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16 de abr. de 2013

A caminho da terceira guerra mundial – parte 1



A tentativa de compreensão da sociedade através de uma única teoria de cunho simplificado e leis rígidas, como a das chamadas ciências duras, a exemplo de física e  química, ainda não foi alcançada e talvez nunca será. Tentar explicar uma maquinaria tão complexa da natureza através de  simplificações muito provavelmente levará ao fracasso. Assim é com teorias como as de Comte e Marx. Super-simplificam aquela que talvez seja a estrutura mais complexa da natureza: a alma humana. Do ponto de vista conservador, ao analisar qualquer situação histórica, deve-se levar em conta os anseios, projetos e idéias que levaram a um desencadeamento de ordem social e que guiaram a história de um povo. Explicar acontecimentos históricos a partir da ideologia do historiador é, no mínimo, falsificação. Vou tentar mostrar uma análise feita com base no noticiário internacional e tentando entender, no limite do possível, as linhas de ação de cada grande grupo de interesses através de suas próprias convicções. Com isso tentaremos tirar conclusões sobre quais são as intenções de cada um deles e quais devem ser os eventos desencadeados no conflito entre esses interesses, que ocasionalmente podem levar a guerras, e neste caso, de ordem global. É claro que por se tratar de uma ciência não-exata não temos a possibilidade de prever as coisas com precisão mecânica, mas pelo menos evitaremos surpresas no caminho.


Para qualquer pessoa que leia as notícias em sites estrangeiros, e que conheça minimamente o esquema de poder atual, parece bem claro o recado: o mundo está a um passo da agressão mútua, da terceira guerra mundial. Nestes artigos, vou tentar encadear algumas notícias e fatos para evidenciar pelo menos uma parte dessa dinâmica e dos países e interesses que compõem cada bloco. Inicialmente vamos apenas enunciar as principais forças agindo hoje no mundo e, conforme formos avançando na análise de notícias nos artigos seguintes veremos como o esquema todo fica bastante claro. Poderíamos fazer o sentido contrário, mostrar como chegar nestas conclusões a partir do noticiário, mas esta tarefa custou anos e anos a competentíssimas mentes. Nossa missão aqui é simplificar sem perder quantidade substancial de informação e muito menos a linha de raciocínio.

Então vamos lá. Basicamente, existem três principais blocos de interesse hoje no mundo: o meta-capitalista, o russo-chinês e o islâmico. Há também uma quarta força 
- mas esta vem em plena decadência há algumas décadas -  que é o Vaticano, e suas influências políticas ainda não consegui traçar com clareza. A renúncia do Papa e o novo conclave podem ser uma peça fundamental para o  entendimento desse problema. Vamos, então, traçar um perfil resumido desses quatro principais blocos:

Metacapitalista

com o advento da industrialização e a consequente geração maciça de riquezas, certos grupos econômicos passaram a ganhar cada vez mais poder entre a segunda metade do século XIX e meados do XX. Entre eles estavam os Bilderberg e Ford, mas ainda existem muitos outros. São os donos das megacorporações. Para este grupo, o livre mercado foi a escada que permitiu sua ascenção, mas também pode significar a sua queda. O livre-mercado é o que abriria caminho para que novos grupos pudessem tomar o lugar dos atuais. Exemplo marcante que sempre dou é com relação à Microsoft e o Google. Quem, há 10 anos atrás, diria que a Microsoft perderia grande parte do seu poder, sem ser motivo de piada? Neste contexto, é crucial para a manutenção do poder a supressão dos mercados. Entretanto, ele não pode ser suprimido completamente já que as corporações necessitam que as pessoas consumam seus produtos.


A solução para isto é simples: o socialismo na vertente fabiana. Consiste basicamente em desnortear ao máximo a população, no melhor significado do termo “alienar”, de modo que as pessoas tenham a impressão de que possuem liberdade quando na verdade são controladas por um jogo de interesses camuflado. Com um pouco de esforço se observa o que isso significa. Por exemplo: qual a probabilidade de você comprar um carro nacional “zero km” que não seja 4 cilindros em linha, motor frontal, freios a disco dianteiros, tração dianteiras, etc? Se você nem sabe o que essas coisas significam, não tem problema. Comece a reparar em qualquer produto e vão ver que são todos basicamente iguais, apenas com o exterior diferente. Carro A e carro B são absolutamente iguais, inclusive em preços, de tal modo que pouco importa a sua escolha, no fundo ela já está feita. Mas como você escolhe o design e a concessionária, acha que a escolha foi sua.

Além disso, como o objetivo é confundir e desbaratinar, apoiam todo tipo de movimento de esquerda: de militância gay escolar a feminismo. Precisam do fim da família ocidental de modo a garantir a supressão do livre mercado e assim perpetuar seu poder. Também agindo a favor desses interesses vem o apoio à centralização e inflamento do Estado com um respectivo aumento de todo tipo de regulamentação e tributação. É flagrante a dificuldade que uma pessoa encontra em abrir um pequeno negócio hoje em dia. Quantos mercados pequenos tem no seu bairro hoje? Aposto que sobraram só as grandes redes agora com versões “bairro” dos seus hipermercados.

