipo de homens e
mulheres da década de 50, ou melhor, de qualquer
década.
Tudo isso com um ritmo gostoso, daquele estilo "du bi du bi du" dos anos 50, e com diversas referências típicas das noites de verão, das nostalgias daquele mágico amor de verão.
Vale ver e ouvir... Um filme que virou cult...
No entanto, Sandy logo descobre que sua família está morando nos Estados Unidos e, posteriormente, se matricula na Rydell High School, onde Danny é também um estudante.
Separadamente e sem que um saiba da presença do outro, tanto Danny e Sandy se reunem com seu respectivo grupo de amigos e partilham, sob uma perspecvtiva pessoal, o que aconteceu naqueles dias e noites de verão.
Enquanto o personagem vivido por Danny ressalta seu heroísmo e insinuações picantes, sobretudo o que aconteceu fisicamente entre os dois, a personagem de Sandy ressalta o certo romantismo da situação. As conversas intercaladas transformam-se em canção.
Tudo isso com um ritmo gostoso, daquele estilo "du bi du bi du" dos anos 50, e com diversas referências típicas das noites de verão, das nostalgias daquele mágico amor de verão.
Vale ver e ouvir... Um filme que virou cult...
Assum Preto. Lenine e Zeca Baleiro homenageiam Luiz Gonzaga
No
último dia 28 de julho, Zeca baleiro e Lenine estiveram em
Salvador, no Bahia Café Hall, para apresentar-se perante o público
soteropolitano no evento Conceito.com. Eles tem carreiras e estilos
diferentes, mas ambos são nordestinos (Zeca, do Maranhão, Lenine,
de Pernambuco), e têm um público fiel e que acompanha suas
carreiras.
Zeca, mais irreverente e com suas letras inteligentes e mordazes; Lenine, com seu ritmo, bom humor e a sensação que nadora estar ali fazendo música.
Primeiro Zeca, depois, Lenine, cada um a seu
estilo, fizeram o público cantar junto com eles muitas de suas
canções. O público, a despeito do atraso no início da apresentação,
estava visivelmente feliz com a experiência.
Mas se resolveram estar juntos no mesmo dia, no mesmo palco, resolveram eles fazer uma homenagem juntos para seu público, qual seria a homenagem mais significativa? Uma homenagem aos 100 anos de Gonzagão, nascido em 1912, quando ambos, de improviso, cantaram "Assum preto", uma das mais belas, líricas e tristes letras de Humberto Teixeira para a música de Gonzagão.
O
canto do assum preto é triste, doloroso, pois o assum preto ficou
"cego dos óio", não se sabe
por ignorância ou maldade, na
esperança de que assim ele venha a cantar melhor.
O assum preto, cego como ficou, não pode voar. Por isso vive solto... antes a sina da gaiola, que assim poderia ver o céu ... e por fim, a comparação da cegueira do assum preto com a cegueira do eu-lírico, que perdeu seu amor, a luz dos seus olhos.
Numa apresentação em que ambos os cantores estavam felizes de ali estar, uma homenagem numa música triste. Bom de se ver, de se ouvir
Zeca, mais irreverente e com suas letras inteligentes e mordazes; Lenine, com seu ritmo, bom humor e a sensação que nadora estar ali fazendo música.
Mas se resolveram estar juntos no mesmo dia, no mesmo palco, resolveram eles fazer uma homenagem juntos para seu público, qual seria a homenagem mais significativa? Uma homenagem aos 100 anos de Gonzagão, nascido em 1912, quando ambos, de improviso, cantaram "Assum preto", uma das mais belas, líricas e tristes letras de Humberto Teixeira para a música de Gonzagão.
O assum preto, cego como ficou, não pode voar. Por isso vive solto... antes a sina da gaiola, que assim poderia ver o céu ... e por fim, a comparação da cegueira do assum preto com a cegueira do eu-lírico, que perdeu seu amor, a luz dos seus olhos.
