Um dia depois do impacto de um meteoro sobre a cidade russa de
Chelyabinsk, algumas perguntas começam a ser respondidas de modo mais
consistente. Estima-se agora que a rocha flamejante tinha cerca de 15 metros de
diâmetro e durante a ruptura liberou energia equivalente a 300 mil toneladas de
TNT.
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Modelos orbitais que simulam a entrada
de objetos na atmosfera indicam que os primeiros instantes de ruptura da rocha
ocorreram entre 40 e 50 km de altitude, sobre a cidade de Bratsk, na região
central da Rússia. Nesse instante o meteoroide tinha massa estimada em 7 mil
toneladas e se deslocava pelo espaço a 52 mil km/h.
Durante a ruptura o objeto se partiu em
vários pedaços que cruzaram mais de 3 mil quilômetros até explodir acima da
cidade de Chelyabinsk, no sul dos Montes Urais, já próximo à fronteira do
Cazaquistão. A explosão ocorreu entre 10 e 15 km de altitude e gerou a poderosa
onde de choque responsável pela quebra de vidraças e danos nas construções.
O choque do
meteorito russo foi o maior evento desse tipo nos últimos 100 anos e o segundo
mais devastador da Era Moderna, só ultrapassado pelo Evento de Tunguska em
junho de 1908, quando o choque de um cometa de 120 metros acima da região da
Sibéria devastou pelo menos 2 mil km quadrados de florestas.
Passou sobre o
Brasil?
De acordo com o modelo computacional gerado pela empresa AGI, que fornece os programas de simulação usados pela NASA, a ruptura inicial ocorreu em algum ponto acima da Rússia. Dessa forma, seria impossível que algum satélite captasse a passagem da bola de fogo sobre o território brasileiro oito horas antes, conforme noticiado pela mídia não especializada.
Entretanto, imagens feitas pelo
satélite geoestacionário europeu METEOSAT registraram a passagem do bólido
acima do território russo.
Vigilância
do Espaço
Após a queda do meteorito, muitas pessoas passaram a culpar a NASA, a agência espacial americana, por não ter monitorado o espaço adequadamente ou até mesmo ter escondido a informação sobre o impacto.
Teorias conspiratórias à parte, o que
parece confundir a maioria das pessoas está na própria incapacidade de
detecção. Afinal, se os astrônomos observam galáxias a bilhões de anos-luz de
distância, porque não conseguem ver os asteroides que estão tão próximos, em
rota de colisão?
Apesar de serem dúvidas aparentemente
desconexas, a chave para a resposta de ambos os questionamentos está no tamanho
e no brilho dos objetos e são essas características que tornam os asteroides
tão difíceis de serem detectados.
Antes de tudo é preciso entender que os
asteroides não são astros com luz própria, mas refletores da luz solar. Como a
maioria deles é formada por rochas pequenas e escuras sua observação se torna
extremamente difícil, principalmente quando se encontram visualmente próximos
ao Sol, quando a intensa luz da estrela ofusca completamente as observações.
Além disso, por se moverem muito rápido
pelo céu são necessárias técnicas especiais para sua detecção, que comparam
centenas de imagens CCD registradas diariamente na tentativa de identificar um
possível ponto móvel em cenas sequenciais.
Quando um candidato a novo asteroide é
detectado por algum telescópio, uma mensagem é imediatamente enviada a outros
observatórios informando as coordenadas celestiais da localização do objeto. Em
seguida, após uma série de observações a órbita do asteroide é calculada e só
então a descoberta é publicada.
Mesmo com toda a tecnologia disponível,
o pequeno tamanho e o baixo brilho impedem uma detecção a longa distância das
rochas pequenas. Quando as imagens revelam um novo objeto, este normalmente já
está bem perto da Terra e pouco pode ser feito.