O grupo que menos deseja uma guerra hoje é esse. Tipos como Barrack Obama tentam a todo modo uma aproximação com islam e com o bloco russo-chinês, mas, ao que tudo indica, esta é uma postura que apenas vai levá-los a morder a isca. E nós estamos neste barco.


Russo-chinês

a consciência geral é a de que o comunismo morreu com a queda do muro de Berlim. Esse é um equívoco dos mais sérios. Seguindo máxima de Sun Tzu, quando estiver fraco finja de forte, e quando estiver forte finja de fraco, o sistema soviético apenas fez algumas concessões devido à impossibilidade da economia planejada. Deram-se conta que não se pode impôr o comunismo pois o sistema não se sustenta. Para tal, acreditam as modernas correntes teóricas, uma mudança cultural profunda é necessária e inclusive o ideal de revolução física já é descartado pela maioria dos teóricos marxistas, sendo o principal deles o filósofo russo Alexander Dugin, travestido do mais sublime conservadorismo.

O objetivo deste grupo é o de sempre: criar o chamado bloco eurasiano. Em outras palavras, se associar com a China e invadir a Europa. Mao Tse Tung foi peça fundamental no esquema, e a economia chinesa, parte comunista e parte socialista (não se iludam, não existe capitalismo na China), foi uma sacada fundamental mas que já está se esgotando. A China vai precisar de mais mercado em breve e adivinha quem vai ser. Este talvez seja o mais óbvio caminho para a guerra.

O modo de ação desse grupo basicamente é a subversão através da infiltração de agentes do serviço secreto em todo tipo de instituição, de igrejas a universidades. Daí surgiram movimentos como a teologia da libertação e a disseminação do método Paulo Freire no ensino brasileiro, fundamental à sua falência intelectual. Para quem quiser entender em detalhes como funciona, ver o vídeo do agente dissidente da KGB, Yuri Bezmenov. Qualquer semelhança com o Brasil, principalmente a partir dos 13 minutos, não é mera coincidência. O modo de governo almejado é totalitário, com a máxima centralização estatal concebível.

Islâmico

este é o mais obscuro e o que menos se conhece a respeito aqui no ocidente. Seus interesses ainda não são evidentes pois a sua rede de comando é extremamente camuflada. Existe um componente histórico de dominação sobre a Europa, sempre presente desde o surgimento do islamismo. A própria concepção bélica do islamismo, presente desde a expansão promovida por Maomé, também é um fator importante. O ideal da guerra contra os infiéis está presente no âmago desta cultura, como é evidente na figura do mártir que recebe suas virgens após o ato heróico que, em geral, envolve explodir dezenas de “infiéis”.
Existem também interesses regionais ligados ao petróleo, por exemplo, mas não sei ainda quantificar em termos relativos os fatores que mencionei. O sistema de governo neste caso também é totalitário, mas aparenta ser fragmentado com muitos líderes, mas a centralização ocorre pelo respeito às leis do Islam.

Vaticano

seu papel na formação da cultura européia foi fundamental, pois funcionou como um estado paralelo exercendo poder simultaneamente sobre as repúblicas e impérios que compuseram a europa com o passar do tempo. Assim ocorreu desde a queda do império romano. Mesmo sem um estado que desse a noção de nacionalidade às pessoas, o Vaticano dava uma identidade de crença ao povo ocidental. A própria organização da instituição, com herarquias, leis, burocracia e arrecadação, já demonstra a sua faceta estatal.

Entretanto, ela se restringe à ação dos cristãos, embora tenham havido alguns movimentos de conversão forçada ou guerra com o passar do tempo, mas foram ações quase pontuais, e não têm a proporção que se dá a elas na cultura da inteligentzia acadêmica ou dos professores de geografia dos cursinhos. O Vaticano, então, prestou-se a manter a coesão da Europa e fazê-la resistir e converter os bárbaros.

Posteriormente seu poder começou a se fragmentar com a reforma luterana e outras dissidências, passando a se concentrar mais na fé do que na instituição em si. Não creio que este bloco tenha um papel fundamental no atual cenário, mas como ainda cerca de um sexto do mundo é católico, é uma força a se observar. Também temos que levar em conta todas as outras parcelas cristãs, inclusive protestantes e católicos não-apostólicos-romanos. Mesmo assim, não deve surgir como uma força política revelante. Talvez, como uma força cultural a longo prazo.

Feito isso, temos enumerados os principais interesses hoje ativos no mundo. Nos próximos artigos vamos começar a conectá-los com algumas manchetes e tentar mostrar que estamos caminhando em direção à terceira guerra mundial. Quem tiver tempo pode ver essa fabulosa aula do professor Olavo de Carvalho, na qual ele explica tudo em detalhes. Adicionar o Vaticano foi uma inclusão minha no assunto, principalmente porque é preciso dizer se existe alguma força a nosso favor, por mais fraca que seja.
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