Numa apresentação em que ambos os cantores estavam felizes de ali estar, uma homenagem numa música triste. Bom de se ver, de se ouvir
As dez maiores cantoras brasileiras no século XX
Qualquer lista das maiores é sempre
polêmica, parcial e pessoal. Quando se fala do Brasil, um país de
cantoras, isso se acentua ainda mais. No entanto, quero, na medida
do possível, me esquivar de preferências pessoais e destacar as
mais relevantes cantoras do século XX. E segue aqui a lista, que
segue uma ordem aproximadamente cronológica:
1. Carmen Miranda - Mesmo mais de 50 anos após a sua morte, Carmen Miranda dispensa apresentações. Desde seu primeiro sucesso, Taí, em 1930, até seu sucesso nos Estados Unidos, foi a primeira grande estrela nacional.
3 -
Elizeth
Cardoso - Conhecida como A Divina, foi a
primeira a gravar "Chega de Saudade", inaugurando a Bossa
Nova. Mas seu estilo principal foi o samba-canção
4
- Angela
Maria - Uma das carreiras com maior longevidade de
sucesso no século XX, a Sapoti, como era conhecida, foi,
assim como Dalva, eleita Rainha do Rádio e notabilizou-se pelos
sambas-canção.
5
- Elza Soares - Alguém que dispensa apresentações. Dotada de
voz única e inconfundível, teve uma vida sofrida e uma carreira
prejudicada por seu atribulado casamento com Garrincha. Canta
samba, jazz, soul, MPB de maneira inigualável.
6 -
Elis Regina
- Muitos consideram Elis a maior cantora do século. Dona de
uma voz límpida e um temperamento forte e instável, fez história,
lançou clássicos e lançou muitos compositores em menos de duas
décadas de carreira.
7 - Maria
Bethania - Tudo começou quando
ela cantou Carcará, em 1965, e daí começou uma carreira
especial, que passa do samba-de-roda, boleros românticos, Roberto,
Chico, Caetano, e tudo o que ela gosta. Canta de modo único,
dramático, recita poesias, enfim, talvez a cantora mais admirada
pelas outras cantoras.
8 -
Gal Costa -
João Gilberto de saias? Gal não se contentou com esse título pra lá
de honroso e foi adiante. Dona de algo que é muito mais do que uma
"mera voz", ela correu todos os riscos, levantou a bandeira
tropicalista, misturava ritmos e ia de diva a símbolo sexual, tudo
isso com sua voz perfeita.
9 -
Marisa Monte -
Depois de muito tempo, alguém pôde
ser chamada novamente de diva. Com uma carreira que começou pop,
passou pelo samba e tem adquirido uma veia romântica, Marisa se
consolidou com sua voz suave de soprano, e com suas parcerias com o
que há de melhor na composição.
10 - Cassia
Eller - Com
uma voz rascante e um estilo de palco estravagante que contrastava
com a doçura de sua personalidade, Cassia Eller deu vida e
transformou muitas músicas, apropriando-se delas com sua voz.
E
temos muitas injustiças na não inclusão de algumas cantoras por
aqui. Araci Cortes, Emilinha Borba, Marlene, Dolores Duran, Sylvia
Telles, Nara Leão, Nana Caymmi, Maysa, Clara Nunes, Rita Lee,
Alcione, Simone, Zizi Possi...
1. Carmen Miranda - Mesmo mais de 50 anos após a sua morte, Carmen Miranda dispensa apresentações. Desde seu primeiro sucesso, Taí, em 1930, até seu sucesso nos Estados Unidos, foi a primeira grande estrela nacional.
Carmen Miranda
2 -
Dalva de
Oliveira - Iniciando a carreira no Trio de ouro, na
companhia de seu marido Herivelto Martins e Nilo Chagas, depois da
separação viveu uma carreira solo de muito sucesso. Eleita a rainha
do rádio, dizem que tinha ouvido absoluto.